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Grécia quebra um pacto tácito ao insistir ser indemnizada pela Alemanha pelo que sofreu na II Guerra Mundial

Foi amplamente publicitado que o primeiro acto oficial de Alexis Tsipras, a 26 de Janeiro deste ano, imediatamente depois de ter tomado posse como primeiro-ministro da Grécia, foi depositar rosas vermelhas em Kaisariani, um antiga carreira de tiro nos subúrbios de Atenas onde, a 1 de Maio de 1944, 200 comunistas gregos foram fuzilados pelas tropas de ocupação alemãs, como represália pela morte do general alemão Franz Krech numa emboscada montada por guerrilheiros do ELAS, a facção de esquerda da resistência grega.

 

 

As vítimas do fuzilamento não tinham sido capturadas pelos alemães, eram prisioneiros políticos do regime do general Metaxas, que, após a invasão da Grécia, em 1941, tinham passado para custódia alemã. A represália pela morte de Krech incluiu também a execução de todo e qualquer homem grego apanhado fora das respectivas aldeias na região em que o general fora emboscado.

 

 

Não se tratou de um caso isolado: os alemães sempre foram implacáveis na resposta às acções da guerrilha grega. Mas a partir de 1943, para cobrir o vazio criado pela rendição italiana, começaram a surgir na Grécia unidades vindas da Frente Leste, onde tinham combatido o Exército Vermelho e a guerrilha e que não hesitavam em recorrer a métodos de brutalidade extrema, uma vez que a ideologia nazi considerava russos e ucranianos como seres inferiores. Em consequência, a ferocidade da repressão alemã contra os gregos intensificou-se.

 

 

Embora a ocupação nazi da Grécia tenha sido tragicamente assinalada por muitos outros massacres, alguns deles com mais vítimas do que o de Kaisariani, este tornou-se, sobretudo para a esquerda grega, num símbolo dos agravos entre gregos e alemães e o memorial lá construído até foi alvo de uma visita de um presidente alemão, em 1987.

 

 

Muitos estadistas gregos já foram depor flores em Kaisariani, por isso, se Tsipras tivesse lá ido a 1 de Maio, teria passado desapercebido; tendo escolhido fazê-lo a 26 de Janeiro, como primeiro acto oficial, quis deixar uma mensagem muito clara: a Grécia não se esqueceu do que a Alemanha fez e as contas do passado estão por saldar.

 

 

A ida a Kaisariani está indissoluvelmente ligada ao desenterramento da questão das indemnizações de guerra entre a Alemanha e a Grécia, um assunto que os alemães entendem ter ficado saldado em 1960, com o pagamento de 150 milhões de marcos (e definitivamente encerrado com um acordo assinado em 1990 com as quatro principais potências Aliadas, a quem a Alemanha se rendera em 1945), mas que os gregos entendem estar por resolver, elevando-se hoje a 278.700 milhões de euros (para efeitos de comparação, os empréstimos concedidos à Grécia no âmbito do programa de assistência financeira somam 240.000 milhões).

 

 

O valor apresentado pelos gregos está apoiado em documentação detalhada (761 volumes) e inclui compensações pelos massacres, pela destruição de edifícios e infra-estruturas (108 mil milhões), pela requisição de matérias-primas e alimentos, por um “empréstimo” (sem juros) de 476 milhões de marcos concedido (ou melhor, extorquido) à Grécia pela Alemanha em 1942 (que valerá agora 54 mil milhões de euros), e pela pilhagem de valores artísticos.

 

 

Um ateniense citado em The Third Reich at War, de Richard J. Evans, exprimia o seu espanto e indignação por, tendo vivido 13 anos na Alemanha, antes da guerra, ter construído uma elevada imagem do sentido de honra dos alemães e agora ver os invasores entregues a um frenesim de pilhagem que não deixava escapar cobertores, lençóis, fronhas e maçanetas de porta. Será que os 278.700 milhões de euros pedidos também cobrem estes itens?

 

Grécia quebra um pacto tácito ao insistir ser indemnizada pela Alemanha pelo que sofreu na II Guerra Mundial 2

Se não há dúvida de que o comportamento alemão foi infame, é paradoxal que a Grécia apresente uma conta tão longa e detalhada à Alemanha e não reivindique um cêntimo a Itália. Afinal de contas, Hitler não tinha planos para a Grécia – no curto prazo, já que no longo prazo Hitler tinha planos até para Madagáscar –, e quem invadiu a Grécia, a 28 de Outubro de 1940, foi a Itália. Não havia nenhum pretexto válido que Itália pudesse invocar para esta agressão, apenas uma vaga pulsão imperialista na zona dos Balcãs, umas descabeladas reivindicações territoriais (algumas ilhas gregas tinham, em tempos remotos, sido possessões venezianas) e alguns ciúmes de Mussolini perante a sucessão de retumbantes vitórias de Hitler.

 

 

Itália lançou o ataque a partir da Albânia (que ocupara sem resistência em 1939), mas os gregos não só repeliram o exército italiano – um dos mais ineptos e desmotivados dos que lutaram na II Guerra Mundial – como irromperam pelo território albanês. O que era para ter sido um passeio das forças italianas, acabou com gregos e italianos engalfinhados em intermináveis escaramuças na Albânia, os britânicos a intrometerem-se no assunto e a enviarem aviões para a Grécia, de onde poderiam bombardear as zonas petrolíferas da Roménia (indispensáveis à Alemanha), a que se somou, a 27 de Março de 1941, um golpe de estado em Belgrado que depôs o regente, o príncipe Paulo, que acabara de assinar um pacto com a Alemanha.

 

 

Hitler, que estava a ultimar os preparativos para invadir a URSS, precisava de tudo menos de confusões na sua retaguarda, pelo que, agastado com Mussolini (que tomara a iniciativa de invadir a Grécia sem avisar o seu aliado), se viu forçado a pôr termo à instabilidade criada pelo Duce nos Balcãs. Fê-lo com a rapidez e impiedosa eficácia de que já dera provas: a 1 de Junho toda a região estava sob controlo.

 

 

Como escreve Mark Mazower em Dark Continent (editado em Portugal como O Continente das Trevas, pelas Edições 70), “a Grécia teria provavelmente, conseguido manter-se neutra se a desastrada invasão italiana não tivesse desencadeado a intervenção britânica e a consequente resposta alemã”. Em vez disso, acabou destroçada e dividida em três zonas de ocupação: alemã, italiana e búlgara.

 

 

A vida da Grécia sob a ocupação foi dura: no Inverno de 1941-42 morreram cerca de 40.000 pessoas de fome, a maioria em Atenas, em resultado da combinação da destruição das redes de comunicações, das pilhagens e requisições de alimentos feitas pelos alemães, da elevada taxa de desemprego, da inflação galopante, da desarticulação geral da economia e do açambarcamento pelos gregos.

 

 

Como escreve Mark Mazower, em Hitler’s Empire (editado em Portugal como O Império de Hitler, pelas Edições 70), “ninguém tinha desejado ou planeado a fome, mas os alemães também não se deram ao trabalho de fazer algo para a aliviar. Continuaram a requisitar alimentos e não providenciaram assistência”. A fome também chegou à Grécia sob controlo italiano, mas quando o número de vítimas começou a crescer os italianos enviaram víveres – porém, o caos administrativo instaurado no sector italiano levou a que ocorressem episódios trágicos nalgumas ilhas gregas, nomeadamente em Syros, onde terão morrido de fome 8000 dos seus 17.000 habitantes.

 

 

No sector alemão nada foi feito – ou melhor, em Atenas havia oficiais alemães (o relato encontra-se em The Third Reich at War, de Richard J. Evans) que se divertiam a atirar restos de comida, a partir das varandas, aos bandos de miúdos esfomeados na rua e a vê-los lutar por uma côdea. Göring justificou-se assim: “Não podemos preocupar-nos demasiado com os gregos. São vítimas de um infortúnio que também afecta outros povos.”

 

 

Recorrendo a estereótipos que ainda continuam a ter aceitação na Europa setentrional, um jornal alemão escreveu: “Será que a população das cidades gregas, que actualmente parece ser constituída apenas por traficantes, agentes do mercado negro, receptadores de bens furtados, ladrões e gente que não quer trabalhar, merece ser mantida viva através dos mantimentos do Eixo? Veremos durante quanto tempo poderão os países do Eixo, na sua árdua luta, continuar a sustentar uma população de milhões de ociosos.”

 

 

Toda a Europa sob o jugo alemão passou fome e outras privações, mas o tratamento foi desigual: os alemães foram mais brandos com os povos com que sentiam algumas afinidades, como os dinamarqueses, os holandeses, os belgas, os noruegueses e até os franceses, foram mais brutais e insensíveis com os povos balcânicos e piores ainda com os polacos e soviéticos – de acordo com Mazower, foi na URSS, Jugoslávia e Grécia que a morte pela fome atingiu grandes proporções.

 

 

Entretanto, a resistência grega, tirando partido da natureza montanhosa e da má rede de comunicações do país e da tradição de guerrilha contra o jugo otomano, foi mostrando-se particularmente activa, o que explica (não justifica) a ferocidade das represálias, que reduziram a cinzas centenas de aldeias e deixaram um milhão de gregos sem tecto. Mas se é verdade que os alemães executaram 21.000 gregos durante a ocupação, os italianos executaram 9.000 e os búlgaros, 40.000.

 

 

No início, o sector italiano da Grécia manteve-se relativamente calmo, embora ao lado, na Jugoslávia, as forças de ocupação italianas estivessem já a aplicar os métodos anti-guerrilha que aplicaram nas campanhas da Líbia e da Etiópia: campos de concentração, fuzilamento de reféns, aldeias arrasadas e política de terra queimada. Como comenta Mazower emHitler’s Empire, só não recorreram a gás venenoso, uma “deferência” para com os povos de tez mais clara.

 

 

Quando, no Outono de 1942, a guerrilha grega começou a causar estragos, os italianos rapidamente adoptaram as práticas já aplicadas na Jugoslávia. Não consta, porém, que o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi tenha recebido de Tsipras uma conta de milhares de milhões de euros para pagar.

 

 

A Itália pode alegar uma pequena atenuante: quando, em 1943, Mussolini foi deposto e um novo governo negociou um armistício com os Aliados, as tropa alemãs não só assumiram o controlo da zona italiana da Grécia como submeteram as tropas que dias antes eram suas aliadas ao mesmo tratamento que ambos dispensavam aos insurrectos gregos: execuções em massa.

 

 

Só em Cefalónia foram executados 5300 soldados italianos por “traição” (isto é, por obedecerem ao seu novo governo). Nas ilhas de Corfu e Kos os alemães “limitaram-se” a executar todos os oficiais italianos.

 

 

Prudentemente, a Bulgária só fizera entrar as suas tropas na Jugoslávia e na Grécia depois de as tropas alemãs terem feito o trabalho perigoso e sujo, mas reclamou para si uma área de 16.000 km² no norte da Grécia (boa parte da Trácia e da Macedónia). Enquanto alemães e italianos se afirmaram como ocupantes, a Bulgária anexou esta área ao seu território e confrontou a população com esta opção: expulsão ou “bulgarização”.

 

 

No final de 1941, 100.000 gregos tinham sido expulsos (muitos foram enviados como trabalhadores-escravos para a Alemanha) e os que ficaram viram-se proibidos de usar a língua grega, foram expropriados de terrenos e casas em favor das dezenas de milhar de colonos búlgaros que se instalaram na região e ficaram sujeitos a um regime de trabalhos forçados.

 

 

Quando, em Setembro de 1941, os gregos se revoltaram contra estas políticas iníquas, foram selvaticamente esmagados: só na cidade de Drama foram executados 3000 gregos e mais 15.000 morreram nas operações de contra-insurgência em torno da cidade.

 

 

Evans (The Third Reich at War) estima que a repressão pelos búlgaros das revoltas gregas de Setembro de 1941 terá causado 45.000 a 60.000 mortos. As condições no território anexado pela Bulgária eram tais que muitos gregos procuraram refúgio no sector alemão. Porém, Alexis Tsipras não se apressou a visitar o memorial às vítimas do levantamento de Drama e Boyko Borissov, primeiro-ministro búlgaro, não foi confrontado pelo governo grego com pedidos de reparações.

 

 

Se se quiser levar a contabilidade deste período negro da história dos Balcãs, o próprio governo grego poderia ser confrontado com uma factura incómoda: as relações entre os gregos e os cham, albaneses muçulmanos que viviam em território grego, nunca tinham sido boas e agravaram-se quando vários bandos cham colaboraram entusiasticamente com o Eixo na pilhagem e repressão do povo grego.

 

 

Tal serviu de pretexto para que, em Setembro de 1944, a guerrilha nacionalista grega (EDES) desencadeasse (nas palavras de oficiais britânicos presentes na região) “uma orgia de vingança”: só em Paramithia os gregos terão morto 600 homens, mulheres e crianças cham. Os que escaparam aos massacres foram expulsos para o território albanês.

 

 

Porém, se Edi Rama, o primeiro-ministro albanês, apresentasse hoje aos gregos a conta do que fizeram em Paramithia em 1944, estes poderiam alegar que apenas estavam a fazer justiça pelo que os cham fizeram em Paramithia em 1943: numa acção conjunta com os alemães, os cham tinham executado 200 civis gregos e destruído 19 aldeias.

 

 

O relatório do coronel Chris Woodhouse, chefe da Missão Militar Aliada na Grécia, concluía assim o relato desta pavorosa série de represálias: “Os chamtiveram o que mereciam, mas os métodos de Zervas [o líder do EDES] foram péssimos […]. O resultado foi uma deslocação de populações, removendo uma minoria indesejada do solo grego. Talvez seja melhor deixar as coisas como estão.”

 

 

Mas seria de esperar que os gregos tratassem “estrangeiros” de outra etnia e religião com maior humanidade se eles próprios começaram a envolver-se em ferozes lutas intestinas? As primeiras escaramuças tinham surgido em 1942, ecoando o que já acontecera na guerra de libertação contra os turcos, em 1824-25, mas foi a partir de finais de 1944, no vácuo de poder criado pela retirada alemã, que o conflito se agudizou – houve uma pausa em 1945-46, mas, na prática a Grécia esteve em guerra civil, opondo facções de direita (EDES) e esquerda (ELAS) até 1949.

 

 

No início, alguns dos ódios entre facções de guerrilha foram promovidos pelos alemães, que já tinham vindo a aplicar a técnica de dividir para reinar na Jugoslávia. Após um estímulo inicial, mediante a constituição pelos alemães de “batalhões de segurança” e esquadrões de morte, recrutados entre criminosos e arruaceiros e a quem foi dada “carta branca na guerra contra comunistas e bandidos” (Mazower, em Hitler’s Empire), os gregos rapidamente se engalfinharam num conflito sangrento sem necessidade de mais incitamento.

 

 

Seja como for, na Europa a questão das reparações da II Guerra Mundial parece ser um assunto estritamente alemão, que não diz respeito às outras potências do Eixo: Itália, Bulgária, Hungria e Roménia. A Itália parece ter sido absolvida de tudo pela rendição em 1943 e sobre os parceiros menores desceu um véu de olvido.

 

 

Tome-se o caso da Roménia e bastará recordar a perseguição e extermínio dos judeus da Bessarábia, Bukovina e Transnístria promovida pelo marechal Ion Antonescu, o ditador (conducatore) romeno. Os judeus não foram as únicas vítimas da ferocidade romena: na Transnístria (que pouco tem a ver com a Transnístria de hoje), habitada maioritariamente por ucranianos, a palavra de ordem era “pilhar e romenizar” e Antonescu deu instruções aos seus ministros para “tirar tudo quanto for possível da Transnístria, mas sem deixar registos escritos”.

 

 

Mas foi sobre os judeus que a fúria e o desnorte dos romenos se abateu mais implacavelmente: num ano, a combinação depogroms, execuções em massa e deportações em condições desumanas causou 280.000 a 380.000 vítimas e revestiu-se de tal selvajaria que levou um elemento das SS a comentar que “as execuções sádicas levadas a cabo inadequadamente pelos romenos” deveriam ser implementadas segundo “procedimentos mais planeados”, uma apreciação que está em consonância com a de outro observador alemão: “Os romenos actuam contra os judeus sem a mais vaga ideia de um plano. Ninguém objectaria à eliminação maciça de judeus, não fosse os aspectos técnicos da sua concepção e execução serem tão deficientes.”

 

 

Em 1944, quando o Exército Vermelho se aproximava já das fronteiras romenas, relata Mazower (Hitler’s Empire) que “o Ministro da Defesa romeno sugeriu que se limpassem os locais dos massacres de forma a encobrir as atrocidades”, ao que o marechal Antonescu, que emitira ordens directas e explícitas para os massacres, retorquiu: “Do que está você a falar?”. A amnésia que atacou Antonescu parece ter-se estendido, entretanto, a quase todo o mundo.

 

 

Na Europa, a questão das reparações da II Guerra Mundial parece ser um assunto estritamente alemão, que não diz respeito às outras potências do Eixo: Itália, Bulgária, Hungria e Roménia. A Itália parece ter sido absolvida de tudo pela rendição em 1943 e sobre os parceiros menores desceu um véu de olvido.

 

 

Mas o país que se evade mais airosamente de responsabilidades na II Guerra Mundial é a Áustria: o facto de ter sido “anexada” pela Alemanha em 1938 tornou-a quase completamente invisível. A Áustria chegou mesmo a apresentar-se como a primeira vítima da Alemanha nazi, quando na verdade a sociedade austríaca acolheu genericamente de bom grado a “união” com a Alemanha (um plebiscito – realizado em condições duvidosas, é certo – deu 99.7% de aprovação à anexação) e forneceu às altas esferas nazis várias figurões e criminosos de guerra notórios, como Otto Skorzeny, Odilo Globocnik ou Adolf Eichmann.

 

 

Não seria descabido remeter para o governo austríaco parte da factura de 278.000 milhões de euros exigida à Alemanha: atendendo à proporção das suas populações, caberia aos austríacos uma quota de 1/10 da soma total, acrescida de uma sobretaxa por o responsável último da guerra – Hitler – ser austríaco.

 

 

Também o melhor aliado que a Alemanha teve entre 1939 e 1941 foi automaticamente ilibado em Junho de 1941, quando Hitler invadiu o seu território. No entanto, até essa data, a URSS tivera um comportamento tão reprovável aos olhos da comunidade internacional como a Alemanha: invasão da Polónia (Setembro de 1939) e da Finlândia (Novembro de 1939), fornecimento de alimentos e matérias-primas (incluindo petróleo) indispensáveis ao esforço de guerra nazi, cedência (discreta) de uma base de apoio a submarinos alemães no Mar de Barents.

 

 

Em Junho e Julho de 1940, ao ver que Hitler levava de vencida a França e a Grã-Bretanha, a URSS sentiu-se à vontade para ocupar a Lituânia, Letónia e Estónia, e roubar um substancial naco da Roménia (Bukovina e Bessarábia) – afinal de contas já tinha sido expulsa da Sociedade das Nações pela invasão da Finlândia, que mais tinha a perder?

 

 

Não seria descabido remeter para o governo austríaco parte da factura de 278.000 milhões de euros exigida pela Grécia à Alemanha: atendendo à proporção das suas populações, caberia aos austríacos uma quota de 1/10 da soma total, acrescida de uma sobretaxa por o responsável último da guerra – Hitler – ser austríaco.

 

 

A França e a Grã-Bretanha, que tinham entrado na guerra em resposta à agressão alemã à Polónia, nunca se sentiram tentadas a declarar guerra à URSS por ter feito a mesma coisa. Pior do que isso, como assinala Laurence Rees em World War II: Behind Closed Doors (editado em Portugal como A II Guerra Mundial: À Porta Fechada, pela Bertrand), “não só o governo britânico sabia das atrocidades que os soviéticos estavam a perpetrar na Polónia Oriental, como também estava ansioso por se calar acerca delas – embora, como é evidente, condenasse abertamente os nazis na Polónia Ocidental por cometerem crimes semelhantes”. O desencadear da Operação Barbarossa limpou o pesado cadastro da URSS e fê-la passar, automaticamente, de carrasco a vítima.

 

E que juízo pode fazer-se dos países ditos neutrais? Quantos milhares de vidas teriam sido poupadas se Portugal tivesse interrompido o fornecimento à Alemanha de tungsténio, um metal crucial para o fabrico de armamento? E em que posição fica a Suécia, que foi um dos principais fornecedores de minério de ferro indispensável ao esforço de guerra germânico e que, em 1941, permitiu o trânsito por território sueco de tropas alemãs entre a Noruega e a Finlândia, onde se juntaram às unidades que invadiram a URSS? A Suíça, que aceitou converter em francos suíços o ouro pilhado pelos alemães aos bancos centrais dos países ocupados, não deveria ser chamada a prestar contas?

 

 

Não só estes “delitos menores” não foram punidos como até a Alemanha conseguiu sair do imbróglio das reparações de guerra com poucas despesas – quando se considera a devastação e sofrimento que causou – e limitou-se a fazer alguns pagamentos a Israel, Polónia, Jugoslávia e URSS (nestes dois últimos casos sob a forma da entrega de equipamento fabril), além do já mencionado pagamento à Grécia de 150 milhões de marcos, em 1960.

 

 

É instrutivo confrontar este desfecho com o da I Guerra Mundial, em que os Aliados impuseram pesadíssimas reparações à Alemanha – a Áustria, a Hungria e a Turquia escaparam-se porque estavam financeiramente arruinadas. As quantias exigidas à Alemanha – primeiro de 269 mil milhões de marcos, ajustados em 1921 para 132 mil milhões – eram colossais. Na prática, acabaram por ser acordados montantes mais realistas e mesmo estes pagamentos sofreram adiamentos sucessivos, pois a economia alemã dos anos 20 e 30 passou por várias crises sérias.

 

 

Do lado aliado nem todos concordaram com estas reparações – e um deles foi o economista John Maynard Keynes, que fora delegado do Tesouro Britânico na conferência que resultou no Tratado de Versailles e que considerava as reparações impostas à Alemanha excessivamente pesadas, tese que expôs no livroThe Economic Consequences of Peace, de 1919, em que lamentava que os ideais do presidente americano Woodrow Wilson tivessem sido suplantados pela visão vingativa e mesquinha do primeiro-ministro francês Georges Clemenceau, secundado pelo primeiro-ministro britânico David Lloyd George.

 

 

 

Ainda hoje os economistas discutem se as reparações impostas à Alemanha seriam excessivas e se o seu pagamento integral conduziria inevitavelmente ao colapso da economia alemã. Mas, o que é indesmentível é que o povo alemão as sentia como excessivas e injustas e isso contribuiu decisivamente para que dirigissem as suas simpatias e o seu voto para um líder que fez campanha com o slogan “Não pagamos!”. Chamava-se Adolf Hitler e, efectivamente, cancelou os pagamentos das reparações assim que se tornou chanceler. Os pagamentos só seriam reatados muito mais tarde – o derradeiro foi realizado a 3 de Outubro de 2010, 92 anos após o término das hostilidades.

 

 

 

A II Guerra Mundial foi um momento tão monstruoso, e o seu novelo de crimes, represálias e contra-represálias é tão emaranhado, que qualquer tentativa de ajuste de contas redundará necessariamente em fracasso e despertará um enxame maligno de ódios e recriminações.

 

 

 

Independentemente das discussões em torno dos montantes das reparações, a verdade é que a I Guerra Mundial foi mal concluída e deixou latentes as tensões que haveriam de estoirar em 1939. Ao reconhecer que a lógica vingativa que presidira ao Tratado de Versailles tinha sido contraproducente, os vencedores da II Guerra Mundial foram mais benévolos para com os derrotados e não se empenharam em extrair da Alemanha (e do Japão) as compensações pelos estragos e sofrimento causados – e isto apesar de a culpa da Alemanha na II Guerra ser bem mais pesada e inequívoca do que na I Guerra.

 

 

A II Guerra Mundial foi um momento tão monstruoso, infame e vergonhoso da história da humanidade (e em particular da história da Alemanha), o novelo de crimes, represálias e contra-represálias é tão emaranhado, que qualquer tentativa de ajuste de contas redundará necessariamente em fracasso e despertará um enxame maligno de ódios e recriminações.

 

 

Os alemães tinham-se comportado como bestas, mas a Europa iria ter de continuar a viver com eles. Assim, o caminho tomado pelos vencedores seguiu, em linhas gerais, a posição do chefe da Missão Militar Aliada na Grécia a propósito do antagonismo greco-albanês: “Talvez seja melhor deixar as coisas como estão.” A única forma de os europeus continuarem a viver juntos em paz passa não por esquecer o passado, mas por aceitar não guardar rancores e ressabiamentos sobre o momento mais negro e desvairado da sua história.

 

 

Tsipras poderia ter escolhido como gesto simbólico de início de mandato algo que desse a entender que estava decidido a acabar com a natureza clientelar do Estado grego, a combater a economia “informal” ou a montar uma máquina fiscal equitativa e eficaz – um país que tem um PIB per capita da ordem dos 19.000-20.000 euros e atravessa uma “grave crise humanitária” tem, necessariamente, graves assimetrias na distribuição dos rendimentos.

 

 

Em vez disso, escolheu visitar Kaisariani, o que representa uma quebra de um entendimento tácito de “deixar as coisas como estão” entre as nações europeias e, ao mesmo tempo, sugere que a crise grega resulta sobretudo de causas exteriores, do “dedo estrangeiro”. Mark Mazower, citado num artigo recente no jornal Ekathimerini, aponta à Grécia uma tendência para atribuir os seus infortúnios à escassa liberdade de manobra e à sujeição a países poderosos. Agora os alemães, antes os turcos, antes ainda os romanos – desde 146 a.C., quando as legiões romanas derrotaram as falanges gregas em Corinto, que há estrangeiros a impor à Grécia o seu diktat e a impedi-la de ser livre, feliz e próspera.

 

 

Tsipras tem o pleno direito de entender injustas e inadequadas as condições impostas, no âmbito do resgate financeiro, pelatroika e pela Alemanha e de lutar para as tornar mais favoráveis com todas as suas energias, mas escusava de voltar a abrir a caixa de horrores que foi a II Guerra Mundial. Parafraseando uma personagem de Ulisses, de James Joyce, a história é um pesadelo de que a Europa tem estado a tentar despertar – mas após 70 anos de relativa tranquilidade, há quem queira puxá-la novamente para dentro do pesadelo.

 

 

José Carlos Fernandes/Obs/11/7/2015

 

 

 

 

Contagem de votos dos emigrantes divide PS e maioria devido aos prazos eleitorais

Vai mesmo haver eleições mais rápidas e, consequentemente, tomadas de posse do Governo mais rápidas também. O PS apresentou este mês um projeto de lei para encurtar os prazos legais do processo eleitoral e a maioria PSD/CDS prepara-se para apresentar esta sexta-feira um projeto de lei no mesmo sentido, a tempo de ser discutido em conjunto com o dos socialistas, na próxima quinta-feira.

 

 

Os dois estão de acordo quanto à redução global dos prazos entre convocação de eleições e publicação dos resultados o que encurta o calendário em 30 dias. Mas há um ponto de discórdia: o voto dos emigrantes.

 

 

Ao Observador, o deputado social-democrata Carlos Abreu Amorim confirmou que os partidos da maioria estão a ultimar um projeto de lei, que terá de dar entrada na mesa da Assembleia da República esta sexta-feira, confirmando que a única diferença – “que faz toda a diferença” – está na questão da contabilização dos votos dos emigrantes.

 

O PS propõe um prazo de oito dias, a contar desde o dia das eleições, para que os votos dos emigrantes cheguem às mesas de voto de Lisboa e sejam contabilizados. Todos os que chegarem depois desse prazo estão fora e são considerados nulos. E é isso que o PSD não quer.

 

 

Em causa está o facto de, atualmente, a lei eleitoral da Assembleia da República dizer apenas que os portugueses que votam à distância, por carta, terem de entregar o boletim no envelope fechado até ao dia das eleições, inclusive, sendo omissa no que diz respeito à data de chegada das referidas cartas para contagem.

 

 

O que acontece é que, se nos países mais desenvolvidos e com maior proximidade a Portugal, a carta chega logo no dia seguinte ou no outro, o mesmo não acontece em países mais distantes, com diferentes fusos horários ou com serviços menos desenvolvidos.

 

 

Segundo o deputado socialista Luís Pita Ameixa, responsável pelo projeto de lei do PS, tal faz com que muitas vezes “fique tudo parado à espera dos votos dos emigrantes”, uma vez que a lei não diz até quando se deve esperar. “É discricionário”, diz ao Observador, sublinhando que essa decisão tem ficado, até aqui, nas mãos dos delegados dos partidos que estão nas mesas de voto.

 

 

A proposta do PS é de impor um prazo legal de oito dias, e é esse o principal ponto de discórdia com as bancadas da maioria, que não querem limitar a receção dos votos dos emigrantes sob pena de serem desperdiçados.

 

 

CDS reclama louros

 

 

Todos os restantes prazos eleitorais, que são no fundo o grosso da proposta, serão, no entanto, idênticos àquilo que já consta da proposta do PS – que já é, de resto, em tudo idêntica a um projeto de lei apresentado pelo CDS em março de 2011, que acabou por caducar em função da queda do Governo de José Sócrates.

 

 

Na altura, a proposta centrista de encurtar os prazos eleitorais foi discutida no Parlamento e teve os votos favoráveis não só do PSD e CDS mas também do PS e do BE (só o PCP e os Verdes se abstiveram).

 

 

O atual líder parlamentar centrista foi o autor desse projeto de lei do CDS e confirma agora ao Observador que já foi recuperar o texto de 2011 para o reavivar. “O projeto do PS é muito similar, para não dizer igual, àquele que o CDS apresentou na anterior legislatura, que foi votado na generalidade e que mereceu amplo consenso”, diz Nuno Magalhães.

 

 

Assim sendo, e tal como o Observador noticiou, com dois projetos de lei sobre o mesmo tema em cima da mesa, os prazos legais que envolvem o período eleitoral vão mesmo ser cortados e o processo eleitoral vai passar a ser um mês mais rápido.

 

 

Segundo o projeto de lei do PS (e o anterior projeto de lei do CDS), mudam os seguintes prazos:

 

 

  • Ao todo, o processo eleitoral passa dos atuais 80 dias para apenas 50 dias, retirando-se a todo o processo um total de 30 dias;
  • Reduz-se em 15 dias a antecedência obrigatória para o Presidente da República convocar eleições, passando dos atuais 60 dias (em caso de eleições ditas normais), ou 55 (em caso de eleições antecipadas) para um patamar único de 45 dias;
  • Reduz-se em oito dias o prazo para a apresentação das candidaturas, que atualmente tem de ser feito até ao 41.º dia antes das eleições, e que passa agora para o 33.º dia;
  • O prazo da verificação das candidaturas, que de acordo com a lei em vigor pode ser feito nos dois dias seguintes ao final do prazo para a entrega, sofre uma ligeira uma redução, passando a ter de ser feito logo no dia seguinte.
  • O prazo para a retificação nas listas, em vez de ter 48 horas, passa a ter apenas 24 horas;
  • Reduz-se ainda em seis dias o prazo para o apuramento dos resultados, que segundo a lei atual tem de estar concluído até ao 10º dia posterior à eleição, e que passa agora a ter de estar finalizado ao 4º dia.

 

 

Andre Kosters/LUSA/Rita Dinis/OBS/25/6/2015

 

 

 

 

Faltam escavar 800 metros para acabar perfuração do Túnel do Marão que vai ligar Amarante a Vila Real

 

 

O presidente da Infraestruturas de Portugal (IP) afirmou este sábado que faltam escavar 800 metros no Túnel do Marão para concluir a perfuração desta estrutura incluída na Autoestrada do Marão que vai ligar Amarante a Vila Real.

 

 

António Ramalho, que falava após uma visita do secretário-geral do PS à obra do Túnel do Marão, no lado de Amarante, distrito do Porto, disse que se prevê que a junção dos túneis ocorra durante o mês de agosto.

 

 

Faltam escavar cerca de 400 metros em cada túnel, que estão a ser construídos em paralelo, num total de 800 metros.

 

 

A Autoestrada do Marão vai ligar Amarante a Vila Real e inclui a construção de um túnel rodoviário de quase seis quilómetros.

 

 

A perfuração está a avançar agora com mais cautelas porque, segundo explicou o responsável, os trabalhos estão a decorrer numa falha geológica.

 

 

“As coisas não podiam estar a correr melhor, o que significa genericamente que estamos muito confortáveis em relação aos prazos de cumprimento da obra na parte do túnel, que seria aquela que objetivamente teria mais risco”, salientou.

 

 

Após ter resgatado a concessão da Autoestrada do Marão, depois da paragem das obras em junho de 2011, o Estado dividiu os trabalhos em três empreitadas, nomeadamente a do túnel e os acessos poente e nascente.

 

 

No entanto, apesar de os trabalhos decorreram a bom ritmo dentro do túnel, nos acessos as obras estão mais atrasadas.

 

 

“Os acessos tinham duas características. Primeiro não estavam na fase tão crítica e têm mais tempo para serem feitos dentro do prazo e depois são acessos feitos sobre uma obra já existente e era necessários que os empreiteiros comprassem algumas coisas aos anteriores”, explicou.

 

 

Agora, frisou, essas obras “estão a acelerar imenso”. Neste momento, está-se em pico de obra. No túnel trabalham cerca de 620 trabalhadores dos 1200 afetos à autoestrada.

 

A proposta de portagem para os 26 quilómetros da Autoestrada do Marão situa-se entre o 1,85 e 2,25 euros.

 

 

Esta via vai ligar a A4 (Porto/ Amarante) à Autoestrada Transmontana (Vila Real/ Bragança) a partir do primeiro trimestre de 2016.

 

 

Desde o início da empreitada, no verão de 2009, as obras foram suspensas três vezes, sendo que, da primeira vez, o foram apenas na escavação do túnel e por causa de duas providências cautelares interpostas pela empresa Água do Marão.

 

 

Depois, a construção em toda a extensão da autoestrada parou a 27 de junho de 2011 e, dois anos depois, a obra foi resgatada pelo Estado.

 

 

P.Santos/TPT/7/7/2015

 

 

 

Marcelo critica apoio de Balsemão a eventual candidatura de Rui Rio à Presidência da República

O antigo presidente do PSD Marcelo Rebelo de Sousa considerou que é “mau para a coligação” a apresentação imediata de um candidato presidencial, discordando do momento em que Francisco Pinto Balsemão declarou apoio a Rui Rio.

 

 

O fundador do PSD e antigo primeiro-ministro Francisco Balsemão desafiou na terça-feira o ex-presidente da Câmara do Porto Rui Rio a montar o “cavalo do poder” como candidato a Presidente da República, dizendo que de todas as possíveis candidaturas esta é a que mais o entusiasma.

 

 

À margem da apresentação do livro Leiria e a Democracia – 40 anos, que decorreu no Instituto Politécnico de Leiria, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que o “único ponto” em que diverge de Francisco Pinto Balsemão “não tem a ver com o nome, tem a ver com a apresentação imediata da candidatura”.

 

 

“Para Balsemão, é bom para a coligação e é bom para o candidato haver uma apresentação imediata e haver uma corrida em simultâneo para as legislativas e para as presidenciais. Eu entendo exatamente o oposto. Entendo que é mau para a coligação e é mau para o candidato”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que, em Portugal, só existe “uma experiência de haver simultaneamente um candidato e uma coligação: foi a AD com o general Soares Carneiro”.

 

 

Segundo o ex-líder social-democrata, a afirmação do fundador do PSD “dá um ruído que é negativo para ambos e há uma sobreposição de coisas diferentes”.

 

 

“Mas é uma opinião perfeitamente legítima, que não é a minha, e os factos se encarregarão de mostrar quem é que tinha razão”, afirmou, adiantando não ter ficado surpreendido com o apoio “em relação à pessoa”, pois é “uma decisão e uma opção perfeitamente lógica, se não mesmo esperável”.

 

 

Para o ex-líder do PSD, Rui Rio é “um nome com peso” e “um dos nomes possíveis de candidatos presidenciais da área do centro direita”.

 

 

Confrontado com a possibilidade de estar a perder espaço para uma eventual candidatura sua à Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “a questão fundamental, neste momento, não é tanto olhar para as sondagens e ver quem é que tem mais peso, nem é tanto olhar para as bases e ver quem é que vai mais às bases, nem sequer é olhar para os barões e ver quem é que tem um ou outro barão”.

 

 

“O mais importante é a escolha de fundo que os candidatos a candidatos que existirem e a coligação devem fazer, que é a escolha entre esperar pelas legislativas, e depois tratar das presidenciais, ou avançar já com as presidenciais, antes das legislativas. Eu acho que essa é a grande escolha dos próximos dois meses”, rematou.

 

“Os prazos vão encurtando. E o cavalo do poder raramente passa mais de uma vez à porta de quem o pode montar”, afirmou o também patrão do grupo de Comunicação Social Impresa, na terça-feira, dirigindo-se ao ex-presidente da Câmara do Porto, na apresentação da biografia de Rio, “Raízes de Aço”, na sede lisboeta da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas.

 

Rio, por seu turno, escusou-se a responder ao repto, alegando tratar-se de “questões de política conjuntural”, embora expressasse “grande honra” e “orgulho” pelas palavras de alguém por quem tem “enorme respeito”, deixando apenas escapar que “só muito junto à foz se notam as marés num rio”.

 

 

O antigo chefe de Governo disse também que, “de todas as candidaturas anunciadas, semi-anunciadas, verdadeiras, hipotéticas, etc., até agora conhecidas, a eventual candidatura de Rui Rio à Presidência da República é a que mais entusiasmo e confiança” lhe “inspira”.

 

OBS/1/7/2015

 

 

 

 

Segundo a ONU 34 milhões de crianças e adolescentes não frequentam a escola em países afetados por conflitos

Os dados integram um novo texto, divulgado hoje, do relatório de acompanhamento da iniciativa Educação para Todos (EPT) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

 

 

O último relatório sobre a EPT, divulgado em abril, mostrava que apenas um terço dos 164 países que há 15 anos lançaram a iniciativa atingiram os objetivos fixados e identificava os conflitos como um dos maiores obstáculos ao progresso.

 

 

O novo texto indica que “as crianças em países afetados por conflitos têm mais do dobro das probabilidades (…) de estarem fora da escola que as dos países não afetados”, enquanto para os adolescentes a probabilidade é dois terços maior, segundo um comunicado da UNESCO.

 

 

A organização das Nações Unidas refere que uma das “principais razões” para o problema “é a falta de financiamento”. “Em 2014, a educação recebeu apenas 2% da ajuda humanitária”, adianta.

 

 

Os 2,3 mil milhões de dólares (2 mil milhões de euros) que a UNESCO considera necessários para fazer regressar à escola os 34 milhões de crianças e adolescentes nos países em conflito correspondem a 10 vezes o valor da ajuda disponibilizada para a educação atualmente.

 

 

A agência da ONU refere ainda que a atenção dos media leva a que alguns países sejam priorizados, o que explica que “mais de metade da ajuda humanitária disponível para educação tenha sido atribuída a apenas 15 dos 342 pedidos feitos entre 2000 e 2014”.

 

 

Em 2013, foram identificados nos países em conflito como precisando de apoio ao nível da educação 21 milhões de pessoas. No entanto, apenas oito milhões foram incluídas nos apelos e destes só três milhões receberam ajuda, adianta.

 

 

“Voltar à escola pode ser a única centelha de esperança e de normalidade para muitas crianças e jovens em países mergulhados em crises”, sublinha a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, citada no comunicado.

 

 

Cerca de 58 milhões de crianças estão fora da escola em todo o mundo e 100 milhões não conseguem completar o ensino primário.

 

 

 

PAL // EL/Lusa/29 de Junho de 2015

 

 

 

A NATO reagiu com dureza à intenção da Rússia reforçar ainda este ano o arsenal nuclear estratégico

Depois de Vladimir Putin ter anunciado um incremento de 40 mísseis balísticos com capacidade para desafiar os sistemas de antimísseis mais avançados, o secretário-geral da Organização do Tratado Atlântico Norte acusou os russos de “bravata nuclear.

 

O norueguês Jens Stoltenberg acusou a ameaça do presidente russo de ser “injustificada, destabilizadora e perigosa”. Numa conferência de imprensa em Bruxelas, o homem forte da NATO garantiu que “vamos responder, assegurando que a NATO será também no futuro uma aliança que protege os seus membros contra o inimigo”.

 

Stoltenberg acrescenta que a retórica de Moscovo justifica a disposição crescente da organização em intervir para defesa países que fazem parte da NATO.

 

 

O anúncio de Vladimir Putin foi feito esta terça-feira num fórum de armamento nos arredores da capital. Um reforço da capacidade ofensiva no leste europeu, através de novos mísseis com alcance de 5500 quilómetros, por parte da Federação Russa seria um ato inédito desde 1989. No entanto, este cenário tem estado em cima da mesa desde a escalada do conflito com foco na Ucrânia que arrastou o tom das relações entre o Ocidente e a Rússia para níveis da guerra fria.

 

A NATO reagiu com dureza à intenção da Rússia reforçar ainda este ano o arsenal nuclear estratégico 2

O presidente russo não avançou detalhes sobre a localização do novo armamento. Putin tem defendido que Moscovo deve manter o seu poder de dissuasão nuclear, perante o que qualifica de ameaças à segurança russa, tendo já admitido instalar armas deste tipo na península da Crimeia, região da Ucrânia que passou para a esfera russa no ano passado.

 

 

Na sequência deste conflito, Moscovo pretende gastar mais de 400 mil milhões de dólares na modernização do seu dispositivo militar. Ameaçada pelas sanções internacional e pelo recuo das cotações do petróleo, Putin aposta no investimento na defesa para reanimar a economia.

 

 

ALEXEI DRUGINYN / KREMLIN POOL/EPA/26/6/2015

 

 

 

México responde a Donald Trump que os imigrantes ajudaram a desenvolver os Estados Unidos da América

Durante o discurso de apresentação da sua candidatura à presidência dos Estados Unidos da América, Donald Trump acusou o México de levar “drogas e violadores” para o país. “Os Estados Unidos tornaram-se numa lixeira para os problemas dos outros”, disse o empresário. Miguel Angel Osorio Chong, Secretário do Interior mexicano, já respondeu aos comentários.

 

 

Ao contrário dos outros candidatos, que têm procurado atrair a atenção da comunidade latino-americana, Trump não poupou críticas (e comentários xenófobos) aos imigrantes mexicanos. No discurso,considerado “excêntrico” pelo Guardian, Trump acusou o país vizinho de “enviar pessoas que têm muitos problemas”, que depois os “trazem para cá”.

 

 

“[O México] está a enviar pessoas que têm muitos problemas, e que trazem esses problemas para cá. Trazem drogas, crime e violadores“, disse o empresário no discurso de terça-feira.

 

 

De modo a impedir que as “drogas” e os “violadores” entrem nos Estados Unidos, Trump pretende construir um muro ao longo da fronteira mexicana. “Os Estados Unidos tornaram-se numa lixeira para os problemas dos outros”, referiu.

 

 

Trump, que pela primeira vez formalizou uma candidatura a presidente dos EUA, garante que, se for eleito, irá ressuscitar o sonho americano. “Infelizmente, o sonho americano está morto. Mas, se for eleito, irei trazê-lo de volta. Maior, melhor e mais forte do que nunca”.

 

 

Desde terça-feira que não têm parado de chover críticas. Lisa Navarrete, porta-voz da La Raza, a maior organização latina de direitos civis, foi uma das primeiras pessoas a comentar a situação. Trump é “um homem extremamente parvo” com uma “necessidade patológica por atenção”,disse ao Guardian. Miguel Angel Osorio Chong, Secretário do Interior mexicano, também já comentou publicamente as palavras do empresário norte-americano, refere o El País.

 

 

Para Osorio Chong, os comentários de Trump foram “absurdos e tendenciosos”. “O senhor Trump desconhece a contribuição de todos os migrantes, de quase todas as nações do mundo, para o desenvolvimento dos Estados Unidos”, disse o Secretário do Interior.

 

 

“São os mexicanos e mexicanas que lá estão, por circunstâncias diferentes, que ajudam, sem dúvida, a desenvolver os Estados Unidos e a fortalecê-lo enquanto potência mundial”.

 

 

 

Rita Cipriano/Obs/18/6/2015

 

 

 

 

Exportação de castanhas de caju da Guiné-Bissau vai atingir 20 mil toneladas

A exportação de castanhas de caju na Guiné-Bissau vai atingir 20 mil toneladas e mais de 91 mil toneladas já se encontram nos diversos armazéns aguardando encaminhamento para mercado internacional, garantiu Jaimentino Co, Director-geral de Comércio e Concorrência.

 

 

Em declarações à PNN, no âmbito de um retiro que o Ministério do Comércio organiza esta sexta-feira 5 de Junho em São Domingos, Jaimentino Co, Director-geral de Comércio e Concorrência disse que até este momento tudo indica que a campanha decorra na maior normalidade. “Se as coisas continuarem assim, tudo indica que vamos ter uma boa campanha. Já saiu o primeiro navio que levou 10 mil toneladas o outro ainda esta a proceder carregamento e no final do processo podemos contabilizar com uma soma perto de vinte mil toneladas”, disse Jaimentino Co.

 

Exportação de castanhas de caju da Guiné-Bissau vai atingir 20 mil toneladas 2

 

Em termos dos stocks deste produto, o Director-geral do Comércio disse que actualmente mais de 91 mil toneladas já se encontram nos diversos armazéns aguardando encaminhamento para mercado internacional. “Os dados que nos chegam a partir dos nossos postos de controlo, indicam que já temos 96 mil toneladas de castanhas em Bissau, subtraindo a quantidade de 10 mil já exportada podemos contar com aproximadamente 91 mil toneladas de castanha a exportar”, disse.

 

 

Sobre a previsão inicial do Governo de exportar este ano 200 mil toneladas de castanha de caju, o responsável da Direcção-geral do Comércio argumentou com a mudança climática que terá tido repercussões negativas nesta campanha, contudo está confiante numa boa colheita e comercialização de castanha de caju devido ao controlo apertado nas linhas fronteiriças da Guiné-Bissau.

 

“Para não ser muito optimista, posso dizer que ainda temos castanhas, talvez devido a mudanças do clima, já estamos na época das chuvas, existe castanha ainda nos cajueiros, mesmo que não atingirmos o valor inicial, 150 ou 180 mil toneladas de castanhas exportadas, seria um bom resultados para nós, isto também porque temos um controlo muito apertado sobre a saídas clandestinas de castanhas a nível das fronteiras”, disse Jaimentino.

 

 

No encontro desta sexta-feira em São Domingos, na qual também participa o titular da pasta do comércio António Serifo Embalo, vão ser discutidos, entre outros assuntos, a questão da fiscalização desta campanha, ambiente dos negócios, seu impacto, variação do preço de castanha no mercado desde início da campanha e a exportação da castanha.

 

 

PNN Portuguese News Network/TPT/5/6/2015

 

 

 

Banco central angolano faz injeção recorde de dólares para travar crise cambial

O Banco Nacional de Angola (BNA) aumentou na última semana o volume da venda de divisas à banca comercial angolana em mais de 134 por cento, para 936 milhões de dólares (840 milhões de euros).

 

 

A medida está em linha com o anúncio feito a 28 de maio pelo governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior, sobre o aumento do número de leilões semanais de divisas à banca comercial, uma das medidas previstas, por instrução do Governo, para “descomprimir” a atual crise cambial no país.

 

 

De acordo com o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, ao qual a Lusa teve hoje acesso, as vendas de divisas entre 01 e 06 de junho foram concretizadas a uma taxa média de referência do mercado cambial interbancário de 117,473 kwanzas (90 cêntimos) por cada dólar.

 

 

Esta taxa de câmbio corresponde a uma desvalorização semanal do kwanza de cerca de 6%, concretizada pelo BNA apenas entre quinta e sexta-feira, outra medida adotada tendo em conta o atual mercado cambial, neste caso para travar a especulação (a compra pelos clientes chega a 180 kwanzas por cada dólar) sobre divisas no mercado informal, alternativa face à escassez de moeda estrangeira nos bancos.

 

Banco central angolano faz injeção recorde de dólares para travar crise cambial2

 

A injeção de divisas na banca angolana na primeira semana de junho representa máximos de um ano, contrastando com os 400 milhões de dólares vendidos pelo BNA na semana anterior, o que por si só já tinha representado um aumento semanal superior a 30%.

 

 

Com a redução das receitas do petróleo, situação que se vem a agravar desde outubro, também a entrada de divisas (dólares) no país está em queda, complicando as necessidades de moeda estrangeira que Angola tem para garantir as importações, de alimentos a matéria-prima e máquinas.

 

 

Desde o início do ano, as vendas semanais do BNA chegaram a ser de menos de 200 milhões de dólares.

 

 

O Governador do banco central reconheceu, no final de maio, que a redução de 30% na injeção de divisas por parte do BNA na banca comercial, que se regista desde o início do ano, por comparação com 2014, devido à quebra nas receitas com a exportação de petróleo, está a refletir-se na atividade empresarial do país.

 

 

“O BNA recebeu mandato [do Governo] para tomar as medidas necessárias para descomprimir, na medida do possível, esta pressão ao nível do mercado cambial, para evitarmos situações de roturas de ‘stock’, para resolvermos alguns problemas que se começam a colocar com grande acuidade a nível dos operadores económicos”, apontou José Pedro de Morais Júnior.

 

 

Alguns empresários admitiram nas últimas semanas a possibilidade de pararem a produção devido à falta de matéria-prima, tendo em conta os atrasos nos pagamentos de faturas internacionais, dependentes da disponibilização de divisas.

 

 

Depois das restrições à injeção de divisas, devido à projeção inicial macroeconómica devido à quebra na cotação do barril de crude no mercado inicial, o governador diz que o BNA tem hoje “elementos para flexibilizar esta gestão”, passando pelo aumento de dois para três leilões semanais, para regularizar o fluxo de divisas à banca comercial.

 

 

“Com as medidas que vamos tomar, cremos que a situação se vai começar a resolver paulatinamente”, disse o governador.

 

 

 

ANTONIO COTRIM/Lusa/28/6/2015

 

 

 

 

 

 

Paulo Rangel diz que programa da coligação “pode mudar políticas europeias”

O eurodeputado do PSD Paulo Rangel afirmou esta que acreditava que as linhas orientadoras que a coligação PSD/CDS vai apresentar na quarta-feira têm condições para “mudar políticas europeias”, as quais permitirão “aliviar e melhorar a qualidade de vida dos portugueses”.

 

 

“Como está ancorado na credibilidade e na confiança que este Governo criou nas instâncias europeias ao longo dos últimos quatro anos, tem condições para mudar políticas europeias que podem aliviar e melhorar a qualidade de vida e o nível de vida dos portugueses, que tanto sofreram nestes anos de ajustamento”, respondeu Paulo Rangel aos jornalistas quando questionado sobre o plano [linhas orientadoras para o programa eleitoral] que a coligação apresenta esta quarta-feira em Lisboa.

 

 

O eurodeputado falava na Casa da Música, no Porto, à margem da conferência do Jornal de Notícias “Por Portugal”.

 

 

Segundo o social-democrata, é aí que a proposta da coligação se vai “diferenciar muito” da do PS, partido que “tem ideias utópicas para a reforma da Europa que não permitem depois ter consequências para Portugal”.

 

 

Questionado sobre o que espera das bases programáticas da coligação PSD-CDS, Paulo Rangel respondeu “ser possível esperar uma melhoria na estabilidade e na continuidade”.

 

 

 

“Portugal tem tido grandes resultados do ponto de vista da confiança e da credibilidade que criou nos mercados, nos credores e parceiros europeus”, sustentou.

 

 

Na opinião de Rangel, mantendo “essa confiança haverá espaço para o crescimento e uma melhoria gradual” das condições de vida dos portugueses.

 

 

O social-democrata elogiou as “propostas muito arrojadas, muito ousadas”, que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, fez para “uma reformulação da zona euro”.

 

 

 

“Basicamente a ideia é: nós criamos confiança, criamos credibilidade e agora já podemos propor à Europa que mude algumas políticas em favor dos portugueses”, sustentou.

 

 

Questionado sobre as eleições presidenciais, designadamente a ausência de um candidato do centro-direita, Rangel reafirmou que ficará satisfeito com Marcelo Rebelo de Sousa ou Rui Rio.

 

 

 

“Eu ficarei satisfeito com qualquer um deles, têm todas as condições para ganhar. São dois perfis diferentes, mas ambos têm capacidade para responder aos desafios” dos próximos cinco anos, disse.

 

 

Paulo Rangel considerou ainda que “não há cá pressas [para apresentar uma candidatura], mas também não há demora”, encarando o assunto com “naturalidade”.

 

 

Observador/2/6/2015