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A central nuclear de Zaporijia tem estado sob ameaça. Pode um desastre no coração da Europa vir a atingir Portugal?

Zaporijia alberga a maior central nuclear da Europa. A região tem sido alvo de ataques e cortes de energia, que colocam a central em perigo, temendo-se um desastre nuclear. Rui Curado da Silva, professor e investigador em física das partículas da Universidade de Coimbra, ajuda a perceber o que está em causa.

 

 

Zaporijia tem sido uma das preocupações da comunidade internacional depois do assalto militar russo à central nuclear, deixando a Europa em suspenso pelo perigo de um desastre nuclear.

 

 

Construída em Enerhodar, ainda no tempo da antiga URSS (1980), a central de Zaporijia tem seis reatores de água pressurizada, é a maior da Europa e uma das dez maiores centrais nucleares do mundo.

 

 

A Ucrânia tem cinco centrais nucleares, incluindo Chernobyl, que está desativada desde o acidente de 25 de abril de 1986, num total de 15 reatores. Destes, quatro estão na central de Rivne, dois em Khmelnitski, três no sul da Ucrânia e os referidos seis em Zaporijia.

 

 

Desde a invasão da Rússia, em fevereiro de 2022, as centrais nucleares ucranianas têm sido uma preocupação tanto para as autoridades locais como para a comunidade internacional.

 

 

É que, apesar da convenção de Genebra dizer que, em caso de guerra, “centrais nucleares de produção de energia eléctrica, não serão objecto de ataques mesmo que constituam objetivos militares”, a Rússia ignorou por completo o referido artigo 56 e tomou de assalto o controle da central de Zaporijia, em março.

 

 

Chegou-se a temer o pior, já que os bombardeamentos chegaram a 150 metros de um dos reatores, provocando alguns incêndios nas imediações. No entanto, para os especialistas, um dos maiores perigos para a central é perder o sistema de arrefecimento dos reatores que evita a fusão do núcleo ou a fuga de radiação, e não os bombardeamentos, propriamente ditos.

 

 

“Na altura em que foi feito o primeiro ataque, em que se bombardeou a região com obuses, apenas o reator 4 estava operacional, a cerca de 60% da sua capacidade. O reator 1 estava em manutenção. Os reatores 2 e 3 estavam em modo de paragem. Os reatores 5 e 6 estavam no modo de reserva, a funcionar a baixa potência”, descreve Rui Curado Silva, professor de Instrumentação Nuclear na Universidade de Coimbra, em entrevista.

 

 

Nas últimas semanas, a central só manteve um reator a funcionar, que foi desativado no sábado passado. “O que era perigoso era o reator que estava a funcionar em pleno ficar sem o fornecimento de energia elétrica. Não tendo a possibilidade de arrefecer o seu núcleo, poderia fundir e originar um acidente parecido com o que aconteceu em Fukushima”, compara o especialista.

 

 

“Em Fukushima, eles tinham geradores a gasóleo” para situações de emergência, “mas como estes ficaram inundados por causa do tsunami, não ativaram, dando-se a tal fusão do reator e o acidente que todos sabemos hoje”, recorda.

 

 

No caso de Zaporijia, para a central funcionar corretamente, precisa de corrente externa de fornecimento de energia elétrica (linhas de 750 volts), normalmente, têm mais que uma ligada para haver redundância

 

 

“O que aconteceu nas últimas semanas foi: primeiro a central foi cortada da rede elétrica, ficou sem alimentação externa e depois uma central térmica a carvão, que está logo ao lado e que fornece energia através de uma linha elétrica de socorro, ou seja, de emergência, também foi cortada”.

 

(Este é o esquema do fornecimento de energia à central nuclear de Zaporijia. Rui Curado Silva créditos: DR)

 

O que valeu para evitar o desastre foi um nível de segurança suplementar, que foi introduzido sobretudo depois de Fukushima: os tais geradores a gasóleo, que neste caso, “não foram inundados”. De acordo com o especialista, estando os geradores a funcionar, é possível arrefecer o núcleo dos reatores, das barras nucleares que estavam cheias de urânio e que precisam de mergulhar constantemente nas piscinas para arrefecer e manter a segurança da central.

 

 

“O problema é que estes geradores a gasóleo só asseguram energia por uns dias (+/- 7 dias)”, avisa o professor. “E depois podem voltar a ser reabastecidos, mas neste caso a questão que se coloca seria por quem? Pelos russos, pelos ucranianos?”, questiona.

 

 

O corte de energia em toda a zona de Enerhodar, deixou o único reator ativo em perigo e toda a comunidade internacional, incluindo a Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA, na sigla em Inglês), em alerta máximo de preocupação. “Sem energia não é possível manter o sistema de arrefecimento dos reatores e das piscinas, onde está a arrefecer o combustível usado, e sequer desligar o reator em segurança”.

 

 

Felizmente a energia foi restabelecida e foi possível desativar o último reator. No entanto, mesmo desativado em segurança, “o reator tem de ser constantemente arrefecido, tal como a água das piscinas de combustível usado que também precisa de energia elétrica, para evitar acidentes, que, contudo, seriam em menor risco. Todavia, permanece o risco de radioatividade”, lembra Curado da Silva.

 

 

De acordo com o professor de Instrumentação Nuclear da Universidade de Coimbra, “as barras de urânio do combustível usado têm que estar dentro dessas piscinas com água, porque a água também protege das radiações emitidas, sendo que esse combustível tem de estar submerso durante, pelo menos, oito anos até poder ser retirado e tratado”, explica.

 

 

O material dos reatores pode fundir se não for arrefecido, e esse é o pior cenário e foi o que aconteceu em Chernobyl e Fukushima.

 

 

“Outra situação também grave, que pode acontecer, é as piscinas deixarem de ter energia elétrica para o processo de arrefecimento. Ou, no caso de Zaporijia, um obus atingir uma das piscinas e elas perderem água”.

 

 

“Uma fuga dessa água altamente contaminada é muito perigosa para a região. Já houve várias fugas pequenas da água das piscinas. Por exemplo, na Inglaterra levaram anos para reparar esse tipo de fuga”, informa.

 

 

“Para além disso, há muito material altamente radioativo que já saiu das piscinas e está ali guardado na central e que, a haver um ataque, pode espalhar poeiras pela região”, alerta.

 

 

Então, os reatores precisam de estar em arrefecimento constante, mesmo desativados. “Na verdade eles não estão desligados, apenas não estão a produzir energia elétrica para a rede”, explica Curado da Silva. Estão em modo “baixo potência de funcionamento”.

 

 

Sem energia para os manter, poderão surgir fugas e até evaporação, causando nuvens radioativas e, neste último caso, chegar a mais pontos da Europa. Daí se falar do tal risco de um acidente nuclear para toda a Europa.

 

Questionado se o risco neste momento é mínimo, o professor e investigador responde que  “não é mínimo, apenas está controlado.” Tem havido altos e baixos, e neste momento, “não é o de maior perigo”.

 

 

“A situação, com o que tem acontecido nos últimos dias, tem estado melhor”, tranquiliza o professor e investigador do Laboratório de Instrumentação e Física das Partículas da Universidade de Coimbra.

 

 

Na segunda-feira, o diretor da IAEA disse que é urgente estabelecer um compromisso pela Rússia e pela Ucrânia para não atacar ou bombardear a fábrica.

 

 

“Tentamos mantê-lo simples, tentamos torná-lo prático, porque precisamos dele o mais rápido possível”, disse Grossi, uma vez que os bombardeamentos próximo da central de Zaproijia não foram interrompidos.

 

 

Basta um erro de cálculo para que o alvo falhe e atinja a central. “Apesar dos cenários mais prováveis de acidente, daqueles que conseguimos imaginar tendo em conta o que terá acontecido no passado, aquilo que eu acho que será mais perigoso é uma dessas bombas atingir as piscinas e a água vaporizar”, diz o professor da Universidade de Coimbra.

 

 

“A água vaporiza-se, vai para a atmosfera e pode criar-se uma nuvem altamente contaminada, mas será um problema que não irá afetar Portugal e até países à volta. Será uma situação localizada. Mas podem sempre acontecer acidentes que nunca pensamos, situações imprevisíveis”, acrescenta.

 

 

“Em Chernobyl, curiosamente, surgiu uma situação que podia ser muito pior, caso acontecesse, e ninguém fala nisso, mas está registada”, lembra o investigador.

 

 

“Quando foi utilizada água para arrefecer a zona que explodiu do reator, este estava em plena fusão, formou-se uma piscina de água por baixo e a estrutura do reator estava a partir-se e a cair em cima dessa água por baixo do reator. Se o reator tivesse caído nessa água, ia provocar uma explosão brutal e fazer estragos num raio de 50 a 100 km e a Europa ia ficar completamente contaminada. A onda de poluição ia atingir zonas bem distantes deixando grandes partes da Europa sem possibilidade de habitar por causa da contaminação”, descreve Curado da Silva.

 

 

“Felizmente, o problema foi detectado a tempo e conseguiram tirar a água por intermédio de pessoas que se voluntariaram para o fazer. Quando o reator em fusão caiu já não estava lá a água e evitou-se a explosão. Ninguém tinha pensado nisso, aliás esse pormenor está representado na série Chernobyl, se quiserem ver para melhor perceber o que aconteceu”, sugere o especialista.

 

 

Questionado sobre o modo como está a acompanhar a situação na Central Nuclear, o professor reforça, “no caso de Zaporijia, o mais assustador é desligarem a central da rede elétrica”.

 

 

O professor lança, também, um alerta para a segurança dos técnicos que se encontram dentro da central, dizendo que é preciso assegurar aos engenheiros condições para continuarem o seu trabalho, porque, avisa, “os acidentes podem dar-se por erro humano. Pode não ser um obus ou uma operação militar, mas sim um erro humano”, reforça. “Por exemplo, muitos acidentes que aconteceram em centrais foram por falha humana”, relembra.

 

 

Para Rui Curado da Silva, a opção mais segura para a central nuclear de Zaporijia passa por seguir as indicações da Agência Atómica (IAEA) e manter a central no regime atual, “creio que é a opção mais correta, e não sair dali até que os soldados abandonem o local e que a situação se resolva”, conclui o professor da Universidade de Coimbra.

 

 

 

Maior central nuclear da Europa a operar com elevado nível de risco

 

 

A central nuclear ucraniana de Zaporijia, a maior da Europa, está a operar em modo de emergência num elevado nível de risco, afirmou hoje a operadora estatal de energia nuclear da Ucrânia, Energoatom.

 

Em declarações à televisão ucraniana, citadas pela Associated Press (AP), a operadora estatal daquele país adiantou que é impossível reparar as linhas de energia exteriores por causa dos bombardeamentos e que essa operação pode violar normas de segurança de radiação e incêndios.

 

 

O chefe da operadora estatal, Pedro Kotin, afirmou que apenas a retirada dos russos da central e a criação de uma “zona de segurança à sua volta pode normalizar a situação em Zaporijia”.

“Apenas nessa altura o mundo poderá respirar fundo”, sublinhou.

 

 

A última linha de energia que ligava a central à eletricidade foi cortada esta segunda-feira, deixando-a sem qualquer tipo de fonte de energia exterior.

 

 

A central é atualmente alimentada pelo único de seis reatores que se mantém operacional, fornecendo energia aos seus sistemas de segurança.

 

A Ucrânia e a Rússia acusam-se mutuamente de ataques contra a central, que têm feito recear um desastre nuclear.

 

 

Após esforços diplomáticos, uma delegação da AIEA teve acesso na semana passada às instalações e teve a oportunidade de constatar a situação no terreno.

 

 

A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

 

 

 

TPT com: AFP//Manuel Ribeiro//MadreMedia// Professor Rui Curado da Silva. créditos: DR //Sapo24// 14 de Setembro de 2022

 

 

 

 

 

São diversos os documentos confidenciais portugueses da NATO à venda na darkweb

Suspeitas da quebra de segurança recaem em computadores do EMGFA, das secretas militares e do Ministério da Defesa Nacional.

 

 

O Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), comandado pelo chefe de Estado-Maior, almirante Silva Ribeiro, foi alvo de um “ciberataque prolongado e sem precedentes” que teve como resultado a exfiltração de documentos classificados da NATO, denunciou esta 5ª feira o ‘Diário de Notícias’, que revelou que o Governo português só soube do ataque porque foi informado pelos Serviços de Informação americanos, através da embaixada em Lisboa, uma comunicação que terá sido feita diretamente ao primeiro-ministo António Costa, em agosto.

 

 

O caso, considerado de “extrema gravidade”, foi detetado pelos ciberespiões americanos que encontraram “à venda na darkweb centenas de documentos enviados pela NATO a Portugal, classificados como secretos e confidenciais”.

 

 

O gabinete de António Coste tem gerido a crise mas estão igualmente empenhadas várias estruturas, como o Gabinete Nacional de Segurança (GNS) e as Secretas Externas (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa) e Internas (Serviço de Informações de Segurança). A Polícia Judiciária, segundo o jornal diário, não tinha sido envolvida.

 

 

A NATO já exigiu explicações e garantias ao Governo português e, na próxima semana, o secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo, que tutela o GNS, e o próprio diretor-geral deste gabinete, vice-almirante Gameiro Marques, que é responsável pela segurança das informações classificadas enviadas, vão deslocar-se ao quartel-general da NATO para uma reunião de alto nível no NATO Office of Security.

 

 

Os peritos do GNS e do Centro Nacional de Cibersegurança, em conjunto com os militares do Centro Nacional de Ciberdefesa, situado no EMGFA, fizeram um rastreio completo a todo o sistema de comunicações interno da Defesa e descobriram que foram utilizadas linhas não seguras para receber e reencaminhar os documentos classificados, uma quebra nas regras de segurança. “Foi um ciberataque prolongado no tempo e indetetável, através de bots programados para detetar este tipo de documentos, que depois ia sendo retirado em várias fases”, explicou uma fonte ao jornal diário.

 

 

O gabinete de António Costa sublinhou que “a troca de informação entre aliados em matéria de Segurança da Informação é permanente nos planos bilateral e multilateral.

 

Sempre que existe uma suspeita de comprometimento de cibersegurança de redes de Sistema de Informação, a situação é extensamente analisada e são implementados todos os procedimentos que visem o reforço da sensibilização em cibersegurança e do correto manuseamento de informação para fazer face a novas tipologias de ameaça. Se, e quando, se confirma um comprometimento de segurança, a subsequente averiguação sobre se existiu responsabilidade disciplinar e/ou criminal automaticamente determina a adoção dos procedimentos adequados”.

 

 

Não é a primeira vez que Portugal se vê envolvido numa quebra de segurança de documentos da NATO. Aconteceu também no âmbito do processo do ex-espião do SIS, Carvalhão Gil – condenado por espionagem a favor da Rússia, em 2018 – quando foram detetadas falhas de segurança nas secretas na tramitação destes documentos. Portugal foi alvo de uma inspeção do já referido NATO Office for Security.

 

 

Costa garante credibilidade na NATO

 

 

Este caso é considerado de “extrema gravidade” e terão sido os ciberespiões da Inteligência norte-americana a detetar “à venda na darkweb centenas de documentos enviados pela NATO a Portugal, classificados como secretos e confidenciais”.

 

 

Contactado pela agência Lusa, o gabinete do primeiro-ministro, que está a acompanhar diretamente este caso, referiu que, para já, “nada mais tem a adiantar” face àquilo que transmitiu ao Diário de Notícias sobre este caso.

 

 

“O Governo pode garantir que o Ministério da Defesa Nacional e as Forças Armadas trabalham diariamente para que a credibilidade de Portugal, como membro fundador da Aliança Atlântica, permaneça intacta”, referiu fonte do gabinete de António Costa.

 

Adianta-se, igualmente, que “a troca de informação entre aliados em matéria de segurança da Informação é permanente nos planos bilateral e multilateral”.

 

 

“Sempre que existe uma suspeita de comprometimento de cibersegurança de redes de sistema de informação, a situação é extensamente analisada e são implementados todos os procedimentos que visem o reforço da sensibilização em cibersegurança e do correto manuseamento de informação para fazer face a novas tipologias de ameaça. Se, e quando, se confirma um comprometimento de segurança, a subsequente averiguação sobre se existiu responsabilidade disciplinar e/ou criminal automaticamente determina a adoção dos procedimentos adequados”, acrescenta-se na resposta dada ao Diário de Notícias.

 

 

 

 

TPT com: Diário de Notícias//Revista de Imprensa//MadreMedia/Lusa//Sapo24// 9 de Setembro de 2022

 

 

 

 

 

Líder do PSD acusa António Costa de “matar o próximo ministro da Saúde”

O presidente do PSD acusou hoje o primeiro-ministro de “matar o próximo ministro da Saúde” ao dizer que a política no sector vai continuar igual, criticando “a arrogância” de António Costa. Luís Montenegro disse também que o anúncio das medidas do Governo de apoio às famílias “vem muito tarde”, numa opção que classificou de habilidosa para apenas as aplicar nos últimos três meses do ano.

 

 

No encerramento da 18.ª edição da Universidade de Verão do PSD, que decorre desde segunda-feira em Castelo de Vide (Portalegre), Luís Montenegro avisou que, se a política de saúde vai continuar a ser a mesma, “vai continuar a haver urgências fechadas, portugueses sem médicos de família, consultas adiadas”.

 

 

Numa intervenção de cerca de meia hora, mais curta do que o habitual, o líder do PSD dedicou o arranque à demissão da ministra da Saúde, Marta Temido, anunciada na madrugada de terça-feira.

 

 

“A ministra demitiu-se dizendo que não tinha condições para continuar. Qual é a resposta do primeiro-ministro? Então se não tem condições, fica mais umas semanas para decidir coisas importantes para as quais julga não ter condições. Isto é uma contradição”, criticou.

 

 

Luís Montenegro acusou mesmo António Costa de arrogância por já ter afirmado publicamente que “a política de saúde vai ser a mesma”.

 

 

“É caso para dizer que António Costa já está a matar o próximo ministro ou ministra da Saúde, porque já lhe está a desejar uma política que deu maus resultados”, disse, aconselhando o primeiro-ministro a ter humildade e reconhecer que a política de saúde falhou.

 

 

Para Luís Montenegro, os problemas registados no setor da saúde “não eram da ministra, embora possa ter dado as suas contribuições”.

 

 

“O problema é do primeiro-ministro, do PS. Este PS quis fechar o SNS na esfera estatal não perdendo que aquilo que importa: o cidadão, que precisa de cuidados de saúde, independentemente de os ter num hospital público, privado ou numa IPSS”, considerou.

 

 

Luís Montenegro reiterou que “o maior amigo da saúde privada em Portugal é o dr. António Costa”, referindo-se ao aumento do número de pessoas com seguros de saúde em Portugal.

 

 

“Não venham com essa conversa de treta e da treta, nós não somos amigos do setor privado e do setor social, nós somos amigos das pessoas e estamos preocupados com as pessoas. Quem dizer que o PSD tem outro interesse é desonesto”, vincou, acusando a esquerda e o PS de fazerem “muito pior ao SNS” do que os sociais-democratas.

 

 

 

Montenegro diz que medidas de Governo vêm “muito tarde” para serem aplicadas só três meses

 

 

Na mesma sessão de encerramento, Luís Montenegro referiu-se ao pacote de medidas que será aprovado na segunda-feira pelo Governo, em Conselho de Ministros Extraordinário.

 

 

“Amanhã vamos ter finalmente o anúncio desse pacote de medidas do Governo. Vem tarde, vem muito tarde e não foi por falta de aviso. Foi a habilidade que o Governo teve, conscientemente, para aplicar esta medida apenas nos últimos três meses do ano”, criticou.

 

 

Na segunda-feira, anteviu, vai acontecer “o exemplo da famosa habilidade política do primeiro-ministro, o ‘show-off’ do ‘power point’”.

 

 

“O que vai acontecer amanhã é o Governo é o governo fazer aquilo que reclamamos desde maio. Contrariamente ao que o Governo tem dito, não há três dias de diferença entre o que o PSD apresentou e o Governo vai anunciar, há três meses de diferença”, acusou, lembrando que desde maio defende um programa de emergência social.

 

 

Ainda assim, admitiu que as medidas do executivo não serão exatamente iguais as que o PSD propôs e entregou no parlamento na sexta-feira, em forma de projeto de resolução.

 

 

“Elas amanhã virão travestidas, não virão ‘ipsis verbis’ como as propusemos, sei que o Governo anda a reboque do PSD, mas não é tanto”, disse, provocado risos na assistência.

 

 

No entanto, apesar da “roupagem diferente”, o líder do PSD considerou que “a base vai ser a mesma”, lamentando que o Governo não anuncie também na segunda-feira os apoios destinados às empresas.

 

 

“Há condições para que o PS faça o que acordou connosco em 2014 e baixe o IRC. Dr. António Costa, não aguarde mais 15 dias e faça-o já amanhã”, apelou.

 

 

Luís Montenegro pediu ainda ao Governo e ao primeiro-ministro que “de uma vez por todas ponham ordem na casa”.

 

 

“Deixem de ser notícias pelas ‘gaffes’ e erros permanentes dos seus membros e o primeiro-ministro que se concentre na tarefa de liderar o Governo. Parece que já não está com grande vontade de ser primeiro-ministro, mas é, tem de fazer por merecer a confiança”, afirmou.

 

 

O líder do PSD anteviu que na segunda-feira vai ser anunciada a antecipação do aumento das pensões, lamentando que o Governo só vá fazer em setembro o que os sociais-democratas propuseram em maio, tal como a baixa do IVA da energia, que o Governo dizia não ser possível sem autorização europeia.

 

 

“Faço aqui um apelo/desejo, que seja amanhã, ao menos agora que o dr. António Costa baixe o IVA da energia para 6 %. Faça-o transitoriamente, mas faça-o agora, porque é agora que as pessoas precisam”, defendeu.

 

 

Apesar de considerar que as medidas chegam tarde, Montenegro desejou ao Governo que “a conferência de imprensa corra bem, as medidas a anunciar na segunda-feira sejam eficazes” e que possam ser renovadas, se necessário.

 

 

Montenegro disse saber que não vai haver eleições amanhã e que, por essa razão, o PSD não tem a obrigação de ter, desde já, um plano completo para governar o país.

 

 

“Quem tem de governar o país é o Governo, percebe-se que a frustração na sociedade seja grande, porque o Governo não está a cumprir a sua tarefa, mas nós vamos cumprir a nossa”, assegurou.

 

 

O líder do PSD considerou que o partido está a cumprir o seu papel de oposição: “apontámos omissões, insensibilidade, e, perante a passividade do Governo, tivemos a ousadia de apresentar as soluções”.

 

 

“Preparamo-nos para merecer essa conferência política no futuro. Seremos a voz dos que precisam de ter essa voz no diálogo com o Governo, dos portugueses de todas as proveniências políticas e geográficas”, avisou.

 

 

Montenegro elogiou ainda a Universidade de Verão do PSD, uma iniciativa de formação política de jovens que se realiza desde 2023, salientando que foram os sociais-democratas os primeiros a ter este tipo de ação.

 

 

“Nós estamos a fazer escola, tanto estamos que outros partidos estão a vir atras de nós. Não é só no programa de emergência social, também vão fazer uma universidade de verão”, disse, referindo-se à Academia Socialista, que se realiza na próxima semana na Batalha.

 

 

Marcaram presença na sessão de encerramento, entre outros, o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, que chegou com Luís Montenegro, bem como a eurodeputada Graça Carvalho e os deputados João Moura, Lina Lopes e Rui Cristina.

 

 

TPT com: MadreMedia/Lusa//Sapo24// 4 de Setembro de 2022

 

 

 

 

Durante comício na Pensilvânia, Donald Trump acusa Biden de ser um dos “inimigos do Estado”

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o seu sucessor Joe Biden de ser um “inimigo do Estado” durante um comício no estado da Pensilvânia neste sábado, no qual criticou também o FBI pela operação em sua casa na Flórida.

 

 

Trump, respondendo aos ataques lançados dois dias antes por Biden, disse que a operação de buscas do mês passado foi uma “paródia” judicial e alertou que poderia causar uma reação “jamais vista.

 

 

“Não pode haver um exemplo mais claro das verdadeiras ameaças à liberdade (…) do que o que aconteceu há algumas semanas — vocês viram —, quando assistimos a um dos mais chocantes abusos de poder por parte de um governo na história dos Estados Unidos”, lançou.

 

 

A sua insinuação de que o governo Biden estaria envolvido na operação questiona a adesão a velhos protocolos que determinam que o Departamento de Justiça e o FBI devem agir de forma independente da Casa Branca.

 

 

“O perigo para a democracia vem da esquerda radical. Não da direita”, afirmou ele aos seus apoiantes.

 

 

Na quinta-feira, Biden chamou Trump e os “extremistas” que o seguem de inimigos da democracia americana, durante um discurso na Filadélfia com o qual procurou encorajar os eleitores antes das eleições intercalares em novembro, quando parte do Congresso se renova.

 

 

Biden atacou particularmente os republicanos que defendem a ideologia MAGA (Make America Great Again, slogan de Trump na sua bem-sucedida campanha presidencial de 2016).

 

 

“Donald Trump e os republicanos do MAGA representam o extremismo que ameaça a própria fundação da nossa República”, declarou Biden.

 

 

“Não há lugar para violência política nos Estados Unidos. Ponto. Nenhum. Nunca”, advertiu o presidente, numa clara referência ao ataque do ano passado ao Capitólio por partidários de Trump que se recusaram a aceitar a derrota nas eleições de 2020.

 

 

O ex-presidente Trump é alvo de investigações civis, criminais e legislativas. Uma juíza concordou na quinta-feira em rever o seu pedido de nomear um especialista independente para estudar documentos apreendidos pelo FBI durante a operação na sua residência na Flórida.

 

 

Estará a democracia em risco nos EUA? Biden diz que sim, e os responsáveis são Trump e os seus “apoiantes extremistas”

 

 

O presidente norte-americano, Joe Biden, chamou a Donald Trump e “aos extremistas” que o apoiam inimigos da democracia norte-americana, durante um discurso nesta quinta-feira na Filadélfia, no qual buscou procurou os eleitores antes das eleições intercalares, em novembro.

 

Biden atacou principalmente os republicanos que abraçam a ideologia “Make America Great Again (MAGA)”. “Donald Trump e os republicanos da MAGA representam um extremismo que ameaça as próprias bases da nossa república”, disse Biden, perto do local onde foi proclamada a Declaração de Independência e aprovada a Constituição americana, há mais de dois séculos.

 

 

“Não há lugar para a violência política nos Estados Unidos. Nenhum, nunca”, assinalou o Presidente, referindo-se à invasão do ano passado ao Capitólio, realizada por apoiantes de Trump que se negaram a aceitar o resultado das eleições presidenciais.

 

 

“Durante muito tempo, temos dito a nós próprios que a democracia americana está garantida, mas não está. Temos de defendê-la, todos e cada um de nós. Peço à nossa nação que se una atrás do único propósito de defender a nossa democracia, independentemente da sua ideologia”, pediu Biden.

 

 

Segundo o democrata, “as forças da MAGA estão decididas a fazer este país retroceder. Retroceder a uns Estados Unidos da América onde não haja direito à escolha, à privacidade, à anticoncepção, nem o direito a casar-se com quem se ama”.

 

 

O presidente procura assim dar impulso ao Partido Democrata antes das eleições intercalares, nas quais estará em jogo o controlo do Congresso.

 

 

Donald Trump, com uma reação enigmática às palavras de Biden, publicou na sua plataforma online Truth Social uma imagem dividida com Joe Biden, à esquerda, cerrando os punhos no púlpito e ele, à direita, beijando uma bandeira americana.

 

 

“Alguém deveria explicar a Joe Biden o que MAGA significa… Se ele não quer tornar a América grande novamente, nem mesmo com palavras, ações e pensamentos, então certamente não deveria representar os Estados Unidos da América”, afirmou Trump na legenda que acompanha a imagem.

 

 

Um dos temas centrais do discurso de Biden foi “a batalha pela alma da nação”. A expressão refere-se a um texto que o presidente publicou na revista “The Atlantic” em 2017, após uma manifestação de supremacistas brancos na localidade de Charlottesville, Virgínia, que terminou com uma morte e dezenas de feridos. “Estamos a viver uma batalha pela alma desta nação”, escreveu ele.

 

 

Após a sua eleição, em 2020, o político veterano considerou travar essa batalha por meio do diálogo com legisladores republicanos e de reformas pró-classe média.

 

 

Segundo uma sondagem publicada nesta quinta-feira pelo “Wall Street Journal”, caso as eleições intercaladas fossem hoje realizadas, 47% dos eleitores estariam inclinados a votar nos democratas, contra 44% para os republicanos. Em março, a direita tinha uma vantagem de 5 pontos percentuais.

 

 

Os democratas sonham com uma façanha nestas eleições, o que renovaria a totalidade da Câmara dos Representantes e um terço do Senado, que é tradicionalmente desfavorável para o partido no poder.

 

O debate político mudou desde o começo do verão no hemisfério norte. A inflação diminuiu, o que possibilitou a Biden promover uma série de reformas, e foi anunciada a morte do líder da Al-Qaeda num ataque norte-americano.

 

 

Tal tem parecido o suficiente para enfrentar dois grandes eixos da campanha republicana: a queda do poder de compra e a fragilidade do presidente mais idoso da história do país.

 

 

Várias sondagens mostram bons desempenhos dos democratas em questões como a defesa do direito ao aborto e avanços sociais, onde os republicanos agora são amplamente vistos como reacionários. Também se destacam pela preocupação com a democracia e a rejeição da violência política, aspectos em que a figura de Trump invariavelmente aparece.

 

 

O Partido Democrata ainda terá dificuldade em manter o controlo da Câmara dos Representantes, mas espera preservar a sua maioria no Senado, sendo que o estado da Pensilvânia será crucial para que isso aconteça.

 

 

 

Biden continua à frente de Trump em sondagem sobre presidenciais para 2024

 

 

 

O Presidente dos EUA, Joe Biden, segue à frente do seu antecessor, Donald Trump, nas intenções de voto perante um hipotético confronto nas eleições presidenciais de 2024, com uma vantagem de seis pontos.

 

A popularidade de Biden cresceu nas últimas semanas, em parte devido aos sucessos legislativos do atual Presidente democrata, e uma sondagem divulgada hoje pelo jornal The Wall Street Journal revela que 50% dos eleitores tencionam votar nele nas próximas presidenciais.

 

 

A mesma sondagem indica que 44% votariam em Trump se a eleição ocorresse agora, com o ex-Presidente republicano a perder um ponto em relação a estudos anteriores, enquanto Biden sobe cinco pontos.

 

 

No que diz respeito às questões que podem marcar a intenção de voto nos próximos meses, 34% dos entrevistados reconhecem que a decisão do Supremo Tribunal contra o direito ao aborto pode mobilizar os norte-americanos para as eleições intercalares de novembro.

 

 

Na lista de questões que mais preocupa os eleitores está a subida dos preços, a imigração, o uso de armas e a busca feita pelo FBI à casa de Trump na Florida, para procurar documentos confidenciais na posse do ex-Presidente.

 

 

 

TPT com: NBCNews//EPA/JIM LO SCALZO// Ed JONES / AFP//MadreMedia/Lusa//Sapo24// 4 de Setembro de 2022

 

 

 

 

 

A Rewilding Portugal já fez a apresentação de propostas para a recuperação da Serra da Estrela

Depois da catástrofe ambiental deste verão na Serra da Estrela, em que pelo menos 25 mil hectares arderam em incêndios sucessivos ao longo de várias semanas, é fundamental juntar todas a partes interessadas no território e a nível nacional para a elaboração de uma proposta séria e realista para a recuperação ambiental do Parque Natural da Serra da Estrela.

 

 

Os incêndios estivais deste ano foram de uma gravidade sem precedentes e tiveram severos impactos nos ecossistemas da serra, o que levará a uma perda substancial do capital natural da região, se nada for feito de imediato e com uma visão a longo prazo. A Rewilding Portugal apoia que se crie uma paisagem mais resiliente ao fogo, mais funcional do ponto de vista dos ecossistemas, e mais biodiversa e abundante em fauna e flora.

 

 

Nesse sentido, a Rewilding Portugal enviou uma proposta de medidas de restauro ecológico urgentes a vários atores-chave do território e com responsabilidades nesta matéria – incluindo todas as câmaras municipais da Serra da Estrela, o ICNF e a APA. Esta proposta inclui intervenções a curto, médio e longo prazo com o fim de recuperar a Serra da Estrela e evitar que estes incêndios catastróficos se repitam no futuro. Foram também incluídas medidas, algumas das quais já utilizadas em situações semelhantes anteriormente, que são desaconselhadas para uma efetiva recuperação da Serra da Estrela.

 

 

Entre as medidas que a Rewilding Portugal aconselhou para implementação a curto prazo (antes do final de 2022) destacam-se o corte e disposição de madeira morta para construção de paliçadas de prevenção de erosão, nomeadamente em zonas de maior declive, a realização de sementeiras de emergência para prevenir a erosão dos solos e preservar a fauna sobrevivente; intervir nas linhas de água afetadas para estimular o crescimento de vegetação ripícola e acelerar a recuperação destes ecossistemas; e ainda melhorar a captação de água na paisagem como prevenção a futuros incêndios com a construção de pequenas charcas e zonas de alagamento na paisagem.

 

 

Quanto a medidas para implementação a médio e longo prazo prazo (a partir de 2023), destacam-se aqui: manutenção e ampliação da rede de prevenção de incêndios através do aumento de herbivoria e reintrodução de espécies-chave de herbívoros selvagens e semisselvagens, nomeadamente cavalos (por exemplo de raça Garrana), veado e cabra-montesa e ainda incrementar o número de corços; a criação de um Plano Integral de Gestão Florestal para a Serra da Estrela para a próxima década e que tenha em conta o panorama de alterações climáticas expectável para o futuro, assegurando a continuidade da sucessão florestal para que esta possa recuperar e tornar-se novamente numa área de elevado valor natural em Portugal.

 

 

Por último, a Rewilding Portugal desaconselha as seguintes medidas neste âmbito: campanhas de plantação de árvores (a taxa de insucesso destas árvores vindas de viveiros e maioritariamente com crescimento lento é altamente elevada e não há acompanhamento a longo prazo, necessário para que resulte, nomeadamente pinheiros e pseudotsugas, sendo que mesmo as árvores autóctones devem ser plantadas apenas em áreas em que o banco de sementes esteja demasiado empobrecido e que a dispersão natural possa ser mais demorada); e a construção de barragens (estas estruturas têm impactos negativos ambientais, implicam grandes alterações da paisagem e estão dependentes de fluxos de água constante para as abastecer).

 

 

A Rewilding Portugal espera que este documento, e as medidas extensivamente elencadas e explicadas/fundamentadas que este contém, possam servir de apoio aos decisores sobre como actuar a curto, médio e longo-prazo na Serra da Estrela para garantir que no futuro tenhamos uma serra mais resiliente e próspera como é certamente desejo de todos.

 

 

Acima de tudo, dada a situação de calamidade ambiental, social e económica que os incêndios (especialmente de 2017 e 2022) provocaram, esta deve ser encarada como uma oportunidade de repensar o futuro do Parque Natural da Serra da Estrela para os próximos 100 anos.

 

 

TPT com: Agata Rucin//Rewilding Portugal//Lusa//MaisBeiras//Sapo//GazetaRural// 3 de Setembro de 2022

 

 

 

Beira Interior com quebras na produção e vinho de qualidade devido à seca

O presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), Rodolfo Queirós, disse hoje que espera uma quebra na produção face ao ano anterior, devido à seca, mas que o vinho será de qualidade.

 

 

“Em 2021 foram [produzidos] à volta de 22,5 milhões de quilos [de uvas]. Este ano, não sei como é que será em termos de quantidade. Estamos a contar com alguma quebra. Neste momento, não consigo quantificar essa quebra”, disse o responsável.

 

 

Rodolfo Queirós referiu que as maiores Adegas Cooperativas da área da CVRBI, como Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Franca das Naves, ainda não iniciaram as vindimas e é cedo para calcular a diminuição da produção de vinho deste ano, embora admita que a quebra poderá ser “entre 15 a 20%” face ao ano anterior.

 

 

Disse que é difícil calcular a produção para este ano dado que recentemente ocorreram dois episódios de queda de chuva em alguns locais da região, que “foram euros que caíram” na vinha: “Antigamente havia um ditado que dizia que quando chovia nesta altura eram contos de reis e, agora, se calhar, são notas de euros que caem na vinha e que ajudaram a que alguma humidade fosse reposta e a planta absorveu essa humidade e vai ficar com os bagos com um bocadinho mais de peso e com maturações mais equilibradas”.

 

 

“Teremos ainda que aguardar, mas eu diria que há quinze dias o cenário parecia mais complicado do que neste momento”, acrescentou.

 

 

O presidente da CVRBI apontou que o período de seca vai continuar, mas tem registo de que “já começam a aparecer os nevoeiros matinais, com alguma humidade”, o que ajuda a repor alguns teores de humidade nas uvas.

 

 

Em termos sanitários, segundo o responsável, as uvas estão “excelentes”, o que augura um ano de vinho com “qualidade garantida” e “francamente bom”.

 

 

Com cerca de 400 sócios e uma área de abrangência que abarca vários concelhos da zona sul da Beira Interior, a Adega Cooperativa do Fundão (Castelo Branco) iniciou a campanha no dia 26 e os primeiros indicadores apontam para perdas na produção, provocados pelos efeitos que a seca está a ter nas vinhas.

 

 

“Aquilo que os sócios nos têm transmitido é que as perdas são muito acentuadas e que as quebras podem chegar aos 40%, o que é uma situação preocupante para todos”, referiu à Lusa o presidente da Adega Cooperativa do Fundão, António Madalena.

 

 

Segundo explicou, o grande problema está relacionado com a falta de água nos solos, o que afeta as videiras e põe em causa o normal desenvolvimento das uvas e respetivo ciclo de maturação, havendo também casos de “escaldão” provocados pelas elevadas temperaturas.

 

 

Em 2021, a Adega do Fundão recebeu cerca de um milhão de quilos, número que este ano deverá diminuir.

 

 

Alertando para os “prejuízos mais que certos” que agricultores e adegas vão ter, António Madalena defendeu ainda que o Governo devia olhar para a situação com “alguma atenção e cuidado”, no sentido de encontrar medidas mitigadoras do problema.

 

 

Para já, ressalvou, o indicador mais positivo prende-se com a qualidade que não foi afetada, até porque a reduzida humidade contribuiu para uma menor propagação de doenças.

 

 

A CVRBI tem sede na cidade da Guarda, no Solar do Vinho, e abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Branco, que correspondem a uma área de 20 municípios, onde se contabilizam cerca de cinco mil viticultores.

 

 

Na área da CVRBI, com perto de 16 mil hectares de vinhas, existem cerca de 60 produtores de vinho, sendo quatro adegas cooperativas e os restantes produtores particulares.

 

 

VI Festival Moscatel do Douro durante o mês de Setembro na vila de Favaios

 

 

Em plena época de vindimas, o Festival Moscatel do Douro regressou à vila de Favaios, no Concelho de Alijó, evento que decorre de 9 a 11 de setembro. A animação do evento dedicado ao melhor Moscatel do País estará a cargo de Pedro Abrunhosa, Gisela João e Ruizinho de Penacova.

 

Este Festival celebra o vinho produzido a partir da casta Moscatel Galego, que ocupa aproximadamente 1.400 hectares de vinha no Concelho de Alijó, onde é produzido cerca de 80% de todo o moscatel da região do Douro. O evento tem como principal objetivo promover o Moscatel do Douro enquanto produto de excelência, dando também ênfase à divulgação de outros vinhos e produtos da região, como o pão ou o azeite.

 

 

A abertura do Festival inclui uma visita aos expositores e um Moscatel de Honra. Um dos momentos altos desta sexta edição, que se realiza na Avenida Sr. Jesus do Outeiro, será o Brinde pela Paz com Vinho Moscatel, acompanhado com fogo-de-artifício.

 

 

Além dos concertos de Pedro Abrunhosa, Gisela João e Ruizinho de Penacova, que vai atuar no Baile de Vindimas, a animação do Festival Moscatel do Douro estará a cargo do Grupo “Zés Pereiras de Sanfins do Douro”, do Rancho Folclórico e Cultural do Pinhão, do Rancho Folclórico “O Plátano” de Alijó, do Rancho Folclórico e Etnográfico de Sanfins do Douro e ainda da Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Favaios. O programa inclui ainda a peça de teatro “Coisa da Imaginação”, pela OFITEFA – Oficina Teatro de Favaios, no Teatro António Augusto de Assunção.

 

 

O Núcleo Museológico Favaios – Pão e Vinho foi palco de um colóquio dedicado às “Vulnerabilidades e Estratégias de Adaptação da Viticultura Duriense às Alterações Climáticas”, cujo orador foi José Moutinho Pereira, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. A organização é da Câmara Municipal de Alijó em parceria com a Junta de Freguesia de Favaios e a Adega de Favaios, que prepararam um programa repleto de momentos de interesse para todas as idades e que pretendem atrair muitos visitantes à vila de Favaios e ao Concelho de Alijó.

 

 

DE referir que o Município promoveu também a iniciativa “Fins-de-semana Gastronómicos”. Os visitantes tiveram a oportunidade de provar Bacalhau Frito, Massa à Lavrador e Filhoses da Vindima, que voltam a ocupar o lugar principal na mesa dos restaurantes aderentes e ao degustar o menu dos “Fins-de-semana Gastronómicos” nestes restaurantes, recebe um voucher de entrada livre no Núcleo Museológico Pão e Vinho – Favaios, com os visitantes a terem direito a um desconto de 15% nos empreendimentos turísticos aderentes.

 

 

 

TPC com: Lusa//MaisBeiras//Sapo//GazetaRural//  3de Setembro de 2022

 

 

 

 

 

Sem Putin e sem honras de Estado a Rússia diz adeus a Gorbachev

O antigo líder soviético Mikhail Gorbachev vai ser enterrado hoje numa cerimónia relativamente discreta, depois de o Kremlin ter recusado um funeral de Estado ao homem que ajudou a acabar com a Guerra Fria.

 

 

Gorbachev morreu na terça-feira aos 91 anos de idade e será enterrado hoje no cemitério Novodevichy de Moscovo ao lado da sua mulher, Raísa.

 

 

A cerimónia de despedida será no Salão dos Pilares da Casa dos Sindicatos, uma mansão icónica perto do Kremlin que tem servido de local para funerais de estado desde os tempos soviéticos, avança a agência de notícias Associated Press (AP).

 

 

Apesar da escolha do local, o Kremlin deixou de lhe chamar funeral de Estado, porque tal obrigaria à presença de Putin assim como teria exigido a Moscovo convidar líderes estrangeiros.

 

 

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, explicou que Putin estará ausente devido à sua agenda, mas a cerimónia terá “elementos de um funeral de Estado”, tais como uma “guarda de honra”.

 

 

Na quinta-feira, Putin colocou flores no caixão do último líder da URSS, no hospital de Moscovo onde faleceu.

 

 

Venerado a nível mundial por ter derrubado a Cortina de Ferro, Gorbachev é também mal visto por muitos no seu país que o apontam como responsável pelo colapso económico soviético, após as suas reformas que ajudaram a pôr fim à Guerra Fria e precipitaram o desmembramento da União Soviética.

 

 

Putin que chegou a lamentar o colapso da União Soviética como “a maior catástrofe geopolítica do século”, evitou críticas pessoais explícitas a Gorbachev, mas culpou-o repetidamente por não conseguir obter compromissos escritos do Ocidente que excluíssem a expansão da NATO para leste.

 

 

A questão tem prejudicado as relações Rússia-Oeste durante décadas e fomentado tensões que explodiram este ano, quando o líder russo enviou tropas para a Ucrânia em 24 de Fevereiro.

 

 

Numa carta de condolências, Putin descreveu Gorbachev como um homem que deixou “um enorme impacto no curso da história mundial”: “Ele percebeu profundamente que eram necessárias reformas e tentou oferecer as suas soluções para os problemas agudos”, disse Putin citado pela AP.

 

 

A cerimónia fúnebre prevista para Gorbachev contrasta com um pródigo funeral de Estado de 2007 dado a Boris Ieltsin, o primeiro líder russo pós-soviético que preparou o palco para Putin ganhar a presidência ao renunciar ao cargo.

 

 

 

 

 

Presidente dos EUA lembra Gorbachev como um homem de “visão extraordinária”

 

 

 

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na terça-feira que o último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, que morreu aos 91 anos de idade, era um homem de “visão extraordinária”.

 

Em comunicado, Biden escreveu que Gorbachev era um líder raro, com a imaginação de vislumbrar a possibilidade de um futuro diferente e coragem de arriscar toda a sua carreira para o conseguir.

 

 

“O resultado foi um mundo mais seguro e mais liberdade para milhões de pessoas”, lembrou.

 

 

Biden recordou a conversa com o ex-líder soviético durante a sua visita à Casa Branca em 2009, quando era vice-Presidente, na qual discutiram os esforços dos EUA e da Rússia para reduzir os arsenais nucleares.

 

 

O ex-líder da União Soviética Mikhail Gorbachev morreu esta terça-feira aos 91 anos.

 

 

Segundo as informações iniciais, Mikhail Gorbachev será enterrado no cemitério Novodevichy, em Moscovo, onde se encontram os restos mortais de figuras importantes da história russa, assim como o túmulo da sua mulher, Raísa.

 

 

O último presidente da União Soviética vivia longe dos holofotes dos ‘media’ há anos, devido a problemas de saúde.

 

 

Como último líder da União Soviética, travou uma batalha perdida para salvar um império fragilizado, mas produziu reformas extraordinárias que levaram ao fim da Guerra Fria.

 

 

O antigo secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), entre 1985 e 1991, desencadeou uma série de mudança que resultaram no colapso do Estado soviético autoritário, na libertação das nações do Leste Europeu do domínio russo e no fim de décadas de confronto nuclear Leste-Oeste.

 

 

Gorbachev ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1990 pelo seu papel no fim da Guerra Fria e passou os seus últimos anos a colecionar elogios e honras em todo o mundo, contrariando a visão da Rússia, onde era desprezado.

 

 

 

“Mundo perde líder global imponente e defensor incansável da paz”

 

 

 

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse hoje que “o mundo perdeu um líder global imponente, multilateralista comprometido e defensor incansável da paz” com a morte do último presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev.

 

“Fiquei profundamente triste ao saber da morte de Mikhail Gorbachev, um estadista único que mudou o curso da história. Ele fez mais do que qualquer outro indivíduo para trazer o fim pacífico da Guerra Fria”, sublinhou o diplomata português, citado em nota de imprensa.

 

 

Para o responsável das Nações Unidas, o “mundo perdeu um líder global imponente, multilateralista comprometido e defensor incansável da paz”.

 

 

António Guterres, que apresentou em nome da ONU as condolências “à família, ao povo e ao governo da Federação Russa”, recordou as palavras de Gorbachev quando este recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1990 e observou que a “paz não é unidade na semelhança, mas unidade na diversidade”.

 

 

“[Gorbachev] Colocou em prática essa visão vital ao seguir o caminho da negociação, reforma, transparência e desarmamento”, salientou.

 

 

O líder da ONU referiu também que nos últimos anos o ex-líder da URSS “abraçou um novo desafio” importante para o bem-estar da humanidade, ao fundar a Green Cross International, de “criar um futuro sustentável cultivando relações harmoniosas entre os seres humanos e o meio ambiente”.

 

 

 

TPT com: AFP//EFE// DIMITAR DILKOFF / AFP//MadreMedia / Lusa//Sapo24//   3 de Setembro de 2022

 

 

 

 

O líder da UNITA lamenta os excessos partidários da cerimónia fúnebre de José Eduardo dos Santos

O presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, lamentou os “excessos partidários” nas cerimónias fúnebres do ex-presidente José Eduardo dos Santos e considerou que este é um dos desafios que Angola tem pela frente.

 

 

Adalberto Costa devíamos estar presentes no sentido de prestar homenagem ao ex-presidente da República. Não foi uma decisão fácil, dado o facto de termos aqui chegado com tanta falta de tranquilidade e ausência de uma parte da família, assistimos a uma cerimónia com alguns Júnior falou aos jornalistas após prestar homenagem ao ex-presidente angolano, hoje na Praça da República, em Luanda, reconhecendo ter sido uma decisão difícil.

 

 

“Achámos que excessos partidários, não me parece que coubessem aqui as mensagens dos partidos políticos”, comentou.

 

 

Durante as cerimónias fúnebres, foram lidas mensagens da família e de várias entidades, incluindo da vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido de José Eduardo dos Santos, do qual era presidente emérito na altura da sua morte, e que está no poder em Angola desde a independência em 1975.

 

 

“Quando se trata do Estado, o Estado deve representar-nos a nós todos e estes ainda são os desafios que Angola tem pela frente, mas independentemente disso fizemos bem em vir até cá”, complementou.

 

 

O funeral do ex-chefe de Estado decorreu em período pós-eleitoral e ainda sem resultados definitivos do escrutínio de quarta-feira, em que os dados provisórios apontam para a vitória do MPLA, que o maior partido da oposição União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) rejeita.

 

 

Depois de falar aos jornalistas, Adalberto Costa Júnior, quando se dirigia da tenda onde a decorreu a cerimónia para o Memorial Agostiho Neto, foi aplaudido e muitos dos presentes gritavam “3”, numa alusão à posição da UNITA no boletim de voto, e “Presidente”, tendo o líder do principal partido da oposição respondido com acenos à população.

 

 

O antigo chefe de Estado morreu em 08 de julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos, mas as exéquias só agora se vão realizar devido à disputa sobre a custódia do corpo entre duas fações da família de José Eduardo dos Santos – a viúva e os três filhos mais novos, apoiados pelo regime angolano, contra os cinco filhos mais velhos.

 

 

Nas cerimónias de hoje encontravam-se Ana Paula dos Santos e os três filhos que teve em comum com o antigo chefe de Estado, bem como um outro filho, José Filomeno dos Santos “Zenu”, que foi condenado pela justiça angolana a uma pena de prisão pelo seu envolvimento num caso de corrupção e aguarda, em liberdade, decisão sobre o recurso que interpôs.

 

 

O funeral ficou marcado também pela ausência das mediáticas filhas mais velhas do ex-presidente, a empresária Isabel dos Santos que enfrenta diversos processos na justiça angolana e em outros países, e a ex-deputada do MPLA, Tchizé dos Santos, que declarou o seu apoio ao candidato da UNITA à presidência angolana, Adalberto da Costa Junior, contra o candidato do MPLA e sucessor do seu pai na presidência, João Lourenço.

 

 

A Praça da República, onde se encontra o monumento fúnebre do primeiro Presidente angolano, no Memorial António Agostinho Neto, foi novamente escolhida para as cerimónias fúnebres, depois de ter acolhido um velório público sem corpo logo após a morte de José Eduardo dos Santos, durante um luto nacional de sete dias.

 

 

Hoje, houve honras militares num programa que incluiu música lírica, leitura de mensagens do Estado angolano e da família, do MPLA, da Fundação José Eduardo Santos e leitura do elogio fúnebre, bem como um culto ecuménico, acompanhado de grupos corais.

 

 

 

Isabel dos Santos, Tchizé e Coréon Dú choram pai à distância

 

 

 

Isabel, Tchizé dos Santos e o irmão Coréon Dú, três dos filhos de José Eduardo dos Santos que recusaram participar no funeral de Estado promovido pelo regime angolano, choraram o pai através das redes sociais e recordaram o seu aniversário.

 

Coréon Dú, que já tinha anteriormente manifestado os momentos difíceis que estava a atravessar depois de um tribunal espanhol decidir entregar a custódia do corpo do ex-presidente à viúva Ana Paula dos Santos contra a vontade dos filhos mais velhos, lamentando ter lhe sido roubada a oportunidade “de dar-lhe o último adeus na terra que nos viu nascer”, hoje quis marcar o aniversario.

 

 

“Quando era criança, o Papá ensinou-me a não ter medo do escuro, por que a luz sempre chega”, escreveu José Eduardo Paulino dos Santos, mais conhecido pelo nome artístico de Coréon Dú nas suas redes sociais.

 

 

“Nos momentos mais difíceis me lembrarei da sua voz serena e sorriso que espero que me motivem a não perder o meu otimismo e nem a sensatez. Parabéns, papá”, escreveu o cantor e produtor angolano.

 

 

A empresária Isabel dos Santos tinha expressado a sua mágoa na véspera, escrevendo: “o que está a acontecer é de partir o coração” e publicando um ‘post’ onde se lia: “A traição, a falta de lealdade, queima no coração de quem tanto confiou. Quando somos traídos por quem amamos, choramos e lamentamos uma dor de morte é como se tivéssemos que enterrar alguém ainda respirando”.

Hoje desejou apenas: “Feliz aniversário, papá”.

 

 

Também Tchizé dos Santos, empresária, influenciadora e ex-deputada do MPLA, desejou “feliz aniversario” ao pai, num ‘post’ acompanhado de uma música em que acrescentou: “em tua memoria, continuarei a lutar pela pátria”.

 

 

Tchizé dos Santos faz ainda referência às declarações do general Francisco Furtado, que no sábado acusou os filhos de falta de bom senso, lamentando que tenham perdido a “melhor oportunidade” criticando “os seres belicistas, desprezíveis e desprovidos de qualquer humanismo” que consideram que “o funeral é uma batalha”.

 

 

Os três não visitam Angola há vários anos, tal como José Eduardo dos Santos que escolheu exilar-se em Barcelona quando o regime liderado por João Lourenço, seu sucessor a partir de 2017, ergueu a bandeira da luta contra a corrupção atingindo alguns dos seus filhos, nomeadamente Isabel do Santos que enfrenta vários processos na justiça angolana.

 

 

Hoje estiveram presentes nas cerimónias fúnebres apenas quatro dos oito filhos do antigo chefe de Estado: os três em comum com Ana Paula dos Santos (Josiane, Danilo e Breno) e José Filomeno dos Santos, que foi condenado num caso de corrupção e aguarda recurso em liberdade.

 

 

Josiane leu em nome da família um elogio fúnebre emotivo, recordando o gosto do pai pelo desporto e pela música, e sublinhando: “A tua luz sempre brilhará, jamais serás esquecido”.

 

 

“Os teus filhos e netos sempre te amarão, que a tua alma descanse em paz”, despediu-se Josiane com a voz embargada.
O corpo de José Eduardo dos Santos, que morreu no dia 8 de julho em Barcelona, só regressou a Angola no passado sábado, após uma batalha judicial entre dois lados da família.

 

 

De um lado estavam Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opunham à entrega dos restos mortais à ex-primeira dama e se declaravam contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições para evitar aproveitamentos políticos.

 

 

Do outro, estava a viúva Ana Paula dos Santos e os seus três filhos em comum com José Eduardo dos Santos, que queriam que o ex-presidente fosse enterrado em Angola.

 

 

Esta pretensão foi apoiada pelo Governo angolano que anunciou a intenção de fazer um funeral de Estado, mas teve de se contentar logo após a morte com um velório sem corpo, enquanto se aguardava a decisão das instâncias judiciais.

 

 

 

Ex-presidente angolano soube criar proximidade e Portugal deve-lhe muito — MNE português

 

 

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), João Gomes Cravinho, destacou hoje o papel do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, sublinhando que soube criar proximidade com Portugal e que o país “lhe deve muito”.

 

“(José Eduardo dos Santos) soube estabelecer com todos os Presidentes da República portugueses eleitos em democracia, devido à longevidade da sua carreira, relações que propiciaram a proximidade entre os nossos povos e nesse sentido também Portugal lhe deve muito”, destacou Cravinho, à chegada à Praça da República onde decorrem as exéquias, em Luanda.

 

 

Para o chefe da diplomacia portuguesa esta “é a homenagem que Angola e o mundo devem” a José Eduardo dos Santos, que foi Presidente durante 38 anos “em tempos difíceis e complexos”.

 

 

“Mostrou liderança extraordinária em momentos decisivos para Angola e o continente africano e naturalmente Portugal não podia deixar de estar presente ao mais alto nível”, comentou João Gomes Cravinho.

 

 

 

TPT com: AFP//Sapo//RCR/PJA // VM/Lusa//MadreMedia/Lusa//  28 de Agosto de 2022

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Corpo de antigo Presidente da República de Angola acaba de percorrer a cidade de Luanda até ao memorial

A urna que transporta os restos mortais de José Eduardo dos Santos já saiu do Palácio do Miramar, residência familiar do ex-presidente pelas 08:30.

 

 

A urna, que está coberta pela bandeira de Angola, foi transportada para o carro funerário por militares. O momento foi acompanhado por várias pessoas próximas, incluindo a antiga primeira-dama Ana Paula dos Santos.

 

 

A encabeçar o cortejo fúnebre, que segue percorreu várias ruas de Luanda em direcção à Praça da República, um coro de mulheres gritava “Angola chora a morte de Zédu”.

 

 

Ao longo do percurso, as pessoas iam se juntando em pequenos grupos, ouviram-se alguns aplausos, alguns prantos e acenos com lenços em sinal de despedida.

 

 

A grande concentração de populares aconteceu já na reta final do cortejo fúnebre do antigo Presidente de Angola, que foi acompanhado de grande aparato policial e militar.

 

 

Já perto do memorial ouviram-se cânticos e algumas mulheres que se despediam, alguns dos que se juntaram seriam curiosos e turistas, muitos querendo registar o momento em vídeo e fotografias.

 

O corpo chegou ao memorial pelas 10:00, estando a urna colocada numa tenda onde se encontra rodeada de coroas de flores e encimada por uma fotografia de José Eduardo dos Santos.

 

 

Na tenda encontram-se já diversas individualidades, entre vários membros do executivo angolano e responsáveis do MPLA.
Do lado de fora da tenda, instalada num enorme recinto designado como Praça da República, concentram-se também já bastantes populares que vão homenagear José Eduardo dos Santos.

 

 

Na entrada das Forças Armadas um grupo coral entoa um cântico que diz: “as Forças Armadas choram”.

 

 

A Praça da República, onde se encontra o monumento fúnebre do primeiro presidente angolano, no Memorial António Agostinho Neto, foi novamente escolhida para as cerimónias, depois de ter acolhido um velório público sem corpo logo após a morte de José Eduardo dos Santos, durante um luto nacional de sete dias.

 

 

No domingo haverá honras militares num programa que inclui música lírica, leitura de mensagens do estado angolano e da família, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), da Fundação José Eduardo Santos e leitura do elogio fúnebre, bem como um culto ecuménico, acompanhado de grupos corais.

 

 

Após um momento de saudação e deposição de coroa de flores por parte do Presidente da República, segue-se a saída da urna com honras militares e início do cortejo fúnebre para o jazigo onde haverá uma cerimónia restrita, com representantes de governos estrangeiros.

 

 

Entre os convidados estão 21 delegações de alto nível, incluindo os Presidentes de Portugal, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, República Democrática do Congo, República do Congo, Zimbabué e África do Sul, bem como representantes de Ruanda, Guiné Equatorial, Gabão, Namíbia, Timor-Leste e Zâmbia.

 

 

Serão ainda ouvidas 21 salvas de canhões, realizando-se um sobrevoo honorífico de aeronaves e manobras da Marinha angolana na baía da Chicala, sendo as cerimónias concluídas com a deposição da urna no jazigo com uma oração.

 

O corpo de José Eduardo dos Santos, que governou Angola de 1979 a 2017, chegou a Luanda no sábado passado, depois das autoridades judiciais decidirem entregar a guarda do corpo à viúva e mãe de três dos seus oito filhos, Ana Paula dos Santos.

 

 

O antigo chefe de Estado morreu em 8 de julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos, mas as exéquias só agora se vão realizar devido à disputa sobre a custódia do corpo entre duas fações da família de Eduardo dos Santos — a viúva e os três filhos mais novos, apoiados pelo regime angolano, contra os cinco filhos mais velhos.

 

 

 

Marcelo já está em Luanda

 

 

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, recusou hoje comentar as queixas da oposição sobre as eleições de Angola e disse que está em Luanda para prestar homenagem ao ex-presidente José Eduardo dos Santos, mas terá uma agenda bilateral “muito intensa”.

 

 

Confrontado com a possibilidade de os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa ajudarem nesse processo, Marcelo Rebelo de Sousa limitou-se a dizer aos jornalistas, à chegada ao hotel em Luanda, que essa “é uma realidade que ainda não existiu, não vale a pena antecipar”.

 

Em Angola, “está em curso o processo eleitoral” e, “por maioria de razão não farei” comentários, disse Marcelo Rebelo de Sousa, não esclarecendo se irá reunir-se com o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior.

Sobre o dia das eleições angolanas, o chefe de Estado português elogiou a “tranquilidade do acto eleitoral em termos do que deve ser um momento de vivência normal democrática”.

 

O Presidente português confirmou que irá ter “um programa muito intenso” hoje de reuniões com os homólogos de São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, países da CPLP que estão representados ao mais alto nível nas cerimónias fúnebres oficiais de homenagem a José Eduardo dos Santos, no domingo.

 

 

 

TPT com: AFP//PJA/RCR // EA/Lusa// Camille LAFFONT / AFP//MadreMedia// 27 de Agosto de 2022

 

 

 

 

 

 

Governo diz ser necessário evitar erros da resposta da União Europeia às crises de 2008 e 2010

O Governo defendeu hoje ser necessário evitar os erros da resposta europeia à crises de 2008 e 2010, no âmbito da reforma da governação económica, pedindo a Bruxelas o aproveitamento dos mecanismos criados no âmbito da pandemia de covid-19.

 

 

“É essencial não repetir os erros da resposta europeia à crise financeira de 2008 e à crise das dívidas soberanas de 2010, o que apenas conduziu a uma maior fragmentação no seio da UE [União Europeia]”, lê-se no documento “As Prioridades de Portugal para o Programa de Trabalho da Comissão 2023”.

 

 

Portugal quer sejam aproveitados os instrumentos de resposta à pandemia de covid-19, que sublinhou terem permitido manter postos de trabalho e apoiar o relançamento da economia europeia.

 

 

Neste sentido, a União Europeia (UE) deve ter um “verdadeiro instrumento europeu de estabilização” para responder às crises.

 

 

Conforme sublinhou, a crise decorrente da guerra na Ucrânia confirma a necessidade da criação deste mecanismo.

 

 

“Este instrumento poderá inspirar-se, por exemplo, no SURE, que provou ter sido um elemento central na resposta à crise pandémica, mitigando o seu impacto económico e social”, apontou.

 

 

O SURE é um instrumento de apoio temporário para proteger postos de trabalho afetados pela pandemia, através de empréstimos da UE aos Estados-membros, num máximo total de 100.000 milhões de euros.

 

 

Por outro lado, o Governo sublinhou que a prosperidade depende da capacidade de investimento no futuro, “pelo que urge desbloquear o potencial de investimento da União”.

 

 

Neste âmbito, Portugal sugere a criação de um instrumento orçamental comum, assente em reformas, uma ideia que disse ter sido seguida, no geral, no ‘Next Generation EU’, pacote de recuperação económica europeia.

 

 

 

 

 

TPT com: Executive Digest// Lusa//Sapo//  26 de Agosto de 2022