Móveis e quadros do Museu da Presidência em casa do director e de seus amigos

Móveis antigos, tapeçarias e quadros foram alguns dos objectos do espólio do Museu da Presidência da República que foram apreendidos esta quinta-feira pela Polícia Judiciária em casa do director da instituição, o historiador Diogo Gaspar, e de amigos seus.

 

 

Este responsável de 45 anos foi o único detido da Operação Cavaleiro dirigida pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa e levada a cabo por inspectores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária (PJ). Diogo Gaspar deverá ser ouvido esta sexta-feira por um juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

 

 

Os objectos apreendidos terão pertencido a antigos Presidentes da República ou terão sido oferecidos aos chefes de Estado nas suas visitas oficiais ao estrangeiro. Até o Museu da Presidência ter sido inaugurado, em 2004, não havia qualquer regra que estabelecesse quem ficava com o quê e qual o destino a dar às peças, que ainda hoje podem ser ou não doadas ao museu.

 

 

Alguns dos “bens culturais e artísticos”, nas palavras de um comunicado daquela polícia, também foram encontrados em empresas ligadas a Diogo Gaspar que prestariam serviços à Presidência de República e ao respectivo museu.

 

 

As autoridades acreditam que estas empresas, pelo menos uma na área da museologia e outra do catering, serão de Diogo Gaspar, apesar de formalmente este não integrar os respectivos órgãos sociais. O director do Museu da Presidência usaria o seu lugar para contratar serviços a ele próprio, por valores acima do valor de mercado que prejudicariam o erário público. “Investigam-se suspeitas de favorecimento de interesses de particulares e de empresas com vista à obtenção de vantagens económicas indevidas”, refere um comunicado da Procuradoria-Geral da República. Usaria igualmente uma dessas empresas para escoar objectos do espólio do museu. Mas havia mais.

 

 

Diogo Gaspar venderia igualmente a terceiros a sua suposta influência junto de decisores públicos. Isso mesmo se precisa na nota do Ministério Público que fala no pedido de benefícios “como contrapartida da promessa de exercício de influência junto de decisores públicos”. No entanto, ninguém quer precisar quem são esses decisores, rejeitando, apenas, que essa influência esteja directamente ligada a qualquer Presidente da República, actual ou passado. Ressalve-se, contudo, que o crime de tráfico de influência de que Diogo Gaspar é suspeito basta-se com a venda da alegada influência, mesmo que essa influência não seja real. Ou seja, o crime é cometido mesmo que o suspeito não tenha qualquer capacidade para influenciar o decisor público.

 

 

“Investigam-se, igualmente, o uso de recursos do Estado para fins particulares, a apropriação de bens móveis públicos e a elaboração de documento, no contexto funcional, desconforme à realidade e que prejudicou os interesses patrimoniais públicos”, acrescenta o comunicado da Procuradoria.

 

 

Investigação tem mais de um ano

 

 

Esta investigação começou em Abril de 2015 e não foi a Presidência da República que fez a denúncia. Neste inquérito estão a ser investigados crimes de tráfico de influência, falsificação de documento, peculato, peculato de uso, participação económica em negócio e abuso de poder, precisa a PGR. A PJ adianta, por seu turno, que realizou dez buscas “domiciliárias e não domiciliárias” na área da Grande Lisboa e em Portalegre.

 

 

As buscas ocorreram na secretaria-geral da Presidência da República e no respectivo museu, em Lisboa; no Palácio da Cidadela em Cascais (que também faz parte do património da Presidência), em residências e empresas. Os inspectores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção deslocaram-se a Portalegre para fazer buscas em pelo menos uma casa onde foram apreendidos vários objectos que fariam parte do espólio do museu. Participam na operação oito magistrados do Ministério Público e cerca de três dezenas de elementos da PJ, além de peritos desta polícia. Este caso está nas mãos dos procuradores da 9ª Secção do DIAP de Lisboa, uma unidade especializada na investigação de criminalidade económico-financeira.

 

 

Ao início da tarde desta quinta-feira, a PJ informou, em comunicado, que foram apreendidos “relevantes elementos probatórios, bem como diversos bens culturais e artísticos que, presumivelmente, terão sido descaminhados de instituições públicas”.

 

 

Diogo Gaspar, que está no Museu da Presidência desde que este começou a ser instalado, em 2001, era então Presidente da República Jorge Sampaio, foi condecorado por este chefe de Estado socialista e, em Fevereiro deste ano, por Cavaco Silva. Curiosamente, esta condecoração foi entregue já o historiador estava a ser investigado há dez meses.

 

 

Entretanto, esta quinta-feira o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que instruiu as Casas Civil e Militar e a secretaria-geral “para darem toda a colaboração possível às autoridades judiciais, em total transparência e abertura”. Num comunicado, o Presidente refere que “instruiu o Conselho Administrativo e a Secretaria-Geral para reforçarem as medidas, já em curso, de fiscalização, controle da despesa e luta contra actividades ilícitas, auditando sistematicamente a gestão orçamental”. A presidência esclarece ainda que o museu “é administrativamente uma direcção de serviços da secretaria-geral”.

 

 

Um historiador condecorado

 

 

Diogo Gaspar nasceu em Lisboa, a 23 de Abril de 1971, e foi também na capital, na Faculdade de Letras, que se licenciou em História, variante de História de Arte, aos 22 anos. Quatro anos depois, especializou-se em Ciências Documentais, opção Arquivo. Nessa altura, já havia iniciado funções no Instituto dos Arquivos Nacionais Torre do Tombo, onde chegou a ser coordenador do Gabinete de Leitura Pública.

 

 

Em Setembro de 2001, nomeado pelo então chefe de Estado Jorge Sampaio, torna-se o primeiro e único coordenador do recém-fundado Museu da Presidência da República (só três anos depois, quando o museu é inaugurado, assume o cargo de director, que não existia anteriormente). Também deu aulas na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, no Instituto Superior de Línguas e Administração, na Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas e no Instituto Superior de Línguas e Administração de Bragança.

 

 

Em Março de 2006 foi condecorado por Sampaio com o grau de comendador da Ordem Nacional do Infante D. Henrique. Em Junho do mesmo ano, venceu o Prémio Europa Nostra, na Categoria de Investigação, pelo trabalho desenvolvido no museu. Já este ano, em Fevereiro, Cavaco Silva condecorou-o com o grau de Cavaleiro da Ordem de Santiago.

 

 

TPT com: AFP//Mariana Oliveira//Sónia Sapage//Público//30 de Junho de 2016

 

 

 

 

Devido a vários azares apenas dois portugueses vão estar na Volta à França em bicicleta

Doenças e azares ‘encolheram’ o pelotão português e, no sábado, no Mont-Saint-Michel, apenas Rui Costa (Lampre-Merida) e Nelson Oliveira (Movistar) estarão à partida para a 103.ª Volta a França em bicicleta.

 

 

Depois de dois anos auspiciosos, com uma representação ‘numerosa’, num quase pleno dos ‘emigrantes’ das principais equipas do pelotão internacional, o destino de Portugal volta, tal como em 2013, a estar entregue a apenas dois corredores: Rui Costa e Nelson Oliveira, os dois antigos colegas que seguiram caminhos distintos e vivem agora fases opostas da carreira.

 

 

Enquanto o campeão mundial de 2013 está em final de contrato com a Lampre-Merida – cujos responsáveis não se coibiram ao longo da época de dizer que esperam que português lute por etapas e não pela geral – e precisa de dar nas vistas para despertar a cobiça das melhores equipas do pelotão, Oliveira vive o seu momento dourado.

 

 

‘Diamante em bruto’, o corredor de Vilarinho do Bairro (Anadia) baralhou as contas da sempre coesa e ‘repetitiva’ Movistar com uma performance de luxo nos campeonatos nacionais do último fim de semana — conquistou o terceiro título consecutivo no contrarrelógio e foi prata no fundo — e mereceu o direito de integrar a guarda de honra de Nairo Quintana, o principal rival de Chris Froome (Sky) na revalidação do título.

 

 

De fora, ficam aqueles que, de uma forma ou outra, viram a sua temporada condicionada por azares e doenças. São eles José Mendes (Bora-Argon 18), Tiago Machado (Katusha) e Sérgio Paulinho (Tinkoff) — André Cardoso também não estará, mas o pequeno trepador de Gondomar é uma eterna arma da Cannondale para o Giro.

 

 

O sonho do novo campeão nacional de fundo de estar presente pela terceira vez consecutiva no Tour com as cores da Bora-Argon 18 esbateu-se logo no início da época, quando uma doença do foro gastrointestinal o atirou para fora das estradas durante longas semanas.

 

 

Resignado com esta contrariedade, Mendes apontou baterias para a Vuelta, entrou em crescendo e viu a sua tenacidade recompensada no último domingo, dia em que conquistou pela primeira vez a camisola de campeão nacional de elites.

 

 

Tal como o seu amigo vimaranense, também Tiago Machado, que há dois anos deu nas vistas em solo francês, ao ocupar momentaneamente o terceiro lugar da geral, estará ausente da prova rainha do calendário e tem a última das três grandes voltas sob mira, depois de uma época que não está a correr como desejava: primeiro, caiu na Volta a Yorkshire, depois viu um vírus afastá-lo dos campeonatos nacionais.

 

 

Ausente em 2015, por ter estado na escolta de honra de Alberto Contador no seu triunfo no Giro, Sérgio Paulinho, aquele que durante anos era um nome incontornável entre os gregários de luxo da Volta a França, volta a falhar o Tour, desta vez de forma algo surpreendente.

 

 

Amigo e fiel ‘escudeiro’ do chefe de fila espanhol da Tinkoff, o veterano português ficou fora do ‘nove’ da equipa russa, após um 2016 para esquecer. Alérgico confesso — falhou os Jogos Olímpicos de Pequim2008 por esse motivo -, Paulinho tem visto a sua época afetada pela sua condição, tendo completado apenas duas provas.

 

 

TPT com: AFP//JN//Juan Medina/Reuters//Sebastien Nogier//EPA// 30 de Junho de 2016

 

 

 

 

Os golfistas Tomás Bessa e Renato Ferreira sagraram-se bicampeões de pares

Tomás Bessa/Renato Ferreira e David Gray/Finn Kastrup revalidaram os títulos de campeões nacionais amadores de pares de 2015, respetivamente no escalão absoluto e no de seniores, tendo ambas as equipas recuperado de desvantagens aos 18 buracos.

 

 

Tomás Bessa, que tinha ganho também em 2014, ao lado de Pedro Lencart, somou um terceiro título seguido, o segundo ao lado de Renato Ferreira, numa 28ª edição da prova extremamente equilibrada, só decidida no último buraco.

 

 

Renato Ferreira e Tomás Bessa recuperaram de uma desvantagem de 3shots no último dia e totalizaram 150 pancadas, 6 acima do Par, com voltas de 76 e 74.

 

 

Bateram por 1 única pancada João Maria Pontes e Alexandre Abreu (73+78) e por 5 shots as formações de Vítor Silva/João Costa (77+78) e de Daniel Costa Rodrigues/Pedro Silva (77+78).

 

 

Merece destaque a presença de três equipas do Club de Golf de Miramar nas quatro primeiras posições.

 

 

David Gray e Finn Kastrup, por seu lado, também averbaram (como Bessa) um terceiro título na competição, o segundo seguido, o terceiro em quatro anos (2013, 2015 e 2016), tendo sido desclassificados em 2014, quando lideravam. Um currículo impressionante, tendo em conta que esta prova só se realiza há quatro anos.

 

 

O britânico e o dinamarquês, ambos do Club de Golf do Estoril, anularam uma desvantagem de 5 shots na segunda volta e totalizaram 161 pancadas, 17 acima do Par, com cartões de 85 e 76, superando por 2 pancadas os campeões nacionais de 2014, José e Manuel Cândido de Oliveira (80+83), do Clube de Golfe do Benfica.

 

 

A Federação Portuguesa de Golfe organizou os Campeonatos Nacionais de Pares com duas voltas de foursomes ao campo n.º2 de Ribagolfe, do Grupo Orizonte, em Benavente, que se apresentou em muito bom estado. No último dia o vento desapareceu e o calor apertou

 

 

Este foi o segundo ano consecutivo em que não houve competição feminina e diretor de torneio e diretor-técnico nacional da FPG, João Coutinho, explicou que foi por pouco: «Havia dois pares inscritos no Absoluto e outro nos Seniores. O regulamento obriga a um mínimo de três equipas e contactámos o par sénior, mas não se mostrou disponível para jogar o Absoluto, pelo que não pudemos realizar ambas as provas femininas. O principal obstáculo à realização do torneio feminino são os exames escolares nesta altura do ano, mas há muitas raparigas com handicap para jogar este torneio que não têm exames e há aquelas antigas campeãs que já não estudam, trabalham e que poderiam vir mas não vêm».

 

 

Antigos e futuros campeões em convívio

 

 

O 28º Campeonato Nacional de Pares Absoluto teve várias curiosidades, a começar pela extrema competitividade. Como salientou Nelson Ribeiro, treinador de Miramar, «no buraco 10 da segunda volta as três equipas de Miramar iam empatadas».

 

 

Quando se chegou ao último buraco, as duas primeiras estavam ainda empatadas e João Coutinho confessou que nessa altura a organização «já tinha tudo preparado para um play-off».

 

 

Foi preciso 1 birdie no 18 (apenas o 2º do dia, depois do conseguido no 16) para Renato Ferreira e Tomás Bessa revalidarem o título, face ao Par de João Maria Pontes e Alexandre Abreu, que até lideraram a prova aos 18 buracos.

 

 

No último dia, as três formações de Miramar jogaram juntas no mesmo grupo e foi interessante verificar como, apesar da competitividade, sentiu-se um forte espírito de equipa entre todos.

 

 

«Nós encaramos este torneio como uma boa preparação para o Campeonato Nacional de Clubes (Solverde)», frisou Nelson Ribeiro.

 

 

Foi positivo ver como os jovens de sub-14 que ficaram no 4º lugar (Daniel Costa Rodrigues e Pedro Silva) não se intimidaram com os bicampeões nacionais de 19 anos, mesmo ficando sistematicamente a dezenas de metros de distância em todas as saídas, tal como foi importante constatar a integração perfeita no grupo de João Maria Pontes (ainda sub-16) e de Alexandre Abreu (de 23 anos) que só passaram a representar o clube, respetivamente, a meio do ano passado e em fevereiro último.

 

 

Entre as 16 equipas inscritas, há duas que se destacaram por motivos diferentes

 

 

João Magalhães e João Pinto Basto atuaram com os pólos e os sacos da Point University. Estando de férias escolares, os jogadores do Oporto Golf Club regressaram dos Estados Unidos onde estudam e competem. Inscreveram-se e valorizaram o torneio.

 

 

Apesar de João Magalhães convalescer de uma fratura num dedo (que às vezes ainda massajou no campo), foram 7º classificados (80+84), empatados com as mesmas 164 (+20) do par que terminou em 6º, José Sousa e Melo e o Visconde de Pereira Machado (Nuno Brito e Cunha).

 

 

Com voltas de 84 e 80, mostraram que teriam sido os principais candidatos ao título sénior se o quisessem, mas preferiram sair das marcas brancas e desafiarem a elite do golfe amador nacional, terminando acima do meio da tabela. Os presidentes dos clubes de golfe do Estoril e de Valderrama foram um exemplo para todos.

 

 

«Foi uma opção deles, fizeram questão de jogar o Absoluto – frisou João Coutinho – e o regulamento permite, tendo jogado bem. São uma boa parceria, poderiam perfeitamente estar a jogar com os netos e tenho a certeza que apreciaram terem jogado com miúdos tão jovens».

 

 

Não é por acaso que são alguns dos melhores golfistas amadores portugueses de todos os tempos, verdadeiros ídolos de diversas gerações e José Sousa e Melo até detém o estatuto de ter sido o primeiro campeão deste torneio, em 1970, ao lado de Duarte Espírito Santo Silva.

 

 

«Entre os dois somamos 137 anos e jogámos juntos, pelo Mundo fora, durante uns 50 anos. De vez em quando gostamos de encontrar-nos para competir. O jogo não foi brilhante, só nos segundos nove buracos do segundo dia é que jogamos razoavelmente, mas foi divertido na mesma», disse ao Gabinete de Imprensa da FPG o Visconde de Pereira Machado, que reside mais tempo em Espanha e no Reino Unido do que em Portugal.

 

 

Declarações das duplas campeãs

 

 

Renato Ferreira: «No ano passado íamos empatados para o último dia e este ano íamos a 3 dos primeiros. Este ano jogámos pior no primeiro dia mas também tivemos bons adversários, os nossos colegas de clube com quem treinamos quase todos os dias. Estes são os únicos Campeonatos Nacionais que tenho (os de pares), são os títulos mais prestigiados que tenho no meu palmarés desportivo».

 

 

Tomás Bessa: «Queria revalidar o título com o Renato, era o nosso principal objetivo para este torneio. Já no ano passado a nossa dupla tinha corrido bem e hoje o segredo foi termos estado presentes nos momentos do jogo, soubemos gerir as emoções e acho que foi por aí que ganhámos. As coisas estão a correr-me bem, também tenho treinado mais e melhor e sabia que era uma questão de tempo até ver os frutos. Os últimos torneios têm-me corrido bem, quer no Circuito FPG, quer esta vitória».

 

 

David Gray: «Não poderíamos ter terminado melhor o torneio (chip & putt no último buraco). O meu parceiro foi incrível naquele chip, ele é que fez tudo, eu só tive de meter a bola no buraco. Penso que o nosso segredo deve-se a não sermos demasiado conservadores. A maioria das equipas preocupa-se demasiado com o que pode acontecer se fizerem isto ou aquilo e aí começam os problemas. Este foi o nosso título mais difícil. É sempre mais complicado vir de trás.

 

 

Finn Kastrup: «76 para terminar é um resultado fantástico. Acho que hoje só tivemos problemas no 17, mais nada. Nós jogamos juntos todas as semanas, várias vezes por semana, mas acho que o que faz de nós bons jogadores defoursomes é não termos medo de cometer erros. Quando se quer ganhar é preciso correr alguns riscos, às vezes… principalmente quando se está com 5 pancadas de atraso… como nós íamos.

 

 

TPT com: Hugo Ribeiro//FPG//Público//AFP// 30 de Junho de 2016

 

 

 

 

O nadador Michael Phelps garante quinta presença em Jogos Olímpicos e vai estar no Rio de Janeiro

Michael Phelps, o atleta mais condecorado da história olímpica, assegurou na quarta-feira a sua quinta presença em Jogos Olímpicos e vai tornar-se o nadador norte-americano masculino com mais participações no maior evento desportivo mundial.
Phelps, que tem 22 medalhas olímpicas, 18 das quais de ouro, venceu em Omaha a final dos 200 metros mariposa, durante o torneio pré-olímpico de natação dos Estados Unidos.

 

 

Michael Phelps, que nesta quinta-feira completa 31 anos, nadou em 1m54,84s, conseguindo a sexta melhor marca do ano.
“Conseguir uma vaga para os Jogos Olímpicos era o mais importante para mim. Estou há muito tempo na natação e é muito importante para mim”, reforçou o nadador, que depois dos Jogos Olímpicos Londres2012 anunciou o abandono da competição.

 

 

O nadador acabou por regressar em 2014, mas foi suspenso pouco depois por seis meses pela federação de natação dos Estados Unidos, depois de ter sido detido por conduzir sob o efeito do álcool, o que o impediu de participar nos Mundiais de 2015.

 

 

Michael Phelps estreou-se nos Jogos Olímpicos em Sydney, no ano 2000, não tendo conquistado qualquer medalha. Quatro anos depois, em Atenas, conquistou seis ouros e dois bronzes, em Pequim 2008 arrecadou oito medalhas de ouro e nos últimos Jogos, em Londres, conquistou quatro ouros e duas pratas.

 

 

TPT com: TIMOTHY CLARY/AFP//JN// 30 de Junho de 2016

 

 

 

 

 

Os 17 ativistas angolanos detidos já se encontram em liberdade

Os ativistas angolanos condenados em março por actos preparatórios para uma rebelião e associação de malfeitores começaram a deixar o Hospital-Prisão de São Paulo, em Luanda, pelas 16:50, depois da ordem de libertação emitida pelo Tribunal Supremo.

 

 

Os ativistas foram recebidos no exterior com gritos de “liberdade” e recebidos em clima de festa por familiares e amigos que os aguardavam.

 

 

A saída foi acompanhada pelos três advogados de defesa, Miguel Francisco ‘Michel’, David Mendes e Luís Nascimento, autores do ‘habeas corpus’ pedindo a libertação por prisão ilegal, a que o Tribunal Supremo deu agora provimento.

 

 

O ‘rapper’ luso-angolano Luaty Beirão foi um dos que deixou a prisão esta tarde. Luaty que tinha a mulher, Mónica Almeida, à espera admitiu estar feliz, tendo recusado prestar mais declarações aos jornalistas.

 

 

Neste estabelecimento prisional estavam 12 ativistas, enquanto os restantes se encontravam distribuídos pelas prisões de Viana e de Caquila, arredores de Luanda. Estes também sairão durante o dia de hoje, por decisão do Supremo.

 

 

O ativista Nito Alves, um dos 17 condenados, vai permanecer na prisão até agosto por estar a cumprir outra pena, não abrangida pelo ‘habeas corpus’, por ofensas ao tribunal, durante este julgamento.

 

 

Aquando da condenação, a penas de prisão entre os dois anos e três meses e os oito anos e meio, duas jovens encontravam-se em liberdade, outros dois estavam na prisão e os restantes em prisão domiciliária.

 

 

A 28 de março, logo após a leitura da sentença, todos começaram a cumprir pena por decisão do tribunal, apesar dos recursos interpostos pelos advogados de defesa para o Supremo e para o Constitucional, o que logo a 01 de abril motivou a apresentação do ‘habeas corpus’, agora decidido e comunicado à defesa dos jovens, críticos do regime liderado por José Eduardo dos Santos.

 

 

Fonte dos Serviços Penitenciários disse hoje à comunicação social que as restrições dos 17 jovens serão a saída do país e terão ainda a obrigatoriedade de fazer apresentações mensais no tribunal de primeira instância, ficando numa situação de liberdade provisória sob termo de identidade e residência.

 

 

A maior parte dos 17 jovens ativistas foram detidos a 20 de junho de 2015 numa operação da polícia em Luanda e acabaram condenados a penas de prisão efetiva por atos preparatórios para uma rebelião e associação de malfeitores. Os jovens começaram de imediato a cumprir pena, apesar dos recursos interpostos no mesmo dia pela defesa.

 

 

O ‘rapper’ luso-angolano Luaty Beirão foi condenado neste processo a uma pena total de cinco anos e meio de cadeia, enquanto o professor universitário Domingos da Cruz, autor do livro que o grupo utilizava nas suas reuniões semanais para discutir política, viu o tribunal aplicar-lhe uma condenação de oito anos e meio, por também ser o suposto líder “da associação de malfeitores”.

 

 

Em março, na última sessão do julgamento, o Ministério Público deixou cair a acusação de atos preparatórios para um atentado ao Presidente José Eduardo dos Santos e outros governantes, apresentando uma nova, de associação de malfeitores, sobre a qual os ativistas não chegaram a apresentar defesa, um dos argumentos dos recursos.

 

 

Os ativistas garantiram em tribunal que defendiam ações pacíficas e que faziam uso dos direitos constitucionais de reunião e de associação.

 

 

TPT com: AFP//Sapo24//Lusa// 30 de Junho de 2016

 

 

 

 

Presidente Obama entra na campanha de Hillary Clinton quando esta for visitar a Carolina do Norte

O Presidente norte-americano Barack Obama vai participar pela primeira vez na campanha da potencial candidata presidencial democrata Hillary Clinton a 5 de julho no estado da Carolina do Norte, anunciou hoje a equipa da ex-secretária de Estado.

 

 

“Em Charlotte, o Presidente Obama e Hillary Clinton vão falar sobre como construir [o futuro] com base nos progressos alcançados e da sua visão para uma América que é mais forte quando está unida”, disse a equipa da campanha da ex-senadora e ex-primeira-dama, num comunicado.

 

 

Será a primeira vez que Obama e Hillary Clinton estarão juntos numa ação de campanha para as eleições presidenciais deste ano. Inicialmente, os dois representantes tinham agendado uma ação conjunta para 15 de junho, mas foi adiada depois do tiroteio numa discoteca gay em Orlando (Florida), que fez dezenas de mortos e de feridos.

 

 

Obama anunciou o apoio oficial a Hillary Clinton, a sua rival nas primárias democratas de 2008, no passado dia 9 de junho. “Não creio que tenha havido alguém mais qualificado para ocupar este posto (de Presidente)” como Hillary Clinton, disse então Obama num vídeo divulgado pela Casa Branca, em que afirmou também estar “com ela”.

 

 

Após meses a evitar pronunciar-se sobre as primárias do Partido Democrata e depois de um encontro com o rival direto de Hillary Clinton, o candidato Bernie Sanders, o presidente norte-americano felicitou-a na mesma ocasião por “ter feito história”.

 

 

Aos 68 anos, a antiga chefe da diplomacia norte-americana no primeiro mandato presidencial de Obama (2009-2013) tem um lugar reservado na história dos Estados Unidos, ao ser a primeira mulher que consegue reunir os apoios suficientes para ser a candidata presidencial de um grande partido.

 

 

Hillary Clinton foi a candidata mais votada das primárias democratas, ao vencer 34 escrutínios que representam mais de 15,8 milhões de votos. A ex-primeira-dama entra na convenção nacional do Partido Democrata em Filadélfia (Pensilvânia), agendada para 25 a 28 de julho, com a indigitação garantida para as eleições presidenciais de 8 de novembro.

 

 

Bernie Sanders diz que vai votar em Hillary Clinton para impedir que Trump seja presidente

 

 

“Vou fazer tudo o que esteja ao meu alcance para que Donald Trump seja derrotado”, afirmou ontem de manhã Bernie Sanders, numa entrevista à estação televisiva MSNBC.

 

Presidente Obama entra na campanha de Hillary Clinton quando a candidata visitar a Carolina do Norte 2

Questionado sobre se iria votar em Hillary Clinton – a sua adversária nas primárias democratas – nas eleições presidenciais, Sanders respondeu taxativamente que sim. “Por várias razões seria um desastre para este país se Trump fosse eleito presidente. Não precisamos de um presidente cujo principal pilar do seu discurso é o preconceito, que insulta os mexicanos, os latinos, os muçulmanos e as mulheres e que não acredita na realidade das alterações climáticas”, sublinhou Sanders.

 

 

O voto de Bernie Sanders em Hillary será um voto convicto ou será pura e simplesmente um voto contra Trump? A questão foi colocada pelos jornalistas e o senador pelo estado de Vermont preferiu esquivar-se à pergunta. “O que estou a tentar fazer é lutar para que o Partido Democrata se transforme num partido que representa os trabalhadores e não os interesses de Wall Street e que tenha uma agenda que fale para a necessidade de criar milhões de empregos”, disse o ainda candidato à nomeação democrata.

 

 

Bernie Sanders, apesar de não atirar a toalha ao chão, praticamente admitiu que não será ele o nomeado pelo partido: “Sou bastante bom em aritmética e sei que Hillary tem muito mais delegados superdelegados. Mas também sei que nós vamos levar 1900 delegados para a convenção e que recebemos 13 milhões de votos”.

 

 

Ao não abdicar da candidatura antes da reunião magna do partido, agendada para o final de julho, o objetivo de Sanders é “apelar a que as pessoas se envolvam na política e trazer sangue novo para o Partido Democrata”.

 

 

Desistir antes da convenção e oficializar o apoio a Hillary – o chamado endorsement – não faz parte dos seus planos: “Porque faria eu isso quando o que quero é garantir que construímos a melhor plataforma para transformar esta nação? Trata-se de envolver os norte-americanos no processo político. Queremos um governo que represente toda a gente e é por isso que vou lutar.”

 

 

TPT com: AFP//JN//DN//Justine Lane//EPA//Jim Young//Reuters// 29 de Junho de 2016

 

 

 

 

 

Turquia está vulnerável, a braços com várias guerras e frentes

O sétimo atentado suicida com vítimas mortais ocorrido em Istambul ou Ancara desde outubro confirma a espiral de violência que se abateu sobre a Turquia nos últimos meses, resultado de todas as tensões associadas à guerra na vizinha Síria, mas também ao ressurgimento do conflito armado entre as tropas de Ancara e os separatistas curdos do PKK no sudeste do país.

 

 

A Turquia viveu esta terça-feira uma sangrenta noite de terror, desta feita no aeroporto de Ataturk – o terceiro maior da Europa –, em Istambul, devido a mais um atentado suicida que vitimou pelo menos 41 pessoas (incluindo 13 estrangeiros – cinco sudaneses, dois iraquianos, um chinês, um ucraniano, um jordano, um tunisino, um uzbeque e um iraniano) e feriu mais de 200.

 

 

Tudo aconteceu pouco antes das 22h locais (menos duas em Lisboa), numa altura em que aterram dezenas de voos de vários destinos europeus, e partem outras dezenas de voos intercontinentais para destinos asiáticos e africanos, e quando o aeroporto ainda se encontrava cheio de gente. Três bombistas suicidas, armados com metralhadoras, e que terão chegado ao aeroporto num táxi, começaram a disparar antes do primeiro controlo de segurança, à entrada do terminal internacional, antes de detonarem as bombas que traziam consigo.

 

 

Um deles fez-se explodir já no parque de estacionamento mesmo em frente, enquanto a polícia conseguiu neutralizar um outro, que detonou a bomba já no chão, no interior do terminal, evitando o pior.

 

 

Este ataque – o sétimo atentado suicida com vítimas mortais ocorrido em Istambul ou Ancara desde outubro passado (ver final deste texto), confirma a espiral de violência que se abateu sobre a Turquia nos últimos meses, resultado de todas as tensões associadas à guerra na vizinha Síria, mas também ao ressurgimento do conflito armado entre as tropas de Ancara e os separatistas curdos do PKK no sudeste do país, que já vitimou milhares de pessoas desde que o PKK denunciou o cessar fogo em Julho do ano passado.

 

 

Apesar do atentado ainda não ter sido formalmente reivindicado, o primeiro-ministro turco Binali Yildirim já confirmou que “as evidências apontam para o Daesh”. Yildirim, que se deslocou imediatamente ao aeroporto de Istambul, recusou desde logo que tenha havido “qualquer falha de segurança” – de facto o ataque ocorreu perto do primeiro controlo de segurança à entrada do terminal, para passageiros e acompanhantes, que não existe em muitos outros aeroportos da Europa.

 

 

O Presidente turco Recep Tayyip Erdogan apelou aos países ocidentais “para tomarem uma posição contra o terrorismo”. Erdogan critica frequentememte os países europeus de não fazerem o suficiente. “Este ataque, em pleno mês do Ramadão, demonstra que o terrorismo atinge todos, independentemente da fé ou valores”, disse ainda Erdogan. Nas capitais mundiais sucedem-se as declarações de repúdio e tristeza por mais este ataque.

 

 

Apesar de todas as medidas de segurança – o aparato policial é enorme por todo o lado, e os controlos de segurança nos aeroportos, terminais e centros comerciais são bem mais rigorosos do que na generalidade dos outros países europeus – a verdade é que o atentado desta terça-feira confirma a vulnerabilidade da Turquia, a braços com várias guerras e frentes a que parece não conseguir dar resposta. As autoridades não têm conseguido evitar que o país – outrora um pilar de estabilidade e segurança numa região conturbada – continue a ser palco de diversos ataques terroristas, a um ritmo assustador.

 

 

No fundo, a Turquia passou a ser uma das frentes da guerra da Síria: Ancara é uma parte interessada e ativa no conflito – defendendo a mudança de regime mas também participando na coligação internacional contra o Daesh. Para tal contribuem também os três milhões de refugiados sírios e iraquianos em solo turco, a existência de várias células ativas jiadistas, o milhar de cidadãos turcos a combater nas fileiras do Daesh, e uma fronteira mais ou menos porosa entre a Turquia e o Califado.

 

 

Ironicamente, este ataque aconteceu num aeroporto que foi durante meses, no início do conflito, a principal porta de entrada de jiadistas europeus para combater na Síria. Na sua obsessão com a queda de Al-Assad, e com uma política ativa de bloqueio às forças curdas sírias – as únicas tropas que se têm revelado eficazes na guerra ao Daesh, Ancara começou por fazer vista grossa em relação à ameaça jiadista e acabou por dar espaço ao Califado monstruoso. Se bem que a Turquia tivesse corrigido mais tarde as suas posições, decidindo participar ativamente na guerra contra o Daesh, a verdade é que a besta virou-se contra o feiticeiro.

 

 

Nos últimos meses Ancara tem bombardeado posições jiadistas com fogo de artilharia desde a sua fronteira, e a coligação internacional utiliza as bases turcas para as suas operações aéreas no norte da Síria – o ataque desta terça-feira será assim mais uma retaliação contra o regime “herege”, como é classificado o Governo turco na propaganda jiadista. Este ataque ocorre numa altura em que o autodenominado Estado Islâmico está a ser cada vez mais acossado, e tem perdido território, quer na Síria quer no Iraque – a própria capital Raqqa está cada vez mais cercada, tornando eventualmente mais prováveis estes atos desesperados.

 

 

Duro golpe para o turismo

 

 

 

O extravasar da guerra na Síria para território turco e o falhanço do processo de paz com os curdos, têm tido sérias consequências no importante sector do turismo, crucial para a economia turca –vale 25 mil milhões de euros por ano –, e que atravessa um dos seus piores anos de sempre – o número de turistas baixou pelo menos 30% em relação ao ano passado.

 

 

O ataque de terça-feira aconteceu precisamente numa das principais estruturas desse sector – o principal aeroporto da Turquia, que movimenta mais de 60 milhões de passageiros/ano, que é a sede da Turkish Airlines, uma das companhias aéreas que mais tem crescido nos últimos anos. O aeroporto, temporariamente encerrado depois do atentado, com dezenas de voos desviados para outras cidades, já reabriu esta manhã mas muitos voos foram cancelados e demorará várias horas até a circulação regressar à normalidade.

 

 

Istambul é responsável por um terço de todas as receitas turísticas e é uma das dez cidades mais visitadas do mundo, tendo recebido no ano passado mais de 12 milhões de turistas.

 

 

Este ataque decorre também na mesma semana em que Ancara anunciou o reatar das relações diplomáticas com Israel, e quando o Governo turco anunciou que estava a tentar fazer as pazes com Moscovo depois do abate do jato russo sobre o espaço aéreo turco em novembro passado. Ou seja, numa altura em que Ancara faz um esforço para a normalização com vizinhos, mais um sangrento atentado suicida vem abalar este país às portas da Europa, vital para a segurança e estabilidade do continente.

 

 

Ataques terroristas recentes nas grandes metrópoles turcas

 

 

 

6 de junho de 2016
Um carro armadilhado explode à passagem de um autocarro da polícia no centro de Istambul, matando 12 pessoas. O atentado é atribuído a separatistas curdos afiliados ao PKK.

 

 

19 de março de 2016
Um bombista suicida turco afiliado ao Daesh faz-se detonar na rua pedestre Istiklal, no centro de Istambul, matando quatro turistas, incluindo israelitas, americanos e iranianos.

 

 

13 de março de 2016
Um carro armadilhado conduzido por uma bombista suicida explode numa das principais praças de Ancara, matando 37 pessoas. Um grupo curdo reivindica o ataque.

 

 

17 de fevereiro de 2016
Um carro armadilhado conduzido por outro militante suicida curdo explode à passagem de autocarros militares em Ancara, vitimando 29 pessoas. O ataque é reivindicado também por um grupo separatista curdo.

 

 

12 de janeiro de 2016
Um bombista suicida sírio faz-se explodir perto de um grupo de turistas no coração do centro histórico de Istambul, matando 12 alemães. O atentado é associado ao Daesh.

 

 

10 de outubro de 2015
Dois bombistas suicidas turcos associados ao Daesh matam 103 ativistas curdos e de esquerda num comício em Ancara.

 

 

TPT com: AFP//Reuters//José Pedro Tavares, correspondente em Ancara//Expresso//29 de Junho de 2016

 

 

 

 

 

Líder do Governo escocês quer realizar referendo para manter a Escócia na União Europeia

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, deslocou-se a Bruxelas, onde tem vários encontros marcados com alguns dos principais dirigentes europeus. A líder escocesa pretende recolher apoios para o objectivo a que se propôs logo no dia seguinte ao referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia: manter a Escócia no bloco comunitário.

 

 

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, deu a Sturgeon uma inegável demonstração de apoio, horas antes do encontro bilateral que ambos tinham agendado. “A Escócia ganhou o direito a ser ouvida”, disse Juncker, deixando a ressalva, contudo, de que a UE não pretende imiscuir-se nos processos internos do Reino Unido.

 

 

Esse direito ganho pela Escócia está relacionado com o apoio inequívoco que o eleitorado escocês deu ao projecto europeu. Cerca de 62% dos escoceses votaram a favor da manutenção do Reino Unido na UE no dia 23.

 

 

“A nossa primeira prioridade foi a de assegurar que existe uma consciencialização generalizada pela Europa acerca da escolha diferente da Escócia no referendo e da nossa aspiração de nos mantermos na UE”, disse Sturgeon perante o parlamento escocês, onde lhe foi conferido um mandato para negociar directamente com as instituições europeias.

 

 

Numa demonstração de que a tarefa da Escócia não será fácil, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, foi dos primeiros a afastar qualquer cenário de negociação entre Bruxelas e Edimburgo. “A Escócia não tem competência para negociar com a UE”, disse Rajoy. O tema é encarada com extrema sensibilidade em Madrid, a braços com a pretensão independentista catalã. “Se o Reino Unido sai [da UE], a Escócia sai”, concluiu o chefe de Governo espanhol, à saída da cimeira europeia.

 

 

“Brexit” frustrou escoceses

 

 

O argumento em Holyrood (sede do governo escocês) é o de que uma das principais razões para que a independência escocesa saísse derrotada das urnas no referendo de Setembro de 2014 foi o receio de grande parte do eleitorado de abandonar a UE em caso de secessão. Com a vitória do “Brexit”, diz o governo nacionalista, os escoceses sentem-se defraudados.

 

 

Mas a estratégia da primeira-ministra escocesa sofreu um ligeiro revés com a recusa do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em recebê-la. Segundo o seu gabinete, Tusk considera que o momento “não é apropriado” para reunir com Sturgeon. O diário britânico The Guardian cita um porta-voz da primeira-ministra que disse que Sturgeon não esperava reunir com Tusk num dia de cimeira europeia.

 

 

Esta manhã, a líder do Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla inglesa) encontrou-se com o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e reafirmou a sua intenção. “A Escócia está determinada a manter-se na UE”, disse aos jornalistas. Pela sua parte, Schulz apenas disse que “ouviu e aprendeu”. Sturgeon teve ainda encontros com líderes das várias bancadas parlamentares.

 

 

Na véspera, o discurso de um eurodeputado eleito pelo SNP foi aplaudido por grande parte do hemiciclo. Numa sessão marcada por uma azeda troca de palavras entre europeístas e eurocépticos, Alyn Smith fez uma defesa apaixonada do projecto europeu e pediu à Europa para apoiar a Escócia.

 

 

Da parte da tarde, Sturgeon vai ter ainda um encontro com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Para apoiar o Governo escocês, foi nomeada uma comissão de especialistas para aconselhar Edimburgo nas suas “relações com a UE”. Um dos membros deste grupo, o eurodeputado trabalhista David Martin, elogiou a visita de Nicola Sturgeon a Bruxelas.

 

 

“Penso que vir cedo a Bruxelas para testar as águas — ela não vai conseguir nenhuma decisão hoje — sobre onde estamos em termos da relação com a União Europeia e como poderemos avançar, é algo de muito positivo”, disse Martin à BBC.

 

 

Com a vitória do “Brexit”, voltou a pairar sobre o futuro da Escócia o espectro da independência. Sturgeon tem abordado o tema com cautela, dizendo apenas que a potencial saída do Reino Unido da UE veio mudar profundamente as circunstâncias em relação à consulta de 2014, tornando um novo referendo “altamente provável”. As sondagens revelam um aumento do apoio à independência na sequência do referendo da semana passada, diz a Reuters.

 

 

A oposição vem do Partido Conservador que critica Sturgeon por relacionar o referendo sobre a saída do Reino Unido da UE a uma possível segunda consulta acerca da independência. “Não se suavizam as ondas de choque causadas por um referendo acendendo o rastilho de um outro”, afirmou a líder dos conservadores no Parlamento escocês, Ruth Davidson.

 

 

Na sessão na Câmara dos Comuns esta quarta-feira, o primeiro-ministro demissionário britânico, David Cameron, sublinhou que “manter o Reino Unido todo junto é de uma importância absoluta para o interesse nacional” do país.

 

 

TPT com: AFP// ERIC VIDAL / REUTERS//João Ruela Ribeiro//Público// 29 de Junho de 2016

 

 

 

 

António Costa contradiz Mário Centeno sobre as previsões económicas

O primeiro-ministro, António Costa, admite que poderá ser necessário fazer “alguma atualização sobre evoluções futuras da economia portuguesa” em outubro, na altura da apresentação da Proposta de Orçamento do Estado para 2017. Contradizendo a ideia transmitida por Mário Centeno, ministro das Finanças, em entrevista publicada esta manhã pelo Público, António Costa garante, contudo, que no que diz respeito a 2016 “os dados estão lançados“. Mário Centeno tinha admitido uma revisão das projeções também para 2016.

 

 

“Nós não vivemos de previsões, vivemos de realidades (…) Claro que o cenário internacional pode levar a que em outubro, quando apresentamos o OE de 2017, possa ser necessário fazer alguma atualização sobre evoluções futuras da economia portuguesa. Quanto a 2016, creio que os dados estão lançados e, felizmente, dão contas certas”, assegurou António Costa em Bruxelas, à saída da reunião do Conselho Europeu.

 

 

Quanto ao tema das possíveis sanções económicas a Portugal, “nada justifica qualquer risco de preocupação” relacionado com o incumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento em 2015. “Já temos tantos problemas, e agora acrescentar mais um problema por causa de duas décimas que o anterior governo não terá cumprido, sobretudo num contexto em que a própria Comissão nas suas piores previsões reconhece que este ano estaremos abaixo dos 3%, é algo que as pessoas percebem que não faz sentido”, justificou. Para Costa, uma sanção seria “incompreensível” e “injusta”, “face a execução de 2016″ e como foi acompanhada pelos órgãos internacionais.

 

 

O primeiro-ministro diz entender a necessidade de “rigor” no cumprimento das metas, mas acredita que “se as pessoas lessem o tratado, encontrariam boas respostas”, porque “desde logo não se prevê qualquer automatismo entre a violação dos limites do défice e a aplicação de sanções”.

 

 

António Costa relembrou ainda que os números divulgados pelo INE, esta sexta-feira, que fixa o défice nos 3,2% do PIB no primeiro trimestre deste ano, mostram que o país “está em trajetória de convergência” no cumprimento da meta. O primeiro-ministro, no entanto, diz estar preparado “para todas as desgraças” e, que se estas ocorreram, já “foram ultrapassadas”. “Este é um governo que nasceu para enfrentar e resolver desgraças e é isto o que estamos a fazer e que vamos continuar a fazer”, defendeu.

 

 

Mário Centeno tinha admitido que o governo irá — “tudo pondera nesse sentido” — cortar as projeções de crescimento económico que suportam o orçamento. Em entrevista ao Público, Centeno garantiu que a culpa é a da procura externa: “tem havido uma sucessão de revisões que neste momento, face às nossas projeções iniciais, já têm uma dimensão significativa”. Será necessária uma “aceleração” até para chegar à estimativa mais pessimista, a da OCDE.

 

 

Mário Centeno não deu, no entanto, números concretos sobre a dimensão do corte. “Se tivesse de fazer [projeções] todas as semanas, todas as semanas tinha de as rever, afirmou o ministro das Finanças, salientando que “apesar das revisões em baixa, as projeções que existem para a economia portuguesa continuam a apontar para uma aceleração da economia ao longo do ano”.

 

 

Mas o ministro das Finanças diz que mesmo para chegar a um crescimento anual de 1,2%, será “necessário alguma aceleração da atividade económica ao longo do ano”. As previsões oficiais que constam no Orçamento do Estado para 2016 apontam para um crescimento de 1,8%. Mas Centeno deixa claro: “já nem falo em 1,8%” — e a referência a 1,2% deve-se ao facto de esta ser a previsão mais baixa que existe para a Portugal (OCDE).

 

 

TPT com: AFP//Edgar Caetano// Milton Cappelletti//Observador// 29 de Junho de 2016

 

 

 

 

Ministro do Superior não quer doutoramentos nos politécnicos

O ministro da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, afirma que não pretende permitir que os institutos politécnicos passem a oferecer doutoramentos. Duas semanas depois de fonte do gabinete do ministro ter garantido ao PÚBLICO que a tutela tinha “aberto a porta” a essa possibilidade, o governante diz agora que o caminho para o ensino superior é uma maior diferenciação entre as missões dos ensinos universitários e politécnico.

 

 

As declarações de Manuel Heitor foram feitas numa audição parlamentar que decorreu esta terça-feira, onde afirmou que o sector necessita de “diversificação”, algo que passa por “reforçar as missões específicas” das universidades e dos institutos superior e também por aumentar as diferenciações entre as instituições de cada um dos subsistemas.

 

 

No início do mês, vários orgãos de comunicação social noticiaram que o Governo estava a estudar a possibilidade de os politécnicos passarem a atribuir doutoramentos e, na altura, o gabinete do ministro confirmou que o tema tinha sido abordado em várias reuniões que Manuel Heitor tem mantido com investigadores e professores dos institutos superiores e que tinha “aberto a porta” a essa possibilidade.

 

 

Ministro quer retirar estatuto de universidade à Atlântica e à Portucalense

 

 

A Universidade Atlântica e a Universidade Portucalense estão em vias de perder o estatuto de universidade. Um despacho do ministro da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, retirou essa designação às instituições de ensino superior, que assim passam a ser escolas universitárias não integradas. Ambas têm estado a funcionar de forma irregular por não terem o número mínimo de doutoramentos exigido. A alteração só ainda não foi concretizada devido a um recurso para os tribunais, que suspendeu a eficácia da decisão do governante.

 

Ministro do Superior não quer doutoramentos nos politécnicos 2

O despacho do Manuel Heitor alterando a natureza jurídica das duas universidades foi assinado a 28 de Janeiro, sob proposta da Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES), mas só agora divulgado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), em resposta a uma pergunta do PÚBLICO. A decisão baseia-se no artigo do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) que prevê a “reconversão” de uma instituição de ensino superior sempre que esta “tenha deixado de preencher os requisitos respectivos previstos”. Ou seja, as duas universidades — onde estudam ao todo cerca de 3000 estudantes e trabalham perto de 200 professores — podem continuar a funcionar como até aqui, mas passam a ter o estatuto de escola universitária não integrada.

 

 

A Atlântica e a Portucalense estavam há anos a funcionar como universidades de forma irregular, uma situação que era do conhecimento da DGES desde 2013, mas que ainda não tinha motivado qualquer consequência. Apesar de estarem obrigadas pelo RJIES a ter um mínimo de três doutoramentos em funcionamento, não há nenhum curso deste tipo aprovado em ambas as instituições de ensino superior.

 

 

Os dois casos — que vieram a público no final do ano passado — são, porém, distintos. Enquanto a Universidade Atlântica, sediada em Oeiras, nunca teve nenhum doutoramento a funcionar desde a sua fundação, a Portucalense, do Porto, chegou a ter programas deste tipo, mas a sua acreditação terminou em 2012. Entretanto, ambas as instituições apresentaram novas propostas de formação doutoral para aprovação pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), mas aquele organismo tem “chumbado” sucessivamente os projectos, uma decisão motivada pela falta de qualificações do corpo docente e escassa investigação nas áreas em que as instituições queriam abrir os doutoramentos.

 

 

A decisão agora tomada pelo MCTES é definitiva, mas ainda não foi formalmente concretizada, porque ambas as universidades recorreram judicialmente do despacho do ministro. O Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa aceitou uma providência cautelar que suspendeu a eficácia da decisão de Manuel Heitor. Enquanto é julgada a acção principal, onde são contestados os argumentos da tutela, Atlântica e Portucalense continuarão a poder usar o título de universidade.

 

 

A Universidade Portucalense não quis pronunciar-se sobre este caso. Já no caso da Atlântica, fonte da instituição confirma que a decisão do ministro foi contestada com a apresentação de “um conjunto de argumentos sólidos com o objectivo de clarificar a situação da instituição e de permitir reverter o teor do despacho ministerial”. A Universidade Atlântica foi criada em 1996, com uma participação de 41% da Câmara de Oeiras. Há cerca de um ano, a empresa espanhola Carbures adquiriu 87% do seu capital, apostando num novo projecto sobretudo ligado às áreas da engenharia de materiais e aeronáutica. A instituição viu ser recentemente aprovada a nova licenciatura em Ciência de Engenharia Aeronáutica, que vai arrancar no próximo ano lectivo, com a qual pretende relançar a sua oferta educativa.

 

 

TPT com: AFP//DD//Samuel Silva//Rui Gaudèncio//Nelson Garrido// Público// 22 de Junho de 2016