Roma e Londres espalham amor e ódio à Europa nas ruas

Enquanto os 27 líderes da União Europeia celebravam solenemente no Capitólio, em Roma, milhares de pessoas saíram às ruas das capitais inglesa e italiana. Umas abraçam a bandeira azul, outras levantam cartazes de ódio.

As cidades de Londres e de Roma estão repletas de manifestantes contra a União Europeia, contra o ‘Brexit’ e de cidadãos que marcham em prol da comunidade única. Enquanto os 27 líderes da dos Estados-membros celebravam no Capitólio, as ruas das capitais de Inglaterra e de Itália espelham realidades e ideais distintos, visíveis em cada abraço à bandeira azul ou nos cartazes de ódio.
Em Londres, a marcha da Unite for Europe, vigiada por mais de cinco mil agentes da polícia, começou no Park Lane e terminou no Parlamento, com dezenas de manifestantes em luta pelo direito a serem ouvidos sobre o ‘Brexit’. Além da reivindicação sobre a saída do país da União Europeia, muitos foram os que levaram flores amarelas para colocar junto ao memorial das vítimas do ataque de Westminster. “Keep calm and love Europe”, pode ler-se numa das mensagens. “A minha vida não seria nada sem a Europa”, garante outra.

Em relação a Roma, apesar de, na generalidade, a maioria das manifestações ter ocorrido sem incidentes, o jornal “The Telegraph” relatou um episódio de tensão quando os participantes num protesto de sindicatos, comunistas e socialistas tentaram confrontar a polícia de choque. As autoridades chegaram a avançar com canhões de água.
“Estamos contra os bancos, a União Europeia e a NATO”, explicou e Ermano Marini, de 27 anos ao diário britânico. Milhares de ativistas como Ermano reuniram-se no centro da capital italiana, a escassos metros do local onde os líderes da União Europeia se haviam reunido no início deste sábado.
Segundo o canal de televisão italiano RaiNew24, a polícia impediu que dezenas de manifestantes chegassem às marchas pró-Europa. Um líder de protesto, Tommaso Cacciari, queixou-se de que 150 manifestantes, que tinham vindo de autocarro do nordeste da Itália, foram impedidos de se juntar aos cidadãos.
O protesto anti-União Europeia de Roma juntou oponentes às instituições europeias, à NATO e ao projecto ferroviário de alta velocidade no norte de Itália. Para garantir a segurança, o Coliseu foi fechado, bem como um conjunto de museus e lojas.

TPT com: AFP//Reuters//Paul Hackett / Reuters//Mariana Bandeira//Jornal Económico// 26 de Março de 2017

 

Sem apoio da maioria, o presidente Trump retira o projecto Obamacare das pautas de votação

Este é o primeiro resvés legislativo do Presidente dos EUA após ter chegado mesmo a fazer um ultimato à bancada republicana – ou seja, do seu partido -, na Câmara dos Representantes para que hoje fosse aprovado um novo plano de saúde nacional, uma vez que na quinta-feira não reuniu acordo entre os conservadores.

Após uma reunião esta sexta-feira em que o Presidente dos Estados Unidos da América ficou a saber que a sua reforma do sistema de saúde continuava a não reunir apoios suficientes, mesmo dentro do próprio partido, Donald Trump fez marcha atrás e retirou a proposta de reversão do Obamacare das pautas de votação.

Uma hora antes do horário previsto para a votação do projeto de lei que substituiria o plano de saúde desenvolvido durante os ano em que Barack Obama esteve na Sala Oval, o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Paul Ryan, foi à Casa Branca informar Trump que o texto não seria aprovado.
“Falei com o presidente às 15h00 de hoje e o Presidente pediu a Paul Ryan para retirar o projeto de lei”, afirmou fonte do Congresso.

A votação original desta proposta teria como data o dia de ontem, mas a falta de consenso entre conservadores levou a um adiamento.

Essa alteração terá causado mau estar no seio presidencial, tendo Donal Trump enviado a Mick Mulvaney, diretor do Gabinete de Orçamento da Casa Branca, uma mensagem para advertir a bancada republicana na câmara baixa do Congresso dos Estados Unidos de que o Presidente estaria disposto a manter a lei de Obama caso hoje não houvesse acordo.

Com os democratas unidos no objetivo de impedir a revogação do Obamacare, se pelo menos 22 republicanos votarem contra a proposta de lei, o diploma não conseguirá os 216 apoios de que precisa para ser aprovada.
Os 430 membros da Câmara dos Representantes (193 democratas e 237 republicanos) deveriam ter feito a votação.

Recorde-se que a reforma do sistema de saúde era uma das grandes promessas eleitorais de Trump.

Após, em consenso com o presidente da Câmara dos Representantes, ter retirado a proposta de reforma do plano de saúde da era Obama, o Obamacare, das pautas de votação, de forma a evitar uma humilhante derrota, Donald Trump confessou-se “um pouco surpreso” e deixou um aviso para o futuro: o atual modelo do sistema de saúde “explodirá”.

No discurso à nação, a partir da Sala Oval da Casa Branca, Donal Trump disse ter ficado “desapontado” e um “pouco surpreso” com o revés político que foi a falta de apoio à reformulação do Obamacare. Antecipando que o atual modelo do sistema de saúde “explodirá”, o Presidente disse que agora é o momento para se concentrar na reforma do sistema fiscal.
“Provavelmente vamos passar de imediato para a reforma fiscal”, disse. “Estivemos muito perto” de aprovar a controversa reforma do modelo de saúde pública, acrescentou.

Paul Ryan: “Vamos chegar lá, mas hoje não conseguimos”

O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Paul Ryan, também já comentou a falta de apoios para avançar com a reforma do programa de saúde da era Obama, afirmando ser difícil passar da oposição para o governo. Ryan confirmou ter falado com Trump e ambos terem decidido que retirar a lei de votação seria a melhor decisão, evitando assim um resultado humilhante.

“Estou orgulhoso do nosso plano de saúde. O pior ainda está para vir com o Obamacare. Temos que fazer melhor e faremos. Isto foi um contratempo, não há dúvida. Estivemos muito próximos do consenso, mas não aconteceu”, acrescentou.

Afirmando que as projeções a que têm acesso dizem que o “Obamacare só vai piorar”, Paul Ryan diz não ter uma previsão sobre o período em que poderá gerar um consenso, mas espera que tal “venha a acontecer num futuro próximo”.

“Vamos chegar lá, mas hoje não conseguimos”, disse o presidente da Câmara dos Representantes ainda sobre a votação.

Trump colocou todo o seu peso na balança, deslocou-se pessoalmente ao Congresso e fez numerosas chamadas telefónicas para procurar convencer os republicanos dissidentes, para quem a proposta ou vai demasiado longe no desmantelamento da legislação do ex-Presidente Barack Obama, ou fica muito aquém deste desmantelamento, como entendem um conjunto de congressistas ultraconservadores.

TPT com: AFP//Reuters//Washington Post//CNN//NYT// 24 de Março de 2017

 

Passos Coelho desafiou Teresa Morais a entrar na corrida para a liderança do grupo parlamentar do PSD

No espaço de uma semana, Pedro Passos Coelho lançou desafios a duas das suas quatro vice-presidentes. Na direção do presidente, que é complementada por Marco António Costa e por um quarteto feminino (Sofia Galvão, Maria Luís Albuquerque, Teresa Leal Coelho e Teresa Morais), na semana passada, as ‘teresas’ receberam convites.

Leal Coelho, conhecidamente, para encabeçar a lista dos sociais-democratas a Lisboa; Morais, menos conhecidamente, para entrar na corrida para a liderança da bancada laranja.

De acordo com os estatutos da representação do partido na Assembleia República, Luís Montenegro, atual presidente do grupo parlamentar, tem de abandonar o cargo até ao último trimestre deste ano de 2017, pois cumpre o limite de três mandatos. Segundo o regulamento interno, as direções de bancada são eleitas pelo “método maioritário, com o mandato de duas sessões legislativas completas” e o tempo para o homem que foi sempre eleito por unanimidade começa a escassear.

O i já apurara e reportara o favoritismo de Luís Marques Guedes, como figura consensual e experiente, e de Marco António Costa, como figura que não despertaria oposição, assim como o nome de Teresa Morais, que surgia como hipótese surpresa mas não inteiramente original. É que durante o governo de Passos e Portas, numa altura em que Luís Montenegro esteve prestes a integrar o executivo como governante, o nome de Teresa Morais foi ponderado por Passos Coelho, à data primeiro-ministro, para substituir Montenegro na bancada.
A ideia, aparentemente e ainda que noutras circunstâncias, subsiste na São Caetano à Lapa.

Depois de conseguir o ‘sim’ de Teresa Leal Coelho e o Partido Social Democrata finalmente apresentar um candidato a Lisboa, Passos, sabe o i, incentivou Morais a avançar para a linha da frente parlamentar.
Quando, esta segunda-feira, Passos Coelho incentivava o PPD/PSD a “não ter medo de perder” tal foi interpretado pela estrutura como um puxão de orelhas à longa lista de dirigentes e protagonistas que fugiram a dar a cara para as eleições autárquicas. Se Teresa Morais seguirá o exemplo voluntarioso de Teresa Leal Coelho como vice-presidente passista? Saberemos.

Com alguns vice-presidentes de Montenegro já a recolher apoios para Marques Guedes e com o regresso à ribalta política de Marco António e até de José Pedro Aguiar-Branco – que presidirá à nova comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos –, a tarefa de Teresa Morais, caso aceite o desafio de Passos, não se prevê fácil. Mas a verdade é que a professora universitária e jurista, que foi ministra da Igualdade durante o governo dos 28 dias derrubado pela ‘geringonça’, não é propriamente uma política de ação receosa.

Durante o também breve governo de Pedro Santana Lopes, recusou um lugar como governante por não acreditar reunir condições para realizar um bom trabalho; decisão essa que lhe valeu uma despromoção nas listas que Santana apresentou nas legislativas que perdeu para José Sócrates.

Para suceder a Luís Montenegro, os eventuais candidatos necessitam de duas condições: estatuto de unanimidade e o aceno de cabeça de Pedro Passos Coelho. Teresa Morais já tem um; a ver se consegue o outro.

Desde que o regulamento foi ‘relembrado’ por uma notícia deste jornal em finais de dezembro do ano passado, que o grupo parlamentar mexeu. A vice-presidência que Jorge Moreira da Silva deixou vaga quando partiu para a OCDE, a liderança de bancada que Montenegro deixará vaga e o resultado do partido nas eleições autárquicas têm andado invariavelmente entrelaçados.

A DANÇA DOS CRÍTICOS

Nas hostes laranjas, espreita-se a possibilidade de, em caso de derrota fulgurante nas eleições locais deste ano, ser convocado antecipadamente o congresso de modo à direção de Passos ver a sua liderança reforçada. Os apoiantes do eterno protocandidato, Rui Rio, estão expectantes que o antigo autarca aí finalmente surja e, caso a antecipação da magna reunião se confirme, todos os atos eleitorais internos são adiados: incluindo a liderança de bancada.

Pedro Duarte, que sossegou durante algum tempo as críticas a Passos Coelho e não seria desfavorável a ver Marques Guedes como líder do grupo parlamentar, afiou novamente as facas neste março para dizer: “Parece que a troika ainda vive na sede nacional”.

Coincidentemente, o nome de Teresa Morais apareceu com mais intensidade na semana das citadas declarações.
Outro crítico que mantém postura atenta ao estado da arte social-democrata é Pedro Rodrigues, ex-deputado, ex-presidente da JSD e hoje líder do movimento de alternativa à direção atual “Portugal Não Pode Esperar”.
Rodrigues criticou recentemente a condução do processo autárquico por parte de Carlos Carreiras (coordenador), Mauro Xavier (da concelhia lisboeta) e Miguel Pinto Luz, com quem já disputou a distrital da capital. No entanto, deixou Passos intacto no mais recente ataque.

Sobre a liderança de bancada, o social-democrata é sucinto: “O PSD precisa de uma liderança firme e afirmativa na bancada parlamentar. No atual contexto julgo que o dr. Marco António Costa se apresenta como a opção óbvia”.

TPT com: AFP//Sol//Sebastião Bugalho//Sapo//Jornal i// 21 de Março de 2017

 

A operadora de Isabel dos Santos desliga os canais de televisão SIC Notícias e SIC Internacional em dois países africanos: Angola e Moçambique

A operadora de televisão por satélite angolana Zap, da empresária Isabel dos Santos, interrompeu esta terça-feira a difusão dos canais SIC Internacional e SIC Notícias nos mercados de Angola e Moçambique, decisão à qual a SIC “é alheia”.

De acordo com a agência noticiosa AFP, a difusão dos dois canais portugueses foi suspensa esta terça-feira, depois de recentemente terem divulgado reportagens críticas ao regime de Luanda.

Fonte oficial da estação de Carnaxide disse à agência Lusa que “a SIC é alheia à decisão da retirada da SIC Internacional e SIC Notícias da plataforma de distribuição Zap em Angola e Moçambique”.

“Esta distribuidora continuará a exibir os canais SIC Radical, SIC Mulher, SIC K e SIC Caras em exclusivo para os mercados angolano e moçambicano”, adiantou a mesma fonte, acrescentando que “os dois canais [SIC Internacional e SIC Notícias] podem continuar a ser vistos na DStv em Angola e Moçambique e na StarTimes em Moçambique”.

Contactada pela AFP, António Miguel, representante da ZAP, adiantou que os dois canais – SIC Notícias e SIC Internacional “já não fazem parte do pacote distribuído pela Zap devido a uma mudança da grelha de difusão dos programas”.

O responsável não adiantou mais explicações para esta decisão.

A operadora NOS detém 30% da Zap, sendo o restante capital detido pela Sociedade de Investimentos e Participações, da empresária angolana Isabel dos Santos.

A Zap iniciou a sua actividade no mercado angolano em Abril de 2010 e é actualmente a maior operadora de TV por satélite em Angola.

TPT com: AFP//Lusa//Renascença// 14 de Março de 2017

 

O Canadá quer instalar em Lisboa uma estátua que visa memoriar histórico descendente indígena de pioneiro português

A embaixada do Canadá em Portugal está a promover a instalação em Lisboa de uma estátua assinada por Luke Marston, tetraneto de Joe Silvey, baleeiro açoriano, pioneiro da colonização canadiana e hoje um símbolo de integração.

O Canadá assinala este ano os 150 anos da proclamação da independência e as suas missões diplomáticas em todo o mundo estão a preparar uma série de eventos culturais.

Portugal não é exceção e a instalação daquele trabalho — entre uma série de acontecimentos culturais previstos para decorrer ao longo do ano – seria o melhor corolário do exemplo da relação que une os dois países, de acordo com o embaixador canadiano em Lisboa, Jeffrey Marder.

“Queremos aproveitar este aniversário para marcar a presença canadiana em Portugal continental e nos Açores e celebrar com os portugueses esse momento importante” do nascimento de um país, cujo “crescimento assenta desde a sua origem na diversidade”, começou por sublinhar Marder.

“Somos um produto da mistura, da diversidade, temos duas línguas oficiais, o inglês e o francês, e uma série de línguas indígenas, para além de que, ao longo dos 150 anos do estabelecimento do Canadá como país, crescemos através da imigração, o que criou um Canadá ainda mais diverso, povoado por pessoas dos quatro cantos do mundo”, afirmou.

“Vemos na diversidade uma força e também uma riqueza económica”, disse ainda Jeffrey Marder, antes de reconhecer que, não obstante, a relação entre o Estado canadiano e os seus povos ou populações nem sempre foi exemplar, sobretudo no que diz respeito às nações indígenas.

“Temos muito orgulho na nossa história, mas temos que admitir que houve episódios no passado que não foram bons. A relação com os povos indígenas não foi sempre muito positiva. Originalmente, não eram tratados como cidadãos com direito de voto, etc. A reconciliação entre o Governo do Canadá e os povos indígenas, que também são canadianos, é muito importante para reconhecer os erros do passado e procurar maneiras de crescer cultural, politica e economicamente juntos, como canadianos diversos”, rematou Marder.

Neste contexto, a história de Joe Silvey – ou do açoriano José ou João Silva – oferece um exemplo raro de boa convivência, de integração, da miscigenação entre os povos autóctones, hoje canadianos, e os colonos que começaram a chegar em força ao país na segunda metade do século 19.

Luke Marston é autor de uma instalação em bronze com cinco metros de altura, exposta no Parque Stanley, em Vancouver, desde abril de 2015, que conta a história de Silvey, seu tetra-avô, e da sua família, exemplo notável de um “casamento” raro entre duas culturas, sem domínio nem segregação, que hoje serve de exemplo à política de “reconciliação” promovida pelo Governo canadiano.

“Shore to Shore” — Costa a Costa — é o nome da instalação, financiada com contribuições governamentais, canadianas e portuguesas, dos Povos das Primeiras Nações indígenas, e da família de Silvey, através do próprio Luke Marston, um projeto entretanto continuado com publicação de um livro e a realização de documentário, que ainda não foi estreado.

Marston esteve em Portugal para, em parceria com a embaixada canadiana na capital portuguesa, tentar reunir vontades institucionais e patrocinadores que resultem na criação e instalação em Lisboa de um novo capítulo dessa “história”.

“Será uma escultura com cerca de dois metros de altura, de bronze, teremos que encontrar o local na cidade onde faça sentido que fique”, disse o escultor, ressalvando, porém, que “há ainda muito para discutir: protocolos, patrocínios e acordos”.

“Não sei se irá por diante, não sei o que irá acontecer”, acrescentou.
Mas, se acontecer, adiantou, é provável que integre a representação da pesca do bacalhau — que aproximou durante séculos portugueses e canadianos –, eventualmente sob a forma de lobos e baleias assassinas, que na mitologia Salish, que povoa o imaginário de Luke Marston, “são o mesmo ser”, símbolo xamânico e essência da ideia de “família”, central no trabalho do artista.

“Quando penso em família e no oceano, penso sempre no lobo e na orca. Ambos viajam em grupo, em família. Na nossa cultura acreditamos que a entidade do lobo e da orca é a mesma. São o mesmo ser. Viajam, caçam quando estão em terra e se a família desce das montanhas para a água transformam-se em orcas e caçam na água. Ocorre-me essa mitologia”, diz Marston.

TPT com:AFP//Lusa//AEP//12 de Março de 2017