À segunda foi de vez. Depois do falhanço na quarta feira devido ao mau tempo, hoje as condições meteorológicas permitiram o lançamento do Falcon 9 e da missão Crew Dragon que chega amanhã à Estação Espacial Internacional.
As dúvidas mantiveram-se quase até ao fim, mas ainda antes do abastecimento o combustivel do Falcon 9, 35 minutos antes do lançamento, a previsão da meterologia era positiva, apesar da chuva ligeira. E à hora marcada o foguetão da SpaceX partiu da base Kennedy Space Center, na Flórida, Estados Unidos da América, algo que não acontecia desde 2011.
A missão é histórica por ser a primeira tripulada realizada com uma empresa comercial, mas também por abrir caminho para a realização de mais missões espaciais norte americanas.
O lançamento foi bem sucedido e é só a primeira fase da missão, que prevê também a separação da Falcon Crew Dragon, que segue em direção à Estação Espacial, enquanto o foguetão voltou à terra, e aterrou com sucesso alguns minutos depois. A Dragon ainda vai precisar de activar os motores para conseguir atingir a rota necessária para chegar ao seu destino.
A chegada dos astronautas à Estação Espacial Internacional está prevista para amanhã, às 1oh30 da manhã, hora local na Flórida, 15h30 em Portugal Continental, mas os astronautas só entrarão nas estação cerca de três horas depois.
Countdown desde as 16 horas
Todos os olhos estavam colados aos ecrãs e mais de 10 milhões seguiram a transmissão na NASA TV e nas redes sociais para acompanhar uma missão que prometia fazer história, com a entrega a uma empresa privada da tarefa de colocar astronautas no espaço, se as condições meteorológicas colaborarem, o que não aconteceu na última quarta feira, onde as tempestades típicas da Flórida e o mau tempo, não permitiam o lançamento da nave espacial.
Tudo indicava que existam 50% de hipóteses de lançamento, e Elon Musk, o patrão da SpaceX, confirmou o número no Twitter, mas essa probabilidade foi também referida desde o início nos comentários dos especialistas online. A chuva e os relâmpagos são as principais preocupações.
Por volta das 17 horas de Portugal, Bob Behnken e Doug Hurley, os dois astronautas que integram a missão, estavam a caminho da cápsula e foram transportados num Tesla. Depois de instalados completaram os testes necessários para o lançamento que decorreram a partir do Kennedy Space Center, na Flórida, Estados Unidos da América.
Este é o primeiro voo orbital com tribulação a ser realizado por uma empresa privada. A bordo estão dois veteranos da Nasa: Doug Hurley, 53 anos, e Bob Behnken, 49 anos. Os astronautas, ex-pilotos militares, entraram para a agência espacial em 2000. Eles decolaram rumo à ISS a partir da histórica plataforma de lançamento 39A, como a Apollo 11.
Com o contador a menos de 50 minutos para o lançamento e todas as verificações eram positivas, as condições metereológicas favoráveis e o relatório dizia que está “cautelosamente optimista” e a probabilidade de violação está nos 30%, pelo que havia 70% hipóteses de lançamento.
Aos 35 minutos começou o carregamento do combustível, um dos últimos passos antes do lançamento. Aos 10 minutos antes da hora marcada todos os controles receberam o OK, e o controle de missão desejou uma boa viagem aos astronautas.
Este é o último passo para a empresa de Elon Musk receber a certificação de transporte de pessoas para o espaço, com a Space X a planear fazer viagens espaciais turísticas de 10 dias em 2021, e a recuperação da capacidade de lançamento de astronautas a partir de território americano, do mesmo local de onde partiram as missões para a Lua.
Qual a importância da missão Demo-2?
Foi em 2015 que a Space X mostrou pela primeira vez o interior da Crew Dragon, a cápsula que quer levar, pela primeira vez desde 2011 a partir de solo americano, astronautas da NASA para o espaço. O voo de teste tripulado da Crew Dragon será o primeiro a partir do solo dos Estados Unidos desde 8 de julho de 2011, coincidindo com a última missão do Programa Space Shuttle. Desde então, a NASA tem colocado os seus astronautas na Estação Espacial Internacional à “boleia” da nave russa Soyuz.
Este é também o primeiro voo tripulado da empresa de Elon Musk e a primeira vez que uma nave espacial privada irá levar astronautas para o espaço. A data inicial de lançamento estava prevista para 7 de maio, mas foi adiada para dia 27, mas não conseguiu ser concretizada devido ao mau tempo.
Reunimos nesta lista as principais fases deste projeto que começou há seis anos.
2015: SpaceX mostra pela primeira vez o interior da cápsula que vai levar astronautas ao espaço
Em setembro de 2015 a SpaceX partilhou com o mundo imagens e um vídeo do interior da Crew Dragon, a cápsula que vai levar humanos para o espaço dentro de dois anos.
Pelas imagens é possível perceber que os interiores estão reduzidos ao necessário, havendo uma predominância da cor branca que traduz uma sensação de mais espaço.
Mas nem por isso deixa de haver um toque luxuoso: os assentos são construídos em fibra de carbono e revestido a Alcantara, uma tipologia de pele sintética.
A cápsula espacial tem ainda quatro janelas para que os tripulantes possam observar a Terra, a Lua e o restante Sistema Solar à medida que vão percorrendo o trajecto da viagem.
2016: SpaceX testa sistema de paraquedas que vai trazer astronautas de volta à Terra
O sistema de aterragem da Crew Dragon integra quatro paraquedas, que foram experimentados no teste documentado em vídeo, que faz parte do processo de certificação que os dois parceiros comerciais da NASA têm de cumprir para todo o tipo de processos que se proponham realizar.
2019: Crew Dragon: A cápsula da SpaceX para transportar humanos para o espaço está pronta
A cápsula da SpaceX passou a encontrar-se no topo de um foguetão Falcon 9, nos últimos preparativos para o seu primeiro teste.
2019: SpaceX põe motores a funcionar antes do voo de demonstração da Crew Dragon
Numa mensagem curta na sua conta no Twitter e a acompanhada por um vídeo de teste estático dos motores do foguetão Falcon 9, com a cápsula Crew Dragon acoplada, a SpaceX afinava as preparações finais para o derradeiro teste em fevereiro de 2019. “Teste de disparo estático completo – estamos a apontar para fevereiro para o lançamento histórico no complexo 39A (Centro Espacial Kennedy) a demonstração do voo da Crew Dragon”, lê-se na mensagem.
2019: Vaivém espacial da SpaceX descola sem percalços
O vaivém espacial da SpaceX descolou a 2 de março em direção à Estação Espacial Internacional. O aparelho, que seguiu sem tripulação a bordo, partiu do Kennedy Space Centre, na Florida, às 7h49, e foi impulsionado pelo foguetão Falcon 9.
2019: SpaceX confirma que cápsula da Crew Dragon foi destruída durante um teste
A SpaceX confirmou em conferência de imprensa, que uma das cápsulas da Crew Dragon, destinada a voos espaciais tripulados, foi destruída durante um teste na Florida. A perda do veículo representou um significativo revés para a SpaceX. O Crew Dragon destruído no teste era o mesmo veículo que tinha atracado com sucesso na Estação Espacial Internacional em março. A cápsula, sem tripulação a bordo, esteve cinco dias em missão na ISS antes de regressar e aterrar com sucesso no Oceano Atlântico.
SpaceX planeia viagens espaciais turísticas de 10 dias para o próximo ano
Depois de ter realizado uma parceria com a Space Adventures para colocar turistas no espaço, a SpaceX continua a formar novas ligações com empresas do sector para alargar a sua oferta de viagens.
Desta vez junta-se à Axiom, a empresa espacial localizada em Houston para enviar turistas ao espaço, mais concretamente a Estação Espacial Internacional.
NASA e SpaceX fizeram hoje com sucesso o lançamento da missão Demo 2
Passaram 9 anos desde que a NASA colocou no espaço o último astronauta. Desde então este trabalho tem estado a cargo das naves russas Soyuz. Assim, e com o tempo finalmente a permitir, a empresa SpaceX lançou hoje a missão “Demo 2”, na qual dois astronautas, Doug Hurley e Bob Behnken, farão um voo orbital do solo americano e a bordo de uma nave americana.
Na quarta-feira passada, faltavam apenas 17 minutos para a descolagem onde iríamos ouvir o foguete Falcon 9 a rugir na Plataforma de Lançamento 39, no Centro Espacial Kennedy, na Florida. Este local mítico foi testemunha dos principais lançamentos do programa Apollo. Contudo, a tempestade tropical Berta tornou as coisas difíceis e, infelizmente, a empresa SpaceX foi obrigada a suspender o lançamento.
Havia muita eletricidade na atmosfera. O perigo não é que tenha havido uma tempestade ou algo assim, mas que o lançamento em si possa desencadear um raio. De facto, o próprio foguete poderia ter-se tornado um para-raios.
Explicou Jim Bridenstine, administrador da NASA, na sexta-feira, conforme relatado pelo site Space.com.
Mas era um cenário perigoso?
Bom, a ideia não era transformar um foguete de 70 metros de altura, cheio de oxigénio líquido e querosene de foguete, num para-raios improvisado. Até, porque não seria um cenário seguro para a nave rumar ao espaço.
Muitas pessoas esperavam pelo momento, inclusive o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que fez uma aparição estelar a bordo do Air Force One.
A importância da missão “Demo 2”
Conforme foi dado a conhecer pela NASA, esta missão é importante por vários factores, entre eles o acabar com a dependência da NASA da sonda russa Soyuz. Além disso, esta missão é importante para ser feita a primeira descolagem de astronautas num voo orbital de uma empresa privada, a SpaceX, da qual dependem o foguete e a cápsula.
Crew Dragon 2020
Claro que ainda há mais uma boa razão. Este lançamento será o primeiro realizado em solo americano, pela primeira vez desde que as naves espaciais da NASA, caras e pouco confiáveis, foram desativadas, em julho de 2011.
Fora isso, este será o primeiro voo de teste da cápsula Crew Dragon, um dispositivo futurista com um formato de bala projectado para enviar até sete membros da tripulação para o espaço. Portanto, para a NASA será a consolidação de um sistema de lançamento privado, do qual a agência espacial é cliente.
Este sistema de lançamento privado será um dos pilares das suas operações na Estação Espacial Internacional ou em futuras missões à Lua, sem mencionar uma atividade lucrativa e futura de empresas comerciais no espaço, com turistas e estações espaciais privadas.
TPT com:NYT//WP//AFP//Joe Raedle/GETTY//Fátima Caçador/TEKSapo// 30 de Maio de 2020