O CDS pede demissão do ministro da Educação por causa do escândalo das falsas licenciaturas

O deputado do CDS João Almeida afirmou esta noite que o ministro da Educação se deve demitir, por alegadamente ter ocultado as falsas licenciaturas do chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto.

 

 

“A confirmarem-se os factos que foram noticiados, o ministro da Educação não tem quaisquer condições para continuar no exercício do cargo. Nenhum membro do Governo pode ocultar uma situação de falsas declarações sobre um grau académico e, por maioria de razão, não o pode fazer o ministro da Educação”, disse o deputado João Almeida.

 

 

O chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto, Nuno Félix, demitiu-se esta tarde, depois de ter sido tornado público que não concluiu as duas licenciaturas que declarou ter, segundo o jornal “Observador”.

 

 

De acordo com o jornal online, Nuno Félix declarou, “para efeitos de despacho de nomeação”, que tinha uma licenciatura em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, e outra em Direito, pela Universidade Autónoma, tendo ambas as instituições desmentido que o chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto as tenha concluído.

 

 

“O ministro da Educação foi hoje informado da decisão do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, que aceitou o pedido de demissão do seu chefe do gabinete, na sequência da incorreção detetada no despacho de nomeação assinado pelo ex-secretário de Estado, e da qual teve agora conhecimento”, declarou o Ministério da Educação, em resposta enviada à agência Lusa.

 

 

Na mesma resposta, o ministério tutelado por Tiago Brandão Rodrigues acrescenta que “o atual despacho de nomeação de Nuno Miguel de Aguiar Félix, publicado em “Diário da República”, tem a informação correta de frequência do ensino superior”.

 

 

Isto porque, no primeiro despacho, de fevereiro, assinado ainda pelo anterior secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Wengorovius Meneses, a nota curricular que consta da nomeação refere como formação académica as duas licenciaturas referidas, mas depois da demissão de Wengorovius Meneses e a sua substituição por João Paulo Rebelo, foi publicado novo despacho de nomeação, de junho, na qual apenas se referia a frequência das duas licenciaturas.

 

 

Na resposta enviada à Lusa, a tutela afirma que o ministro apenas teve conhecimento da situação agora, mas o “Observador” adianta que as incorreções no despacho seriam há meses comentadas nos gabinetes do ministério e terão sido uma das razões para a demissão de Wengorovius Meneses.

 

 

Segundo o “Observador”, Wengorovius terá comunicado a Brandão Rodrigues a intenção de exonerar Nuno Félix, mas terá sido o ministro a impedir que isso acontecesse. Na sequência dessa decisão, Wengorovius Meneses apresentou a sua demissão.

 

 

Nuno Félix já tinha sido assessor do ministro socialista para os Assuntos Parlamentares Jorge Lacão. Liderou também o projeto “Famílias como as Nossas”, que, no âmbito da crise migratória na Europa, trouxe refugiados para Portugal.

 

 

Ministro da Educação nega conhecimento de falsas licenciaturas

 

 

O ministro da Educação negou, esta sexta-feira, ter conhecimento das duas falsas licenciaturas declaradas pelo chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Nuno Félix. Em comunicado, Tiago Brandão Rodrigues diz que só “teve agora conhecimento” da “incorreção detetada”.

 

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“A referida incorreção relativa ao percurso académico de Nuno Félix só agora chega ao conhecimento do Ministro da Educação, num momento em que a mesma já estava conforme. De facto, o despacho de nomeação assinado pelo atual secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, refere “a frequência” de duas licenciaturas”, lê-se no comunicado enviado às redações.

 

 

Chefe de gabinete de secretário de Estado com falsas licenciaturas demite-se

 

 

Em causa estão duas licenciaturas falsas declaradas por Nuno Félix, chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, uma situação que era do conhecimento do ministro da Educação, segundo avança o “Observador”

 

 

Nuno Félix, chefe de gabinete do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, demitiu-se esta sexta-feira, segundo o jornal “Observador”. A demissão ocorreu na sequência de duas licenciaturas falsas que Nuno Félix disse ter, situação que era do conhecimento do ministro da Educação, segundo avança o mesmo jornal.

 

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O chefe de gabinete declarou ser licenciado em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa e em Direito na Universidade Autónoma de Lisboa. Segundo o “Observador”, ambas as universidades negaram que Nuno Félix tivesse acabado os cursos superiores.

 

 

A confirmação da demissão foi dada esta tarde. “O ministro da Educação foi hoje informado da decisão do secretário de Estado da Juventude e Desporto, que aceitou o pedido de demissão do seu chefe de gabinete”, segundo cita o “Observador”.

 

 

Já em abril, tinha ocorrido a demissão do anterior secretário de Estado da Juventude, João Wengorovius Meneses, pelas mesmas razões. O ex-secretário de Estado quis exonerar Nuno Félix, mas o atual ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, não aceitou essa saída, explica o jornal online.

 

 

Este é já o segundo caso nesta semana. Rui Lizardo Roque, adjunto de António Costa para os Assuntos Regionais, apresentou esta terça-feira a sua demissão, horas depois de ter sido noticiado que o assessor não tinha concluído a licenciatura, apesar de no despacho de nomeação publicado no Diário da República ser apresentado como licenciado.

 

 

Foi também o Observador que avançou que Rui Roque apresentou uma falsa licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra e que não existe qualquer registo no sistema informático relativamente à conclusão do curso.

 

 

 

TPT com: AFP//JN//Alberto Frias//Expresso//Lusa//Observador//Público// 28 de Outubro de 2016

 

 

 

 

A Associação Beneficência Algarvia comemorou o 36º aniversário no PISC, Clube Português de Elizabeth

Mais de duas centenas de pessoas participaram no jantar comemorativo do 36º aniversário da Associação Beneficência Algarvia, no estado norte-americano de New Jersey, que decorreu, no dia 8 de Outubro, no Portuguese Instructive Social Club (PISC) da cidade de Elizabeth.

 

 

Um evento anual de solidariedade social cujos fundos angariados se destinam a ajudar instituições  e pessoas desfavorecidas na região do Algarve e nos Estados Unidos.

 

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Este ano e para além da entrega de um cheque de 2.000 dólares à Liga dos Bombeiros Portugueses, através da Associação “Lusofonia em Movimento”, a “Associação Beneficência Algarvia” destinou as verbas angariadas no jantar deste ano para duas pessoas deficientes que residem na região do Algarve. Trata-se de Mariana Afonso Rita, de Faro, uma criança de 7 anos de idade que sofre de problemas neurológicos. O outro beneficiário é José Vitorino, de 47 anos de idade, natural de Querença, concelho de Loulé, que se encontra paraplégico devido a um acidente de viação e necessita de uma cadeira de rodas nova e de uma almofada de gel.

 

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Neste jantar e para além dos residentes no estado de New Jersey, estiveram também algarvios que se deslocaram prepositadamente de várias cidades, pertencentes aos Estados de Washington DC, Virgina, Maryland,  Pennsylvania, New York e Massachusetts.

 

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Entre os convidados estavam ainda algumas figuras ilustres portuguesas e luso-americanas, entre elas o vereador geral luso-americano da cidade de Elizabeth, no estado de New Jersey, Dr. Manny Grova Jr.; Drª Filipa Correia, Oficial dos Assuntos Económicos das Nações Unidas, em New York; Sr. José Carlos Brito, Presidente da Direcção do Clube Português da cidade de Elizabeth, New Jersey (PISC); o Padre Adalto Alves, da Igreja de N.S. de Fátima de Elizabeth; Sr. José Cabrita,  Sócio Fundador da Beneficência Algarvia, JoAnn Martinho, actual Presidente da Associação Beneficência Algarvia, que fizeram questão de honrar com a sua presença, o trabalho desenvolvido por esta instituição, que ao longo dos seus 36 anos de existência, já angariou mais de 600 mil dólares, para ajudar pessoas necessitadas, e instituições de solidariedade social.

De Portugal deslocou-se prepositadamente o conceituado advogado algarvio Dr. António Manuel Grosso Correia, acompanhado por sua esposa.

 

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O protocolo esteve a cargo do jornalista João Machado que após dar as boas vindas aos convidados presentes abriu o cerimonial com algumas considerações sobre a vida desta instituição aniversariante, e anunciou a entrada  no salão das bandeiras dos Estados Unidos e Portugal, ostentadas pelos Membros da Portuguese American Police Association, uma associação de polícias luso americanos, que se encontram a prestar serviço, em várias esquadras e departamentos policiais, dos Estados Unidos e que tiveram a seu cargo a responsabilidade da guarda de honra desta cerimónia.

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Com os convidados em pé e numa atitude de respeito, entrou no Salão Nobre do PISC, a bandeira da Associação Beneficência Algarvia, ostentada pela ex-presidente Guiomar Guerreiro que se juntou aos membros da Portuguese American Police Association.

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Após a entrada das bandeiras e em ambiente silencioso foram ouvidos os Hinos Nacionais dos Estados Unidos e Portugal, interpretados pela professora luso-americana Margaret de Jesus.

 

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O primeiro a ser entoado foi o Hino americano, onde as mulheres desempenharam um papel importante na sua escolha. (As “Filhas da Guerra de 1812” foram grandes defensoras da Lei que o Presidente Hoover assinou em 1931.

Tecnicamente, não existe uma versão original, tradicional ou oficial do hino nacional americano.

 

 

Enquanto algumas leis estaduais tentaram legislar sobre um estilo de apresentação e desempenho adequado, não existe nenhum padrão único oficial.

Na verdade, Oliver Wendell Holmes Sr., um influente escritor de Boston, acrescentou um quinto versículo ao Hino americano , em 1861, com novas palavras, defendendo a libertação dos escravos americanos).

 

 

Seguiu-se depois “A Portuguesa”, que hoje é um dos símbolos nacionais de Portugal (o seu hino nacional). (Nasceu como uma canção de cariz patriótico em resposta ao ultimato britânico para que as tropas portuguesas abandonassem as suas posições em África, no denominado “Mapa cor-de-rosa”.

 

 

O Hino nacional português “A Portuguesa”, surgiu em 1890, com alterações feitas em 1957, e tem Letra de Henrique Lopes Mendonça e Música de Alfredo Keil.  Foi proibida pelo regime monárquico, que originalmente tinha uma letra um tanto ou quanto diferente (mesmo a música foi sofrendo algumas alterações), já que onde hoje se diz “contra os canhões“, dizia-se “contra os bretões“, ou seja, os ingleses, substituindo o “Hymno da Carta”, então o hino nacional desde Maio de 1834.

 

 

“A Portuguesa” foi designada como um dos símbolos nacionais de Portugal na constituição de 1976, constando no artigo 11.°, n.º 2, da Constituição da República Portuguesa).

 

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Após a entoação dos hinos, o primeiro discurso da noite veio de Joanne Martinho, presidente da “Associação Beneficência Algarvia”, que  começou por agradecer a presença de todos e realçou o nobre trabalho desta associação humanitária, “que de forma discreta, mas persistente e dirigido, merece de todos o maior apoio e respeito, não só pelas causas que defende, mas também pelos resultados que expressa todo este esforço”.

 

 

Mas, segundo Joanne Martinho, o reconhecimento e a consolidação do prestígio alcançado por esta associação no campo humanitário, também não foi esquecido na  Câmara Municipal de Loulé, que lhe atribuiu em 1997, a Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, pelo contributo dado, para o engrandecimento e dignificação deste concelho algarvio.

 

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Recentemente recebeu mais uma honraria. “Uma homenagem simples, mas carregada de significado”, assim descreveram o momento na altura aqueles que para o feito se deslocaram a Portugal para assistir à cerimónia da colocação do nome da “Associação Beneficência Algarvia” na toponímia da cidade de Loulé.

 

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Neste contexto, não foi por acaso que antes de encerrar o seu discurso,  Joanne Martinho procedeu à entrega de uma placa de reconhecimento ao Dr. António Manuel Grosso Correia, que foi um dos grandes impulsionadores para que a “Associação Beneficênte Algarvia” conste, orgulhosamente, na toponímia, desta cidade algarvia.

 

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O Dr. António Manuel Grosso Correia, visivelmente surpreendido, agradeceu tal distinção, e referiu que “nesta comunhão de valores, é importante sublinhar os sacrifícios dos abnegados algarvios, que ofereceram, e continuam a oferecer a dádiva da sua cidadania, e o exemplo do seu bairrismo, para cumprir o ideal de ajudar quem precisa”.

 

 

António Manuel Grosso Correia pediu também um minuto de silêncio em memória de todos os sócios desta associação já falecidos e reconheceu o importante papel da Beneficência Algarvia junto da comunidade portuguesa de New Jersey e o seu contributo para a preservação e fortalecimento dos laços que unem os portugueses.

 

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E para defender a importância dos luso-americanos continuarem a envolver-se nos assuntos culturais, empresariais e políticos deste País, estava também o distinto advogado e político luso americano Dr. Manny Grova Jr., vereador geral da cidade de Elizabeth, que teceu rasgados elogios aos membros da Associação Beneficência Algarvia “pela ajuda altruista e generosa que prestam a quem precisa nos dois lados do Atlântico”.

 

 

Manny Grova Jr., enveredou pela política em 1994. Depois de ter desempenhado a missão de vereador na cidade de Elizabeth, durante 18 anos consecutivos, tomou posse como vereador geral desta cidade, no dia 1 de Janeiro de 2013.

O Dr. Manny Grova Jr., tem mostrado enorme capacidade de trabalho em várias áreas, com destaque para o desenvolvimento e questões sociais.

Este lusodescendente que nasceu na cidade de Elizabeth, é uma das referências importantes da comunidade luso-americana no estado de New Jersey.

 

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No final dos discursos o padre Adalto Alves, da Igreja de Nossa Senhora de Fátima da cidade de Elizabeth procedeu à benção da refeição fraterna que foi confecionada pelo Restaurante Valença, desta cidade, que apresentou também deliciosos pratos regionais.

 

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Claro que os convivas não se fizeram rogados para provar as iguarias da buffet e do jantar, enquanto outros iam participando no leilão silencioso que tinha por objectivo angariar mais alguns dólares para as acções de bem-fazer da Beneficência Algarvia.

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E como festa sem música não é festa, o “Duo Primavera” teve a responsabilidade de animar os convivas com um espetáculo cheio de ritmo e energia com a música popular portuguesa em destaque devido à carolice de vários grupos musicais, que teimam em dar-lhe continuidade, como é o caso aqui na Costa Leste norte americana.

 

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A boa disposição não faltou nesta noite de convívio em que todos brindaram aos 36 anos de existência da “Associação Beneficência Algarvia”. E enquanto a festa decorria, estava também aberto um bem disputado  leilão silencioso, devido à qualidade e diversidade dos produtos em causa.

 

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Nas mesas, observava-se cada detalhe dos dançarinos e conversava-se. Certamente uma boa forma de começar uma nova amizade.

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A festa do 36º aniversário da “Associação Beneficência Algarvia” foi também um ponto de encontro agradável, onde a boa disposição esteve sempre presente em todos os momentos.

 

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E que o diga o casal Luísa (na foto à esquerda) e Joaquim Mealha, que ganharam um bilhete para uma viagem a Portugal, que lhes foi entregue por Joanne Martinho (à dir.), Presidente da Associação Beneficência Algarvia”.

Como sempre acontece nestas situações, é sempre bom reviver tempos passados e encontrarmos gente que não esperávamos.

 

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Foi o que aconteceu com o Dr. António Manuel Grosso Correia que conheceu José Carlos Brito presidente do Clube Português de Elizabeth, que o convidou a fazer uma visita às instalações do clube.

 

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Acompanhado por Joanne Martinho e José Cabrita (ao centro na foto) e José Carlos Brito (à dir.), o Dr. António Manuel Grosso Correia ficou a saber um pouco mais da história deste clube português que foi fundado no longínquo ano de 1922.

 

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António Manuel Grosso Correia conheceu também a Biblioteca, o Museu, e a Escola Amadeu Correia, criada no dia 7 de Dezembro de 1935. De referir que desde aí, esta escola portuguesa tem mantido uma actividade permanente, encontrando os jovens de hoje, os mesmos motivos que os seus pais e avós, para continuar a expressar através da língua, do folclore e da alegria, o sentir das gerações passadas.

 

 

Realmente, ninguém pode ignorar que na área recreativa, social e cultural, o Clube Português da cidade de Elizabeth tudo tem feito para que as camadas mais jovens conheçam as fórmulas mais elementares da sua própria cultura. O Rancho Folclórico Danças e Cantares de Portugal, deste clube, foi fundado em 1978 e aposta na sensibilização das camadas mais jovens, para manter viva a tradição. Um projecto que acupa dezenas de crianças luso-americanas de segunda e terceira gerações que depois do horário escolar americano e após as aulas de português, continuam a mostram-se interessados em ocupar de uma forma diferente os seus tempos livres, aprendendo e praticando com alegria as tradições dos seus pais e avós.

 

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No final da visita o Dr. António Manuel Grosso Correia assinou o “Livro de Honra” do clube e realçou a importância do trabalho e dedicação de milhares de portugueses que por esta casa têm passado e que aqui fizeram amizades, mataram saudades de Portugal e aqui aprenderam e divulgaram a Língua e Cultura Portuguesas.

 

 

Após a assinatura do “Livro de Honra” todos regressaram ao salão nobre onde a festa decorria animada e se continuavam a tecer rasgados elogios aos membros da Associação Beneficência Algarvia “pela ajuda altruista e generosa que prestam a quem precisa tanto nos EUA, como em Portugal.

 

 

A “Associação Beneficência Algarvia”, com sede no estado de New Jersey, foi fundada em 1980. A partir da máxima que afirma “temos que dar sem esperar nada em troca”, a missão desta associação algarvia ultrapassa fronteiras e está bem patente nas inúmeras distinções que tem recebido. Entre elas destacamos a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, atribuída pelo Governo Português, no dia 10 de Outubro de 1991.

 

 

JM//The Portugal Times//23 de Outubro de 2016

 

 

 

 

Donald Trump disse que reconhecerá resultado da votação, mas só se for “o vencedor”. Podem estas eleições ser viciadas?

O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos da América, Donald Trump, disse esta quinta-feira que aceitará o resultado das eleições de 8 de novembro, se for “claro”, reservando-se ao direito de o contestar se o considerar “questionável”.

 

 

“Aceitarei um resultado claro das eleições, mas também reservo-me o direito de responder e apresentar acusações legais caso o resultado seja questionável”, disse Trump esta quinta-feira, durante um comício na cidade de Delaware, em Ohio.

 

 

Nesse mesmo discurso, Trump antecipou que aceitará o resultado da eleição para a Casa Branca, mas criou alguma confusão quando acrescentou que isso apenas aconteceria se ele saísse vencedor da corrida ao lugar de Barak Obama.

 

 

“Quero prometer a todos meus eleitores (…) que aceitarei totalmente os resultados dessa grandiosa e histórica eleição presidencial”, disse Trump, ressaltando: “se eu for o vencedor”.

 

 

No terceiro e último debate com a candidata democrata Hillary Clinton, na noite de ontem em Las Vegas, Trump causou mal-estar ao evitar comprometer-se a respeitar o resultado da eleição.

 

 

No dia a seguir ao debate quinta, Trump voltou a insistir na possibilidade de uma eleição manipulada.

 

 

“Queremos que a eleição seja justa, e isso não tem nada a ver comigo, mas com o futuro do país. Temos de ter uma eleição justa”, insistiu.

 

 

Trump também disse que Hillary “fez batota” no debate, já que recebeu antecipadamente – segundo ele – as perguntas que seriam formuladas.

“É uma pessoa muito desonesta”, acrescentou.

 

 

Podem as eleições dos EUA ser viciadas?

 

 

Não há uma eleição presidencial nos EUA, mas 50 eleições presidenciais, uma vez que cada estado do país tem as suas próprias comissões eleitorais independentes entre si, que são responsáveis pela organização da votação e apuramento dos resultados. São os estados que definem todas as regras, por exemplo, se os eleitores podem registar-se para votar no próprio dia, se é possível ou não o voto antecipado (presencial ou por correspondência), se são utilizados boletins em papel depositados em urnas ou se o voto se processa electronicamente…

 

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Essa é uma das razões por que a tese de Donald Trump de que está em marcha uma grande conspiração para viciar os resultados da votação presidencial não colhe. Demasiados estados utilizam demasiados sistemas diferentes para que essa acção pudesse ser concertada: dada a descentralização e fragmentação do sistema eleitoral norte-americano, a integridade da votação não está comprometida, asseguram as autoridades estaduais, que respondem aos respectivos governadores (actualmente, 31 republicanos, 18 democratas e um independente).

 

 

A outra razão é de que não há qualquer evidência de que as fraudes contra as quais Trump se insurge no Twitter se tenham verificado ou possam ocorrer a 8 de Novembro: eleitores que conseguem votar cinco ou dez vezes, votos depositados em nome de pessoas que já morreram, ou irregularidades na programação das máquinas de voto.

 

 

As investigações académicas sustentam os relatórios das comissões estaduais, que sublinham que a arquitectura do sistema impede que a fraude possa acontecer sem ser detectada. Ou seja, como sugere Trump, que um eleitor seja autorizado a votar várias vezes ou em nome de outra pessoa – desde o ano 2000, só foram identificados 31 casos nas mesas de voto de todo o país, e esses votos foram invalidados.

 

 

Inquérito a professores dos EUA mostra que ambiente nas escolas mudou com a campanha eleitoral

 

 

A retórica e o discurso de Donald Trump durante a campanha eleitoral norte-americana tem suscitado alguma preocupação um pouco por todo o lado e particularmente nos Estados Unidos. Muitos prevêem efeitos nefastos para vários sectores da sociedade americana caso o candidato do Partido Republicano seja eleito. Seja na economia, nas relações externas e até na educação. Este tem sido, inclusivamente, um dos pontos mais fortes no discurso da candidata democrata Hillary Clinton.

 

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No entanto, o “efeito Trump”, expressão que já se começa a popularizar, pode já ter consequências nas escolas daquele país. Em concreto, foi o grupo activista Southern Poverty Law Center (SPLC) que começou a falar e a espalhar a ideia de um “efeito Trump”.

 

 

E, para provar que este é real, o grupo divulgou um inquérito a mais de dois mil professores do ensino primário e secundário. Quando questionados se têm observado “o aumento do discurso político pouco civilizado nas escolas desde o início da campanha presidencial de 2016”, mais de metade respondeu que “sim”. Dois terços dos inquiridos concordaram também com a afirmação: “Os meus estudantes expressaram preocupação com o que pode acontecer a eles e às suas famílias depois das eleições”. Por outro lado, um terço admitiu um aumento do sentimento anti-muçulmano ou anti-imigração.

 

 

O inquérito foi divulgado pela revista Slate, que diz, no entanto, que os resultados não são científicos. Isto porque, os inquiridos inserem-se no grupo de professores registados no SPLC ou que visitam o site do grupo.

 

 

Mas no trabalho do SPLC é ainda lançado um desafio aos professores. O de relatarem incidentes concretos sobre a temática. E alguns exemplos podem lançar alguma luz ao ambiente que se vive actualmente em algumas escolas americanas:

 

– “Um dos meus estudantes, que é muçulmano, está preocupado com facto de vir a ter de utilizar um microchip identificando-o como muçulmano”;

 

– “Um dos estudantes foi chamado de ‘terrorista’ e acusado de pertencer ao Estado Islâmico. Outro afirmou que seria deportado se Donald Trump vencer as eleições”;

 

– “Ao falar da vitória de Trump no seu estado, um estudante disse a outro: ‘Adeus, Kevin’ – isto porque Kevin é mexicano”;

 

– “Um estudante perguntou se foi assim que a Alemanha elegeu Adolf Hitler”.

 

 

Apesar disso, o bullying pode ter o sentido contrário. Isto é, alguns professores relatam episódios de ataques contra aqueles que, alegadamente, apoiam Donald Trump rejeitando-os socialmente.

 

 

Muitos docentes referem ainda que tentam esclarecer este assunto durante as aulas, nomeadamente as propostas de Donald Trump, mas 40% admitiu alguma hesitação ao falar das eleições.

 

 

O meteorito

 

 

 

Outra sondagem chegou também a resultados, no mínimo, surpreendentes.

A Universidade do Massachusetts colocou várias hipóteses em confronto com a vitória de um dos actuais candidatos à presidência dos Estados Unidos.

 

 

Ora, 67% dos mais de 1200 americanos, com idades entre os 18 e os 35 anos, que responderam ao questionário dizem que preferiam um Presidente escolhido aleatoriamente do que Donald Trump na Casa Branca; 66% escolheriam um mandato vitalício para Barack Obama e, finalmente, 55% preferiam que um meteorito devastasse o planeta Terra do que ver Donald Trump a tomar posse.

 

 

No entanto, os resultados não são muito favoráveis a Hillary Clinton. Neste caso, 51% escolheria um mandato vitalício de Obama em vez de uma vitória da candidata democrata, 39% preferia um Presidente escolhido aleatoriamente e 34% trocaria a presidência de Hillary por uma catástrofe provocada por um meteorito.

 

 

Tal como no caso anterior, e porque o inquérito foi conduzido na plataformaonline, a representatividade não é conclusiva.

 

 

ONU pede que as queixas sobre evetual fraude eleitoral nos EUA sejam feitas por meios legais

 

 

A ONU pediu esta quinta-feira que qualquer queixa sobre uma eventual fraude nas eleições norte-americanas seja feita através dos meios legais estabelecidos, respondendo às dúvidas lançadas pelo candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump.

 

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Qualquer reclamação relacionada com o processo [eleitoral norte-americano] deve ser tratada através dos meios constitucionais e legais estabelecidos”, disse o porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU), Stéphane Dujarric, questionado pela agência noticiosa Efe sobre o assunto.

 

 

Dujarric deixou claro que esta mensagem seria a mesma que as Nações Unidas dariam a uma questão similar, que se pusesse a qualquer outro país, e recordou que a ONU “não tem qualquer posição” sobre debates, porque não pode comentar o processo eleitoral em si mesmo.

 

 

Esta quinta-feira de madrugada, no último debate eleitoral da campanha norte-americana, Donald Trump questionado sobre se reconheceria a vitória da democrata Hillary Clinton no próxima dia 08 de novembro respondeu: “Ver-se-á na altura, manterei o suspense”.

 

 

Além disso, insistiu que a campanha eleitoral está a ser “manipulada”.

O magnata nova-iorquino manteve esta quinta-feira a mesma posição ao assegurar que, “se ganhar”, aceitará o resultado das eleições a 08 de novembro.

 

 

Trump disse ainda que se reserva “o direito de impugnar” o resultado eleitoral caso este seja “questionável”.

 

 

A candidata democrata qualificou na altura essa resistência por parte de Trump de se negar a decidir se aceita o resultado das eleições de “espantosa”.

 

 

Donald Trump passou os dias anteriores ao terceiro e último debate a alertar os seus votantes sobre os comícios que estão a ser “manipulados”, agitando o fantasma da fraude eleitoral.

 

 

TPT com: Frederic J. Brown//AFP//New York Post//CNN//Público//WSJ// 21 de Outubro de 2016 

 

 

 

 

Segundo a Wikileaks, o que dizem os e-mails da campanha de Hillary? Conheça alguns exemplos

Numas eleições normais, qualquer adversário de Donald Trump já estaria a correr alegre e descontraidamente para a meta, deixando para trás um candidato republicano soterrado debaixo da sua avalanche de polémicas. “Mas é justo dizer que estas eleições não são normais”, como Barack Obama fez questão de referir num discurso da Convenção do Partido Democrata, em julho.

 

 

Um fator que contribui amplamente para a singularidade destas eleições é que, do outro lado de Donald Trump, está Hillary Clinton — uma mulher que, depois de mais de 30 anos na linha da frente da política norte-americana, conseguiu um currículo invejável e extenso. Só que, para lá das linhas onde aparecem cargos como “Senadora por Nova Iorque, 2001-2009” ou “Secretária de Estado, 2009-2013”, muitos veem inúmeras notas de rodapé que apontam para várias polémicas, das quais Hillary Clinton surge como uma candidata demasiado calculista, ambígua e desrespeitadora das regras.

 

 

A nota de rodapé mais recente no currículo de rodapé é da cortesia do site Wikileaks, do ativista australiano Julian Assange — que, acredita que o Departamento de Estado norte-americano poderá ter sido ajudado pela Rússia —, que tem divulgado a conta-gotas aquilo que diz ser um total de 50 mil emails que estavam na conta de e-mail de John Podesta, o chefe máximo da campanha da candidata democrata. Alguns mails contêm informações comprometedoras, outras dúbias e também há algumas que são inocentes e rotineiras. Os e-mails começam em 2000 e, para já, vão até março de 2016. Em baixo, conheça o que está em causa nalgumas das mensagens mais controversas.

 

 

Hillary Clinton já conhecia perguntas antes de debate

 

 

Num e-mail enviado a 12 março deste ano por Dona Brazile, à altura vice-presidente do Comité Nacional Democrata (meses depois, em julho, passou a ser presidente interina, depois de outro escândalo com e-mails ter levado à demissão da então presidente, acusada de favorecer Hillary Clinton em detrimento de Bernie Sanders nas primárias) para a diretora de comunicação da campanha, Jennifer Palmieri, surgia a seguinte frase no campo “Assunto” do e-mail: “De vez em quando, eu consigo ter as perguntas antes do tempo”.

 

 

O tema era o debate em formato de town hall, agendado para o dia seguinte e que era da responsabilidade da CNN. Dentro do e-mail, Dona Brazile, que também era comentadora residente na CNN, avisou a campanha de Hillary Clinton que lhe ia ser colocada uma questão sobre a pena de morte. Dona Brazile chegou a colocar o texto da pergunta no e-mail. No dia seguinte, um dos moderadores lançou uma pergunta a Hillary Clinton sobre esse tema, com um texto ligeiramente diferente mas inegavelmente idêntico ao disponibilizado por Dona Brazile.

 

Dona Brazile nega a acusação, tal como a CNN.

 

 

Equipa de Hillary Clinton quis mudar data de primárias no Illinois para prejudicar candidatos moderados do Partido Republicano

 

 

Em novembro de 2014, praticamente meio ano antes de Hillary Clinton anunciar a sua candidatura à Casa Branca, já havia quem preparasse o seu caminho na retaguarda. Robby Mook, também da equipa de Clinton, enviou um e-mail a John Podesta onde ensaiava a hipótese de, através de uma troca de favores, conseguir adiar as primárias no estado do Illinois de março para abril ou maio de 2016.

 

 

A ideia de Robby Mook era conseguir o aval do speaker do parlamento estatal do Illinois, o democrata Mike Madigan, para que a data fosse alterada. O processo de persuasão seria feito pelo chefe de staff de Obama na Casa Branca e um lobista do Illinois. Segundo a proposta de Robby Mook, aquele estado teria mais 10% de delegados a nível nacional se as primárias fossem mudadas para abril e mais 20% de as empurrassem até maio.

 

 

Segundo Robby Mook, esta seria uma maneira de controlar o tom da campanha republicana, que os democratas queriam que fosse o menos moderada possível. “O objetivo global é mudar as primárias no Illinois de meados de março, onde eles ainda têm apoio para candidatos republicanos moderados depois da maioritariamente sulista Super Tuesday [que ocorreu a 1 de março]”, escreveu. Se as primárias fossem adiadas até abril ou maio, a probabilidade de os candidatos mais moderados (naquela altura, John Kasich e Marco Rubio) perderem força até lá seria maior.

 

 

Apesar dos esforços da campanha de Clinton, as primárias no Illinois aconteceram a 15 de março. No final de contas, Hillary Clinton venceu com apenas mais 1,8% do que Bernie Sanders. Do outro lado, venceu Donald Trump — o mais radical entre os republicanos.

 

 

Equipa de Clinton preocupada com postura da candidata sobre escândalo do e-mail privado

 

 

Está visto que, quando o assunto é a troca de correspondência eletrónica e Hillary Clinton está envolvida, o mais certo é haver uma polémica. O primeiro capítulo desta coleção de histórias diz respeito aos tempos de Hillary Clinton como Secretária de Estado no primeiro mandato de Barack Obama, 2009-2013. Durante esse período, contra as regras e potencialmente colocando em perigo informações classificadas como top secret e confidential, Clinton usou uma conta de e-mail privada que estava alojada num servidor que tinha na garagem da sua casa, em Chappaqua, em Nova Iorque.

 

 

Em plena campanha, Hillary Clinton foi ilibada de qualquer acusação pela procuradora-geral, Loretta Lynch, depois de uma recomendação nesse sentido do diretor do FBI, James Comey.

 

 

Em agosto de 2015, uma das conselheiras da campanha, Neera Tanden, escrevia a John Podesta um e-mail titulado “os meus pensamentos” onde manifestava preocupações sobre a postura de Hillary Clinton perante este caso. “Eu sei que isto do e-mail não tem sido honesto. Eu sei muito que não. Mas eu temo que a incapacidade dela de dar uma entrevista e comunicar de forma genuína sentimentos de remorso e arrependimento está a tornar-se num problema de personalidade (ainda mais do que de honestidade)”, escreveu Neera Tanden.

 

“Ela precisa de fazer isto. Não vejo outra maneira de avançarmos até outubro”, concluiu.

 

 

Desde então, Hillary Clinton tem adotado uma postura de arrependimento sempre que este tema é referido em debates e nas (pouquíssimas) entrevistas e conferências de imprensa que tem dado.

 

 

Alguns jornalistas tinham relação próxima com equipa de Clinton

 

 

Pelo meio dos 50 mil e-mails da conta de John Podesta, alguns contam com a assinatura de jornalistas de política de alguns dos jornais mais conhecidos nos EUA. Nalgumas trocas de mensagens, pode ver-se como alguns jornalistas e a equipa de Hillary Clinton mantinham uma relação de proximidade, muitas vezes culminando no condicionamento do trabalho que saía a público.

 

 

Num e-mail escrito pelo jornalista Mark Leibovich, da revista do The New York Times, este entrega um conjunto de citações que retirou de uma entrevista que fez com Hillary Clinton, pedindo permissão para publicá-las à assessora de campanha Jennifer Palmieri. “Esta conversa foi bastante interessante… Adoraria ter a opção de usá-la”, escreveu o jornalista. No final, depois de uma troca de e-mails, a assessora limita o uso de algumas expressões e de citações inteiras. “Foi um prazer fazer negócios contigo!”, despediu-se Jennifer Palmieri.

 

 

Noutra ocasião, o jornalista Glenn Thrush, do site Politico, envia um e-mail a John Podesta com parágrafos que dizem diretamente respeito ao chefe de campanha de Hillary Clinton. A ideia do jornalista era ter aprovação para publicação daquelas partes em particular. “Por favor não partilhes ou digas a ninguém que eu fiz isto”, escreve o jornalista. “Diz-me se não f*di nada.”

 

 

Além do Wikileaks, também o site Intercept — fundado pelo jornalista Glenn Greenwald, conhecido por ter dado a conhecer os ficheiros de Edward Snowden — teve acesso a uma nota interna da campanha de Hillary Clinton escrita em janeiro de 2015, onde se dizia como “colocar uma história” num jornal por intermédio de um “jornalista amigável”. Em particular, é referido o exemplo de Maggie Haberman, do The New York Times. “Nós temos tido uma relação muito boa com Maggie Haberman do Politico [onde a jornalista trabalhou até fevereiro de 2015] durante o último ano”, lia-se naquela nota. “Ela já nos preparou algumas histórias no passado.”

 

 

Os discursos em Wall Street pagos a peso de ouro

 

 

Já durante as eleições primárias do Partido Democrata, Bernie Sanders insistiu várias vezes para que Hillary Clinton divulgasse as transcrições dos seus discursos pagos a peso de ouro em eventos privados de bancos de Wall Street e outras instituições financeiras — mais ou menos a mesma insistência que Hillary Clinton agora usa para exigir a Donald Trump que torne pública a sua declaração fiscal. De acordo com a CNN, Hillary e Bill Clinton fizeram 729 discursos pagos entre fevereiro de 2001 e maio de 2015. Em média, receberam 210 mil dólares por cada um.

 

 

Agora, as transcrições de três desses discursos foram tornadas públicos pela Wikileaks, que os encontrou nos e-mails de John Podesta. Nestas mensagens em particular, a equipa de Hillary Clinton destacou as partes que poderiam levar a interpretações negativas por parte dos seus adversários.

 

 

Num discurso de 2014, Hillary Clinton admitiu que está “algo distante” das preocupações da classe média. “Eu não estou a tomar posição em nenhuma medida, mas penso que há um sentimento crescente de ansiedade e até de raiva neste país por causa da ideia de que o jogo está combinado. E eu nunca senti isso quando era mais nova. Nunca”, disse.

 

 

Em 2013, referiu num discurso que “na política é preciso ter uma posição em público e outra em privado”. Esta citação tem sido usada contra Hillary Clinton pela campanha de Donald Trump, que estava a explicar à audiência os meandros da negociação política, recorrendo ao exemplo do filme “Lincoln” (2012), de Steven Spielberg, onde é demonstrado como o Presidente Abraham Lincoln conseguiu convencer várias congressistas a permitirem o fim da escravatura, consagrado na 13ª emenda da Constituição. “A política faz-se como as salsichas. É desagradável, sempre foi assim, mas no final de de contas por vezes chegamos onde temos de estar”, disse.

 

 

Noutra intervenção em 2014, Hillary Clinton disse que enquanto senadora pelo estado de Nova Iorque trabalhou “com muitas pessoas talentosas e com princípios que ganhavam a vida nas finanças”. De seguida, Hillary Clinton terá dito uma frase ambígua: “E embora eu os representasse [como senadora] e tivesse feito tudo o que pude para me assegurar de que eles continuavam a prosperar, eu apelei para que se fechassem alguns buracos legais e para que fosse tratada a questão do disparo dos salários dos diretores executivos”. Ora, aqui, se por um lado Hillary Clinton falou a favor de alguma regulação da banca, também é certo que não dá a ideia de ser a favor tanta quanto aquela que tem defendido desde o início das primárias e até aos dias de hoje.

 

 

 

Trump com ligações a rede internacional de lavagem de dinheiro

 

 

 

Um dos negócios do candidato republicano à Casa Branca, o multimilionário Donald Trump, tem múltiplas ligações a uma alegada rede internacional de lavagem de dinheiro, segundo uma investigação do diário Financial Times cujos resultados foram esta quarta-feira publicados.

 

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Títulos de propriedade, registos bancários e correspondência mostram que uma família cazaque acusada de branquear centenas de milhões de dólares roubados comprou apartamentos de luxo numa torre de Manhattan parcialmente pertencente ao Sr. Trump e envolveu-se em grandes empreendimentos comerciais com um dos sócios do magnata”, noticiou esta quarta-feira o FT.

 

 

A juntar às provas encontradas pelo jornal internacional de língua inglesa está o facto conhecido de Trump, após ter sofrido uma série de falências que fizeram com os que os bancos não lhe quisessem emprestar mais dinheiro, andar em permanente busca de sócios dispostos a financiar os edifícios que ostentam o seu nome.

 

 

O FT refere que “ao longo dos anos, o candidato presidencial norte-americano reuniu uma coleção eclética de financiadores e colaboradores, alguns com passados duvidosos, com ligações ao crime organizado ou a esquemas fraudulentos“.

 

 

Mas talvez o maior risco para o complexo e por vezes opaco império empresarial do Sr. Trump era que fosse utilizado para um fim que as autoridades norte-americanas temem se tenha generalizado no setor imobiliário do país: a lavagem de dinheiro sujo” escreve o FT.

 

 

Num momento em que Trump é candidato à Casa Branca, estas revelações levantam questões sobre que medidas adotam as suas empresas para garantir que os fundos que por elas passam são limpos, sublinha-se no texto.

 

 

Em janeiro deste ano, a então diretora do Departamento de Combate a Crimes Financeiros norte-americano, Jennifer Shasky Calvery, alertara que “autoridades estrangeiras corruptas ou criminosos transnacionais poderiam estar a usar o setor imobiliário de topo norte-americano para investir secretamente milhões de dinheiro sujo”.

 

 

Um ex-diretor de uma construtora que trabalhou com Trump acusou-o de “esquecimento intencional” quanto a pormenores sobre os negócios dos seus sócios. Mas um porta-voz da Trump Organization veio declarar que efetuava “extensas” verificações de antecedentes dos seus parceiros, contratando inclusive, para tal, investigadores externos.

 

 

Um desses sócios, a Bayrock, já antes tinha sido fonte de controvérsia, mas agora os pormenores da sua associação à família de Viktor Khrapunov, um ex-ministro da Energia do Cazaquistão e ex-presidente da câmara da cidade de Almaty, mostram que a Bayrock estava envolvida num alegado esquema de lavagem de dinheiro ao mesmo tempo que colaborava com Trump.

 

 

Advogados de Almaty disseram num tribunal norte-americano em março que Khrapunov e a sua família:

Conspiraram para saquear sistematicamente centenas de milhões de dólares de ativos públicos e para branquear os seus ganhos ilícitos através de uma complexa rede de contas bancárias e empresas de fachada, particularmente nos Estados Unidos”.

 

 

Viktor Khrapunov, que agora vive na Suíça, diz que está a ser atacado por se opor ao homem para quem trabalhava, o Presidente Nursultan Nazarbayev, o dirigente autoritário do Cazaquistão desde 1989, e os seus defensores afirmam que a fortuna da família Khrapunov vem do êxito nos negócios, não de desvio de fundos.

 

 

Segundo os especialistas, as leis que regulam os negócios imobiliários nos Estados Unidos são insuficientes, e as disposições contra o financiamento do terrorismo da Patriot Act, aprovada na sequência dos atentados do 11 de setembro de 2001, obrigaram as entidades de crédito à habitação a realizar investigação do tipo “conheça o seu cliente”.

 

 

Mas quem lava dinheiro paga em dinheiro, e transações como as dos apartamentos Trump Soho passaram por essa brecha, que só foi parcialmente colmatada este ano”, refere o FT.

 

 

Em janeiro, os Estados Unidos lançaram um programa piloto concebido para identificar os reais proprietários das empresas fachada usadas para comprar imóveis de luxo em Manhattan e Miami e, em julho, as autoridades indicaram que as novas regras corroboravam as suspeitas de que “aquisições em dinheiro de imóveis de luxo para habitação por uma entidade legal são altamente vulneráveis a abusos para lavagem de dinheiro“.

 

 

TPT com: CNN//Reuters// Washington Post//Yana Paskova//Tannen Maury//EPA//Financial Times//João de Almeida Dias//Observador// 19 de Outubro de 2016

 

 

 

 

 

Novo presidente da CGD vai ganhar 423 mil euros por ano. António Domingues optou por um conselho alargado

O novo presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai ganhar 423 mil euros anuais e os vogais executivos vão auferir 337 mil euros por ano, disse nesta terça-feira o ministro das Finanças no Parlamento.

 

 

O ministro das Finanças, Mário Centeno, está a ser ouvido na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, a requerimento do PSD para responder a questões sobre a CGD e a execução orçamental relativa a 2016.

 

 

Em resposta a uma questão do deputado social-democrata Duarte Pacheco sobre quais os salários auferidos pelo novo Conselho de Administração do banco público, Mário Centeno disse que o presidente do conselho de administração vai ganhar 423 mil euros anuais, que os vogais executivos vão auferir 337 mil euros por ano e que os vogais não executivos vão ganhar 49 mil euros anuais.

 

 

O governante explicou que “a política remuneratória dos administradores da Caixa corresponde à mediana no sector em Portugal”, uma métrica que, segundo disse, não influencia o mercado “nem no sentido de o inflacionar nem no de [estes salários] estarem fora do mercado”.

 

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Mário Centeno garantiu ainda que “a aplicação da regra anterior na determinação da remuneração destes mesmos membros [significa que] o custo total de remunerações seria superior”, comparando com o que é agora seguido.

 

 

A comissão executiva da CGD, cujos membros tomaram posse no dia 31 de agosto para o mandato de 2016 a 2019, é liderada por António Domingues, que ficou responsável, entre outras áreas, pela direcção de auditoria interna.

 

 

O conselho de administração da Caixa conta ainda com um vice-presidente não executivo (Emídio Rui Vilar), com seis administradores executivos (Emídio Pinheiro, Henrique Menezes, João Paulo Martins, Paulo da Silva, Pedro Leitão e Tiago Marques) e com três administradores não executivos (Angel Corcóstegui Guraya, Herbert Walter e Pedro Norton de Matos).

 

 

Com mais administradores, custos para a CGD disparam, pelo menos, 70%

 

O próximo Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), agora com 14 elementos (sete executivos), vai passar a contar com 19 membros, dos quais 12 são não executivos e dois recrutados no estrangeiro. A medida já está a levantar dúvidas dentro do banco, por implicar mais custos para a empresa.

 

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A CGD (que concorre no mercado em condições de igualdade com os outros bancos) é supervisionada pelo Banco Central Europeu (BCE) e obrigada a cumprir regras na composição dos órgãos sociais, nomeadamente, para assegurar a boa fiscalização da gestão executiva. E há várias alternativas para o fazer. À semelhança do que acontece noutros bancos de dimensão equivalente, António Domingues optou por um conselho alargado, com maioria de não executivos, para permitir a diversidade de pontos de vista e garantir que nas decisões relevantes prevalecem as opiniões independentes dos executivos.

 

 

Os supervisores recomendam ainda que se constituam pelo menos quatro comissões com independentes e não executivos: de governo; de nomeações e de avaliações; de auditoria e controlo interno; e comissão de risco. Estas estruturas podem emanar, ou não, do conselho. Hoje, os sete administradores não executivos da CGD distribuem-se por estas comissões, tarefa que será facilitada se o conselho for mais amplo.

 

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Há uma conclusão óbvia: maior número de administradores implica despesa acrescida para a CGD. A entrada de mais cinco não executivos, fará aumentar os custos neste grupo em, pelo menos, 70%. Isto, no pressuposto de que o nível de remunerações se mantém, o que não vai acontecer.

 

 

Hoje, a política de vencimentos dos gestores da CGD, está sujeita aos limites impostos pelo anterior Governo (calculados pela média dos últimos três anos): o chairman da CGD, Álvaro Nascimento, recebe 7704 euros por mês (mais de 107 mil em 14 meses), verba que para os restantes seis não executivos oscila entre os 1370 euros (19 mil euros ano) e 1826 euros (25 mil euros ano), consoante as funções que ocupam em comissões. Em conjunto, em 2015, os sete auferiram 242 mil euros. O valor imputado à comissão executiva é de mais de 1,2 milhões de euros. O salário mensal de José de Matos é de 16.500 euros (232 mil euros ano), enquanto os restantes executivos oscilam entre 8647 euros e 13.500 euros.

 

 

Caixa, o banco mais mal remunerado

 

 

 

A CGD sofre ainda hoje dos constrangimentos da ajuda estatal dos CoCos e, no sistema, é o banco mais mal remunerado. E esta é mesmo uma das matérias que Domingues exigiu alterar para ajustar os vencimentos à média do mercado, o que acentuará um acréscimo dos custos. Note-se que o presidente do Novo Banco, Eduardo Stock da Cunha, ganha 375 mil euros por ano e na EDP, como líder do Conselho Consultivo (não executivo), Eduardo Catroga recebe mais de 600 mil euros por ano.

 

 

Embora bem mais pequeno, o BPI tem 22 administradores, sete dos quais executivos. Este é um exemplo próximo de António Domingos. Em 2013, e antes de pagar o empréstimo público de 1500 milhões de euros de CoCos, o conselho levou para casa cerca de 2,7 milhões de euros, sendo que a fatia atribuída ao conjunto dos não executivos foi de 485 mil euros. O chairman, Artur Santos Silva, recebeu 79.600 euros: ao valor fixo de 63 mil euros, somaram-se 16.650 euros em senhas de presença. A verba pulou em 2015, após reembolso dos Cocos, para 159 mil euros.

 

 

No ano “das vacas magras” a remuneração fixa anual do CEO, Fernando Ulrich, foi de 29,4 mil euros mensais ou 412.609 euros anuais, que subiu para 462 mil euros em 2015. Nesse ano, o vice-presidente António Domingues recebeu 423 mil euros (mas em 2013 ganhou 378.225 mil). Em 2015, a administração do BPI auferiu 3,2 milhões de euros, 2,5 milhões atribuídos aos sete executivos.

 

 

TPT com: AFP//Cristina Ferreira//Filipe Arruda//Público// 18 de Outubro de 2016

 

 

 

 

O português Nuno Merino é o novo treinador da equipa de trampolins dos Estados Unidos

O antigo ginasta português Nuno Merino considerou este domingo que a sua escolha para treinador principal das seleções de trampolins dos Estados Unidos é o reconhecimento do seu trabalho e da ginástica portuguesa.

 

 

“A principal razão pela qual chego aqui é pelo trabalho que tenho vindo a desenvolver desde janeiro de 2013”, disse o antigo ginasta à agência Lusa, explicando que nos últimos três anos tem treinado o clube The Matrix Gym, em Huntsville, no Alabama.

 

 

Aos 33 anos, Nuno Merino, que deixou a competição em julho de 2012, pouco antes dos Jogos Olímpicos de Londres, prepara-se agora para ser o ‘chefe’ das duas principais seleções de trampolins dos Estados Unidos.

 

 

“Tudo o que seja em cima do trampolim sou eu que vou tomar as decisões, eu sou o treinador principal, mas no fundo vai haver um triângulo de liderança”, refere, explicando que existirão outras duas figuras envolvidas no processo.

 

 

O antigo atleta considera que a sua escolha para o cargo é também um reconhecimento da qualidade da ginástica portuguesa: “Tudo o que aprendi foi em Portugal, portanto acho que isto é um reconhecimento da ginástica portuguesa. Se não fosse o sistema português, a maneira como está estruturado e os treinadores que tive e tudo isso eu não seria quem sou hoje”.

 

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Nuno Merino, que foi sexto classificado nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, considera que o seu trabalho no clube de Huntsville foi reconhecido pela Federação de Ginástica dos Estados Unidos: “o meu trabalho tem sido notado e a federação percebeu que eu seria uma boa solução”.

 

 

O tomarense admitiu que a seleção de trampolins dos Estados Unidos ainda não está no topo mundial, mas tem muito talento para estar” e reconheceu que o seu novo desafio acarreta “uma enorme responsabilidade”.

 

 

“Eu apenas posso fazer o meu trabalho se as pessoas que lá estiverem tiverem uma mente aberta para fazer alterações, se não tiverem essa mente aberta nenhum treinador no mundo consegue fazer alterações”, referiu o antigo atleta, que em Portugal treinou um clube em Mem Martins.

 

 

Merino admitiu que a sua nova função é “um trabalho a longo prazo”, mas mostrou-se convicto de que nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 os Estados Unidos já podem ter uma boa representação. “Ninguém faz milagres de um dia para o outro, Tóquio já é só daqui a quatro anos mas, sem dúvida, que temos talento para estar bem representados”, referiu.

 

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Merino entende que Portugal tem um sistema de formação de treinadores melhor do que o norte-americano, e admitiu que parte do seu trabalho pode, também, passar por essa vertente.

 

 

“Aqui não existe um sistema de educação como temos em Portugal (…) é a falta de conhecimento que queremos combater e isso vai ser produtivo se conseguirmos ajudar os treinadores nas deteções de talentos”, frisou, lembrando a dimensão do país a enorme dimensão da base de recrutamento.

 

 

Merino, que foi dos primeiros atletas portugueses de alta competição a interromper os estudos para se dedicar ao desporto, começou a sua formação académica na área do treino, da qual acabou por desistir, sendo formado em aviação civil.

 

 

No entanto, o novo selecionador de trampolins dos Estados Unidos, que nunca se desligou do desporto, sublinhou: “Tenho as formações da federação portuguesa e todas as que são exigidas nos Estados Unidos. Gosto de saber sempre mais, de tudo”.

 

 

TPT com: AFP//Reuters//Lusa//Observador//16 de Outubro de 2016

 

 

 

 

Há uma jogadora europeia entre as 20 melhores do basquetebol americano. E é portuguesa

A WNBA, campeonato profissional de basquetebol feminino dos EUA, celebra esta época o seu 20.º aniversário. Nesse âmbito, fez uma lista com as 20 melhores jogadoras a pisar os pavilhões desde os primórdios de competição. Nesse grupo, só está uma jogadora europeia: é portuguesa, nasceu na Figueira da Foz e chama-se Ticha Penicheiro.

 

 

A WNBA, campeonato profissional de basquetebol feminino dos EUA, celebra este ano a sua 20.ª época de existência e, “à americana”, decidiu elaborar uma lista com as vinte melhores jogadoras que pisaram os seus pavilhões nestes vinte anos. Dessas vinte, dezoito são norte-americanas, uma é australiana e outra é europeia, mais precisamente portuguesa. “Tem um significado grande”, conta Ticha, diretamente dos EUA onde agora é agente desportiva. “Olho para trás e vejo a minha infância a crescer na Figueira da Foz, em Portugal, a jogar basket de rua com os rapazes e nem nos meus maiores sonhos podia imaginar que iria jogar 15 anos da WNBA e ser uma das jogadoras destacadas neste 20.º aniversário”. Por tudo isto, Ticha considera que “às vezes parece um pouco surreal, mas é definitivamente uma grande honra”, realçando ainda a importância do trabalho para chegar a este nível e, claro está, toda a ajuda que teve de “treinadores, companheiras de equipa e, acima de tudo, da família”.

 

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Tendo em conta a relevância que a WNBA tem no panorama basquetebolístico mundial, sendo uma espécie de “casa” para as melhores jogadoras do mundo (um pouco como a NBA), será possível dizer que esta distinção faz de Ticha Penicheiro uma das 20 melhores jogadoras de basquetebol de sempre? “Eu penso que contribuí bastante para o desenvolvimento da Liga” e, ainda que nunca tenha vencido títulos relevantes por Portugal, esta distinção é acima de tudo o “reconhecimento do trabalho e de quase uma vida dedicada ao desporto e ao basquetebol”, pelo que ver esse “esforço reconhecido é uma grande satisfação”.

 

 

Quinze anos de carreira na WNBA são equivalentes a muitas recordações. Mas entre títulos, nomeações e prémios, Ticha destaca que o que fica “são as amizades que se fazem e as memórias que se vão criando ao longo dos tempos. Tenho amizades com jogadoras com quem joguei e com muitas que defrontei e isso fica para toda a vida”. E, vá lá, “algumas fotografias e vídeos”, ainda que estes últimos sejam difíceis de ver “porque já não há VHS (risos)”.

 

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Quanto ao impacto que esta nomeação pode ter na modalidade em Portugal, Ticha Penicheiro acredita que, apesar de tudo, não terá assim tanta influência. “A mentalidade portuguesa continua muito virada para o futebol e quem gosta de basket é porque pratica ou por influência ou proximidade familiar.” De qualquer das formas, a ex-jogadora mostra-se contente com a decisão da Federação Portuguesa de Basquetebol de criar “um canal (online) para emitir jogos, porque isso é importante e parte daí” o fomento de uma cultura de basquetebol no país. De qualquer das formas, admite que, não obstante o diminuto impacto, o seu caso pode ser considerado “um bom exemplo” porque “mesmo nascendo em Portugal e não tendo as condições que outros países têm ao nível do basquetebol feminino, se me aconteceu a mim, pode acontecer a qualquer um”.

 

 

Uma portuguesa na WNBA (mas não só)

 

 

Corria o ano de 1998 quando Patrícia Penicheiro – Ticha, como ainda é conhecida no mundo do basquetebol – pisou pela primeira vez o pavilhão das (entretanto extintas) Sacramento Monarchs, equipa da WNBA. A competição (uma espécie de versão feminina da NBA, principal competição de basquetebol dos EUA e, muito provavelmente, do mundo) tinha sido criada um ano antes, para ocupar o espaço temporal entre o final e o início das temporadas da competição masculina. Ticha Penicheiro, a estudar na Universidade de Old Dominion, é selecionada no draft (processo em que as equipas dos principais campeonatos profissionais de desporto dos EUA escolhem, de acordo com uma ordem previamente sorteada, os melhores desportistas universitários ou de fora dos EUA) pela equipa de Sacramento e começou aí uma das mais belas carreiras do desporto português.

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Foram quinze as épocas que Ticha Penicheiro passou na WNBA: doze nas Sacramento Monarchs (pelas quais venceu um título de campeã, em 2005), duas nas Los Angeles Sparks e uma nas Chicago Sky. Pelo caminho, liderou a liga em assistências em sete dessas épocas, foi escolhida quatro vezes para o All-Star Game (jogo que reúne as jogadoras preferidas do público) e duas vezes para a equipa do ano. Adicionalmente, é ainda a recordista da WNBA em assistências, ou seja, a jogadora que, durante os 20 anos de competição, mais passes para cesto fez, bem como a segunda com mais roubos de bola.

 

 

Paralelamente, e porque a competição da WNBA decorria apenas durante a paragem da NBA, Ticha Penicheiro jogou ainda na Polónia (Lotos Gdynia), Itália (Basket Parma, Geas Basket e PF Umbertide), Rússia (UMMC Ekaterinburg e Spartak Moscow, por quem venceu a Euroliga, uma espécie de Liga dos Campeões basquetebolística), França (Valenciennes), Letónia (TTT Riga), República Checa (USK Praha), Turquia (Galatasaray) e, claro está, Portugal (Algés). Uma verdadeira trota-mundos, portanto.

 

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Para terminar, cumpria recordar as comparações com jogadores da NBA que sempre a acompanharam ao longo da carreira: Jason Williams (seu “companheiro” em Sacramento e que passou grande parte da carreira ao serviço dos Kings, equipa masculina da cidade), Jason Kidd e, claro, Magic Johnson (este último considerado por muitos um dos melhores jogadores de sempre). “São três jogadores que jogavam na mesma posição que eu e que tinham aquela ginga ou aquele toque de magia que eu também tinha”. E será que essas comparações a incomodam? “Acho que ser comparada com o Magic Johnson não é nada mau (risos)”.

 

 

Este país não é para basquetebol

 

 

Portugal é um país de futebol. As outras modalidades existem – é um facto – mas vão sobrevivendo um pouco à sombra do chamado “desporto-rei”, ainda que com algumas exceções aqui e ali (o caso do futsal e do seu crescimento nos últimos anos é evidente). Por tudo isto, não é errado dizer que o basquetebol nunca atingiu grande mediatismo no nosso país. Provavelmente, se fizermos um rápido vox-pop pedindo o nome de um jogador português de basquetebol, a maioria das pessoas que conseguisse responder mencionaria Carlos Lisboa, antiga glória do Benfica e seu atual treinador. Lisboa é, muito provavelmente, a principal referência do basquetebol português, uma espécie de Eusébio dos pavilhões. Mas isso só é verdade se olharmos para o desporto numa perspetiva masculina. Como prova a história de Ticha Penicheiro.

 

 

TPT com: Reuters//NYT//WP//Público//Observador//WSJ// 16 de Outubro de 2016

 

 

 

 

Nóbel da Literatura 2016 vai para o músico norte-americano Bob Dylan

Horas depois de a academia sueca lhe ter atribuído um surpreendente e polémico Nobel da Literatura, Bob Dylan subiu ao palco em Las Vegas para mais um concerto. A primeira aparição pública depois do prémio era aguardada com expectativa, mas sobre o Nobel houve zero comentários, conta o enviado a Las Vegas do jornal The Guardian.

 

 

No The Chelsea at The Cosmopolitan, em Las Vegas, Bob Dylan mal  falou com a audiência, conta o Guardian. E perante o pedido repetido de mais canções, o músico norte-americano fez apenas um breve encore, cantando Why Try To Change Me Now de Frank Sinatra.

 

 

Na passada sexta-feira à noite, Dylan esteve em Indio (Califórnia) para mais um concerto da sua Never Ending Tour [“Digressão Interminável”], iniciada em meados dos anos 1980.

 

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O silêncio de Dylan imperou também para a Academia Sueca. Em declarações à AFP, o director administrativo, Odd Zschiedrich, contou que a Academia Sueca falou com o agente e responsável pela digressão do músico, mas não conseguiu ainda falar com o vencedor do Nobel, como faz com todos os distinguidos.

 

 

De acordo com Bob Neuwirth, músico e amigo do cantor,  no que diz respeito a prémios e distinções, o novo Nobel da Literatura é discreto e “pode nem mesmo agradecer”, conta ao Washington Post.

 

 

Caso escolha não aceitar o prémio, Dylan não será o primeiro a fazê-lo. Em 1964, o filósofo francês Jean-Paul Sartre recusou o Nobel da Literatura, não recebendo, à época, as 273 mil coroas suecas de prémio.

 

 

Dylan tornou-se na quinta-feira o primeiro norte-americano a ganhar o prémio desde Toni Morrison, em 1993. Mais relevante, porém, é o facto de, depois de vários anos em que o seu nome foi avançado como possível vencedor, a atribuição do Nobel a Dylan servir como legimitação literária da canção popular, de que o cantor de Blowing in the wind é um dos maiores representantes. Não por acaso, Sara Danius, Secretária Permanente da Academia Sueca, reconhecendo que a distinção de alguém cujo ofício é o das canções pode ser controverso, manifestou a esperança de a Academia não ser criticada pela escolha.

 

 

Tecnicamente, esta não é a primeira vez que um músico é distinguido com o Nobel da Literatura. Em 1913, o indiano Rabindranath Tagore recebeu a distinção. Tagore, que, curiosamente, morreu no ano do nascimento de Dylan, foi não só um escritor destacado na literatura indiana, enquanto romancista, poeta e dramaturgo, mas também um pintor de reconhecido mérito e um compositor que assinou mais de duas mil canções nos seus 80 anos de vida. Bob Dylan, porém, é o primeiro Nobel da Literatura cujo ofício se centra num campo exterior ao literário. Isso explicará não só a surpresa com que o anúncio do prémio foi recebido, mas também a polémica que se desencadeou entre os que defendem e os que questionam a justiça da distinção.

 

 

 

Bob Dylan não merecia

 

 

 

Bruno Vieira Amaral escreve que este prémio é um manguito a todos os grandes escritores norte-americanos dos últimos 40 anos. Roth, McCarthy, DeLillo e Pynchon foram ultrapassados de moto por Dylan. De referir que Bruno Vieira Amaral é crítico literário, tradutor e autor do romance As Primeiras Coisas, vencedor do prémio José Saramago em 2015.

 

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Vi em direto o anúncio do vencedor do Prémio Nobel da Literatura: “strodmondstalet eigvarna literature prize vöng Bob Dylan…”. Quase caí da cadeira. “strodmondstalet eigvarna”????? Estes gajos só podem estar a gozar. Mas pronto. Quanto ao vencedor, acho bem. Também acho um bocado mal. Enfim, ainda não sei. Foi, sem dúvida, uma escolha corajosa. No ano em que pela segunda vez o prémio foi anunciado por uma mulher, a Academia mostrou ter tomates. Ou então que, lá dentro, estavam todos sob o efeito daquelas cenas que o Bob fumava.

 

 

Mais do que qualquer outra coisa – e o que, em menos de três horas, já se disse sobre o papel da Academia Sueca na destruição das barreiras da literatura daria para encher várias bibliotecas, ou discotecas – este prémio é um manguito a todos os grandes escritores norte-americanos dos últimos 40 anos. Philip Roth, Cormac McCarthy, Don DeLillo, Thomas Pynchon, geralmente apontados como possíveis galardoados foram ultrapassados pela direita, de moto, por Dylan. Há uns anos, um membro da academia criticava a literatura norte-americana por ser demasiado “insular”, umbiguista. Escolher Bob Dylan à frente de todos os outros é o mesmo que lhes dizer: “estão a ver o que é ser universal?” Recorde-se que Toni Morrison tinha sido a última norte-americana a receber o Nobel, há vinte e três anos.

 

 

Agora, a sério. Bob Dylan? É verdade que já tinha sido apontado várias vezes como um dos favoritos, mas era uma espécie de brincadeira paralela e secundária. Ninguém levava isso muito a sério até porque nenhum outro letrista, talvez à excepção de Leonard Cohen, era apontado como potencial nobelizado. E o que não falta são grandes letristas. A história do século XX está cheia deles. Claro que, sendo discutível, se pode dizer que Bob Dylan está noutro patamar. Tudo bem. Porém, repare-se nos nomes que o acompanham quando se trata de escolher os melhores autores de letras da música anglo-saxónica, de acordo com uma votação num site manhoso: John Lennon, Eminem, Roger Waters, Elliot Smith, Kurt Cobain, Neil Young, Tupac Shakur, Robert Plant e Freddie Mercury.

 

 

Pronto, talvez não seja a melhor lista, mas mesmo uma que inclua Bruce Springsteen, Nick Cave, Jarvis Cocker e Jay-Z, ou Joni Mitchell, Fiona Apple e Suzanne Vega, não fornece nenhum nome que possa algum dia vir a estar nas cogitações da Academia. Já para não falar que uma lista de potenciais letristas nobelizáveis seria ainda mais “ocidentalizada” do que é habitual: ou alguém consegue imaginar o Nobel ir para aquele grande letrista checo? Ou para um grande baladeiro turco? Ou para um tipo que renovou a grande tradição musical da África Ocidental? Ou para, por exemplo, Chico Buarque? E, na minha modesta opinião, a opinião de quem não faz parte da Academia, Chico Buarque é um letrista superior a Bob Dylan.

 

 

A Academia é muitas vezes criticada por atribuir o prémio a escritores desconhecidos, daqueles com nomes impronunciáveis, quando esse talvez seja o efeito mais positivo do Nobel: o de permitir que alguns grandes escritores com pouca ou nenhuma repercussão internacional vençam as barreiras de um mercado editorial cada vez mais dependente das “descobertas” recomendadas pelo mundo anglo-saxónico. Nesse sentido, atribuir o prémio a Bob Dylan é um desperdício, uma espécie de parênteses em que a Academia preferiu celebrar-se a si própria e à sua veia provocatória, naquele género de provocação passivo-agressiva em que o galardoado é um mero instrumento de agressão. Portanto, mais do que lhe atribuir o prémio, a academia atirou-lho à cabeça. E o grande Bob Dylan não merecia.

 

 

 

Bob Dylan está do lado certo da história

 

 

Telmo Rodrigues, autor das teses “Bob Dylan: Música com Poesia” e “For a Lark: The Poetry of Songs”, escreve sobre o novo Nobel da Literatura, “um dos escritores mais importantes das últimas décadas”, referiu o seguinte:

 

Bob Dylan acaba de ganhar o Nobel da Literatura e os livros que escreveu não o qualificariam para o prémio, com certeza: a qualidade deTarântula é, na melhor das hipóteses, dúbia e as Crónicas, excelentes como são, não constituem matéria suficiente para explicar o prémio literário. Seguir-se-ão nas próximas semanas, portanto, um conjunto de invectivas contra a Academia Sueca premiar um “não-escritor”, em detrimento de outros que realmente escrevem livros e que mereciam mais (um nome desconhecido da maioria das pessoas seria certamente menos polémico e deixaria muitos felizes). Contudo, se há uma virtude na atribuição deste prémio, que seja o facto de algumas pessoas se poderem hoje escandalizar com um assunto literário.

 

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Há muitos anos, num artigo de opinião de um crítico de música português, publicado em vésperas da atribuição do Nobel, argumentava-se que se Bob Dylan era candidato ao prémio, teríamos de abrir a possibilidade a outros cantores, muito mais próximos daquilo a que chamaríamos “poetas”; se era para dar o Nobel a um cantor, certamente que Leonard Cohen, com obra poética publicada, seria mais consensual. Nesse texto ecoavam os rumores de que Dylan seria um candidato forte ao Nobel desse ano, uma pretensão que tinha vindo a ganhar força desde a década de 90, quando o professor Gordon Ball começou a sua demanda por aquilo que achava ser o necessário reconhecimento do génio de Dylan (uma demanda a que se juntaram muitos mais nomes durante os anos seguintes, em particular o do eminente Christopher Ricks). Duas décadas depois a Academia reconhece que Dylan é um nome incontornável: mas será mesmo um escritor?

 

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Uma defesa rápida, mas desajeitada, de Dylan escritor seria incluí-lo numa história muito antiga de tradição oral, onde textos que circulavam apenas oralmente são hoje tratados por especialistas, que recolhem e conservam as várias versões de um mesmo poema. Esta tradição não esquece, obviamente, a relação de dependência que a poesia e a música mantiveram até pelo menos à altura do Renascimento, altura em que começaram a tornar-se independentes uma da outra. Defender Dylan como apenas mais um nome nesta linhagem é válido, como antologias poéticas têm feito nos últimos anos, incluindo-o ao lado do de Pete Seeger, por exemplo, em secções com títulos tão vagos quanto “Cultura Folk” (curiosamente, há uns anos, ignoravam-se estas distinções e na secção de poesia contemporânea apareciam textos de Dylan e de John Lennon e Paul McCartney). Mas pô-lo nessa lista parece pôr de lado a originalidade e alguma da produção lírica mais inventiva que se viu nas últimas décadas, seja no seu período áureo nos anos sessenta (Bringing it All Back Home, 1965;Highway 61 Revisited, 1965; Blonde on Blonde, 1966), seja com a obra-prima dos anos setenta (Blood on the Tracks, 1974), seja com as obras-primas posteriores, como, por exemplo, Oh Mercy (1989) e Time Out of Mind (1997).

 

 

Uma segunda defesa de Dylan escritor, mais técnica, seria notar que as canções estão cheias de referências literárias e que isso denota preocupações típicas de escritores; mas preocupações literárias não originam necessariamente textos literários, maus ou bons, e não é por isso que Dylan é mais interessante. Esta defesa não coloca questões sobre a natureza dos textos, considerando simplesmente que letras de canções têm validade enquanto poemas; muitos dos fãs mais acérrimos de Dylan acham que é assim que se deve tratar a obra do autor, na busca incessante de segundos sentidos e referências autobiográficas — criou-se até uma “ciência” dedicada ao estudo de tudo o que diz respeito à vida do cantor: a Dylanologia.

 

 

Para quem gosta apenas de ouvir Dylan, em sentido inverso, falar do cantor enquanto poeta não passa de heresia e pôr uma canção de Dylan no papel e tentar decifrá-la é diminuir toda a sua magia. Provavelmente estarão certos, como provam os milhares de versões de Dylan que circulam: por muito bom compositor que Dylan seja, e muitos ficaram famosos a cantar canções suas, uma canção de Dylan requer a voz de Dylan, as modelações vocais únicas que este lhes introduz (e que fazem da sua voz, ao contrário do que muitos detractores consideram, um portento de técnica). Para estas pessoas, poesia é uma coisa que fica apenas no papel e não pode capturar uma essência particular de Dylan que só pode ser apreendida pela audição; só num sentido muito abrangente de poesia, em que toda a arte sublime é um acto poético, é que Dylan poderia ser considerado poeta.

 

 

Em 1983, Dylan escreve “Blind Willie McTell”, uma canção que só seria editada em 1991 (The Bootleg Series Volumes 1–3, 1991) — provavelmente um dos momentos maiores da carreira. Aí, reproduzindo uma estrutura clássica de canção folk, Dylan cantava sobre um conjunto de lugares comuns nas canções da folk americana, coisas que está a ver e a ouvir e que incluem a toponímia e o ambiente que esperaríamos encontrar nesse tipo de canções. Depois, na última estrofe, Dylan menciona que vê e ouve estas coisas da janela do hotel St. James, numa referência à canção popular “St. James Infirmary”. Nesse movimento de se pôr à janela de um hotel que era simultaneamente uma referência a outra canção, Dylan inclui-se a ele próprio entre todas as coisas que fazem parte daquilo que é a tradição americana. Ora, esse movimento parece ganhar hoje, mais do que nunca, relevância, uma vez que com este prémio Dylan vê reconhecido o seu lugar numa tradição literária americana à qual, independentemente de o considerarmos escritor ou não, pertence indelevelmente.

 

 

Aquilo que este Nobel representa não pode ser visto, assim, como mais do que o reconhecimento de uma carreira que tem estado sempre ligada à literatura, quer pela relação que manteve desde cedo com a poesia Beat, quer pela relação que foi mantendo, e ampliando ao longo dos anos, com uma tradição popular americana que reproduziu nos vários discos que foi (e vai) editando. Essa relação de Dylan com a literatura torna claramente infundados os receios de que agora qualquer pessoa esteja apta a vencer um Nobel da Literatura; aliás, a relação entre música e poesia é demasiado evidente para aceitarmos esse tipo de cinismo.

 

 

O que se segue, então, a Dylan ter ganhado este prémio? Em primeiro lugar, justiça seja feita: se algum cantor merecia o prémio, Dylan era certamente o mais merecedor. Mas para quem gosta de Dylan, e acha que o prémio é justo, este não significa nada mais do que umas semanas de incómodo: pessoas que não gostam de Dylan farão piadas sobre o Nobel da Literatura não escrever livros ou sobre outros possíveis candidatos (e, conforme a qualidade humorística de quem se pronunciar, seguir-se-ão um conjunto de nomes distintos) que nos farão encolher os ombros e franzir o sobrolho. Depois regressará tudo ao normal: continuaremos a ouvir Dylan com a reverência que sabemos que merece e conservaremos a mágoa por não conseguirmos convencer mais pessoas de que este é um dos escritores mais importantes das últimas décadas.

 

 

 

E agora, o que será deste prémio depois de Bob Nobel?

 

 

 

De cada vez que alguém usa a frase “Times they are a changin’” para ilustrar os novos rumos da Academia Sueca, morre uma foca bebé de desnutrição.
Hoje fomos quase todos apanhados de surpresa com a atribuição do Prémio Nobel de Literatura a Bob Dylan mas convém não abusar dos paralelos entre realidade e êxitos do pop rock.

 

 

Comecemos pela nacionalidade. Dylan é norte-americano, o que reforça a perplexidade, sabendo-se que a Academia diz dos autores daquele país o que o Abu Bakr Al-Baghdadi não diz da entremeada. Mais. Dylan não é um escritor, é apenas um cantautor, poeta e sósia da Cate Blanchett, mas verdade seja dita, já andava há anos nas listas das casas de apostas que adoram especular com este galardão. Por alguma razão, a literatura é um dínamo de sedução mediática. Cria muitas expectativas, contribui para a sociedade do espectáculo, obriga as televisões à realização de directos a partir de livrarias e transforma anónimos em especialistas instantâneos. “O Dylan? Pffff, quem é o Dylan ao pé do Thiong’o?”

 

 

A verdade é que está aberto um novo paradigma nesta categoria do prémio que concentra todas as atenções. Depois da escolha de Svetlana Alexievich, uma repórter, temos agora um, digamos, músico. Escreveu com fartura, de facto, fez rimas, que fez, mas aposto um dedo mindinho em como o CAE do IRS de Bob Dylan atesta isso mesmo. Músico. O que faz com que se abra toda uma Caixa de Pandora da história contrafactual. E se tivessem escolhido outro músico? Quem seria merecedor da distinção? Aqui deixo algumas sugestões:

 

 

Nick Cave

 

 

Seria a escolha acertada do zeitgeist, do espírito do tempo. Acabado de lançar um álbum nascido de um luto profundo, Cave conquista muitos corações, extravasando largamente o universo indie onde começou por fazer carreira. Se Dylan tem “Knockin on Heaven’s Door”, Cave já entrou por ele adentro. Foi capaz de transformar-se sucessivamente, tem espiritualidade e sensibilidade para dar e vender e até já publicou livros, imagine-se. “I had a dream, Joe”. Se era o Nobel, esquece.

 

 

Leonard Cohen

 

 

O poeta por excelência. O cúmulo do charme. O Kilimanjaro da elegância. Ainda por cima, nas palavras do próprio, está pronto para morrer, situação que normalmente favorece a atribuição dos melhores prémios de carreira. À semelhança de Cave, também escreveu romances, mas o novo mindset da Academia Sueca parece apontar noutra direcção. Vantagem que poderá brandir num futuro próximo: é norte-americano, mas do Canadá.

 

 

Chico Buarque

 

 

Quando se soube da atribuição do prémio a Bob Dylan, metade dos portugueses suspiraram “Oh pá, ainda se fosse o Chico”. A outra metade estava mais preocupada em manter-se afastada de Aguiar da Beira. Chico Buarque é, digamos, um génio das letras, agrupadas no formato canção ou em páginas umas a seguir às outras, como costuma acontecer nos romances. Que, assinale-se, Buarque está farto de publicar, o que à luz do novo paradigma, não lhe traz vantagem nenhuma. Enfim, se me perguntassem, eu diria que a odisseia de “Geni e o Zepelim” vale por qualquer livro do senhor Odysseas Elytis. Quem? Exacto.

 

 

Sérgio Godinho

 

 

Clássico puxar de brasa à nossa sardinha, a verdade é que Sérgio Godinho não fica a dever nada a Bob Dylan. Godinho canta há décadas a condição humana, o amor e os desencontros, a transgressão e o desamparo, a luz e as trevas. É um mestre com as palavras e, no ano em que se assinalam os 500 anos da Utopia de Thomas More, seria só justo atribuir o prémio ao autor de “Liberdade”. Afinal, haverá utopia maior do que conseguir manter a paz, o pão, a habitação, a saúde e a educação, num período de assalto fiscal? Uma nota: convém que a casa não tenha boas vistas. Caso contrário, não há Prémio Nobel que lhe sustente o IMI.

 

 

Marcelo sobre Bob Dylan: “The Times They Are a-Changin’”

 

 

O Presidente da República já comentou a atribuição do Nobel da Literatura a Bob Dylan considerando-a um “sinal claro de que os tempos estão a mudar”, numa referência à canção “The Times They Are a-Changin’”.

 

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Marcelo Rebelo de Sousa escolheu esta canção de Bob Dylan, que saiu num álbum com o mesmo nome em 1964, para título da mensagem que divulgou na página da Presidência da República na Internet, em reação à distinção do compositor e cantor norte-americano.

 

 

“O Presidente da República, evocando a sua juventude, não pode deixar de se associar a esta homenagem, inesperada mas significativa, com a atribuição do prémio Nobel a Bob Dylan, alguém que para além da riqueza das suas letras se notabilizou pelas sua músicas, sinal claro de que os tempos estão a mudar…”, lê-se na mensagem.

 

 

Dylan, de 75 anos, foi distinguido por “ter criado novas expressões poéticas no âmbito da música norte-americana”, de acordo com a secretária-geral da Academia Sueca, Sara Danius.

 

 

 

TPT com: AFP//CNN//Reuters//Lusa//Telmo Rodrigues//Público//Observador// 16 de Outubro de 2016

 

 

 

 

 

Amália Rodrigues foi mais uma vez evocada em New Jersey por duas gerações de fadistas

Eram mais de uma centena as pessoas que participaram na noite em homenagem a Amália Rodrigues que teve lugar no Salão Nobre da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Elizabeth, estado norte americano de New Jersey.

 

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Uma noite de fado e poesia que abriu uma janela, por onde o público presente pôde lançar um olhar, sobre a alma lusófona.

O empenho na realização desta noite fadista está a cargo dos membros da “Amália Foundation-USA” que celebraram no dia 1 de Outubro a sua 17ª edição.

 

 

 

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Na foto (esq/dir.), Glória de Melo, Mário Marques, Elília Silva, Maria João Ávila, Lídia Maio e Margareth de Jesus.

 

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Participaram neste convívio várias figuras ligadas ao associativismo e ao empresariado, das cidades de Newark e Elizabeth, New Jersey, e ainda o Conselheiro das Comunidades Portuguesas Bruno Machado e Fernando G. Rosa (na foto),  Director Executivo da Portuguese-American Leadership  Council of the United States (PALCUS), uma organização fundada em 1991 em Washington, DC, e que entre as suas várias missões intervém  junto dos órgãos do poder americano em assuntos de interesse para as comunidades luso-americanas.

 

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Este evento mostrou ser também mais uma forma de promover o desenvolvimento da auto-estima das pessoas presentes servindo para criar um vínculo de diálogo e aproximação saudável entre pessoas.

 

 

E não é por acaso que a “Amália Foundation-USA”, presidida pelo Monsenhor João Antão, continua a manter a força e o ânimo, de ano para ano.  E já lá vão dezassete!.

 

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A juventude começa a juntar-se e a mostrar  que são mais braços que se juntam na luta por uma sociedade nova e que dão esperança e confiança para o trabalho futuro, conscientes de que só com experiências partilhadas e a união de todos, é possível construir uma nova sociedade.

 

 

Bruno Machado (à esquerda na foto), Conselheiro das Comunidades Portuguesas de New Jersey, que também esteve presente nesta noite em homenagem a Amália Rodrigues, refere que “é importante auscutar a juventude”. Em conversa com o The Portugal Times, o conselheiro Bruno Machado fez questão de lembrar que “todos sabemos que o futuro do mundo está nas mãos da juventude de agora. Mas, poucos, porém, são aqueles que ajudam ou se dispõem a orientar a juventude na área da família, da cultura e do conhecimento. Assim, incentivar os nossos governantes para a construção de políticas de juventude é um dos grandes objetivos deste meu mandato”, referiu.

 

 

O Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) é o órgão consultivo do Governo para as políticas relativas à emigração e às comunidades portuguesas no estrangeiro.

O CCP é composto por um máximo de 80 membros, eleitos pelos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro que sejam eleitores para a Assembleia da República.

 

 

Apesar de reconhecer os esforços empreendidos pelo governo português na resolução das dificuldades apontadas, Bruno Machado considerou necessário melhorar os programas destinados à juventude, para que a mesma beneficie um maior número de cidadãos portugueses e luso-americanos.

 

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E como estava programado na noite fadista, os convidados para além de colocarem “a conversa em dia” participaram também no animado e tradicional jantar convívio, sempre presente em todas as manifestações fadistas levadas a efeito pela “Amália Foundation-USA”.

 

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A existência de um bom grupo de amigos e as relações que se cultivam entre eles são, sem dúvida, um meio excelente para aprofundar e desenvolver os factores de satisfação e de realização.

 

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E enquanto o convívo decorria e se esperava pelo espectáculo, fortaleciam-se os laços familiares e buscava-se uma reaproximação e melhor convívio.

 

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Este clima viveu-se, com maior ou menor intensidade, no Salão Nobre da Igreja de Nossa Senhora de Fátima de Elizabeth, fomentando o convívio entre as pessoas presentes.

 

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Nesta noite fadista estiveram também vários empresários conhecidos na comunidade, que tiveram a oportunidade de falar sobre a sua atividade profissional e decerto, de que tipo de clientes procuram.

 

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À volta da mesa e na escolha e degustação do que se come e do que se bebe iam-se cimentando amizades e o ambiente de camaradagem, e franco convívio, fortaleciam o bem-estar e a saúde de cada um.

 

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A comida de qualidade e trabalhada de forma especial pelo Restaurante Valença, de Elizabeth, com base em ingredientes típicos portugueses, onde não faltou o bom vinho e o indispensável caldo verde, a todos deixava satisfação.

 

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Depois do jantar, que foi abençoado pelo padre António Nuno Gonçalves Rocha, da Igreja de N.S. de Fátima de Elizabeth, as luzes escureceram. O silêncio inundou o salão e os músicos da noite ocuparam os seus lugares. José Silva, na guitarra, Viriato Ferreira, na viola  e Pedro Pimentel, no violoncelo, mostraram-se preparados para acompanhar duas gerações de “fadistas”. Faziam parte do elenco: Glória de Melo (que declamou poesia); Diana Mendes; David Couto; Sara Barcelos; Pedro Botas; Alexandra Marques; João Machado; Eduarda Gonçalves; José Ribeiro; Francisco Chuva e Emília Silva.

 

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E à hora marcada, os artistas estavam prontos para o início à 17ª Noite de Fados da “Amália Foundation-USA”. Um exemplo de que a comunidade portuguesa dos Estados Unidos, continua a homenagear Amália Rodrigues e a sua obra, bem como a preservar e a divulgar com carinho, as raízes culturais portuguesas do lado de cá do Atlântico.

 

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Mário Marques (na foto) e Maria João Ávila, deram as boas vindas a todos os presentes em nome da “Amália Foundation-USA” e para além de historiarem a criação desta Fundação, fizeram as apresentações “da praxe” e dos “artistas” da noite.

 

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Diana Mendes foi a primeira a cantar e iniciou a sua interpretação com “Fadinho Serrano” . Promete continuar a trabalhar nos temas que canta e agradece a todos os que acreditam com ela na intensidade dos seus sonhos e no Fado.

 

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David Couto, mostrou no seu canto que o  fado não é só a noção trágica da vastidão do universo.

Entregando-se por completo ao voo do espírito entre as asas da melodia, David Couto atinge com o seu timbre momentos de sublimes harmonias vocais cujo registo nos faz mergulhar na tristeza e na amargura, como nos enaltece num tema cheio de amor e alegria.

 

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Seguiu-se Sara Barcelos, uma jovem de 14 anos, que através de uma voz bonita, possante e afinada, fez um bom espectáculo e deixou antever o nascimento de um novo talento fadista na comunidade luso americana de New Jersey.

 

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Pedro Botas, mostrou no seu canto que o fado é, por excelência, o produto de um sentimento próprio, que não se explica, mas que se sente.

Para o jovem fadista Pedro Botas, foi graças à educação e ao ambiente familiar que aprendeu a amar o fado, desde cedo. Possuidor de uma voz de irrepetível sentimento esteve bem perante o público.

 

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Alexandra Marques, deu a entender que o seu universo musical aposta numa sonoridade influenciada pela matriz tradicional mas que avança, também, sobre um ambiente musical mais contemporâneo que transita pelo fado.

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A “veterana” Eduarda Gonçalves, que também cantou “Não Sou Fadista de Raça”, soube em cada verso vislumbrar os ângulos secretos da alma, pois que, mesmo estando “tristonha” devido às vississitudes da vida saiu a cantar. Com boa colocação de voz e afinada, Eduarda Gonçalves mostrou que está uma fadista diferente na interpretação e no sentimento dado às palavras dos poetas.

 

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José Ribeiro, veio do estado de Rhode Island. Têm como capital a cidade de Providence, e é um dos estados da Nova Inglaterra, Costa Leste.  Amante dos “serões fadistas”, tem actuado em vários lugares dos Estados Unidos, também acompanhado pelos músicos de hoje (José Silva, Viriato Ferreira e Pedro Pimentel). O seu gosto pelo fado, também pelo fado brejeiro e o respeito pela patrona da “Amália Foundatin-USA” trouxe-o até Elizabeth onde, com um gingar de palavras, conquistou gargalhada atrás de gargalhada!

 

 

Devido ao seu estilo musical, José Ribeiro tem conquistado uma relação de intimidade muito especial, com as comunidades portuguesas da Costa Leste, onde canta bem-humorado a relatividade dos seres e das coisas.

O fado na verdade, esta noite, não teve um só rosto! Também teve uma face cerimoniosa com João Machado no cumprir da tradição coimbrã!

 

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Mas não é menos verdade que também existe a face boémia do fado vadio…do fado castiço e das desgarradas de improviso.

Francisco Chuva, numa mistura de sinceridade e pureza interpretativa, fez questão de mostrar a energia do seu fado interpretado com emoção desgarrada e genuína entrega.

 

 

Perante uma sala bem composta de público, Francisco Chuva agigantou-se e proporcionou um interessante momento de fado numa noite repleta de emoção, alegria, sentimentalismo e não só…

 

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Uma noite que serviu também para os membros da “Amália Foundation-USA” prestarem homenagem à actriz e fadista Emília Silva pelo contributo que tem dado à cultura e à divulgação do fado em terras norte-americanas.

 

 

Emília Silva (na foto à esquerda, com Maria João Àvila), nasceu em Amiais de Baixo, Região do Ribatejo, no dia 11 de Novembro de 1939, e emigrou para os Estados Unidos em 1984. Começou por residir na cidade de Hartford, estado de Connecticut, mudando-se depois para Newark, estado de New Jersey, onde reside actualmente.

 

 

 

Ao longo da sua vivência nos Estados Unidos, Emília Silva que também conviveu com Amália Rodrigues nos Estados Unidos, participou em várias revistas e contracenou com artistas como: João Camacho; Joel Branco; João Rodrigo; Delfina Cruz; Maria Tavares; José Luís Assunção; Glória Pires; Pepita Cardinali; Zeca Santos e Mena Leandro, entre muitos outros.

 

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Emília Silva, aqui acompanhada por vários membros da sua família, colaborou em inúmeras festas sociais e humanitárias realizadas em clubes e associações nos Estados Unidos e Canadá, percorrendo um trajeto de que se orgulha e de que guarda essencialmente “a grande amizade dos colegas”.

 

Graças à sua maneira muito pessoal de interpretar e ao seu particular jeito de transmitir o amor e a casticidade do seu Ribatejo, Emília Silva leva o seu canto para o público apreciador, numa exuberância natural que continua a arrebatar gerações de admiradores.

 

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Emília Silva, que disse sentir-se honrada “por tão singela homenagem” agradeceu aos membros da “Amália Foundation-USA” por esta distinção e ainda aos seus familiares e amigos pelo carinho que sempre lhe dispensaram. Emília Silva agradeceu também a presença de todos os artistas, sem esquecer os guitarristas José Silva, Viriato Ferreira e Pedro Pimentel, que ajudam a divulgar o sentimento português desta lado do Atlântico.

 

 

Emília Silva, que não se cinge apenas ao fado, faz seu um repertório de influência popular, sempre marcado por uma contagiante alegria em palco que é a sua imagem de marca.

 

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Mas, para a “cantadeira ribatejana” que foi homenageada pela “Amália Foundation-USA” passados dois anos (27 de Novembro de 2014) de o Fado ser proclamado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), como Património Imaterial da Humanidade, “o fado é talvez a mais significativa forma de expressão artística em Portugal, e aquela que mais nos identificou internacionalmente e aquela que melhor define a alma do nosso povo”.

 

 

E o Fado continuou pela noite dentro na cidade de Elizabeth, com a “Amália Foundation-USA” a mostrar que esta organização quer o que a Amália Rodrigues queria quando no dia 8 de Dezembro de 1998, na cidade de Newark, anuiu à ideia de se criar a “Amália Foundation-USA”, com o principal objectivo de ajudar e incentivar os jovens a fazer mais pela cultura e pela comunidade.

 

 

CMM/JM/The Portugal Times// 13 de Outubro de 2016

 

 

 

 

 

Marcelo condecorou em Belém o atual Secretário de Estado da Santa Sé com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou esta quarta-feira o cardeal italiano Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, numa cerimónia no Palácio de Belém, em Lisboa.

 

 

Num discurso de cerca de cinco minutos, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “Portugal deve à Santa Sé o primeiro e decisivo reconhecimento como Estado independente”, em 1179, e considerou que se construiu depois um “relacionamento fecundo e especial” que se manteve “praticamente sem ruturas ou descontinuidades”.

 

 

“É em evocação e homenagem ao que é constante e também ao prestígio pessoal e institucional de vossa eminência, personalidade intelectual e ética, governante perscrutante e incisivo, diplomata experiente e prospetivo, que tenho a honra de entregar as insígnias da Grã-Cruz da Ordem de Cristo, antiga ordem militar, repleta de história e de simbolismo nacional”, justificou.

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que o Vaticano foi o primeiro destino que visitou depois de tomar posse como Presidente da República.

 

 

O secretário de Estado do Vaticano manifestou-se “muito contente e muito honrado” por receber esta condecoração, que disse entender não ser destinada à sua pessoa, “mas à pessoa do papa Francisco e à Santa Sé”.

 

 

O cardeal Pietro Parolin declarou que, a título pessoal, se sente agora “estreitamente ligado a Portugal”, apesar de não conhecer o país. “É a primeira vez que o visito, embora a realidade de Fátima sempre tenha suscitado em mim uma grande atração”, acrescentou.

 

 

Esta condecoração aconteceu na presença do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, do cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e do núncio apostólico em Portugal, Rino Passigato, após o Presidente da República ter recebido em audiência o secretário de Estado da Santa Sé.

 

 

TPT com: AFP//Observador//Andre Kosters//Lusa//12 de Outubro de 2016