Directora de comunicação de Donald Trump optou por demitir-se depois de admitir que mentiu

A directora de comunicações de Donald Trump, Hope Hicks, e uma das mais antigas colaboradoras do Presidente, demitiu-se hoje. A decisão surgiu horas depois de Hicks admitir que tem usado “mentiras piedosas” na Casa Branca, durante uma audição que se prolongou durante oito horas no comité de inteligência dos EUA.

 

 

Hicks afirma ter sido levada a recorrer a “mentiras piedosas”, mas sublinhou que em nenhum momento mentiu sobre algo relacionado com uma possível interferência russa nas eleições norte-americanas que deram a vitória a Trump. A confissão de Hicks foi revelada por uma das pessoas presentes na audição, mas que não foi identificada.

 

 

“Não existem palavras adequadas para exprimir a minha gratidão ao Presidente Trump. Desejo ao Presidente e à sua administração o melhor para que continue a conduzir o nosso país”, declarou a directora de comunicação demissionária num comunicado citado pela Reuters.

 

“A Hope é excepcional e fez um excelente trabalho nos últimos três anos. Ela é esperta e anteciosa, é verdadeiramente uma excelente pessoa”, afirmou Trump numa reacção divulgada pela Casa Branca. “Vou sentir a falta dela ao meu lado, mas quando falou comigo sobre procurar novas oportunidades eu compreendi perfeitamente. Tenho a certeza que no futuro iremos trabalhar novamente”, declarou o Presidente norte-americano.

Hicks, de 29 anos, é uma antiga modelo sem experiência política que se juntou à campanha presidencial de Trump em 2016, descreve o New York Times. Tornou-se rapidamente uma das mais próximas aliadas do actual Presidente norte-americano e, segundo o mesmo jornal, é uma das poucas pessoas que “compreendem a personalidade e o estilo de Trump e que o conseguem levar a mudar de ideias”.

 

Hope Hicks demite-se menos de um mês depois de o namorado, Rob Porter, ter sido também obrigado a deixar o gabinete de Donald Trump na Casa Branca, na sequência de revelações de que teria submetido duas mulheres a violência doméstica. Rob Porter demitiu-se a 7 de Fevereiro.

 

De acordo com fontes citadas pela BBC, Hicks já terá sido ouvida por Robert Mueller, o procurador especial que está a conduzir a investigação à alegada interferência russa nas eleições norte-americanas e o possível conluio com a campanha do agora Presidente. A directora de comunicações de Donald Trump é considerada uma testemunha-chave.

 

 

 

TPT com: AFP//BBC//Público//New York Times// Reuters/Jonathan Ernst// 28 de Fevereiro de 2018

 

 

 

 

 

Em Espanha mina de urânio contamina água de um afluente do rio Douro

 

Passa-se a meia dúzia de casas de Retortillo e, uns quilómetros à frente, mesmo antes de chegar às termas nas margens do rio Yeltes, lá está a Berkeley Minera: uns quantos pavilhões brancos onde parece reinar o silêncio, azinheiras a perder de vista num terreno vedado e, do outro lado da estrada, terras remexidas e máquinas pesadas imobilizadas. É a face visível da mina de urânio a céu aberto que a empresa australiana quer abrir já no próximo ano, nesta região de Salamanca que fica colada a Portugal, e que tem sido contestada ali por vários autarcas e cidadãos, por movimentos ambientalistas e, claro, por quem vive das termas.

 

 

Já depois da visita de um grupo de parlamentares portugueses ao local, recentemente, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, admitiu estar preocupado, e este sábado anunciou uma reunião com a sua homóloga espanhola para a terceira semana de março, em que se vai debater a questão.

 

Os deputados portugueses quiseram inteirar-se no local dos problemas ambientais que a futura mina pode representar para o território português, que fica apenas a 40 quilómetros de distância dali. Em linha reta, a vila de Almeida é a mais próxima, logo acima fica Figueira de Castelo Rodrigo e, mais a norte, Freixo de Espada à Cinta, e toda a região do Douro Internacional, do parque natural e da paisagem protegida, onde se vive da agropecuária e da atividade vinícola.

 

 

Daí a preocupação, até porque o rio Yeltes, que atravessa o perímetro da mina e que vai fornecer água à exploração e ao processamento do urânio, é um afluente do Huebra, que no Douro, poucos quilómetros a sul de Freixo de Espada à Cinta (ver mapa).

 

 

Tal como fez em relação ao novo armazém de resíduos nucleares para a central de Almaraz, porém, Espanha passou ao lado da obrigação legal de informar Portugal dos detalhes do projeto e de promover o necessário estudo de impacto ambiental transfronteiriço em colaboração com as autoridades portuguesas. E essa foi, justamente, uma das questões que os deputados portugueses procuraram esclarecer no local, quando Manuel Frexes, do PSD, e a socialista Maria da Luz Rosinha, ambos vice-presidentes da comissão de ambiente, perguntaram ao diretor-geral da empresa, Francisco Bellón, se Portugal tinha sido informado dos eventuais impactos transfronteiriços.

 

 

O responsável garantiu que “tudo foi feito de acordo com as regras do Estado espanhol, com um estudo de impacto ambiental aprovado pelas autoridades do país” – para os deputados, uma resposta “insatisfatória”, como ambos afirmaram. “Continuamos com as mesmas dúvidas”, disse Manuel Frexes. “Nenhum de nós tem informação sobre os impactos no rio Douro e, como vimos aqui, haverá impactos.”

 

 

A realização de um estudo de impacto ambiental transfronteiriço é por isso “obrigatória”, ouviu-se a muitas vozes. É isso que defende também António Machado, presidente da Câmara Municipal de Almeida, que teme que a contaminação chegue ao território português, e que não perdeu a oportunidade de acompanhar os deputados a Retortillo.

 

 

“As autoridades portuguesas não acompanharam devidamente a questão”, afirma António Machado. E ele sabe do que fala. “Começámos a ouvir falar da mina em 2013 pela comunicação social espanhola e através dos contactos que temos com os autarcas desta zona de Espanha.” Em janeiro de 2016, a Câmara de Almeida decidiu questionar o governo sobre o assunto. “Nunca nos responderam”, garante António Machado.

 

 

A preocupação, no entanto, mantém-se, já que “continua a não haver informação” sobre o projeto. “Tem de ser feito um estudo sobre os impactos da mina em Portugal. Temos de preservar a nossa paisagem e a qualidade dos nossos produtos agrícolas, que são o nosso modo de vida”, sublinha o autarca.

 

 

De ambos os lados da fronteira, os receios são os mesmos. A economia que sustenta a vida das populações locais é a agropecuária e, lá como cá, se houver contaminação de terrenos por poeiras radioativas, ou pela sua deposição na água do rio, ou infiltração nos lençóis freáticos, “o nosso modo de vida morre”, repetiram aos deputados portugueses os autarcas de Villavieja de Yeltes e de Boada. Rejeitam, por isso, liminarmente a mina, tal como os movimentos ambientalistas de cá e de lá – as espanholas plataforma No a la Mina de Uranio e a associação Stop Uranio, ou o MIA – Movimento Ibérico Antinuclear, que integra várias associações dos dois países, e que este sábado se manifestaram em Salamanca.

 

 

A presidente da Stop Uranio, Raquel Romo, foi uma das ativistas que acompanharam na segunda-feira a visita dos deputados portugueses, que foram recebidos pelos autarcas de Boada e de Villavieja de Yeltes e por deputados provinciais e de Madrid, incluindo Ricardo Sixto, presidente da comissão de energia do Parlamento espanhol. “Vemos este encontro com emoção, porque já não nos sentimos tão sós”, admite a ambientalista, que tem uma loja de regalos junto às termas. Se a mina for para frente, “terei de mudar de vida”, lamenta. Mas não será apenas ela. “As termas têm 60 trabalhadores, 85% dos quais são mulheres”, diz. “Ficarão sem emprego, porque as termas fecham. Ninguém quer ir para umas termas que ficam ao pé de uma mina de urânio.”

 

 

Questionado pelo jornal DN (Diário de Notícias) sobre a utilização da água do rio Yeltes na exploração mineira e no processamento do urânio, e sobre o tratamento e o despejo dos efluentes, o diretor-geral da empresa, Francisco Bellón, garantiu que “a água usada vai ser toda tratada para remoção dos metais pesados e depois reutilizada na própria exploração”. Afirmou ainda que “não haverá despejo de efluentes no rio”. Mas os autarcas locais e os ambientalistas contradizem esta última afirmação. “O estudo de impacto ambiental prevê a descarga de efluentes no rio”, garante Jorge Rodríguez, alcaide de Villavieja de Yeltes, que no auditório do seu ayuntamiento fez uma apresentação sobre a mina, em que usou “as informações da própria empresa e do estudo de impacto ambiental”, aprovado em setembro 2013 pelas autoridades de Castela e Leão, e que tem validade de cinco anos.

 

 

A empresa, entretanto, quer iniciar a exploração em 2019, embora a construção da fábrica de processamento do minério esteja ainda pendente de uma autorização do Conselho de Segurança Nuclear espanhol. No entanto, já foram realizados outros trabalhos no terreno, como o abate de um número indeterminado de árvores (a empresa não revelou quantas) e a construção de pelo menos uma lagoa artificial.

 

 

Já depois da visita a Retortillo, a comissão parlamentar de ambiente questionou o ministro Matos Fernandes, que admitiu estar preocupado com a questão e que garantiu que se reunirá com a sua homóloga espanhola. Essa reunião, soube-se hoje, ocorrerá na terceira semana de março, durante o Fórum Mundial da Água, em Brasília, e servirá para debater o “cumprimento insuficiente”, nas palavras do próprio ministro, do acordo sobre questões de impacto ambiental. Leia-se: a mina de urânio.

 

 

 

Manifestação em Salamanca

 

 

 

As organizações ambientalistas de Portugal e de Espanha estiveram juntas em Salamanca para participar numa manifestação contra a mina de urânio que a empresa australiana Berkeley tenciona explorar a partir do próximo ano em Retortillo, a 40 quilómetros da fronteira com Portugal. O deputado Pedro Soares (BE), presidente da comissão parlamentar de ambiente, também esteve presente no protesto.

 

 

Nuno Sequeira, dirigente da Quercus, associação que integra o MIA, Movimento Ibérico Antinuclear, uma das organizações que convocaram a manifestação, juntamente a plataforma espanhola No a la Mina de Uranio, foi um dos que fizeram questão de participar na concentração e na marcha através da cidade, depois de ter marcado presença, também, em Retortillo, na segunda-feira, a acompanhar a visita dos deputados da comissão de ambiente. “Esta é uma questão que nos preocupa, pelos problemas ambientais que acarreta, como bem sabemos em Portugal, pela contaminação e os problemas de saúde nas populações locais, causados pela exploração das minas de urânio da Urgeiriça, que ainda hoje não estão resolvidos”, afirma o dirigente ambientalista. “O que a Quercus espera”, sublinha, é que o “envolvimento político ao mais alto nível que foi a visita dos deputados a Retortillo”, e o que se segue, “ainda vá a tempo de travar a mina”.

 

 

António Eloy, dirigente do MIA para Portugal, concorda. “Ficou claro que haverá um impacto transfronteiriço desta atividade mineira a céu aberto, que vai gerar poluentes atmosféricos que podem atingir o território nacional e que vai causar contaminação do rio, que é um afluente do Douro.”

 

 

Fazendo o paralelo com o que sucedeu com a construção de um novo armazém de resíduos nucleares na central de Almaraz, em que o governo português “só demasiado tarde pediu explicações ao governo espanhol, quando já não havia nada a fazer”, os ambientalistas criticam “a passividade” do governo português também neste caso, e esperam que o desfecho seja agora muito diferente.

 

 

 

Ministro admite preocupação com mina de urânio e foi à Comissão de Ambiente da AR

 

 

 

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, admitiu na Assembleia da República que o acordo entre Portugal e Espanha tem funcionado de forma “deficiente”, referindo-se à falta de informação prestada por Espanha a Portugal sobre os impactos da mina de urânio que a empresa australiana Berkeley pretende implantar na zona de Salamanca, a cerca de 40 quilómetros de Portugal. E garantiu que “tudo fará” para evitar impactos negativos em Portugal.

 

Em audiência, na Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, Matos Fernandes afirmou que o executivo português pediu informações ao governo espanhol sobre a questão, em 2016, e garantiu que vai abordá-la de novo com a sua homóloga espanhola, numa reunião que solicitará para “tão breve quanto possível”.

 

 

“O governo português tem uma preocupação grande [com a questão da mina de urânio] e tudo fará para evitar impactos negativos [no território português]”, sublinhou o governante, ressalvando, no entanto, “que não está nas mãos de Portugal construir ou não a mina”.

 

 

Para o ministro Matos Fernandes, a situação de Retortillo é diferente da questão que se colocou no ano passado com a construção de um armazém de resíduos radioativos na central de Almaraz, a cem quilómetros da fronteira portuguesa, uma vez que as autoridades espanholas informaram Portugal de que, “para a mina ser licenciada, faltam ainda alguns passos”.

 

 

Uma delegação de deputados da comissão de Ambiente deslocou-se na segunda-feira a Retortillo, na região de Salamanca, ao local onde a Berkeley vai instalar a mina de urânio a céu aberto, para se inteirar da situação no terreno.

 

 

Um dos deputados que esteve em Retortillo, o socialista Santinho Pacheco, estranhou por isso que o governo espanhol refira que “nenhuma decisão foi tomada”, já que os parlamentares tiveram oportunidade de verificar a existência de uma série de trabalhos no terreno.

 

 

Ao anúncio de Matos Fernandes de que a Agência Portuguesa do Ambiente adquiriu uma sonda para instalar no Douro no segundo trimestre, para medição radiológica, o deputado Pedro Soares (BE), presidente da comissão de ambiente, alertou que isso “não resolverá o problema dos impactos ambientais da mina em Portugal”, e defendeu uma oposição enérgica à exploração da mina.

 

 

O rio Yeltes, que faz parte da bacia hidrográfica do Douro – é um afluente do rio Huebra, que desagua no Douro a escassos quilómetros de Freixo de Espada à Cinta -, atravessa o perímetro da mina e a sua água será captada para servir ao processo de exploração.

 

 

Heloísa Apolónia, de Os Verdes, anunciou na mesma audição que o seu partido vai apresentar na Assembleia da República um projeto de resolução contra a mina de urânio, e que espera ter o apoio das restantes forças partidárias.

 

 

 

TPT com: DN//Manuel Almeida//Lusa// 25 de Fevereiro de 2018

 

 

 

 

 

Michel Temer diz que não é nem será candidato às presidenciais de outubro no Brasil

Numa entrevista à rádio Bandeirantes, Temer esclareceu dúvidas surgidas nos últimos dias sobre a sua possível candidatura e, além de negá-la de forma contundente, declarou que já se sente “muito feliz” pelo fato de ter exercido o cargo.

 

 

Michel Temer chegou ao poder em maio de 2016, quando, na qualidade de vice-Presidente, substituiu a então Presidente Dilma Rousseff, destituída pelo parlamento devido a irregularidades fiscais.

 

 

Apesar de sua popularidade está atualmente em 6%, o publicitário Elsinho Mouco, responsável pela propaganda do Governo, anunciou esta semana que Temer aspiraria à Presidência e ganharia a aceitação dos brasileiros na sequência da intervenção do exército na área da segurança pública do Rio de Janeiro.

 

 

Essa decisão, que coloca toda a liderança da segurança no Rio de Janeiro nas mãos das Forças Armadas, foi adotada após as recentes festividades de Carnaval no Rio de Janeiro quando as taxas de violência dispararam e as autoridades locais admitiram que não conseguiam controlar o crime organizado.

 

 

Na entrevista, Temer disse categoricamente que a decisão de intervir no Rio de Janeiro não foi guiada por qualquer intenção “eleitoral” e argumentou que a própria situação de insegurança no Estado foi o que o “levou à conclusão de que era necessário” chamar os militares.

 

 

Temer também admitiu que a possibilidade de decretar uma intervenção federal “total” no Rio de Janeiro foi considerada, o que implicaria no afastamento do governador Luiz Fernando Pezão.

 

 

“Foi pensado no início, mas depois deixei de lado a ideia porque teria sido algo muito radical e chegamos à conclusão de que devemos intervir apenas na área de segurança”, disse o chefe de Estado.

 

 

O modelo da intervenção será definido na próxima semana pelo general Walter Souza Braga Netto, designado pelo Governo como “interventor” e agora responsável pela segurança pública no Rio de Janeiro.

 

 

Embora a intervenção seja administrativa, Temer admitiu que as Forças Armadas, que participam das operações de vigilância e controlo, poderiam ter “confrontos” com criminosos se fossem atacadas.

 

 

“Não sei se haverá confrontos, mas, se houvesse os militares não se deixariam matar”, disse ele.

 

 

O reforço militar na segurança pública tem sido quase constante no Rio de Janeiro desde 2013, quando o Exército foi empregado para garantir a ordem durante a Taça das Confederações da FIFA.

 

 

O mesmo se repetiu no Mundo-2014, também de futebol e durante os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

 

 

No ano passado o Governo brasileiro deslocou 10 mil soldados para ajudar nas operações de segurança da cidade na tentativa de controlar as taxas de violência que, apesar disso, continuaram a subir e atingiram níveis críticos no início deste ano.

 

 

 

Deputados aprovam decreto para segurança do Rio de Janeiro passar para o Exército

 

 

Após a aprovação, com 340 votos a favor, 72 contra e uma abstenção, que se seguiu a um debate de mais de sete horas, o decreto foi submetido no dia 20 deste mês ao Senado, do qual necessitou também de “luz verde” para entrar em vigor.

 

A medida, decretada pelo Presidente do país, Michel Temer, mas que exigiu a aprovação pelo órgão legislativo, estabelece uma intervenção na área da segurança no estado do Rio de Janeiro, que enfrenta um crescente aumento da violência desde há vários meses.

 

 

O decreto entrega aos militares a tarefa de acabar com a onda de violência que atinge este estado e que só o ano passado fez 6.731 mortos, entre os quais se encontram mais de 100 polícias e dez crianças, estas atingidas pelas designadas balas perdidas.

 

 

A maioria dos deputados atendeu ao pedido do presidente da Câmara baixa, Rodrigo Maia, do estado do Rio de Janeiro, que considerou o decreto como “a maior das ferramentas para combater o crime organizado”.

 

 

Ao apresentar o projecto no plenário, Rodrigo Maia garantiu, contudo, que “não se trata de intervenção militar”.

 

 

“Se o fosse, seria rejeitada por esta casa com toda a razão e com todo o meu apoio e energia”, referiu, desafiando os parlamentares a “superar as diferenças ideológicas para mostrar união contra um inimigo comum”, o crime organizado.

 

 

O deputado lembrou ainda que esta é a primeira vez que o Governo intervém num estado desde a Constituinte, em 1988.

 

 

“Infelizmente, esta intervenção é urgente e necessária porque o poder estatal esgotou a sua capacidade para impor autoridade”, referiu Rodrigo Maia, do partido Democratas.

 

 

Já Laura Carneiro, do Partido Movimento Democrático Brasileiro e relatora do projecto, pediu que o Governo central transfira os recursos necessários para que a iniciativa possa alcançar os seus objectivos.

 

 

“É evidente que sem a contribuição significativa de recursos federais a intenção federal não conseguirá alcançar minimamente os seus objectivos”, alertou a deputada.

 

 

De acordo com os dados apresentados por Laura Carneiro, o orçamento para a segurança pública no estão do Rio de Janeiro em 2018 é de 8.000 milhões de reais (cerca de 2.500 milhões de de dólares), sendo que 96% correspondem a gastos com pessoal.

 

 

 

Presidente do Brasil diz que crime organizado no Rio de Janeiro justifica medidas extremas

 

 

 

Michel Temer passou o controlo da segurança pública do estado do Rio de Janeiro para o Governo Federal até 31 de dezembro de 2018, com um decreto que assinou no dia 16 de Fevereiro durante uma cerimónia em Brasília.

 

No documento, o Governo federal destaca que o objetivo da intervenção é “pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública no estado do Rio de Janeiro”.

 

 

Após a assinatura, o Presidente fez uma breve intervenção na qual declarou que “o crime organizado quase assumiu o Estado do Rio de Janeiro” e que os criminosos são uma “metástase que se espalha por todo o país e ameaça a tranquilidade do povo”.

 

 

Michel Temer também confirmou o General Walter Souza Braga Netto como interventor militar, quem a partir de agora organizará e comandará as forças de segurança no Rio de Janeiro.

 

 

Temer salientou também que editou o decreto de intervenção porque o momento pedia uma medida “extrema”.

 

 

“Vamos remeter ainda hoje [o decreto] esta intervenção que tem vigência imediata, mas deve ser depois apreciada pelo Congresso Nacional. Sei tratar-se de uma medida extrema, mas muitas e muitas vezes o Brasil está a demandar medidas extremas para pôr ordem nas coisas”, afirmou.

 

 

O chefe de Estado brasileiro estava ao lado do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, que agradeceu a ajuda do Governo federal e declarou que o seu Estado “tem pressa e tem urgência” em combater o crime organizado.

 

 

“Nós [governo estadual] com a polícia militar e com a polícia civil não estamos a conseguir deter a guerra entre fações criminosas e a ação das milícias”, disse.

 

 

“Se não contarmos com este auxilio das Forças Armadas, da polícia federal e, principalmente, da policia rodoviária federal, será impossível combater a entrada de armas, munições, e drogas”, acrescentou.

 

 

A decisão de decretar uma intervenção federal e deixar a segurança do Rio de Janeiro nas mãos do Exército, que a partir de agora comanda também a polícia civil e militar, foi adotada três dias após o fim do Carnaval, que este ano foi marcado por numerosos e sérios episódios de violência.

 

 

O Rio de Janeiro, principalmente a sua capital e região metropolitana, tem sofrido com a escalada do crime desde o final das Olimpíadas de 2016, com o problema na segurança pública agravado por uma grave crise económica, que fez com que o governo local declarasse o estado de emergência financeira e tivesse dificuldade em pagar os salários dos agentes das policias.

 

 

 

TPT com: EPA//AFP//Joédson Alves// Lusa//Sapo// 23 de Fevereiro de 2018

 

 

 

 

 

Membro da direção de Rui Rio qualifica de “golpe palaciano” votação na bancada do PSD

O vogal da comissão política do PSD André Coelho Lima qualificou esta sexta-feira de “golpe palaciano” o resultado das eleições para a liderança da bancada parlamentar social-democrata, em que Fernando Negrão foi eleito por menos de 40% dos deputados.

 

 

“É muito estranho que se pretenda agora reverter na secretaria a posição clara dos militantes [nas eleições diretas] e dos congressistas. Dá um pouco a ideia, que nos leva para os episódios históricos, de um golpe palaciano”, afirmou à agência Lusa André Coelho Lima, eleito vogal na direção de Rui Rio, no Congresso do PSD que decorreu no fim de semana, em Lisboa.

 

 

A título pessoal e não em nome da comissão política de Rui Rio, André Coelho Lima afirmou que o resultado da eleição para a bancada parlamentar, “no fundo, tenta reverter uma posição muito clara da democracia” interna e é “um desrespeito por aquilo que foi a pronunciamento dos militantes do PSD”, nas diretas e no congresso.

Logo na quinta-feira, Fernando Negrão disse ter o apoio de Rui Rio e considerou ter condições para assumir o cargo de líder parlamentar, “com sentido de responsabilidade”.

 

 

O dirigente nacional do PSD relativizou os efeitos deste episódio, quer no grupo parlamentar, quer para Rui Rio, eleito nas diretas de 13 de janeiro, invocando o exemplo de Francisco Sá Carneiro, “aclamado como líder de todos os sociais-democratas”. “Teve mais de metade do grupo parlamentar contra si. E isso não foi impedimento para afirmar-se como líder forte, determinado e que sabia aquilo que queria”, afirmou, dizendo que Rui Rio “sabe o que quer para o país”.

 

 

André Coelho Lima fez ainda a defesa do sentido de Estado e de responsabilidade dos deputados que, sublinhou, “deviam imperar sobre os estados de alma, por muitos respeitáveis que sejam”.

 

 

Pois, acrescentou, “os portugueses”, que querem que os seus “programas sejam resolvidos”, estão a “olhar com estranheza” este tipo de ‘fait divers’” protagonizado pelos deputados. André Coelho Lima tentou também desdramatizar os efeitos de fragilização da votação de quinta-feira, considerando que “não há fragilidade, embora exista uma questão incomum”.

 

 

Esta é, segundo descreveu, uma “oportunidade para o doutor Rui Rio demonstrar a sua determinação de fazer aquilo que é preciso para o país”.

 

 

Fernando Negrão foi o único candidato à sucessão de Hugo Soares, que convocou eleições antecipadas para a liderança parlamentar depois de o novo presidente do PSD, Rui Rio, lhe ter transmitido a vontade de trabalhar com outra direção de bancada. Na votação, conseguiu 35 votos favoráveis, 32 brancos e 21 nulos, tendo votado 88 dos 89 deputados.

 

 

Rui Rio falha primeiro teste e entra em guerra com    os deputados

 

 

 

Fernando Negrão diz que se demite se tiver uma “rebelião” na bancada. Deputados furiosos dizem-se “incrédulos” e falam em “princípio do fim”. Teixeira da Cruz diz que Negrão não tem legitimidade.

 

A bancada do PSD revoltou-se contra Fernando Negrão, mas Rui Rio não fez caso do “politicamente correto” e abriu uma guerra com o grupo parlamentar na primeira semana de liderança. “Inacreditável”, “incrédulo”, “mau demais para ser verdade”. Ou então: “É o princípio do fim”. Todas estas palavras foram ouvidas pelo Observador, ditas por vários deputados do PSD — que não se quiseram identificar –, mas que reagiram “chocados” com a atitude de Fernando Negrão ao aceitar um mandato como líder parlamentar, mesmo rejeitado por 60% de votos nulos ou brancos. Paula Teixeira da Cruz foi a única deputada que assumiu o que outros diziam em surdina. Em declarações ao Observador, alegou que “a liderança da bancada não está legitimada” nem do ponto de vista político nem jurídico. E foi mais longe, criticando as referências à “ética” de Rui Rio e de Fernando Negrão. A ex-ministra da Justiça fala até em “linha próxima do estalinismo”. Fernando Negrão diria, à noite, numa entrevista à SIC, que estas são “opiniões minoritárias”, mas também admitiu demitir-se se houvesse uma “rebelião” na bancada.

 

 

Abandonarei as funções se houver uma rebelião na bancada, mas estamos a falar de pessoas adultas e presumo que não esteja em curso uma rebelião”, disse Fernando Negrão.

 

 

Quase tão longe nas críticas quanto Teixeira da Cruz foi o deputado Sérgio Azevedo, que apoiou Pedro Santana Lopes nas diretas. Este ex-vice-presidente da bancada foi recuperar a memória do fascismo para escrever no facebook que é preciso voltar ao plebiscito para a aprovação da Constituição de 1933, “para se admitir o ‘voto branco’ como um voto favorável ou, se quisermos, de não rejeição”. O deputado social-democrata refere ainda no seu post que a doutrina no Parlamento era considerar os votos em branco como uma “rejeição ativa”. Na SIC, Fernando Negrão classificou esta apreciação como “ridícula”.

 

 

Perante estas reações, um apoiante de Rui Rio comentava que as apreciações dos deputados revoltados “são normais na interpretação do politicamente correto”. Mas Rui Rio não raciocina em termos daquilo que é politicamente correto e, possivelmente, não dará grande importância a esta rebelião da bancada contra o candidato a líder parlamentar. Perante a imposição do presidente ao grupo, há deputados que protestam, e alguns dizem mesmo que, embora nada esteja concertado, “isto terá consequências”. Outros preferem remeter-se ao silêncio e sugerir que Negrão podia ter ultrapassado a derrota de outra maneira: “Não vamos ser nós a causar uma revolta popular. Mas Negrão não percebeu que há derrotas que se ultrapassam assumindo-as”.

 

 

 

TPT com: AFP//SIC//Lusa//Observador//Rui Pedro Antunes//Rita Dinis//Vitor Matos//António Pedro Santos// 24 de Fevereiro de 2018

 

 

 

 

Passos considera muito “inquietante” o silêncio do Estado sobre os casos de corrupção e de adopção “irregular de crianças”

O presidente do PSD considerou hoje “inquietante”, quando são registados “casos de corrupção ao mais alto nível da sociedade”, que o Estado “se refugie no andamento da Justiça”, numa referência aos casos de adoções ilegais de crianças.

 

 

“É inquietante que, num tempo em que tantas dúvidas vêm para a opinião pública sobre a transparência, a lisura de procedimentos, envolvendo casos de corrupção ao mais alto nível da sociedade, e o Estado, de um modo geral, encolha os ombros e se refugie no andamento da Justiça para que alguma coisa se faça”, afirmou Pedro Passos Coelho, aludindo à falta de esclarecimentos do Governo sobre o caso de “irregularidades graves que ocorreram no âmbito da adoção de menores”, noticiadas por uma estação de televisão.

 

 

O líder nacional do PSD falava na Guarda, onde presidiu à sessão de abertura da IV Academia do Poder Local, organizada pelo PSD e pelos Autarcas Social-Democratas (ASD).

 

 

No seu discurso, deixou o apelo “a que, de um modo geral, as forças políticas, mas em particular o Governo também saia da sua modorra e comece a pronunciar-se sobre isto e a tomar iniciativas sobre isto”.”A Justiça tem o seu papel, mas a política também tem o seu papel e não é por certas matérias estarem em investigação penal que não podem ou não devam merecer discussão política e social”, disse, acrescentando: “é possível recuperar ainda algum do tempo que se perdeu nestes meses e poder dizer aos portugueses que o que quer que tenha ocorrido faremos tudo o que está ao nosso alcance para que não se repita no futuro”.

 

 

“Há algum tempo atrás, um órgão de comunicação social, uma televisão, trouxe à opinião pública o conhecimento de irregularidades graves que ocorreram no âmbito da adoção de menores”, lembrou.

 

 

O ex-primeiro ministro acrescentou que “parece que não espanta ninguém que passado todo este tempo o Governo não tenha tomado nenhuma iniciativa que visasse esclarecer junto das entidades públicas a responsabilidade pelo que se passou”.

 

 

“Como se a questão tivesse prescrito, como se não fosse nada com o Estado. Os políticos têm fugido de falar deste assunto como o diabo da cruz – e cá vem outra vez o diabo”, afirmou.

 

 

Ainda sobre os políticos, afirmou que “ninguém lhes ouve uma palavra sobre o assunto e quando com insistência alguém tem de se pronunciar sobre isto vai dizendo que a Procuradoria Geral da República que atue e que investigue, como se o Estado ele próprio, como edifício administrativo, não devesse também, com mecanismos inspetivos, apurar o que se passou, tentar apurar o que se passou”.

 

 

Em sua opinião, torna-se necessário saber “o que é que se passou afinal” e o que é preciso de reparar relativamente ao passado e o que é que preciso fazer “para evitar que no futuro situações destas voltem a ocorrer”.

 

 

TVI notificada para retirar reportagens “Segredos dos Deuses” do ‘site’

 

 

A TVI foi notificada de uma providência cautelar proposta por Luís Carlos Andrade, uma das crianças adotadas e atualmente pastor da IURD, em que é pedida a remoção das reportagens ‘Segredos dos Deuses’ do ‘site’ da TVI e bem assim que se abstenha de difundir factos da vida privada e a imagem do requerente”.

 

 

A estação de Queluz adianta que “está em prazo para contestar, o que fará, não tendo sido tomada, à data, nenhuma decisão judicial sobre a mesma”.

 

A TVI exibiu uma série de reportagens denominadas “O Segredo dos Deuses”, na qual noticiou que a IURD esteve alegadamente relacionada com o rapto e tráfico de crianças nascidas em Portugal.

 

 

Os supostos crimes terão acontecido na década de 1990, com crianças levadas de um lar em Lisboa, que teria alimentado um esquema de adoções ilegais em benefício de famílias ligadas à IURD que moravam no Brasil e nos Estados Unidos.

 

 

A IURD tem vindo a refutar as acusações de rapto e de um esquema de adoção ilegal de crianças portuguesas e considera-as fruto de “uma campanha difamatória e mentirosa”.

 

 

Segundo informações avançadas pela TVI, a IURD tem atualmente nove milhões de fiéis, espalhados por 182 países, 320 bispos e cerca de 14 mil pastores.

 

 

 

MP investiga rede de adopção ilegal de crianças

 

 

 

O Ministério Público abriu um inquérito sobre uma suposta rede de adopção ilegal de crianças portuguesas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), revelou a Procuradoria-Geral da República. IURD desmente acusações e garante que vai avançar com processos judiciais.

 

“Existe um inquérito relacionado com essa matéria, tendo o mesmo sido remetido ao DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa) para investigação”, adiantou a Procuradoria-Geral da República numa resposta enviada aos orgãos de comunicação social.

 

 

Uma investigação da TVI divulgada revela que Edir Macedo, líder máximo da IURD, está envolvido numa rede internacional de adopção ilegal de crianças e que os seus próprios “netos” serão crianças roubadas de um lar em Portugal.

 

 

Segundo a reportagem, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) tinha, na década de 90, um lar ilegal de crianças, em Lisboa, de onde foram levados vários menores, à revelia das suas mães.

 

 

As crianças eram entregues directamente no lar, à margem dos tribunais, por famílias em dificuldades e acabavam no estrangeiro, adoptadas por bispos e pastores da igreja de forma irregular e sem direito de contraditório às famílias, adianta a investigação das jornalistas Alexandra Borges e Judite França.

 

 

A TVI descobriu que Edir Macedo “está envolvido nesta rede internacional de adopções ilegais de crianças, e que os seus próprios ‘netos’ são crianças roubadas do Lar Universal, uma instituição que à época fazia parte da obra social da igreja”.

 

 

Segundo um comunicado da TVI relativo à investigação, “um importante membro desta rede chegou mesmo a roubar um recém-nascido à mãe na maternidade e registá-lo directamente como seu filho biológico”.

 

 

“Isto aconteceu debaixo dos nossos olhos e retrata o esquema que estava montado num lar ilegal”, disse o director de informação da TVI, Sérgio Figueiredo, no final da apresentação da reportagem à imprensa. A situação “atinge a cúpula da IURD”, adiantou, sublinhando que “as crianças foram levadas sem que os tribunais ouvissem as famílias das crianças”.

 

 

“O Estado não esteve completamente bem aqui, mas nunca é tarde para repor a verdade”, disse Sérgio Figueiredo.

 

 

Em comunicado enviado às redacções, a IURD argumenta que “toda a matéria que a TIV pretende veicular assenta no relato e colaboração de Alfredo Paulo Filho”, que deixou a instituição em 2013, altura em que a sua saída foi motivada por “condutas impróprias”. A IURD diz ainda que Paulo Filho foi condenado pelos tribunais brasileiros a indemnizar a igreja no valor de 1.7 milhões de reais, defendendo que o antigo colaborar pretende agora “centrar a sua campanha difamatória em Portugal”.

 

 

Sobre as adopções em causa, a IURD refere que as mesmas “ocorreram em Portugal e foram decretadas pelo Tribunal de Família e Menores de Lisboa”, e que “todos os ditos ‘netos’ foram adoptados pelo sistema legal português”, acrescentando ainda que vai avançar com processos judiciais contra a TVI e Alfredo Paulo Filho.

 

 

O lar abriu em 1994 em Lisboa e foi legalizado em 2001. A IURD acabou por encerrá-lo em 2011, alegando como motivo a crise.

 

 

 

TPT com: AFP//Lusa//JE//Público// 2 de Fevereiro de 2018