O Real Madrid foi até a Alemanha vencer o Bayern Munique por 2-1, em jogo da primeira-mão das meias-finais da Liga dos Campeões. Os bávaros foram melhores, tiveram grandes oportunidades de golo, mas acabaram por ser penalizados pela eficácia merengue que aproveitou cada erro dos campeões alemães para ganhar vantagem. Ronaldo teve um golo anulado.
Quem vê reste Real Madrid na Liga dos Campeões e na Liga Espanhola pode pensar que não são a mesma equipa. Os ‘blancos’, há muito afastados da luta pelo título em Espanha, tem estado a resguardar-se para a prova maior do futebol europeu, onde caminham a passos largos para continuar a fazer história: conquistar a 13.ª Liga dos Campeões da sua história, a terceira consecutiva.
Sabendo das suas fraquezas, Zidane tem sido muito astuto na fase a eliminar da Liga dos Campeões, montando uma equipa que vive muito do contra-ataque e do aproveitamento dos erros dos adversários. E frente ao Bayern foi o que se viu: os bávaros a dominarem o jogo e a ter muitas oportunidades, o Real Madrid a ser letal e a aproveitar todos os erros do adversário.
Mas é preciso frisar que Jupp Heynckes teve muito azar, já que viu a sua estratégia cair por ‘água abaixo’ logo no primeiro tempo, com os contratempos que foi tendo. Perdeu Robben aos 8 e Jerome Boateng aos 34 minutos, ambos por lesão, pelo que teve de mudar a equipa super-ofensiva que tinha em campo. É que o técnico alemão entrou para este jogo com a ‘carne toda no assador’, jogando com uma linha atacante com James Rodriguez, Muller, Robben, Ribery e Lewandowski. Zidane, sabendo do poderio ofensivo dos campeões alemães, surpreendeu ao deixar Bale e Benzema no banco, jogando apenas Isco, Ronaldo e Lucas Vázquez no ataque.
Thomas Muller, que se tornou-se no terceiro alemão com mais jogos na Liga dos Campeões (leva 100 jogos e está atrás de Lahm com 114 e Óliver Kahn com 107), falhou o 1-0 logo no primeiro minuto, a passe de Lewandowski.
O Real Madrid, que raramente se desposicionava e saia em bloco, vai sofrer o 1-0 exatamente num momento em que a defesa perdeu a organização até então evidenciada. Marcelo saiu da sua posição, James viu o ‘buraco’ na defesa e meteu a bola em Kimmich. O lateral correu pela direita e fez um centro/remate que acabou por enganar Keylor Navas.
Sempre melhor no jogo, com mais bola, os bávaros criaram cinco grandes oportunidades ainda no primeiro tempo para deixar o Real em dificuldades. Aos 35 Ribéry recebeu em posição privilegiada, mas adiantou a bola e esta foi parar às mãos de Keylor Navas; aos 40 foi o central Hummels a falhar o desvio na pequena área, quando estava sozinho; o terceiro falhanço é de Muller, num remate forte dentro da área que só não dá golo porque Sergio Ramos colocou-se na trajetória da bola; aos 45, Lewandowski primeiro e Muller depois não conseguiram bater Navas em mais duas oportunidades.
Mas este Real Madrid de Zidane, que se tornou numa equipa muito matreira na Liga dos Campeões, empatou no segundo remate que fez à baliza. No minuto 44 a defensiva bávara tirou mal uma bola que ficou a ‘pingar’ à entrada da área. Apareceu Marcelo a encher o pé e a fazer um golaço. Do nada, o Real Madrid chegava ao empate, num momento em que um 4-1 para os bávaros não escandalizaria.
A história repetiu-se no segundo tempo: o Bayern a dar espetáculo, a criar muitas oportunidades e lances de perigo e o Real Madrid… a marcar. Uma asneira de Rafinha aos 54 minutos deu em golo: Marco Asensio, que entrou no lugar de Isco ao intervalo, aproveitou um passe de Lucas Vázquez para fazer o 2-1 em lance de contra-ataque de dois para um. Antes desse golo, Varane tinha evitado o 2-1 dos bávaros.
Ribéry, o melhor dos bávaros esta noite, travou duelos com Carvajal e Keylor Navas, mas acabou por perder sempre para o guarda-redes merengue. O atacante francês viu o costa-riquenho defender os seus remates aos 59 e 63 minutos. E quando não era Navas, era o remate do francês que não acertava com o algo, como aconteceu aos 69 minutos. Aos 68 minutos, Muller teve a melhor oportunidade do Bayern no segundo tempo, mas, a um metro da baliza, atrapalhou-se com Lewandowski e nenhum deles desviou o centro de Ribéry. Os bávaros pediram penálti de Sergio Ramos no lance.
Depois do 2-1, o melhor do Real Madrid foi uma oportunidade de Benzema (entrou no lugar de Daniel Carvajal) que Sven Ulreich defendeu com os pés.
O Real Madrid volta a repetir o resultado da época passada, quando venceu o Bayern Munique no Allianz Arena por 2-1, nos quartos-de-final da prova, na altura com um bis de Cristiano Ronaldo. A segunda mão realiza-se na terça-feira, no Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, onde, na época passada, o Bayern conseguiu vencer e forçar o prolongamento.
Na outra meia-final, os ingleses do Liverpool ganharam grande vantagem no confronto com os italianos da Roma, ao vencerem em Anfield Road, na terça-feira, por 5-2, com ‘bis’ de Salah e Firminino e um tento de Mané. A segunda mão joga-se quarta-feira.
HEYNCKES LAMENTA ERROS: “OFERECEMOS DOIS GOLOS AO REAL MADRID E NÃO APROVEITAMOS AS NOSSAS OCASIÕES”
Jupp Heynckes atribui culpa a eficácia merengue e os erros da sua equipa pela derrota do Bayern Munique frente ao Real Madrid, na primeira-mão das meias-finais da Liga dos Campeões. As lesões de Robben e Boateng também não ajudaram, na opinião do antigo treinador do Benfica. O técnico alemão acredita que pode dar a volta ao jogo para a semana, no Bernabéu.
“Oferecemos dois golos ao Real Madrid com erros claros e tivemos uma série de ocasiões de golo que não aproveitámos. Assim sendo, a derrota não é surpreendente. Não marcámos e, além disso, não foi fácil perder jogadores como Robben e Boateng e ainda oferecemos um golo estúpido antes do intervalo. Aliás, dois, foram dois golos oferecidos. Mas criámos uma série de boas ocasiões, mas não as soubemos aproveitar. Mas ainda não desistimos, ainda faltam noventa minutos”, destacou o técnico.
“Tivemos tantas oportunidades, foi estranho. Nunca tinha tido tantas oportunidades numa meia-final, particularmente frente a uma equipa como o Real Madrid. Simplesmente não fomos suficientemente cirúrgicos como o Real foi”, finalizou.
Apesar da derrota,, Heynckes vê o Bayern com capacidade para vencer no Bernabéu, como aconteceu na época passada, mas agora para se apurar para a final de Kiev.
“Vamos fazer o que for preciso para corrigir este resultado na próxima semana- É o nosso dever. As meias-finais são dois jogos, tempos de ver o que acontece no final dos dois jogos. Acho que não merecíamos perder esta noite, portanto, continuo confiante”, sublinhou.
A segunda mão realiza-se na terça-feira, no Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, onde, na época passada, o Bayern conseguiu forçar o prolongamento nas meias-finais, precisamente depois de perder em casa por idêntico resultado.
“TIVEMOS DIFICULDADES, SOFREMOS MUITO MAS NÃO SE PODE GANHAR A CHAMPIONS SEM SOFRER”, disse Zidane
Zidane admitiu que o resultado foi melhor que a exibição, depois de vencer o Bayern Munique por 2-1, em jogo da primeira-mão das meias-finais da ‘Champions’. O técnico dos merengues admite que a equipa terá de fazer muito melhor daqui a uma semana no Bernabéu, se quiser apurar-se para a final da prova milionária.
“Podemos estar contentes com o resultado. Tivemos dificuldades no início do jogo. Custou-nos sair com bola mas fizemos uma segunda parte melhor. Ganhar aqui não é fácil. Se podemos fazer melhor? Sim. Mas podemos estar satisfeitos com o jogo. […] Não se pode ganhar a Champions sem sofrer. Foi pena termos perdido Isco e Dani Carvajal mas Marco Asensio entrou e fez a diferença”, disse o técnico em conferência de imprensa, já a pensar também na segunda-mão, na próxiima semana.
“No futebol não se pode dizer que as coisas estão feitas depois do jogo fora. Sabemos que vamos ter de sofrer em casa. Depois da Juventus sabemos que temos de abordar de forma diferente o jogo em casa. De certeza. Se não, podemos passar mal”, avisou.
Zidane aproveitou para defender Keylor Navas a respeito do golo do Bayern Munique e elogiar Ribéry, o melhor dos bávaros.
“É um erro de todos. No início da jogada não estamos bem posicionados e depois acontece uma sequência de erros. Não foi só Keylor. Mas na segunda parte fez duas ou três defesas e esteve muito bem. […] Ribéry fez um grande jogo, mas na segunda parte, incluindo quando Carvajal saiu do campo e Lucas foi para lateral, estivemos bem”, explicou.
Um golo anulado, uma série quebrada, (mais) um recorde batido: a noite de Ronaldo em Munique
Os números de Cristiano Ronaldo ao intervalo em Munique pareciam deixar adivinhar que esta não seria mesmo noite para o português brilhar: em 45 minutos, teve apenas 13 ações com bola, um remate desenquadrado, dois dribles falhados e outros tantos foras de jogo. No entanto, com ele o melhor mesmo é não fazer previsões até ao final do jogo, não vá aparecer do nada mais um cabeceamento no segundo andar ou um pontapé de bicicleta. E essa ideia não esteve muito longe de acontecer: após receber um passe longo, o avançado dominou a bola e rematou certeiro cruzado de pé esquerdo, mas o golo foi anulado por ter controlado com o braço no início do lance.
Desta forma, o número 7 acabou por quebrar uma série de dez encontros consecutivos sempre a marcar na presente edição da Champions: Apoel (dois), B. Dortmund (dois), Tottenham, Tottenham, Apoel (dois) e B. Dortmund na fase de grupos, entre setembro e dezembro; bis em Madrid e mais um golo em França nos oitavos com o PSG, entre fevereiro e março; bis em Turim e mais um golo no Bernabéu nos quartos com a Juventus, em abril.
Em paralelo, Cristiano Ronaldo falhou a possibilidade de superar o melhor registo pessoal no que toca a jogos consecutivos a marcar pelo menos um golo, igualando os 12 conseguidos em 2014 (nessas 12 partidas tinha feito 20 golos, contra Córdoba, Atl. Madrid, Basileia, Deportivo, Elche, Villarreal, Ludogorets, Athl. Bilbao, Levante, Liverpool, Barcelona e Granada). Desta vez, as vítimas foram Real Sociedad, PSG, Betis, Alavés, Getafe, PSG, Eibar, Girona, Juventus, Atl. Madrid, Juventus e Athl. Bilbao, num total de 22 golos em 12 encontros.
Ainda assim, e como parece ser já uma regra instituída em termos de jogos europeus, o avançado acabou por conseguir bater mais um recorde: com o triunfo do Real Madrid em Munique, o português tornou-se o jogador com mais vitórias na Liga dos Campeões (96), ultrapassando neste particular o guarda-redes do FC Porto Iker Casillas (95). Seguem-se na lista Xavi (91), Raúl (79), Iniesta (79), Ryan Giggs (76) e Lionel Messi (73).
TPT com: AFP//Lusa//Record//Observador// 25 de Abril de 2018