Jovens portugueses nos EUA em risco com fim de programa que protege quem imigrou em criança

Um número indeterminado de jovens portugueses, que pode chegar às várias centenas, está em risco de deportação depois de Donald Trump ter decidido terminar com um programa que protege pessoas levadas para os EUA de forma ilegal em crianças.

 

 

Os EUA não divulgam o número de beneficiários por país do ‘Deferred Action for Childhood Arrivals’ (DACA), mas organizações que prestam apoio a imigrantes portugueses em Rhode Island, Massachusetts, Nova Iorque, Nova Jérsia e Califórnia garantiram à Lusa que foi um programa muito popular nas suas comunidades.

 

 

“Só no meu estado, acho que estamos a falar de centenas de pessoas”, disse Helena da Silva Hughes, diretora do Centro de Apoio ao Imigrante de New Bedford, em Massachusetts, no início do ano.

 

 

O programa, que foi lançado em 2012 por Barack Obama, permite a jovens que foram levados para os EUA em criança de forma ilegal receberem proteção contra deportação, autorização de trabalho e número de segurança social.

 

O procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, anunciou hoje o fim do programa, que será abandonado de forma gradual e expira a 5 de março do próximo ano. No Twitter, o Presidente norte-americano, Donald Trump, disse que o Congresso devia agora fazer “o seu trabalho”.

 

Uma lei para proteger estes jovens tem apoio nos dois partidos, tanto na Câmara dos Representantes, como no Senado, mas enfrenta forte oposição de alguns republicanos, que consideram a iniciativa uma amnistia, e uma agenda legislativa já muito preenchida, com a reforma fiscal, a aprovação de um novo orçamento e um novo limite de endividamento do país.

 

 

Apesar de a comunidade portuguesa ser documentada na sua grande maioria, Helena da Silva Hughes disse que “nos últimos anos muitos imigrantes, sobretudo dos Açores, foram juntar-se a familiares que já estavam” nos Estados Unidos e que alguns dos mais jovens encontraram proteção nesta ordem executiva.

 

 

Moses Apsan, que é dono de uma das empresas de advocacia especializadas em imigração mais populares do estado de Nova Jérsia, calcula ter ajudado mais de 100 portugueses a candidatarem-se ao programa.

 

 

“Nestes anos, preenchi entre 300 a 400 candidaturas. Cerca de metade eram de cidadãos portugueses”, explicou o advogado.

 

 

Bela Ferreira, diretora-executiva da Portuguese Organization for Social Services and Opportunities (POSSO), com sede em Santa Clara, na Califórnia, disse que asua organização “tem conhecimento de jovens protegidos pelo programa”, mas que é impossível indicar um número.

 

 

“A nossa comunidade está muito dispersa pelo vale [de São Joaquim], por isso não sabemos a dimensão desta realidade. Mas sabemos que há bastantes imigrantes recentes, vindos nos últimos 15 anos, e que uma parte deles se encaixa neste perfil”, explicou a líder comunitária.

 

O estado norte-americano calcula que 2,1 milhões de pessoas possam beneficiar do programa, que não inclui pessoas com mais de 31 anos ou que tenham chegado depois de 2007.

 

 

Neste momento, perto de 800 mil pessoas usufruem das suas proteções, o que lhes permitiu ir para a universidade, trabalhar de forma legal, visitar o país de origem e ter carta de condução.

 

 

As únicas diferenças destas pessoas para um cidadão norte-americano é que não têm passaporte, não podem votar e podem ser deportados se cometerem algum crime.

 

 

Em 2001, foi apresentada uma proposta de lei bipartidária chamada “Dream Act” (Development, Relief and Education for Alien Minors) que tornava efetiva a proteção a estes jovens, mas a iniciativa não foi aprovada.

 

 

Desde essa altura que estes jovens se organizam num movimento espalhado por todo o país e se autointitulam “dreamers” (sonhadores).

 

 

Fonte da embaixada de Portugal em Washington disse à comunicação social, no início do ano, que “a comunidade portuguesa e luso-americana é um comunidade bem integrada e, na sua larguíssima maioria, de segunda e terceira geração” e garantiu que a rede diplomática “continua a seguir com o máximo cuidado e atenção quaisquer desenvolvimentos que possam afetar cidadãos portugueses”.

 

 

Nova lei para protejer jovens indocumentados nos EUA enfrenta vários obstáculos

 

 

Com apenas seis meses para atuar, uma agenda preenchida e um partido republicano dividido, existem vários obstáculos para aprovar uma lei que proteja os jovens indocumentados que chegaram aos EUA em criança.

 

Estes jovens estavam protegidos pelo “Deferred Action for Childhood Arrivals” (DACA), o programa estabelecido por Barack Obama em 2012 que abrange cerca de 800 mil pessoas, mas o procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, anunciou hoje o fim da iniciativa, dando uma janela de seis meses para o Congresso atuar.

 

 

“Congresso, preparem-se para fazer o vosso trabalho – DACA!”, escreveu o Presidente dos EUA, Donald Trump, no Twitter horas antes.

 

O presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, e o líder do Senado, Mitch McConnel, são sensíveis à causa destes jovens. Paul Ryan, que pediu na semana passada que Donald Trump mantivesse a medida, já disse ter esperança numa solução.

 

 

“A minha esperança é que a Câmara e o Senado, com a liderança do presidente, sejam capazes de chegar a um consenso para uma solução legislativa permanente que garanta que aqueles que não fizeram nada de errado possam continuar a contribuir como uma parte valiosa do nosso país”, disse Ryan em comunicado.

 

A líder dos democratas na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, também pediu aos colegas que aprovem legislação que proteja estes jovens “da crueldade sem sentido da deportação e proteja estas famílias da separação e dor”.

 

 

O apoio para uma lei deste género tem crescido dentro do partido Republicano, com o apoio de alguns membros importantes como o senador Lindsey Graham, mas alguns membros mais conservadores nunca irão aprovar tal medida.

 

 

“Terminar com o DACA dá-nos oportunidade de restaurar a lei e ordem. Atrasar [a sua revogação] para aprovar uma amnistia é um suicídio republicano”, disse o congressista conservador Steve King, do Iowa.

 

 

A lei precisa, portanto, de apoio democrata. Alguns republicanos, como o senador Tom Cotton, exploram a possibilidade de negociar com os democratas: aprovar uma lei que substitua o DACA, em troca de financiamento para o muro na fronteira com o México.

 

 

Membros do partido Democrata, no entanto, já disseram que a vida destes jovens não pode ser usada como argumento na negociação.

 

“Os ‘dreamers’ não são uma moeda de troca para o muro na fronteira e deportações desumanas. Ponto final”, disse o senador democrata Chuck Schummer.

 

 

Um voto nesta matéria teria de ser agendado por Paul Ryan e Mitch McConnel, ambos republicanos, e tradicionalmente os líderes do Congresso não programam votações sem o apoio da maioria dos seus membros.

 

 

A dificultar o processo está também a agenda preenchida do Congresso. Este outono, o ramo legislativo precisa aprovar um novo limite de endividamento do estado (para evitar que os EUA entrem em incumprimento), um novo orçamento e um pacote de ajuda para as vítimas do furação Harvey.

 

Donald Trump começou também recentemente a promover uma reforma fiscal, um objetivo ambicioso que representa uma promessa de campanha, e alguns republicanos continuam a insistir na necessidade de revogar, e substituir, a reforma de saúde aprovada por Barack Obama, algo que já falhou diversas vezes este ano.

 

 

O fim deste programa deverá afetar centenas de portugueses, segundo fontes da comunidade, embora as autoridades não divulguem dados sobre a nacionalidade dos que agora são afetados pela medida.

 

 

“Congresso, preparem-se para fazer o vosso trabalho – DACA!”, escreveu o Presidente dos EUA no Twitter. O programa, que foi lançado em 2012 por Barack Obama, permite a jovens que foram levados para os EUA em criança de forma ilegal receberem proteção contra deportação, autorização de trabalho e número de segurança social.

 

 

Numa segunda mensagem, Trump disse: “Não se enganem, vamos colocar o interesse dos CIDADÃOS AMERICANOS PRIMEIRO! Os homens e mulheres esquecidos não serão mais esquecidos.”

 

Uma lei para proteger estes jovens tem apoio nos dois partidos, na Câmara dos Representantes e no Senado, mas enfrenta forte oposição de alguns republicanos, que consideram a iniciativa uma amnistia, e uma agenda legislativa já muito preenchida, com a reforma fiscal, a aprovação de um novo orçamento e um novo limite de endividamento do país.

 

 

O Estado norte-americano calcula que 2,1 milhões de pessoas possam beneficiar do programa, que não inclui pessoas com mais de 31 anos ou que tenham chegado depois de 2007.
Neste momento, 750 mil pessoas usufruem das suas proteções, o que lhes permitiu ir para a universidade, trabalhar de forma legal, visitar o país de origem e ter carta de condução.

 

 

As únicas diferenças destas pessoas para um cidadão norte-americano é que não têm passaporte, não podem votar e podem ser deportados se cometerem algum crime.

 

 

 

 

 

Açores acompanham “com muita proximidade” alterações às políticas de imigração dos EUA

 

 

 

 

O diretor das Comunidades dos Açores, Paulo Teves, afirmou hoje que “o Governo dos Açores acompanha com muita proximidade” as alterações às políticas de imigração dos países onde residem comunidades açorianas.

 

“O Governo dos Açores acompanha com muita proximidade todas as alterações relativas às politicas de imigração dos países onde residem comunidades açorianas, como é o caso do programa ‘DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals)’ dos Estados Unidos da América”, disse Paulo Teves.

 

 

Segundo o responsável, ainda neste âmbito, “existe uma permanente comunicação com diversas organizações” nos Estados Unidos da América (EUA) “de apoio a imigrantes, bem como com as representações consulares portuguesas nas zonas de maior concentração da emigração açoriana”.

 

 

Um número indeterminado de jovens portugueses, que pode chegar às várias centenas, está em risco de deportação depois de o presidente americano, Donald Trump, ter decidido terminar com um programa que protege pessoas levadas para os EUA de forma ilegal em crianças.

 

 

Os EUA não divulgam o número de beneficiários por país do DACA, mas organizações que prestam apoio a imigrantes portugueses em Rhode Island, Massachusetts, Nova Iorque, Nova Jérsia e Califórnia garantiram à comunicação social que foi um programa muito popular nas suas comunidades.

 

 

 

O diretor regional das Comunidades dos Açores referiu não ser “possível avançar com dados relativos ao número de possíveis cidadãos portugueses, oriundos dos Açores, que estejam abrangidos no referido programa, que tem especificidades muito próprias, no que concerne à sua elegibilidade, nomeadamente a idade de emigração e data de chegada aos EUA”.

 

 

Segundo a Direção Regional das Comunidades dos Açores, que cita dados dos últimos censos norte-americanos, a comunidade portuguesa nos Estados Unidos é de cerca de 1,4 milhões de pessoas, estimando-se que 70% seja de origem açoriana.

 

 

Não obstante estar representada em todos os estados daquele país, a comunidade açoriana é mais expressiva na Califórnia, Massachusetts e Rhode Island.

 

 

Entre 1960 e 2014, saíram da região com destino aos Estados Unidos 96.292 emigrantes, informou a Direção Regional das Comunidades.

 

 

 

TPT com: AFP//Reuters//CNN//FOX//Lusa// 5 de Setembro de 2017

 

 

 

 

 

Cientistas testam resposta ao cancro com arte, música e gastronomia

Num laboratório há sons que se confundem com um instrumento de música, gráficos de computador que parecem arte contemporânea e “receitas de cozinha” que são seguidas escrupulosamente, em nome de uma experiência científica.

 

 

Durante um mês, a Lusa acompanhou Paulo Durão, Lília Perfeito e Claudia Bank, investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Oeiras, no processo de testar os efeitos de um composto químico similar a um medicamento para o cancro numa levedura da cerveja e numa bactéria intestinal.

 

 

Deste trabalho podem sair pistas sobre o uso do fármaco na quimioterapia contra células cancerígenas com mínimo impacto nas células saudáveis.

 

 

A bactéria ‘Escherichia coli’ (E. coli) como a levedura ‘Schizosaccharomyces pombe’ (S. pombe), os organismos-modelo utilizados nesta experiência, são seres vivos simples, com uma só célula.

No decurso da experiência, as culturas de células da levedura cresceram quando expostas ao composto químico, ainda que a um ritmo progressivamente mais lento, conforme aumentavam as dosagens, enquanto as da bactéria não cresceram e apresentaram mutações, alterações no seu material genético, com doses intermédias da droga e decorrido mais tempo.

 

 

Bactérias que surpreendem

 

 

Conclusão dos investigadores: se as bactérias como a E. coli parecem mais suscetíveis ao composto, podendo ganhar-lhe resistência com o aparecimento de mutações genéticas, poderá ser útil examinar os micro-organismos presentes em doentes com cancro que estão a ser tratados com quimioterapia.

 

 

Tudo começa pelo princípio, e esta experiência, como todas as experiências científicas, inicia-se com o planeamento.

 

 

Claudia Bank, Lília Perfeito e Paulo Durão dividem tarefas, sentados junto a uma bancada com prateleiras repletas de frascos de diversos tamanhos com líquidos incolores, amarelos e castanhos. Nesta fase, ressalva Claudia Bank, que lidera o grupo de investigação de Dinâmica Evolutiva, “existem várias possibilidades, qualquer coisa pode acontecer, é indefinido”.

 

 

A cientista, alemã, tem a incumbência de fazer cálculos, equações e gráficos que permitam antever em que sentido se vai direcionar a resposta à droga de milhões de células da E. coli e da S. pombe. “As bactérias tendem a surpreender-nos com os resultados”, adverte Paulo Durão, a realizar o seu segundo pós-doutoramento, desta vez, e depois de ter passado pela Alemanha, no grupo de trabalho de Biologia Evolutiva, coordenado pela cientista Isabel Gordo, perita no estudo da E. coli.

 

 

Paulo Durão vai perceber mais adiante que tem razão: a E. coli desenvolve pouca resistência ao químico na dose mais alta, ao contrário do que faria supor o historial da resistência das bactérias a certos antibióticos.

 

 

A ideia é ver se é possível “minimizar o efeito da droga e o aparecimento da resistência”, assinala Lília Perfeito, investigadora-principal do grupo de Evolução e Estrutura Genómica.

 

No laboratório, como na cozinha, seguem-se receitas, neste caso para preparar as placas de Petri, alimentar as células e contá-las. Os ingredientes são vários: água destilada ou desmineralizada, glicose, aminoácidos, sais, vitaminas, minerais ou ágar, uma espécie de gelatina.

 

 

Os frascos que contêm as soluções líquidas com os ingredientes foram esterilizados numa ‘panela de pressão’ com água a 120 graus, tarefa que no IGC, está a cargo de funcionárias que todos os dias entregam às equipas de investigação os recipientes prontos a serem utilizados.

 

 

Os microrganismos são congelados a 80 graus negativos antes de serem manipulados pela primeira vez. Pelos corredores do IGC passam cientistas com caixinhas de esferovite. Têm gelo lá dentro para conservar o material de trabalho retirado do congelador.

 

 

Há quem use auscultadores para ouvir música enquanto trabalha, mas a banda sonora que mais se ouve nos laboratórios de biologia é o som produzido por bolinhas de vidro quando as placas de Petri são agitadas, fazendo lembrar o som emitido por um ‘xequeré’ (instrumento musical africano feito com uma pequena cabaça seca).

 

 

As esferas, que são também esterilizadas para poderem ser reutilizadas, são colocadas nas placas para dispersar as células embebidas numa solução aquosa, para que depois possam ser melhor identificadas.

 

 

Lília Perfeito e Paulo Durão numeram com uma caneta de feltro azul as colónias de células, com e sem droga, que injetaram nas placas de Petri com uma pipeta, sem luvas calçadas, porque tanto a bactéria como a levedura são inofensivas, mas com a chama do bico de Bunsen acesa, para evitar a contaminação do material em estudo. “Não queremos bactérias que não são convidadas”, ironiza Paulo.

 

 

À vista desarmada, as colónias de células são gotas esbranquiçadas. Apesar dos cuidados, ao fim de uma semana surge um fungo numa das placas. “Um erro técnico”, reconhece Paulo. “Às vezes, temos convidados inesperados”, afirma, com humor.

 

 

Semana após semana, há gestos que se repetem: colocar as culturas de células da E. coli e da S. pombe nas placas de Petri, selar as placas com fita, conservá-las a 32 graus numa estufa com a aparência de um minifrigorífico, esperar uns dias para ver se as células crescem, e, se sim, como aconteceu com a levedura, raspar as gotas que entretanto secaram, verter o material celular para uns tubinhos de plástico e calcular a biomassa das células registando a sua densidade ótica com um espectrofotómetro, depois de agitar as células numa solução líquida para as manter estáveis.

 

 

É o lado menos cativante, para Paulo Durão, de uma experiência científica, mas que é necessário para validá-la. “O resultado tem de ser estatisticamente significativo”, justifica. Trabalho de paciência? O cientista responde que sim, acenando com a cabeça.

 

 

Num gabinete fora do alcance de Lília e Paulo, e sentada em frente a um computador, Claudia Bank conta que, na véspera, esteve oito a dez horas a construir um modelo de uma célula a crescer e com uma mutação genética. Na verdade, o que se vê, à medida que a investigadora vai discorrendo as imagens no ecrã, são uma espécie de desenhos gráficos, cuja configuração se vai aprimorando. Como se, assume a própria, de uma obra de arte se tratasse.

 

 

 

TPT com: AFP//Reuters//Lusa/ Nuno Noronha//Notícias//Manuel de Almeida//LUSA// 4 de setembro de 2017

 

 

 

 

 

Grandes investidores não querem investir mais em Portugal por decisões de algum amadorismo

“As compras de obrigações portuguesas pelo Banco Central Europeu não vão durar para sempre”, admitiu uma fonte de um grande investidor institucional mundial.

 

 

Grandes investidores admitem não voltar a investir em Portugal, e a culpa é da operação de recompra de dívida do Novo Banco a obrigacionistas, escreveu o Diário de Notícias.

 

 

“As compras de obrigações portuguesas pelo Banco Central Europeu não vão durar para sempre”, admitiu uma fonte de um grande investidor institucional mundial.

 

 

Em 2015, os maiores credores do Novo Banco sofreram grandes perdas, depois de 2,2 mil milhões de euros em obrigações sénior do banco terem sido “confiscados”. Esse montante foi transferido para o BES mau. A decisão do Banco de Portugal foi um choque para os investidores que, agora, não pretendem voltar a investir em Portugal. “Portugal é que vai pagar no futuro todas estas decisões”, disse uma fonte de um destes investidores mundiais ao DN.

 

 

Alguns dos investidores dizem que “as decisões têm sido de algum amadorismo, com falhas técnicas, e com atitudes erráticas e imprevisíveis”. Outra fonte refere ainda que, em Portugal, “nota-se uma descoordenação entre as várias entidades. Isto é assustador, porque foram compradas obrigações seniores e nunca se sabe o que vai acontecer”.

 

 

Um comité de obrigacionistas, formado por grandes credores, enviou uma carta ao supervisor por considerar que a proposta do Novo Banco não tem base legal e que, “servirá apenas para facilitar a venda à Lone Star”. Estes investidores têm o poder de travar a venda do banco, uma vez que detêm mais de 30% do valor nominal das obrigações, e a operação exige um nível mínimo de aceitação de 75%.

 

 

BCP leva mecanismo de capitalização contingente do Novo Banco a tribunal

 

BCP avançou no dia 1 de Setembro com uma acção jurídica contra o mecanismo de protecção dos activos problemáticos do Novo Banco previsto no acordo de venda.

 

O BCP decidiu levar mais longe as críticas ao mecanismo de capitalização contingente que pode levar o Fundo de Resolução a injectar até 3.890 milhões de euros no Novo Banco. Mecanismo esse que faz parte do acordo de venda do Novo Banco ao Lone Star. O banco decidiu levar o mecanismo, que é uma das condições de venda do Novo Banco ao Lone Star, a Tribunal para “apreciação jurídica”.

 

 

“O Banco Comercial Português informa que, após ter transmitido reservas relativamente à obrigação de capitalização contingente pelo Fundo de Resolução que foi anunciado estar incluída em acordo de venda do Novo Banco, decidiu, perante o termo do prazo legal e por cautela, solicitar a apreciação jurídica respetiva em ação administrativa”, refere o banco liderado por Nuno Amado num comunicado publicado na CMVM.

 

 

Mas o banco também avisa que “esta diligência não visa nem comporta a produção de quaisquer efeitos suspensivos da venda do Novo Banco e, consequentemente, dela não resulta legalmente nenhum impedimento à sua concretização nos prazos previstos, centrando-se exclusivamente naquela obrigação de capitalização”.

 

 

Não foi possível avaliar o real impacto desta iniciativa do BCP na operação da venda do Novo Banco, caso o tribunal seja favorável à posição de princípio do banco liderado por Nuno Amado em relação à obrigação de capitalização contingente que serve de garantia ao valor dos ativos problemáticos do Novo Banco.

 

 

Sabe-se apenas que a entrada da ação não suspende a venda, garante o BCP.

 

 

Tal como o Jornal Económico noticiou em primeira-mão, os bancos, através da Associação Portuguesa de Bancos, escreveram uma carta ao Banco de Portugal enquanto autoridade de resolução responsável Fundo de Resolução, manifestando preocupações relativamente ao custo para os bancos que a venda no Novo Banco, nos moldes em que foi acordada, representava para o sistema bancário. Pois através do mecanismo que visa proteger a Lone Star dos riscos inerente aos activos problemáticos do Novo Banco, o Fundo de Resolução que é detido pelos bancos do sistema, é chamado a capitalizar o banco em 3.890 milhões de euros.

 

 

Os bancos propunham nessa carta, que não teve feed-back, alterar o mecanismo de partilha de risco acordado na venda do Novo Banco ao Lone Star, no sentido de baixar a sua exposição. E alertaram também  para uma distorção da concorrência criada pelo mecanismo que foi aprovado.

 

 

Na carta, noticiada em primeira-mão pelo Económico, os bancos pediam que os ativos problemáticos fossem autonomizados numa unidade à parte e que a troca de obrigações gerasse reservas para o Novo Banco superiores aos 500 milhões previstos, para reduzirem a hipótese de terem de financiar o processo, se for usado o mecanismo de capitalização contingente.

 

 

O pedido foi feito através da Associação Portuguesa de Bancos (APB), que escreveu uma carta ao Banco de Portugal, enquanto autoridade de resolução, a sugerir alterações às condições em que os bancos são chamados a recapitalizar o Novo Banco, através do chamado mecanismo de capitalização contingente.

 

 

 

Banco de Portugal garante que ação do BCP não suspende nem trava venda do Novo Banco

 

Em comunicado, o Banco de Portugal reagiu à ação jurídica do BCP e possível impato sobre a venda do Novo Banco.

“Tendo tomado conhecimento da comunicação do BCP, o Banco de Portugal sublinha que não há qualquer alteração no procedimento de venda do Novo Banco, nomeadamente no acordo assinado com o Lone Star e no calendário acordado”, garante o Banco de Portugal que é autoridade da resolução em Portugal responsável pelo Fundo de Resolução.

 

 

“O processo de venda do Novo Banco decorrerá dentro dos prazos previstos uma vez que, tal como decorre da informação do BCP, a ação junto do tribunal administrativo não tem como objetivo suspender ou travar este processo de venda”, assegura a entidade liderada por Carlos Costa.

 

 

 

TPT com: Rafael Marchante/Reuters//Maria Teixeira Alves//Jornal Económico//Cátia Borrego// Mario Proença/Bloomberg // 3 de Setembro de 2017

 

 

 

 

 

 

 

Merkel e Macron querem endurecimento das sanções à Coreia do Norte

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, defenderam o “endurecimento” das sanções da União Europeia à Coreia do Norte na sequência do sexto ensaio nuclear realizado por Pyongyang, indicou o governo germânico.

 

 

No decorrer de uma conversa telefónica, os líderes alemão e francês concordaram que “a última provocação lançada pelo dirigente de Pyongyang atingiu uma nova dimensão”, refere o comunicado.

 

 

A Coreia do Norte anunciou ter testado, com sucesso, hoje uma bomba de hidrogénio desenvolvida para ser instalada num míssil balístico intercontinental.

 

 

O anúncio do “total sucesso” do teste de uma bomba de hidrogénio, conhecida como ‘bomba H’, foi feito pela pivô da televisão estatal norte-coreana, horas depois de Seul e Tóquio terem detetado uma invulgar atividade sísmica na Coreia do Norte.

 

 

 

Segundo a KCTV, o ensaio nuclear, o sexto conduzido pelo regime de Pyongyang, foi ordenado pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un.

 

 

O anúncio tem lugar depois de, na noite de sábado, a agência oficial norte-coreana KCNA ter garantido que a Coreia do Norte conseguira desenvolver com êxito uma bomba de hidrogénio passível de ser instalada num míssil balístico intercontinental (ICBM).

 

 

A KCNA divulgou então uma fotografia de Kim Jong-un junto a uma suposta ‘bomba H’, acompanhado por cientistas nucleares e altos oficiais do Departamento da Indústria de Munições do Partido dos Trabalhadores, apesar de, como é habitual, não ter facultado detalhes sobre o local nem a data do acontecimento.

 

 

 

Macron quer comunidade internacional a reagir “com maior firmeza” contra Coreia do Norte

 

 

O Presidente de França, Emmanuel Macron, apelou este domingo à comunidade internacional para reagir “com a maior firmeza”, após o novo ensaio nuclear da Coreia do Norte, que considera que “afeta a paz e a segurança”.

“O Presidente apela aos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas a reagir rapidamente a esta nova violação pela Coreia do Norte do direito internacional (…)”, disse o Eliseu em comunicado, que pede também uma reação “unida e clara” da União Europeia.

 

 

A Coreia do Norte anunciou hoje ter testado, com sucesso, uma bomba de hidrogénio desenvolvida para ser instalada num míssil balístico intercontinental.

 

 

O anúncio do “total sucesso” do teste de uma bomba de hidrogénio, conhecida como ‘bomba H’, foi feito pela pivô da televisão estatal norte-coreana, horas depois de Seul e Tóquio terem detetado uma invulgar atividade sísmica na Coreia do Norte.

 

 

Segundo a KCTV, o ensaio nuclear, o sexto conduzido pelo regime de Pyongyang, foi ordenado pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un.

 

 

 

Trump rejeita o diálogo: “A Coreia do Norte só entende uma coisa!”

 

 

O Presidente reage ao último teste nuclear de Pyongyang e diz que a Coreia do Norte continua a ser uma fonte de embaraço para a China.

Donald Trump reagiu ao mais recente teste nuclear da Coreia do Norte com uma série de mensagens na rede social Twitter, ao início da tarde deste domingo, manhã em Washington.

 

Em três mensagens, o presidente dos EUA diz que não vale a pena perseguir a via do diálogo com Pyongyang, pois o regime “só entende uma coisa”.

 

“A Coreia do Norte levou a cabo um teste nuclear de grande escala. As suas palavras e acções continuam a ser muito hostis e perigosas para com os Estados Unidos. A Coreia do Norte é uma nação pária que se tornou uma grande ameaça e fonte de embaraço para a China, que tem tentado ajudar, mas sem grande sucesso. A Coreia do Sul tem vindo a perceber, como eu já lhes tinha dito, que a sua conversa de apaziguamento com a Coreia do Norte não vai resultar, eles só entendem uma coisa!”

 

 

Trump não especifica que “coisa” é que a Coreia do Norte entende, mas pode-se inferir das suas palavras que se trata do uso da força.

 

 

A Coreia do Norte anunciou durante a madrugada deste domingo ter concluído com “perfeito sucesso” um teste nuclear com uma bomba de hidrogénio. A confirmar-se trata-se de um passo muito significativo para a conclusão do programa nuclear de Pyongyang e um agravamento sério da crise que opõe aquele regime a praticamente todo o mundo, com destaque para os Estados Unidos.

 

 

A Casa Branca já anunciou que Trump irá reunir com a sua equipa de segurança nacional ainda este domingo para avaliar a resposta a dar a mais esta provocação.

 

 

A Coreia do Norte testou mesmo uma bomba de hidrogénio? E o mundo deve ter medo?

 

 

 

É verdade que a Coreia do Norte levou a cabo mais um teste nuclear? Que tipo de bomba é que a Coreia do Norte testou? Que impacto internacional poderá ter este teste?

 

 

A primeira pergunta a fazer em relação a qualquer notícia oficial que vem de Pyongyang é se é verdade, uma vez que a relação entre a propaganda do regime e a realidade é tudo menos linear.

 

 

Neste caso, a detecção de actividade sísmica na zona do alegado teste coincide com a que houve em vários casos anteriores em que a Coreia do Norte disse ter testado armas nucleares. Tendo em conta este facto, os especialistas acreditam que de facto houve um teste. Se correu tão bem como o regime afirma, ou mesmo se foi do tipo de explosivo que a televisão norte-coreana anunciou, é outra questão.

 

 

Que tipo de bomba é que a Coreia do Norte testou?

 

 

Segundo a informação oficial de Pyongyang, a arma testada foi uma bomba de hidrogénio. A ser verdade, trata-se da primeira vez que o país testa uma bomba deste tipo e representa um aumento significativo do seu poderio e da sua tecnologia nuclear e atómica. As bombas de hidrogénio são muito mais potentes que as armas nucleares normais, que já se sabia que o país detinha.

 

 

Mesmo que se confirme que foi uma bomba de hidrogénio, falta confirmar se o regime tem capacidade para de facto a montar num míssil intercontinental, como afirma, e se esse míssil pode sair e reentrar na atmosfera da terra sem se desintegrar.

 

 

Em todo o caso, um teste bem-sucedido implica que a ameaça nuclear da Coreia do Norte aumentou e confirma que o regime não tem a menor intenção de reduzir ou abandonar o seu programa nuclear.

 

 

 

Por que é que a Coreia do Norte está interessada em ter um arsenal nuclear?

 

 

Nunca é de descartar a possibilidade de a Coreia do Norte usar as suas armas nucleares de forma agressiva, atacando a Coreia do Sul ou mesmo o Japão, os seus dois grandes rivais regionais. Ter um arsenal nuclear dá a Pyongyang algum poder negocial com o mundo, nomeadamente no que diz respeito ao pedido de auxílio económico e humanitário de que depende para sobreviver enquanto Estado independente. Donald Trump referiu-se recentemente a este facto acusando a Coreia de extorsão sob o disfarce de diálogo.

 

 

A desproporção entre a capacidade bélica do Estado norte-coreano e a pobreza e o atraso de desenvolvimento do resto da nação é enorme e a fome é uma ameaça sempre presente no país.

 

 

A médio prazo parece definitivamente de descartar qualquer esperança de que o novo líder norte-coreano, Kim Jong-un, liberalizasse o país e pusesse fim ao isolamento a que Pyongyang se votou desde o final da guerra da Coreia e, sobretudo, desde o fim do regime soviético. Mesmo a China, que continua a suportar o regime, tem-se recusado a convidar o novo líder para visitar Pequim e mostra cada vez maiores sinais de impaciência. Contudo, a China sabe que qualquer instabilidade no país levaria a um influxo de refugiados, com a qual não quer lidar.

 

 

Que impacto internacional poderá ter este teste nuclear?

 

 

Os países que mais directamente se preocupam com o assunto são a Coreia do Sul, naturalmente, e o Japão, que ficam em estado de alerta. Contudo, convém recordar que a mera posse de uma bomba deste calibre não basta. É preciso que o país tenha também a tecnologia para a colocar num míssil de longo alcance, algo que não é certo que a Coreia do Norte tenha conseguido fazer (mesmo que não tenha, tal pode ser apenas uma questão de tempo).

 

 

Já o Governo americano vê-se diante de um paradoxo, uma vez que sente a obrigação de condenar os testes e apoiar a sua aliada Coreia do Sul, mas é precisamente esta “ingerência” americana que Pyongyang invoca para justificar o seu arsenal. Num anterior teste, em 2016, a apresentadora de televisão norte-coreana afirmou que “perante a atitude hostil dos EUA, abandonar o programa nuclear seria uma tolice, como um caçador baixar a arma perante a carga de um lobo feroz”. 

 

 

A eleição de Donald Trump representou uma mudança de paradigma. A linha oficial dos EUA já não é apenas de apelos à calma e condenações. Trump já disse que o problema da Coreia do Norte não se resolve pelo diálogo e agora, depois de mais este teste, afirmou que o regime “só entende uma coisa”, podendo-se inferir que se refere ao uso da força. Contudo, não foi ainda tomada nenhuma medida concreta nesse sentido por parte de Washington.

 

 

 

TPT com: AFP//Reuters//Filipe d’Avillez / Lusa/Observador/ 3 de Setembro de 2017