Tendo em conta a sua política de apoio a iniciativas culturais, designadamente no campo do artesanato, literatura, música, folclore e pintura, o gabinete do vereador Augusto Amador, em parceria a Bellas Arts NetWork, levou a efeito a “3ª Exibição de Arte e Tradições Multiculturais do Ironbound”, que teve lugar na “Galeria Temporária” do 113 da Monroe Street, em Newark.
Esta iniciativa cultural, sob o lema “Open Doors”, contou com o apoio de várias organizações estatais, entre elas a Ironbound Community Corporation, Newark City, IBID e Newark Arts Council.
Participaram nesta exposição colectiva de Arte, que durou dez dias, cerca de centena e meia de artistas, pertencentes a várias comunidades que compõem o “mapa étnico-cultural” do estado de New Jersey.
Augusto Amador, vereador da cidade de Newark (o mentor desta iniciativa), deu as boas vindas a todos os presentes e agradeceu a participação dos artistas nesta exposição que, “ para além de ajudar a realçar o significativo papel desenvolvido pela comunidade portuguesa que reside nesta região dos Estados Unidos, transmite ao público americano, de forma cultural, um pouco da história e das origens das comunidades multi-étnicas que aqui residem”,referiu.
“Para além disso, esta exposição colectiva de arte, visa também apostar na promoção e divulgação de novos artistas, dando-lhes visibilidade para mostrar ao público, os seus talentos”, concluiu.
Entre os convidados presentes estava também Ras Baraka, mayor da cidade de Newark, que se mostrou satisfeito com a qualidade dos trabalhos expostos, tendo elogiado o empenhamento dos mentores desta iniciativa, bem como o trabalho dos artistas.
Para os membros da organização, esta exposição é também uma oportunidade valiosa, para todos os artistas, que participam neste desafio, devido à possibilidade que existe na divulgação dos seus trabalhos, bem como nas possíveis oportunidades de negócio ou contratos para futuros projectos.
A escolha dos materiais e técnica adequadas nas obras que compõem esta exposição, está directamente ligada ao resultado desejado pelos seus autores, como para o trabalho que se pretende, seja entendido.
Esta colectânea de arte, tem também reconhecido valor para a cultura da cidade de Newark, uma vez que se encontram aqui obras interessantes de autores, das diferentes comunidades étnicas, que residem na cidade mais portuguesa de New Jersey.
Para além disso, a edição deste ano do festival multicultural pretendeu também, estimular a juventude a apresentar os seus trabalhos, não só nas áreas do artesanato e da pintura, mas também na área da literatura.
E foi neste contexto que estiveram expostas várias obras de escritores portugueses, brasileiros e luso americanos, que defendem a criação de mais pontes de diálogo e cooperação, entre povos e culturas, já que, segundo alguns dos artistas presentes, “é nesta méscala de usos, costumes e tradições, que se encontra a magia e o encanto da fraternal e sã convivência”, disseram.
Segundo o autor literário brasileiro Jonas Filho, “importante é também continuar a construir sonhos, quer sejam feitos através da música, da literatura, do desporto ou da arte”.
Construir sonhos, é o objectivo principal desta organização, que quer através da regularidade destes encontros culturais tornar-se responsável pela expansão do entusiasmo das pessoas a este e a outros eventos do género.
Iniciativas como esta são sempre bem vindas, até porque, segundo o arquitecto, escritor e pintor António Rendeiro, “ao contrário do que diz o poeta Eugénio de Andrade, “as palavras não se gastam e ser poeta parece mesmo “ser mais alto”!”.
António Rendeiro (na foto à direita), continua a vivificar as fontes de imaginação e criação artística, não só na sua profissão como arquitecto, mas também na área da literatura e pintura, constituindo assim, com o seu exemplo, incentivos para outros que queiram com o seu olhar poético projectar a arte.
Em conversa com o The Portugal Times, António Rendeiro começou por elogiar a realização desta iniciativa, pelo facto de contribuir para o conhecimento e desenvolvimento cultural das comunidades multi-étnicas que residem nesta cidade, com mais de 280 mil habitantes. Rendeiro disse ainda que esta exposição não é uma mera transmissão de habilidades técnicas dos seus autores, “mas o resultado de um conjunto de actos, que abrem horizontes e despertam a criatividade”, disse.
Durante esta exposição multicultural que decorreu de 15 a 25 de outubro no Ironbound, para além da presença do mayor Ras Baraka, estiveram também o empresário António Seabra e a legisladora do estado de New Jersey, Eliana Pintor Marin, que elogiaram a iniciativa, indicando-a como exemplo para outras cidades do estado de New Jersey. O vereador Augusto Amador agradeceu as considerações feitas pelo mayor e pela legisladora Marin, e reconhece o quanto é gratificante ver aqui artistas comunitários que representam países que vão desde Portugal, Brasil, Angola, India, Sri Lanka, Ucrânia, Cuba, Colombia, Costa Rica, República Dominicana, Honduras, entre outros países das Américas, interagindo com as autoridades locais o seu interesse pela arte.
As pessoas que visitaram a exposição gostaram da animação e das obras expostas, bem como do aproveitamento do espaço da “nova galeria de arte do Ironbound” que ofereceu aos residentes da cidade de Newark mais um local direcionado para a realização de diversas expressões de arte.
Do programa deste evento fizeram parte também algumas palestras de âmbito cultural, que contou com a presença de um público apreciador, e consciente de que as culturas tradicionais não são apenas uma herança do passado, mas são também uma dinâmica do nosso presente.
E porque o mundo em que nós nos queremos reconhecer é feito de diversidade, “esta exposição dá-nos a perceber que a arte só faz sentido quando é feita de várias cores, de vários géneros e de várias orientações”, comentaram.
Fernando Silva, pintor e ceramista, foi o artista residente desta mostra de arte. Reside em New Jersey e os seus trabalhos têm levado o autor a participar em inúmeras exposições individuais e colectivas, em países como Portugal, Espanha, França e Estados Unidos, país que escolheu para viver.
Nasceu na freguesia da Torreira, distrito de Aveiro, e cursou artes plásticas na Calouste Gulbenkian. Trabalhou em cerâmica com o mestre António Pascoal, e com o mestre José Maria, em escultura.
Fernando Silva é um artista que olha para cada novo trabalho, como um desafio, e pinta com determinação.
O seu estilo é muito próprio e peculiar. Um estilo que nasceu nas areias da praia, nas velas dos moliceiros e no fascínio do mar.
Um trabalho e um estilo que o artista desenvolveu ao longo da sua vida e cujos clientes e adeptos continuam a elogiar.
Outro dos artistas em destaque nesta esposição foi Sid Lopes. Um jovem e dinâmico artesão brasileiro que trabalha as suas obras em materiais de ferro e cobre, e para quem a vanguarda do seu trabalho, contribui para o fortalecimento dos seus processos culturais.
“É importante a conscientização das pessoas se reaproveitarem dos materiais”, diz o escultor. “Por exemplo, se os materiais que eu uso não estivessem empregados nas minhas obras, talvez estivessem atirados em algum lugar, tornando-se lixo”, disse Sid.
Dos trabalhos que o escultor brasileiro apresentou destacamos “Vida de Jesus” (a primeira à esquerda), construída por pequenos quadros do Novo Testamento. Uma obra que também despertou o interesse dos visitantes.
O bairro leste de Newark possui uma rica produção artística e cultural. Agrada aos amantes das artes plásticas, da literatura, do teatro, da dança e da música.
E não foi por acaso que a Tuna Proverbo da Seccção Cultural do Sport Clube Português de Newark, também foi convidada.
Para os membros do grupo Proverbo, que defendem a importância que existe em projectar a língua e a diversidade cultural portuguesas na América do Norte, a música popular também é uma preciosa ajuda na sua divulgação.
A Tuna é constituída por elementos que para além do seu interesse em literatura, artesanato e pintura, têm em comum o gosto pela música, poesia e convívio. E foi perante pessoas de várias culturas e países que a Tuna Proverbo apresentou um reportório de música popular, com canções que tendem a desaparecer com o decorrer do tempo. “Por isso é necessário mantê-las vivas, na memória das pessoas”, dizem. O público gostou do que viu e ouviu e aplaudiu.
Para além da vertente de música popular, o programa primou também pela vertente de música mais generalista.
Jose Luís iglesias e Fátima Santos, dois artistas que residem no estado de New Jersey, prendaram a audiência com alguns fados e baladas de autores portugueses, mostrando que sabem expressar o sentimento do poeta embriagado por algo que sobe ao pensamento.
Fátima Santos, já com alguns trabalhos editados, apresentou um repertório escolhido com critérios de qualidade e diversidade, que agradou a todos os presentes.
E como a música é o espelho da alma do poeta, o transmontano João Machado, também participou na iniciativa “falando e cantando”. O João começou por elogiar o trabalho da organização do certame, e enalteceu a vontade dos artistas participantes em quererem trocar entre si, ideias e experiências, “rumo a um mundo mais culto e digno” e cantou nas suas trovas “que culpa tem a vida que a não saibamos viver”.
O folclore português também não podia faltar e fez-se representar neste encontro multicultural pelo Rancho Folclórico Barcuense que foi o grupo convidado. De referir que este grupo tem 38 anos de existência e mais de meia centena de elementos.
O Rancho Barcuense apresentou danças e cantares ancestrais da região do Alto Minho. Os dançarinos, tocadores, cantadores e cantadeiras, deram um colorido bonito à festa, para gáudio de todos os presentes.
Por aquilo que nos foi dado observar, o Rancho Barcuense que tem a sua sede em Newark, continua a ser um caso raro de sucesso, pelas manifestações de alegria que os seus jovens e adultos transmitem e também pelo património que possui e continua a construir.
Para os membros da organização da “3ª Exibição de Arte e Tradições Multiculturais do Ironbound”, foi também uma oportunidade valiosa, para todos os artistas e colaboradores que participaram neste desafio.
Um desafio que pretende dar destaque aos valores que constituem o património nacional de cada país aqui representado, quer sejam nas áreas da literatura, das artes plásticas, arquitectura, jornalismo, música, ou artesanato.
Segundo Claudia Garzesi, um dos membros da organização (segunda na foto à esquerda), “nesta exibição de arte tivemos o cuidado de trazer ao Ironbound artistas que são representativos da cultura das diferentes comunidades que aqui residem. Uma boa oportunidade para fomentar o intercâmbio cultural”.
Em representação da comunidade portuguesa estiveram nomes como Ana Rua Miranda; Andreia Matos; Anna Jesus; António Rendeiro; Augusto Amador; Baldomiro Soares;Conceição Ruivo; Cristina Soares; Eduardo Mendes; Fernando Silva; Francisco J. Rito; Glória de Melo; Ilda Pinto Almeida; João Martins; Joaquim Pinto; João Machado; Lino S. Santos; Luciano Felício; Luís Pires; Manuel Figueiredo; Maria H. Mendes; Mateus Costa; Natália M. Ferreira; Souza Varela; Tarcisio Lopes; Carla Antunes Belo; Isabel Leitão; Ivone Martins; Maria Elisa Sá Couto; Tânia Gentil; José Luís Iglesias e Fátima Santos; Tuna Proverbo e o Rancho Folclórico Barcuense.
E é neste ambiente vivificador que encerra a “3ª Exibição de Arte e Tradições Multiculturais do Ironbound”, uma iniciativa que teve grande aceitação por parte dos artistas, autoridades políticas de Newark e também pela população.
Para o ano, há mais…
J.M./The Portugal Times/21/11/2015