O líder chinês, Xi Jinping, disse hoje que a China vai fazer todos os esforços para reunificar Taiwan pacificamente, mas que “nunca renunciará ao uso da força”, na abertura do 20º Congresso do Partido Comunista (PCC).
“Trabalharemos com a maior sinceridade e faremos todos os esforços em prol da reunificação pacífica [de Taiwan], mas não renunciaremos nunca ao uso da força e reservamos a possibilidade de adotar todas as medidas necessárias”, afirmou.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, ocasião em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
Taiwan atua como uma entidade política soberana, mas Pequim insiste que o território é uma província sua.
Os Estados Unidos continuam a ser o maior aliado e fornecedor de armas de Taipé.
“A resolução da questão de Taiwan é um assunto do povo chinês e deve ser resolvido apenas pelo povo chinês”, apontou Xi Jinping.
“A reunificação da pátria deve ser alcançada e vai ser alcançada”, acrescentou, condenando o “separatismo e a interferência estrangeira” na questão de Taiwan.
Xi Jinping também elogiou a transição de Hong Kong “do caos para a governação”. O seu governo impôs, em 2020, uma lei de segurança nacional à cidade que praticamente eliminou a oposição e os ativistas pró-democracia na região semiautónoma da China.
Congresso deverá reforçar poder de Xi Jinping
O 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) arrancou este sábado e vai durar uma semana, devendo pôr termo a duas décadas de sucessão política ordenada, ao cimentar o estatuto do atual secretário-geral, Xi Jinping.
O mais importante evento da agenda política da China, que se realiza a cada cinco anos e reúne, em Pequim, mais de 2.000 delegados de todo o país, vai apresentar também, no último dia, a nova formação do Comité Permanente do Politburo do PCC, que é composto por sete membros, entre os quais o líder, Xi Jinping.
A nomeação de Xi para um terceiro mandato de cinco anos como secretário-geral do PCC e presidente da Comissão Militar Central é vista por analistas como um momento decisivo na História moderna da China.
O cargo de secretário-geral é a mais alta posição de poder na China. Como chefe da Comissão Militar Central, Xi Jinping controla também as Forças Armadas do país.
O cargo de Presidente do país deve ser renovado pela Assembleia Nacional Popular (ANP) em março, mas é sobretudo cerimonial, garantindo um título apropriado para visitas ao exterior e contactos com chefes de Estado estrangeiros.
Ao assumir o terceiro mandato, Xi Jinping vai encerrar formalmente um período de duas décadas marcado por transições previsíveis e ordenadas de um líder partidário para o outro. Em 2002, Hu Jintao sucedeu a Jiang Zemin como secretário-geral do partido. Em 2012, Hu abriu caminho para Xi.
Mas, no último congresso do PCC, realizado em outubro de 2017, Xi Jinping não nomeou um sucessor óbvio e a Constituição da China foi posteriormente alterada pela ANP, para permitir que cumprisse três ou mais mandatos como chefe de Estado.
Apesar da esperada manutenção no poder de Xi, a reorganização do Comité Permanente do Politburo deve ditar a retirada de pelo menos dois membros, de acordo com a norma que estabelece um teto de 68 anos de idade no início do novo mandato.
Quatro membros, incluindo o primeiro-ministro Li Keqiang, têm 67 anos ou menos e, portanto, são elegíveis para mais um mandato de cinco anos. É possível, no entanto, que Xi possa reduzir o limite de idade para 67 anos para substituir Li.
Ao contrário da Presidência, o cargo de primeiro-ministro continua a estar sujeito a um limite de dois mandatos. Se Li Keqiang permanecer no Comité Permanente do Politburo, deve assumir outro cargo no Governo, provavelmente o de presidente da ANP.
Wang Yang, antigo secretário do Partido Comunista na província de Guangdong e atualmente membro permanente do Politburo, é considerado o favorito para substituir Li como chefe do Governo.
Outro candidato é o vice-primeiro-ministro Hu Chunhua, que é atualmente um dos 25 membros do Politburo, mas que não faz parte do Comité Permanente.
Outra posição a ser observada é a chefia da Comissão Central de Assuntos Políticos e Jurídicos do partido, que supervisiona o vasto aparato de segurança interna da China.
Os principais candidatos a este cargo incluem dois quadros que trabalham de perto com Xi Jinping há duas décadas: Chen Yixin, que atualmente é secretário-geral da comissão, e Wang Xiaohong, que foi nomeado chefe do Ministério da Segurança Pública da China, em julho.
China censura protesto anti-Xi Jinping em vésperas do Congresso do Partido Comunista
Os censores da Internet da China removeram na sexta-feira praticamente todas as referências a um raro protesto anti-Xi, levado a cabo por um ativista solitário.
A máquina da censura à Internet chinesa removeu todos os relatos sobre um raro protesto em Pequim efetuado por um ativista solitário que colocou duas enormes faixas numa ponte a denunciar as políticas anti-Covid e a má-gestão que o presidente Xi Jinping tem feito no país.
“Sejam cidadãos, não escravos”, são algumas das palavras de ordem deste “raro” protesto público efetuado pelo ativista desconhecido e que desafia o regime em vésperas do vigésimo congresso do partido único do país.
Pequim está em alerta máximo contra qualquer interrupção de uma reunião histórica do Partido Comunista (PCC) que começa no domingo, onde Xi deverá garantir um novo mandato como secretário-geral do partido. Ato que constituirá um marco histórico na liderança chinesa.
À entrada da rede de metro, todos os passageiros são revistados e submetidos a verificações de segurança por exércitos de voluntários enviados para todos os bairros de Pequim, com a finalidade de relatar qualquer situação considerada fora da normalidade.
Imagens de vídeo e fotos partilhadas nas redes sociais, na quinta-feira, parecem mostrar o manifestante a colocar duas faixas pintadas à mão na ponte Sitong, em Pequim.
As faixas mostravam slogans a criticar as políticas do Partido Comunista, sobretudo às políticas de tolerância zero à Covid-19 que Xi Jinping introduziu em toda a China.
“Sem testes de Covid, quero ganhar a vida. Sem Revolução Cultural, quero reformas. Sem bloqueios, quero liberdade. Sem líderes, quero votar. Sem mentiras, quero dignidade. Não serei escravo, serei cidadão”, diziam as faixas.
A população chinesa tem sofrido forte repressão pelas autoridades justificadas pelas medidas contra a Covid-19. A política de tolerância zero introduzida pelo governo arrasta-se há vários meses, deixando a população cativa nas suas casas sem poderem trabalhar ou sair à rua para comprar comida.
Uma outra faixa fixada pedia aos cidadãos que entrassem em greve e que removessem “o ditador e traidor Xi Jinping” do governo.
Mais imagens mostravam o ativista em cima da ponte a acender duas tochas de fumo para atrair a atenção dos transeuntes. Ação que também atraiu a polícia que removeu as faixas e deteve o ativista.
Testemunhas contaram ao The Wall Street Journal (acesso fechado), “assim que a polícia chegou ao local, limparam a zona e foram porta a porta questionar os lojistas”.
As imagens foram removidas das redes sociais, mas no Twitter ainda é possível recuperar alguns vídeos colocados pelos utilizadores. O mesmo acontece no Youtube.
De acordo com a AFP, a rede social chinesa Weibo, bloqueou mensagens e palavras alusivas ao protesto, incluindo “Ponte Sitong”.
TPT com: AFP//NBCNews//MadreMedia / Lusa// Twitter// 16 de Outubro de 2022