Boeing anuncia prejuízo de 558 milhões de euros e despedimento de 16.000 trabalhadores

 

A Boeing revelou hoje que no primeiro trimestre do ano fiscal teve um prejuízo de 628 milhões de dólares (558 milhões de euros), devido ao impacto da pandemia da covid-19, e que vai despedir 16.000 trabalhadores enquanto procura liquidez.

 

 

“Vamos ser uma empresa mais pequena durante um tempo. Temos trabalhado arduamente para manter a estabilidade da força de trabalho (…), mas vemos que nos próximos anos, com a queda da procura, a produção não permite suportar a força laboral que hoje temos”, disse o presidente executivo da empresa aeronáutica norte-americana, David Calhoun, numa teleconferência de apresentação dos resultados trimestrais.

 

 

O gestor referiu ainda que a Boeing está a “adotar medidas para reduzir a sua força de trabalho em cerca de 10% até ao final deste ano”, de um total de 160.000 trabalhadores, através da “combinação de rescisões amigáveis e despedimentos”.

 

 

A Boeing está a enfrentar “uma crise global sem comparação alguma com outras” e está a focar-se em “conseguir liquidez”, tendo agradecido aos 26 países que avançaram com pacotes de ajuda económica específicos para o setor aeroespacial e das companhias aéreas.

 

 

A Boeing está ainda a “avaliar as opções de financiamento” que lhe foram oferecidas pelo Estados Unidos, através da Reserva Federal (Fed).

 

 

Após fechar 2019 com o seu primeiro ano de prejuízos, o que aconteceu em mais de duas décadas, a Boeing, que está submersa pelo escândalo com os acidentes ocorridos com o modelo 737 MAX, teve no primeiro trimestre do ano mais um impacto negativo com a pandemia da covid-19.

 

 

Assim, entre janeiro e março deste ano, reportou 628 milhões de dólares de prejuízos, contra um lucro de 2.149 milhões de dólares alcançados no mesmo período do ano passado.

 

 

 

A faturação trimestral da Boeing recuou 26% em termos homólogos, para 16.908 milhões de dólares, enquanto o fluxo de caixa operacional passou para negativo, com os despesas no montante de 4.300 milhões dólares, já que os seus clientes, principalmente as companhias aéreas atingidas pelo colapso do tráfego aéreo, atrasaram as suas compras, o que se repercutiu nas entregas e adiaram a manutenção e recuperação dos equipamentos.

 

 

David Calhoun referiu também que os “princípios fundamentais” nos quais assentam as viagens aéreas desde há cinco décadas e que permitiram dobrar o tráfego aéreo nas duas últimas décadas “permanecem intactos”, mas prevê que vai levar “dois ou três anos para retornar aos níveis das viagens de 2019 e mais alguns anos para que o setor regresse à tendência de longo prazo”.

 

 

A empresa tomou medidas para enfrentar a “nova realidade do mercado”, tendo abandonado a recompra de ações e a distribuição de dividendos e pedido um empréstimo de longo prazo no montante de quase 14.000 milhões de dólares.

 

 

Esta semana, a Boeing desistiu de fechar um acordo com a brasileira Embraer que lhe custaria cerca de 4.200 milhões de dólares.

 

 

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 217 mil mortos e infetou mais de 3,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Perto de 860 mil doentes foram considerados curados.

 

 

 

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

 

 

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.

 

 

 

 

 

 

Deixar vazios os lugares do meio. Uma “ideia idiota” ou a resposta para voltar a viajar de avião com confiança?

 

 

 

 

 

 

No que toca ao combate à propagação da covid-19, o distanciamento social é a chave. Por isso, algumas companhias aéreas planeiam voar com os lugares do meio vazios, para permitir o afastamento dos passageiros. Contudo, esta é uma medida que não agrada a todas as empresas. Será que a distância de um banco chega? E a nível económico, quais podem ser as consequências?

 

Com muitos aviões sem levantar voo, os planos fazem-se já com os olhos no céu. Contudo, alguns pormenores poderão ter de mudar para garantir o regresso seguro das viagens. Desta forma, são já várias as companhias aéreas que ponderam iniciar os voos com menos pessoas nas aeronaves: a alternativa é deixar vagos os lugares do meio, de forma a ser possível manter um maior distanciamento social.

 

 

Segundo a BBC, esta medida não seria mal vista pelos passageiros. Afinal, é uma vantagem ir à janela a ver a vista ou do lado do corredor e poder esticar as pernas ou ir à casa de banho sem ter de pedir para passar. O lugar do meio não tem esses benefícios — apenas é positivo se a pessoa tiver à-vontade para conversar com os companheiros de viagem.

 

 

Mas será esta uma boa forma de manter as distâncias? Os aviões permitem-no realmente, de forma segura? E por quanto tempo será viável voar nestas condições?

 

 

A verdade é que as cabines dos aviões não estão configuradas para se manter o distanciamento social. Daniel Baron, diretor-geral da LIFT Aero Design, refere que, para já, deixar lugares por ocupar é a única opção. Todavia, “a longo prazo não é economicamente sustentável. Depois de a poeira assentar, todos esperamos novamente uma mobilidade global acessível. Para permitir as tarifas, especialmente se a capacidade total tiver sido reduzida, as companhias aéreas vão precisar de pessoas em todos o lugares”.

 

 

Mas façamos algumas medições. Alguns estudos apontam que é necessário manter uma distância de 2 metros entre as pessoas, para evitar o contágio. Contudo, isso é impossível num avião moderno, onde os assentos têm cerca de 45 cm de largura — e é, portanto, essa a distância de segurança que se consegue com o lugar do meio vazio. Ou seja, era necessário ter mais de quatro assentos separados para manter a distância: se um avião tivesse filas de seis lugares, apenas ficariam a uso os dois assentos da janela, contando ainda com a distância do corredor. Por outro lado, esta era apenas a distância lateral. As pessoas sentam-se também nas filas à frente e atrás. Geralmente, os assentos das cabines estão espaçados em filas a uma distância de 75 a 80 centímetros. Portanto, para manter as pessoas afastadas pelo menos 2 metros, era necessário deixar duas filas completamente livres entre cada passageiro.

 

 

Para Baron, esta não é, no entanto, a única medida a considerar. “Uma combinação de rastreio antes do voo, com uma higienização completa da cabine, designações inteligentes de lugares e [utilização] de máscaras provavelmente será o caminho a seguir no curto e no médio prazo.”

 

 

Neste cenário, há um factor importante a considerar pelas companhias aéreas: o de carga, ou seja, a percentagem de lugares ocupados num avião pelos passageiros, que diz se vale ou não a pena voar. Em 2019, a Associação Internacional de Transporte Aéreo citou uma taxa de ocupação global média de 84%, variando regionalmente em 89% na América do Norte e em 71% em África.

 

 

Bloquear os lugares do meio num Boeing 737 ou Airbus A320, que geralmente têm um layout de 3-3, ou até em alguns aviões maiores, como um Boeing 787 ou Airbus A350, que tendem para uma configuração de 3-3-3, significava um factor de carga de 66,7%, o que não é suficiente para permitir que as companhias aéreas operem sem registar perdas.

 

 

Como adaptação aos novos tempos, a Delta Air Lines já mudou a maneira como os passageiros embarcam nas aeronaves. Agora, as entradas fazem-se de forma a ocupar os lugares de trás para a frente, para que os passageiros não precisem de passar uns pelos outros. A companhia aérea também já está a embarcar menos pessoas de cada vez para melhorar o distanciamento físico dos passageiros.

 

 

A Wizz Air está também a implementar a mesma medida. O CEO,  Jozsef Varadi, disse que os aviões de um só corredor podem ser obrigados a deixar os lugares do meio vagos para permitir o distanciamento social a bordo. “Basicamente estaríamos a bloquear um terço dos aviões”, disse Varadi à Reuters. “Um avião de 180 lugares tornar-se-ia num de 120 lugares”.

 

Muitas companhias aéreas também estão a cancelar ou a reduzir o serviço de alimentos e bebidas a bordo para reduzir as interações entre passageiros e tripulação. Por exemplo, a Southwest está a servir garrafas de água em vez do seu habitual serviço de bebidas completo.

 

 

Face à necessidade, são já vários os projetos que vão surgindo para combater o problema das cabines dos aviões. Os designers italianos da Avio Interiors divulgaram dois novos modelos de assentos que visam manter uma distância segura entre os passageiros “de acordo com os novos requisitos” sem comprometer muito espaço a bordo, conta a CNN.

 

 

O primeiro modelo, a “poltrona Janus”, adotando o nome do deus grego das mudanças e transições, consiste em que, numa fila de três lugares, o banco do meio esteja voltado para a direção oposta à dos bancos corredor e da janela, para garantir “o máximo isolamento entre os passageiros sentados um ao lado do outro”.

 

 

Além disso, cada banco tem uma proteção “feita de material transparente”, para impedir a “propagação da respiração” entre os assentos adjacentes.

 

 

A outra opção apresentada é o modelo “Glassafe”, que consiste em incluir proteções nos bancos, de forma a que, se uma pessoa tossir ou espirrar, as gotículas não passem para as pessoas sentadas ao lado. Este modelo seria, por isso, mais simples de incluir nas atuais disposições dos aviões. Contudo, não há, desta forma, a garantia da distância de segurança.

 

 

A Avio Interiors disse à CNN que as companhias aéreas já demonstram interesse nos dois projetos e que a empresa está atualmente a fazer o protótipo dos dois modelos. Depois de passar por todas as fases do projeto, têm de ser aprovados pelos reguladores da aviação.

 

 

No entanto, a empresa acredita que poderá lançar este tipo de bancos dentro de oito a 11 meses, caso seja possível avançar. Embora não exista garantia de que realmente vamos ver estes designs montados em aviões, esta é uma forma de as empresas mostrarem que estão atentas à atualidade, apresentando conceitos inovadores que ajudam a refletir o cenário de viagens que se está a alterar.

 

 

 

 

 

 

Uma “ideia idiota” e as consequências económicas

 

 

 

 

 

 

Contudo, nem todas as companhias concordam com a medida. O presidente da Ryanair já referiu que a companhia aérea irlandesa de baixo custo não retomará os voos se for necessário deixar assentos no meio da fila vazios para manter as distâncias de seguranças por causa da covid-19, referindo também a questão do factor de carga.

 

 

Numa entrevista ao Financial Times, Michael O’Leary disse que já avisou o governo irlandês de que, se planear introduzir tais regras, “ou paga pelo assento do meio” a companhia não voará, sublinhando: “não podemos ganhar dinheiro com uma taxa de ocupação de 66%”. Além disso, segundo o responsável, deixar os assentos do meio desocupados não garante distância suficiente e “é uma ideia idiota que não leva a nada”.

A companhia aérea de baixo custo, que tem 99% dos aviões imobilizados devido à quase total interrupção do tráfego aéreo por causa da pandemia de covid-19, já tinha alertado no início de abril que os seus lucros estariam abaixo das expectativas para o exercício anual até final de março, o que inclui apenas o início das perturbações relacionadas com o novo coronavírus.

 

 

Esta posição do presidente da Ryanair surge depois de a companhia aérea EasyJet ter admitido a possibilidade de deixar os assentos do meio vazios numa fase inicial de retoma de voos.

 

 

O director-geral da EasyJet para Portugal, José Lopes, também já se pronunciou sobre o assunto, dizendo que a limitação ao número de lugares nos aviões poderá pôr em causa a retoma do sector, pois fará subir “exponencialmente” os preços das passagens aéreas.

 

 

Para José Lopes, o sector precisa de conhecer com a máxima antecedência o ‘roadmap’ (roteiro) para um cenário de evolução positiva da doença em Portugal para se poder preparar, e para tal, a Easyjet precisará de “pelo menos 15 dias” para testes.

 

 

Segundo o responsável, não poderá também haver limitações àquilo que designou por “conectividade”.

 

 

“Se tivermos a lançar operações com o número de lugares que estão disponíveis, como atualmente estão implementadas, a um terço da capacidade não será possível estimular o mercado, porque para operarmos em situações normais vamos ter que aumentar exponencialmente os preços e aquilo que é necessário neste momento é precisamente o contrário, é baixarmos os preços”, disse.

 

 

Segundo o responsável, terão que ser implementadas as necessárias medidas de segurança, como a utilização obrigatória de máscaras, que gerem confiança nos consumidores, “mas que não criem barreira à conectividade e ao custo de voar”.

 

 

Caso contrário, corre-se o risco de que voar “passe a ser um regresso ao passado, para algo de luxo e não algo acessível à grande maioria da população”.

 

 

 

 

 

 

A certeza de que nada vai ser igual 

 

 

 

 

 

O líder da Boeing, David Calhoun, já referiu que o tráfego aéreo mundial vai demorar anos a regressar ao nível de antes da pandemia de covid-19, apontando um período de dois a três anos.

 

 

Calhoun, que falava numa reunião da Boeing, anunciou que são precisos três a cinco anos para que os dividendos da Boieng sejam restaurados, com o grupo aeronáutico a ser bastante atingido pelas consequências económicas da crise causada pela pandemia de covid-19. Estas dificuldades acrescem aos problemas que o grupo tem enfrentado com o aparelho 737 MAX.

 

 

“Esta crise sanitária é diferente de tudo o que conhecemos antes”, afirmou Calhoun, acrescentando que haverá um período de “vários anos” antes de se atingir os níveis anteriores à pandemia.

 

 

Calhoun traçou um quadro sombrio quanto às perspetivas do sector aéreo em geral e da Boeing em particular. “Sabemos que teremos que pedir dinheiro emprestado nos próximos seis meses”, afirmou.

 

A Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea — Eurocontrol — estimou já que o sector aeronáutico europeu vá perder 110 mil milhões de euros este ano devido à pandemia de covid-19, entre companhias aéreas, aeroportos e prestadores de serviço.

 

 

“Haverá uma perda total de receitas da indústria de aproximadamente 110 mil milhões de euros durante 2020 para as companhias aéreas, aeroportos e prestadores de serviços de navegação aérea”, indica a entidade europeia numa análise divulgada.

 

 

Para chegar a este valor, a Eurocontrol teve “em conta os pontos de vista de muitas outras entidades importantes”, como a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), a Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), o Conselho Internacional dos Aeroportos (ACI) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como “contactos com presidentes de principais companhias aéreas europeias”.

 

 

Nesta análise publicada no seu ‘site’ a Eurocontrol traça dois diferentes “cenários de tráfego” relacionados com a recuperação do setor, que regista actualmente quebras de operação na ordem dos 90%, dadas as medidas restritivas adotadas pelos Estados-membros da União Europeia para tentar conter a propagação da pandemia (incluindo limitações nas viagens entre países).

 

 

E, segundo a organização europeia, enquanto uma abordagem coordenada entre os Estados-membros iria permitir “o início da recuperação em meados de junho, com a total retoma em julho”, a adoção de medidas descoordenadas a nível comunitário “iria afectar significativamente a taxa de recuperação”.

 

 

Frisando que estes dois cenários dependem “muito de variáveis como a duração e a dimensão da pandemia em toda a Europa, que ainda não são claras”, a Eurocontrol afirma já como adquirido que, “se as companhias aéreas tiverem de cumprir um conjunto de regulamentos à partida e outro conjunto quando o voo chega a outro Estado-membro, isso será particularmente oneroso para o setor”.

 

 

Então, no que toca ao cenário das medidas coordenadas, que prevê uma abordagem comum para estabelecer procedimentos operacionais e para levantar as restrições nacionais, a Eurocontrol antecipa uma quebra de 45% (menos cinco milhões) nos voos realizados este ano dentro da Europa face ao período homólogo de 2019.

 

 

Os números pioram no caso de um cenário oposto, já que se cada país europeu começa a ditar as suas regras, as quebras na operação podem chegar aos 57% em 2020 (menos 6,2 milhões de voos) a nível europeu, também face ao ano anterior.

 

Para esta análise, a Eurocontrol teve apenas em conta o tráfego intraeuropeu por assumir que este será o primeiro a ser retomado.

 

 

“A diferença entre os dois cenários é significativa e realça que o desenvolvimento de uma abordagem comum é vital para minimizar a perturbação e o custo da pandemia”, frisa a organização europeia, apelando então a que os Estados-membros se coordenem no levantamento das restrições e na aplicação de normas de segurança no sector.

 

 

Em ambos os casos, segundo os dados divulgados nesta análise, a recuperação só se deverá intensificar no final do ano, com as quebras a baixarem para -20% em outubro e só a descerem para -15% em fevereiro de 2021, isto no cenário mais positivo.

 

 

Atualmente (dados da semana passada) as quebras no tráfego aéreo europeu chegam aos 89%, com os voos de passageiros praticamente parados e a serem colmatados com os de transporte de mercadorias (voos de carga). Esta percentagem compara com uma redução de 41% em meados de março.

 

 

Ainda segundo a Eurocontrol, em média, estão a ser efectuados por dia cerca de 3.000 a 4.000 voos na Europa, menos 20 a 30 mil do que no mesmo período de 2019.

 

 

 

 

 

Boeing desiste de acordo de negócios conjuntos com a brasileira Embraer

 

 

 

 

 

 

A Boeing rescindiu (25 de Abril) o acordo com a brasileira Embraer para criar duas parcerias, uma para o negócio da aviação comercial e outra para o desenvolvimento de novos mercados para o avião militar de transporte de carga C-390.

 

O gigante da aeronáutica Boeing rescindiu o acordo ‘Master Transaction Agreement -MTA’ com a brasileira Embraer, que tinha como objetivo estabelecer “um novo patamar de parceria estratégica”, refere a Boeing em comunicado, realçando que em causa estavam a criação de duas ‘joint-ventures’ (empresas conjuntas), uma para o negócio da aviação comercial da Embraer e outra para o desenvolvimento de novos mercados o C-390 Millenium.

 

 

O acordo para a compra por parte da Boeing do negócio da aviação comercial da Embraer estava avaliado em 5,2 mil milhões de dólares.

 

 

No comunicado, a Boeing refere ainda que “exerceu seus direitos” de rescindir o contrato porque a Embraer “não cumpriu as condições necessárias” dentro de prazo que terminou na sexta-feira, apesar de parceria ter recebido a “aprovação incondicional” de todos os órgãos reguladores envolvidos, à exceção da Comissão Europeia.

 

 

O presidente da Embraer Partnership & Group Operations da Boeing, Marc Allen, disse no comunicado que a rescisão é “muito dececionante” e que explicou que tinham chegado a um ponto em que “continuar a negociar ao nível do acordo não iria resolver as questões pendentes”.

 

 

No comunicado, a Boeing esclarece que “trabalhou diligentemente” nos últimos dois anos para concluir o acordo com a Embraer.

 

 

“Há vários meses que temos mantido negociações produtivas sobre as condições do contrato, mas que não foram atendidas e por último, as negociações não foram bem-sucedidas”, lê-se no comunicado.

 

 

A Boeing e a Embraer vão, no entanto, manter o contrato vigente relativo à comercialização e manutenção conjunta da aeronave militar C-390 Millenium assinado em 2012 e ampliado em 2016.

 

 

 

 

TPT com: AFP//BBC// EPA/Will Oliver//Reuters//AEP//Financial Times//MadreMedia/Lusa// 30 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

 

Cientista português quer perceber como células imunes e nervosas afectam o pulmão

 

Uma equipa internacional de cientistas, incluindo o português Henrique Veiga-Fernandes, pretende desvendar como comunicam as células nervosas e imunitárias no pulmão, um trabalho que pode abrir caminho para novos tratamentos de doenças virais que afetam o pulmão.

 

 

O projecto no qual participa o investigador da Fundação Champalimaud, que hoje divulgou a proposta de trabalho, vai receber uma bolsa de 525 mil dólares (cerca de 500 mil euros) da Iniciativa Chan Zuckerberg, criada pelo cofundador da rede social Facebook Mark Zuckerberg e pela mulher, a pediatra Priscilla Chan.

 

 

É a primeira vez que um cientista português beneficia de uma bolsa desta iniciativa filantrópica, que “aposta na tecnologia para ajudar a resolver alguns dos mais difíceis desafios do mundo”, como a erradicação de doenças, refere em comunicado a Fundação Champalimaud.

 

 

A bolsa em causa financia projetos-piloto focados na área da inflamação e realizados por equipas de dois a três investigadores de diferentes especialidades.

 

 

Além de Henrique Veiga-Fernandes, participam no projecto Isaac ​​​​​​Chiu e Stephen Liberles, da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, que trabalham nas áreas de neuroimunologia e neurociências.

 

 

Em declarações à comunicação social, Henrique Veiga-Fernandes, investigador do laboratório de imunofisiologia e codiretor científico da Champalimaud, disse que a equipa vai “aplicar uma nova tecnologia criada e desenvolvida” no seu laboratório “para desvendar a forma como os sistemas nervoso e imunitário dialogam entre si em doenças inflamatórias e infecciosas pulmonares”.

 

 

Henrique Veiga-Fernandes explicou que, num estudo anterior, o seu grupo de trabalho verificou que os neurónios (células) do sistema nervoso periférico comunicam com as células inatas linfoides e os linfócitos T (células imunitárias) através de substâncias químicas chamadas neurotransmissores.

 

 

“Essa informação ou comando é então utilizada pelas células imunitárias para, por exemplo, combater uma infeção”, descreveu.

 

 

A tecnologia experimental concebida no laboratório de Henrique Veiga-Fernandes, chamada KISS (beijo), vai ser testada em ratinhos para avaliar “o grau de ‘intimidade’ que se estabelece entre células nervosas e imunitárias no pulmão”. As interações entre estas células vão ser estudadas designadamente na gripe.

 

 

A análise poderá, no entanto, ser alargada “a outras famílias de vírus que se venham a revelar importantes neste contexto, nomeadamente membros da família dos coronavírus”, admitiu Henrique Veiga-Fernandes, sem especificar.

 

 

O investigador esclareceu que a plataforma tecnológica KISS permitiu, através da engenharia genética, alterar células imunitárias para que “possam transmitir informação aos neurónios que com elas estabeleceram interações, ‘a fase do beijo'”.

 

 

Esta troca de informação “marca os neurónios intervenientes com uma proteína de cor fluorescente que, depois, pode ser visualizada com microscopia de ponta”.

 

 

“A visualização vai dar-nos um mapa tridimensional e funcional da arquitetura dos circuitos neuroimunes, no caso concreto no pulmão”, precisou o investigador da Fundação Champalimaud.

 

 

Segundo Henrique Veiga-Fernandes, “a avaliação da arquitetura neuroimune poderá vir a desvendar novos alvos terapêuticos para doenças virais do pulmão”.

 

 

O projecto combina técnicas de genética molecular, imagiologia e vetores virais (vírus manipulados geneticamente) e será concretizado, na fase piloto, num período máximo de dois anos.

 

 

 

TPT com: AFP//Sapo/Saúde//N.N./Lusa// 29 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

 

Grupo de cientistas une-se para criar eficaz resposta à pandemia

 

Um grupo de cientistas, suportados por investidores multimilionários norte-americanos, uniu-se para desenvolver respostas no combate à pandemia da covid-19 e entregou já um primeiro relatório à Casa Branca, informou hoje o The Wall Street Journal.

 

 

O relatório entregue apresenta recomendações sobre tratamentos, vacinas e como reabrir a economia, com a iniciativa, que até agora operava com discrição, a ser encabeçada pelo médico e investidor Tom Cahill, contando também, entre outros participantes, com o biólogo Michael Rosbash, galardoado em 2017 com o Nobel da Medicina.

 

 

Entre os multimilionários envolvidos está Steve Pagliuca, coproprietário da equipa da liga norte-americana de basquetebol (NBA) Boston Celtics, que utilizou as suas conexões para divulgar o trabalho do grupo entre grandes empresários e dirigentes políticos, incluindo membros do Governo e da equipa de combate ao novo coronavírus, liderada pelo vice-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Mike Pence.

 

 

O trabalho dos cientistas centrou-se em analisar muitas das investigações relacionadas com a pandemia da covid-19 e selecionar o material mais relevante, oferecendo recomendações aos líderes políticos e empresariais.

 

 

O primeiro relatório, de 17 páginas, foi publicado hoje pelo The Wall Street Journal e propõe, entre outras sugestões, generalizar a utilização do medicamento remdesivir, da farmacêutica Gilead, para tratar os pacientes com doses maiores e fazê-lo numa fase inicial.

 

 

Os especialistas pedem também que a administração flexibilize alguns requisitos para permitir acelerar o desenvolvimento de terapias com anticorpos, que consideram que podem avançar muito rapidamente e ser efetivas, tanto para tratar os doentes, como para proteger os profissionais à espera de uma vacina.

 

 

Para a retoma da atividade económica, o relatório propõe uma aplicação para que as pessoas que regressem aos seus postos de trabalho confirmem que não apresentam nenhum sintoma da doença, bem como o desenvolvimento de um teste através da saliva, que permita realizar o teste repetidamente à mesma pessoa, várias vezes por semana.

 

 

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (55.563) e mais casos de infeção confirmados (cerca de 980 mil).

 

 

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 209 mil mortos e infetou quase três milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 818 mil doentes foram considerados curados.

 

 

 

 

“Novo coronavírus deve ir e voltar sazonalmente, pelo menos durante os próximos cinco anos”, alertam especialistas

 

 

 

 

 

Só daqui a pelo menos cinco anos, ou seja em 2024, é que o novo coronavírus vai desaparecer completamente, foi esta a conclusão retirada de um estudo publicado na revista Science, com base em «estimativas de sazonalidade, imunidade e imunidade cruzada».

 

 

Esta situação não surpreende os especialistas que já há muito prevêem o cenário, devido à propagação global do surto da Covid-19, bem como às possíveis mutações que deve sofrer.

 

 

O distanciamento social é a primeira forma de combater o vírus, medida essa que já está a ser implementada, ainda que possa «precisar de meses para controlar efectivamente a transmissão e mitigar a possibilidade de ressurgimento».

 

 

A segunda forma passa pela sazonalidade, isto é o Verão. «Projectamos que ocorrerão surtos recorrentes de SARS-CoV-2 no inverno, após a onda pandémica inicial», isto significa que pode ser necessário, «até 2022, o distanciamento social prolongado ou intermitente».

 

Ainda não se sabe o futuro deste coronavírus: se vai seguir o exemplo do SARS-CoV-1, que provocou uma epidemia no final de 2002 – apenas 29 países e 800 mortos – e que foi contido seis meses depois, no verão de 2003; ou se será sazonal como a gripe. Ainda que cada vez mais o segundo cenário seja o apontado pelas autoridades de saúde.

 

 

Outra questão prende-se com o facto de que o SARS-Cov-1 tinha uma capacidade de transmissão muito menor do que o desta pandemia actual, um facto que explica os comportamentos tão distintos um do outro.

 

 

Neste sentido, os especialistas tiveram como exemplo outros coronavírus menos conhecidos, mas om comportamentos semelehantes: o HCoV-OC43 e o HCoV-HKU1. «As suas infeções podem ser assintomáticas ou associadas a doença leve a moderada do trato respiratório superior; e são considerados a segunda causa da constipação comum», referem os autores.

 

 

«O HCoV-OC43 e o HCoV-HKU1 causam surtos anuais de doenças respiratórias no inverno em regiões temperadas, sugerindo que o clima no inverno e os comportamentos do hospedeiro podem facilitar a transmissão, como é o caso da gripe», afirma o estudo. Ou seja, é provável que o SARS-Cov-2 se comporte da mesma forma.

 

 

Os dados recolhidos nos EUA indicam que «tanto para o HCoV-OC43 quanto para o HCoV-HKU1, o número de reprodução efetivo normalmente atingiu o seu pico entre outubro e novembro e o seu valor mínimo entre fevereiro e maio». O que significa que eles não desaparecem, têm altos e baixos.

 

 

As seguintes formas de combate à pandemia passam por uma vacina e um tratamento, ambos a serem testado nos principais laboratórios mundiais, sendo que a vacina dificilmente chegará em 2020.

 

 

Por último, a imunidade de grupo (ou seja, mais de dois terços da população já foi contagiada e recuperou). Ainda assim, «são precisos com urgência estudos sorológicos longitudinais para determinar a extensão e a duração da imunidade à SARS-CoV-2», dizem os especialistas.

 

 

Não existe actualmente nenhum país no mundo que saiba com toda a certeza quantas pessoas contraíram o vírus, uma vez que o mesmo pode ser assintomático. Os estudos sorológicos «também podem indicar se existe imunidade cruzada entre SARS-CoV-2, HCoV-OC43 e HCoV-HKU1, o que poderia afectar a transmissão pós-pandêmica de SARS-CoV-2». A existir, os autores prevêem que os surtos sazonais sejam menos intensos.

 

 

Para além disso, é necessário também saber quanto tempo dura essa imunidade. Se for perto das 40 semanas (semelhante ao HCoV-OC43 e HCoV-HKU1), «favorece o estabelecimento de surtos anuais; se for uma imunidade a longo prazo (dois anos) favorece os surtos bienais. (…) Se a imunidade ao SARS-CoV-2 for permanente, o vírus poderá desaparecer em cinco ou mais anos após causar um surto grave», referem os investigadores.

 

 

 

TPT com:  AFP// The Wall Street Journal//Simone Silva/ExecutiveDigest//Sapo//MadreMedia/Lusa// 27 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

 

Mistério e especulação na Coreia do Norte quanto à saúde de Kim

 

Uns dizem que está vivo e bem, outros, que está gravemente doente, e alguns dizem que já está morto. A especulação aumenta e ninguém percebe o que se passa com o Supremo Líder norte-coreano, Kim Jong-un. Ou por que terá faltado à comemoração do aniversário do avô, a 15 de abril. É que não se trata apenas de uma festa de família: a data de nascimento de Kim Il-sung, o fundador da dinastia Kim, que recebeu o poder diretamente das mãos de Estaline, é considerado o mais importante feriado na Coreia do Norte. Num dos países mais autoritários e isolados do mundo é costumeiro que a informação não chegue ou que haja notícias contraditórias, rapidamente desmentidas.

 

 

Naturalmente, não há jornal internacional que tenha grandes fontes no país. O mais próximo disso talvez seja o Daily NK. O jornal sul-coreano avançou a semana passada que Kim Jong-un fora sujeito a um procedimento cardiovascular, devido a “fumar em excesso, obesidade e excesso de trabalho”, estando a recuperar na região de Hyangsan. Contudo, a prática do Daily NK de pagar às suas fontes em função de quão espetaculares são as suas informações tem sido associada a várias notícias falsas.

 

 

Por fim, a CNN acrescentou que Kim estaria “em grave perigo depois de uma cirurgia”, segundo fontes do Governo norte-americano, eterno adversário do regime norte-coreano. O caso tornou-se mais credível quando fontes na China – um dos poucos aliados de Pyongyang – disseram à HKSTV, uma televisão de Hong Kong associada a Pequim, que o ditador da Coreia do Norte estava morto ou em estado vegetativo, após o falhanço da operação.

 

 

De repente, o desmentido: Kim Jong-un está “vivo e bem”, declarou à CNN Moon Chung-in, um dos principais conselheiros de política externa do Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in. “Tem estado na área de Wonsan desde 13 de abril”, acrescentou Chung-in. Um comboio da família Kim foi visto, através de imagens de satélite, perto de um resort usado exclusivamente pela dinastia. “Nenhum movimento suspeito foi detetado”, assegurou o conselheiro. A Coreia do Sul, sempre receosa do seu vizinho nuclear no norte, não é necessariamente uma fonte fiável. Contudo, é certo que os olhos das suas secretas nunca andam muito longe de Pyongyang.

 

 

Se Kim estiver vivo, tenha sido operado ou não, quem pode estar metida em problemas é a sua irmã, Kim Yo-jong, após a ampla especulação de que poderia suceder ao irmão. Yo-jong, nos seus 30 anos, tem ganho um destaque inaudito para uma mulher no regime norte-coreano.

 

 

A irmã de Kim esteve ao lado do Supremo Líder em cimeiras com o Presidente chinês, Xi Jinping, e com o Presidente dos EUA, Donald Trump. Foi uma peça-chave da delegação aos Jogos Olímpicos de 2018 e, recentemente, divulgou o seu primeiro comunicado ao público. Contudo, importa lembrar que Kim Jong-un claramente não gosta de concorrência, nem dos seus irmãos. Aliás, foi acusado de mandar assassinar o seu meio-irmão mais velho, Kim Jong-nam, em 2017, depois de o ultrapassar na corrida à sucessão.

 

 

 

 

Sem Kim no poder, aumenta temor sobre instabilidade na Coreia do Norte

 

 

 

 

Rumores sobre a saúde do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, despertaram preocupação sobre uma possível uma crise de instabilidade no país, gerada pelovácuo de poder. Especialistas afirmam que, caso Kim esteja impossibilitado de continuar no governo, o mais provável é que ele seja substituído por alguém de sua própria família, já que a linhagem de sangue é muito importante no país. O período de mudança, contudo, pode ter consequências.

 

Segundo fontes da Inteligência americana, o ditador de 36 anos está hospitalizado em estado crítico após ter sido submetido a uma cirurgia cardiovascular no início do mês. A informação foi desmentida por autoridades da Coreia do Sul e da China, mas ainda assim gerou grande especulação mundial sobre o futuro da Coreia do Norte. O regime ainda não se pronunciou oficialmente.

 

 

“A morte de Kim Jong-un criaria grande confusão e preocupação, já que a Coreia do Norte é governada por um regime familiar e tudo está sob constante vigilância”, aponta Soojin Park, pesquisadora do think tank Wilson Center, de Washington, e ex-porta-voz adjunta do Ministério da Unificação da Coreia do Sul. “Além disso, o país desenvolve armas nucleares, e a falta de um líder pode trazer muitos problemas e conflitos nessa área”.

 

 

A pesquisadora alerta que o mundo deve estar preparado para mudanças dramáticas em Pyongyang. Mas também deve analisar a situação com racionalidade, já que os rumores podem ser falsos e rapidamente desmentidos pelo regime.

 

 

A Coreia do Norte desenvolve seu programa nuclear desde a década de 1970 como estratégia de sobrevivência do regime fundado por Kim Il-Sung, avô do Líder Supremo. O investimento ganhou novas proporções desde 2014, quando Kim Jong-un ascendeu ao poder. Desde então, testes balísticos e nucleares tornaram-se frequentes, ressuscitando o fantasma da ameaça nuclear em toda a Ásia e, inclusive, nos Estados Unidos.

 

 

O governo americano, comandado por Donald Trump, se envolveu nos últimos anos em diálogos diretos com Kim para negociar a desnuclearização da Península Coreana. Mas as negociações entre Pyongyang e Washington estão praticamente em impasse desde que uma reunião de cúpula no Vietnã, em fevereiro do ano passado, terminou em desacordo sobre o alívio das sanções impostas pelos americanos contra a Coreia do Norte. Sem o fim das sanções, o regime deixou claro que não recuará em seus programas nuclear e de mísseis balísticos.

 

 

“A lacuna de poder pode gerar uma disputa preocupante”, diz Alexandre Uehara, membro do Núcleo de Estudos e Negócios Asiáticos e professor no Curso de Relações Internacionais da ESPM. O especialista, contudo, afirma que o atual ditador conseguiu construir uma imagem poderosa de liderança e até de carisma dentro do seu país e na cena internacional, o que pode auxiliar no momento de decisão sobre o próximo líder.

 

 

Justamente para dar continuidade ao trabalho de Kim Jong-un, de seu pai e avó, é muito provável que a sucessora escolhida pelo o ditador seja sua irmã mais nova, Kim Yo-Jong, de 31 anos. Ainda que forças internas do Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC) tentem se apoderar do poder, será difícilpara elas reunir apoio suficiente para derrubar a monarquia familiar.

 

 

“Até o momento, tendo como base a forma como a Coreia do Norte opera e a vigilância que o país impõe sobre a população, é muito difícil imaginar que haja qualquer tentativa de golpe”, diz Park. “A Coreia do Norte não funciona como outras sociedades, mesmo aquelas não-democráticas. Todas as pessoas passaram por uma lavagem cerebral e foram educadas para não se revoltar”.

 

 

As consequências da mudança no governo para a população, contudo, também preocupam os especialistas. Um vácuo no poder pode significar um abandono ainda maior dos norte-coreanos pelo Estado. A maior parte população já vive em situação precária. Relatório do Programa Alimentar Mundial (PAM) da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado em 2018 mostrou que 40% dos norte-coreanos necessitam de ajuda humanitária. Nas áreas rurais e afastadas de Pyongyang, a situação de fome e miséria costuma ser mais perceptível.

 

 

Na noite de segunda-feira 20, a emissora americana CNN confirmou com fontes do Departamento de Inteligência dos Estados Unidos que Kim estava em estado grave após uma cirurgia cardiovascular no início de abril. O jornal sul-coreano Daily NK, especializado na cobertura da Coreia do Norte, também afirmou que o ditador estava recebendo tratamento em um resort no Monte Kumgangsan, na costa leste do país.

 

 

Ainda segundo o NK, a saúde de Kim teria se deteriorado nos últimos meses devido ao tabagismo, à obesidade e as longas horas de trabalho. Especulações aumentaram após o ditador não ter comparecido nas festividades de 15 de abril, aniversário do avô, Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte morto em 1994. A última vez que o líder foi visto se deu quatro dias antes, em uma reunião do governo.

 

 

Nesta terça-feira 21, contudo, um porta-voz da Presidência da Coreia do Sul afirmou ao jornal The Guardian que “não há nada para confirmar os rumores” e que “nenhum movimento especial foi detectado” dentro do país até agora. Uma fonte do Departamento de Relações Internacionais do Partido Comunista da China também afirmou não haver indícios de que Kim esteja doente. Mas, nesse caso, admitir ter informações sobre o estado de saíde do líder norte-coreano, como fez os Estados Unidos, também significa reconhecer oficialmente movimentação de sua rede de espionagem no país mais fechado do mundo.

 

 

Até o momento não há confirmação oficial do regime sobre a saúde do ditador. Esta não é a primeira vez que relatos contraditórios confundem a comunidade internacional. Em 2014, Kim ficou fora dos holofotes por quase seis semanas, despertando rumores sobre sua morte. Após mais de um mês, contudo, o líder reapareceu usando uma bengala. A Inteligência sul-coreana afirmou que ele havia passado por uma cirurgia para remover um cisto do tornozelo, mas o governo norte-coreano nunca esclareceu a questão.

 

 

“A Coreia do Norte não teria interesse nenhum em divulgar detalhes do que aconteceu, caso seja mesmo verdade que ele passou por uma cirurgia”, aponta Alexandre Uehara. “Novos factos podem causar grande preocupação e movimentação interna, já que o processo sucessório é complexo e não está totalmente claro neste momento”.

 

 

 

 

Quem pode suceder Kim Jong-un na liderança da Coreia do Norte?

 

 

 

 

Rumores sobre a saúde do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, despertaram especulações sobre quem poderia suceder o Líder Supremo, que controla o poder Executivo, o Partido dos Trabalhadores da Coreia – sem concorrentes – e as Forças Armadas do país. Segundo fontes da Inteligência americana, Kim está hospitalizado em estado crítico após ter sido submetido a uma cirurgia cardiovascular no início do mês.

 

 

O avô do atual ditador, Kim Il-Sung, transformou a Coreia do Norte em uma “república” governada por uma “dinastia familiar”, na qual os filhos mais velhos assumem o posto na ausência ou morte do líder. Porém, até hoje, o regime norte-coreano nunca divulgou quem tomaria o lugar de Kim Jong-un.

 

O ditador assumiu o posto de  Líder Supremo após a morte de seu pai, Kim Jong-il, supostamente com 27 anos. Atualmente aos 36 anos, não está claro se Kim tem filhos, já que ele jamais apareceu em público ao lado de familiares que não fossem sua mulher e sua irmã. Os serviços de inteligência da Coreia do Sul, contudo, apontam que ele tem três filhos ainda crianças, entre dois e dez anos de idade.

 

 

“Se Kim Jong-un tiver filhos, eles provavelmente são muito jovens para herdar o poder”, diz Soojin Park, pesquisadora do think tank Wilson Center, de Washington, e ex-porta-voz adjunta do Ministério da Unificação da Coreia do Sul. Diante das circunstâncias atuais, portanto, a opção mais óbvia seria que a irmã mais nova do ditador, Kim Yo-Jong, de 31 anos, o sucedesse no caso de sua morte.

 

Kim Yo-Jong tem sido a presença mais visível ao lado do ditador nos últimos dois anos, desde que representou seu país nas Olimpíadas de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul. Formalmente, ela é vice-diretora do poderoso Comitê Central do Partido dos Trabalhadores (PTC), mas atua extra-oficialmente como chefe de gabinete de seu irmão.

 

 

Ela foi nomeada membro suplente do poderoso Comitê Central do Partido dos Trabalhadores no início deste mês, continuando sua escalada na hierarquia de liderança do país. A norte-coreana também acompanhou Kim Jong-un a dois de seus encontros com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e representou o irmão em conversas com a Coreia do Sul.

 

 

“Na tradição coreana, especialmente na Coreia do Norte, mulheres não ocupam posições de liderança. Kim Yo-Jong ainda é jovem e considerada relativamente inexperiente, o que poderia vir a ser um problema”, analisa Soojin Park.

 

 

Para Alexandre Uehara, membro do Núcleo de Estudos e Negócios Asiáticos e professor no Curso de Relações Internacionais da ESPM, o apoio da China ao nome de Kim Yo-Jong pode fortalecer sua posição. A vice-diretora do PTC supostamente acompanhou o irmão em sua viagem a Pequim em 2018.

 

 

“O governo chinês pode entender que tê-la como sucessora de Kim Jong-un pode ser interessante para manter uma estabilidade e também a proximidade já consolidada com a família Kim”, avalia Uehara.

 

 

Choe Ryong-hae, atual presidente da Assembleia Popular Suprema, a “mesa diretora” do congresso de representantes, também foi apontado por especialistas como um possível sucessor. Choe representa o governo norte-coreano internacionalmente e acumula décadas de serviço para o partido e a família Kim, tendo servido anteriormente como influente chefe político das Forças Armadas da Coreia do Norte.

 

 

Apesar de seu bom trabalho, analistas acreditam que a linhagem de sangue é muito importante para o regime e que escolher alguém da família Kim para suceder o atual ditador seria o mais provável. Aparentemente, há poucos familiares na linha de sucessão, além de Kim Yo-Jong. Considerado o segundo homem mais poderoso da Coreia do Norte, Jang Song-thaek, tio do ditador, foi preso por traição em 2013 e executado três anos depois por ordem do sobrinho. Outro tio do lado paterno, Kim Pyong-il, seguiu carreira diplomática, mas tem um perfil desafiador que não agrada ao Líder Supremo. Seu último posto no exterior foi em Praga, na República Checa, de onde foi chamado de volta a Pyongyang no final do ano passado.

 

 

“A morte de Kim Jong-un criaria grande confusão e preocupação, já que a Coreia do Norte é governada por um regime familiar e tudo está sob constante vigilância”, aponta Soojin Park. “Além disso, o país desenvolve armas nucleares, e a falta de um líder pode trazer muitos problemas e conflitos nessa área”.

 

 

A analista do Wilson Center, contudo, afirma que qualquer grande mudança na estrutura do país seria uma surpresa. Ainda que forças internas do PTC tentem se apoderar do poder, é difícil que elas reúnam apoio suficiente para derrubar a monarquia familiar.

 

 

“Até o momento, tendo como base a forma como a Coreia do Norte opera e a vigilância que o país impõe sobre a população, é muito difícil imaginar que haja qualquer tentativa de golpe”, diz Park. “A Coreia do Norte não funciona como outras sociedades, mesmo aquelas não-democráticas. Todas as pessoas passaram por uma lavagem cerebral e foram educadas para não se revoltar”.

 

 

 

 

Os rumores

 

Na noite de segunda-feira 20, a emissora americana CNN confirmou com fontes do Departamento de Inteligência dos Estados Unidos que Kim estava em estado grave após uma cirurgia cardiovascular no início de abril. O jornal sul-coreano Daily NK, especializado na cobertura da Coreia do Norte, também afirmou que o ditador estava recebendo tratamento em um resort no Monte Kumgangsan, na costa leste do país.

 

 

Ainda segundo o NK, a saúde de Kim teria se deteriorado nos últimos meses devido ao tabagismo, à obesidade e as longas horas de trabalho. Especulações aumentaram após o ditador não ter comparecido nas festividades de 15 de abril, aniversário do avô, Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte morto em 1994. A última vez que o líder foi visto se deu quatro dias antes, em uma reunião do governo.

 

 

Nesta terça-feira, contudo, um porta-voz da Presidência da Coreia do Sul afirmou ao jornal The Guardian que “não há nada para confirmar os rumores” e que “nenhum movimento especial foi detectado” dentro do país até agora. Uma fonte do Departamento de Relações Internacionais do Partido Comunista da China também afirmou não haver indícios de que Kim esteja doente. Mas, nesse caso, admitir ter informações sobre o estado de saíde do líder norte-coreano, como fez os Estados Unidos, também significa reconhecer oficialmente movimentação de sua rede de espionagem no país mais fechado do mundo.

 

 

Até o momento não há confirmação oficial do regime sobre a saúde do ditador. Esta não é a primeira vez que relatos contraditórios confundem a comunidade internacional. Em 2014, Kim ficou fora dos holofotes por quase seis semanas, despertando rumores sobre sua morte. Após mais de um mês, contudo, o líder reapareceu usando uma bengala. A Inteligência sul-coreana afirmou que ele havia passado por uma cirurgia para remover um cisto do tornozelo, mas o governo norte-coreano nunca esclareceu a questão.

 

 

“A Coreia do Norte não teria interesse nenhum em divulgar detalhes do que aconteceu, caso seja mesmo verdade que ele passou por uma cirurgia”, aponta Alexandre Uehara. “Novos fatos podem causar grande preocupação e movimentação interna, já que o processo sucessório é complexo e não está totalmente claro neste momento”.

 

 

 

 

TPT com: The Guardian //Julia Braun//Reuters//AEP//HKSTV // Jorge Silva (Reuters)/VEJA//João Campos Rodrigues/AFP//Jornal i// KCNA//Daily NK//CNN// 26 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

 

Ministro do Trabalho alemão quer direito ao teletrabalho na lei após pandemia

 

Em declarações, hoje, 26 de Abril, ao jornal Bild am Sonntag, Hubertus Heil diz que pretende introduzir esta possibilidade no quadro legislativo no próximo outono, avançando que estimativas iniciais sugerem que a proporção de pessoas em teletrabalho tenha aumentado de 12% para 25% durante a crise do coronavírus, para um total de cerca de oito milhões de pessoas.

 

 

“Todas as pessoas que o pretenderem e cujos empregos o permitam deviam ter a possibilidade de trabalhar em casa, mesmo depois de ultrapassada a crise epidémica”, sustentou Heil, acrescentando: “Estamos a aprender com a pandemia quanto do trabalho pode ser feito a partir de casa atualmente”.

 

 

Segundo esclareceu o ministro alemão, o objetivo é “aumentar as possibilidades de teletrabalho, mas não impô-lo”, podendo as pessoas optar por trabalhar em casa em permanência ou apenas durante um ou dois dias por semana.

 

 

O Partido Social-Democrata (SPD) de Hubertus Heil, que integra a coligação liderada pela chanceler Angela Merkel, já tinha defendido em dezembro de 2019 – muito antes de a pandemia ter ditado o confinamento na Alemanha e em grande parte do mundo – a consagração do direito a trabalhar a partir de casa.

 

 

Esta ideia é, contudo, refutada pela Confederação das Associações de Empregadores da Alemanha, cujo presidente, Steffen Kampeter, considera que o trabalho à distância é do interesse de todos quando é possível e faz sentido, mas “questões operacionais e a vontade dos clientes têm de ter um papel central”.

 

 

“Precisamos de uma moratória nos encargos e obrigações, em vez de exigências adicionais que limitam o crescimento e a flexibilidade”, sustentou.

 

 

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 200 mil mortos e infetou mais de 2,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

 

 

Perto de 800 mil doentes foram considerados curados.

 

 

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (53.934) e mais casos de infeção confirmados (quase 940 mil).

 

 

Seguem-se Itália (26.384 mortos, mais de 195 mil casos), Espanha (23.190 mortos, mais de 226 mil casos), França (22.614 mortos, cerca de 160 mil casos) e Reino Unido (20.319 mortos, mais de 148 mil casos).

 

 

Por regiões, a Europa soma mais de 122 mil mortos (mais de 1,3 milhões de casos), Estados Unidos e Canadá mais de 56 mil mortos (mais de 980 mil casos), Ásia mais de 7.900 mortos (perto de 200 mil casos), América Latina e Caribe mais de 7.900 mortos (mais de 160 mil casos), Médio Oriente mais de 6.200 mortos (mais de 152 mil casos), África mais de 1.370 mortos (mais de 30 mil casos) e Oceânia 108 mortos (cerca de oito mil casos).

 

 

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 

 

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

 

 

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram, entretanto, a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria, Espanha ou Alemanha, a aliviar algumas das medidas.

 

 

 

 

 

 

Uma centena de pessoas presas em manifestação anti-confinamento na Alemanha

 

 

 

 

 

 

Uma centena de pessoas foram hoje presas em Berlim por não respeitarem as regras de distanciamento social, à margem de uma manifestação contra as medidas anti-coronavirus que reuniram cerca de mil pessoas, segundo a polícia.

 

Estas manifestações são organizadas, desde o final de Março, na Praça Rosa Luxemburg, na capital alemã, por um grupo heterogéneo batizado de “Resistência Democrática” que vê nas medidas de confinamento decididas pelo Governo o início de um regime autoritário no país ou um atentado ilegal à liberdade individual.

 

 

Ontem, várias centenas de manifestantes próximos, principalmente, da extrema esquerda, mas também de uma certa direita identitária, grupos de conspiração ou militantes anti-vacinas juntaram-se, ou tentaram fazê-lo, antes da intervenção da polícia.

 

 

A polícia alemã ergueu várias barreiras ao redor da praça, mas os participantes acabaram por ir para as ruas vizinhas à praça.

 

 

O grupo “não compactua com as regras” impostas pelo Governo para travar a propagação da pandemia do novo coronavirus, como explicou à polícia, através da rede social ‘Twitter’, quando lhes foi pedido para dispersar.

 

 

Nas ‘t-shirts’ de alguns participantes liam-se acusações à chanceler Angela Merkel tais como: “Estamos interditos de viver” ou “liberdade” e ainda em alguns cartazes frases como “já decidi o que penso e digo-o alto e em bom som”.

 

 

Outros cartazes ostentavam ainda: “Nunca mais o fascismo e a guerra” ou “parem os lóbis farmacêuticos”.

 

 

Os manifestantes não tinham autorização para a manifestação, uma vez que as restrições impostas pelo Governo proíbem o aglomerado igual ou superior a 20 pessoas em Berlim.

 

 

Na página da internet, a organização exige especificamente “o fim do estado de emergência” e a minimização do perigo do vírus.

 

 

A oposição ao confinamento está, de forma gradual, a ganhar força, tal como em outros países, apesar de a chanceler Angela Merkel estar a ver a sua popularidade a crescer pela forma como geriu a crise sanitária aprovada pela grande maioria dos cidadãos.

 

 

Esta oposição é liderada, em particular, pela extrema direita alemã, principal força à oposição da câmara dos deputados.

 

 

L’Alternative pour l’Allemagne (AfD) considera que o Governo está a exagerar no risco da pandemia e exige a abertura imediata de todo o comércio.

 

 

Ainda não estão contabilizadas as sondagens com estas reivindicações, mas espera-se um aumento progressivo no descontentamento da população quanto às consequências económicas e sociais ligadas ao confinamento.

 

 

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, mais de 200 mil pessoas já morreram em todo o mundo, desde dezembro, devido à pandemia da covid-10, das quais 90% na Europa e nos Estados Unidos.

 

 

Segundo dados recolhidos até às 19:00 TMG (Tempo Médio de Greenwich), 20:00 em Lisboa, de hoje, registaram-se 200.736 mortes em todo o mundo (num total de 2.864.071 casos), das quais 122.171 na Europa (em 1.360.314 casos), o continente mais afetado.

 

 

Seguem-se os Estados Unidos, com 53.070 mortes, Itália, com 26.384, Espanha, com 22.902, França, com 22.614, e o Reino Unido, com 20.319.

 

 

 

TPT com: AFP//Reuters//AEP//MadreMedia / Lusa//EPA/FILIP SINGER// Bild am Sonntag// 26 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

 

 

Em tempos de pandemia a Revolução de Abril cantou-se à janela

 

O repto para os portugueses irem à janela e cantarem a “Grândola Vila Morena”, uma das ‘senhas’ da Revolução de 1974, partiu da Associação 25 de Abril, que cancelou o habitual desfile na Avenida da Liberdade, em Lisboa.

 

 

Pontualmente, às 15:00, o presidente da associação, o antigo capitão de Abril Vasco Lourenço, surgiu à janela de sua casa e, do 5.º andar de um prédio na freguesia do Areeiro, em Lisboa, cantou “Grândola, Vila Morena” com um cravo vermelho na mão.

 

 

A poucos quilómetros, em frente à sede do PCP, o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, repetiu o gesto. Da varanda da sede do BE, na Rua da Palma, a coordenadora do partido, Catarina Martins, também cantou Zeca Afonso, antes de entoar “A Portuguesa”.

 

 

Pelos bairros da capital, conforme constatou a Lusa, também se foi cantando, em alguns casos com mais barulho, como em Alvalade, onde um morador da Avenida dos Estados Unidos da América colocou uma coluna à janela a dar o ‘mote’ para as dezenas de vizinhos que estavam à janela acompanharem a canção de Zeca Afonso.

 

 

Na vizinha freguesia do Areeiro, um morador colocou a “Grândola, Vila Morena” a tocar em ‘loop’ na varanda e, a cada repetição, os vizinhos iam batendo palmas.

 

 

Na Avenida Miguel Bombarda, na freguesia de Nossa Senhora de Fátima, agitaram-se cravos e cantou-se a “Grândola” e o hino nacional, com a ‘ajuda’ de um megafone de um sindicato.

 

 

Depois das comemorações oficiais no parlamento realizadas durante a manhã, nas casas em frente a São Bento também se cantou em algumas varandas.

 

 

No Bairro de Inglaterra, nos Anjos, a adesão à iniciativa não foi muito grande, com pouco mais de uma dezena de pessoas nas janelas e apenas algumas a cantarem.

 

 

Na freguesia de Queijas e Barcarena, no concelho de Oeiras, algumas ruas tinham também colunas de som que reproduziram a música de Zeca Afonso depois de a sirene dos bombeiros ter assinalado as 15:00.

 

 

Na zona de Alfragide, concelho da Amadora, os moradores juntaram as suas vozes à canção que saía de um potente altifalante, batendo palmas no final e gritando, depois, as palavras de ordem “25 de Abril, sempre!”.

 

 

Na Charneca da Caparica, no concelho de Almada, o 25 de Abril começou a ser assinalado ainda antes da meia-noite, com uma carrinha a passar pelas ruas completamente desertas a tocar a primeira ‘senha’ da Revolução, “E depois do Adeus”. Hoje, pelas 15:00, foi cantada a segunda ‘senha’, antes das palmas dos moradores.

 

 

Em Vila Franca de Xira, a Câmara instalou colunas de som pela cidade e algumas dezenas de “cantores de improviso” juntaram-se ao apelo para cantar Zeca Afonso. Noutra cidade do concelho, em Alverca, também houve música e alguns agitaram as bandeiras de Portugal.

 

 

Pelo Alentejo, em Grândola, o presidente da autarquia, António Figueira Mendes, também cantou Zeca Afonso a partir de uma das janelas dos Paços do Concelho.

 

 

Mais no interior, em Portalegre, funcionários do hospital abriram janelas e cantaram.

 

 

No distrito de Évora, às 15:00, as ruas da vila de Viana do Alentejo estavam praticamente desertas, mas o silêncio na Praça da República foi quebrado pelo som que saia das colunas colocadas na parede de um edifício e pelas vozes de cerca de uma dezena de pessoas.

 

 

Em Beja, Serpa e Vidigueira também algumas dezenas de pessoas, em casa ou na rua, cantaram, algumas com cravos vermelhos nas mãos.

 

 

Mais a norte, o concelho de Chaves celebrou a conquista da liberdade de Abril com o cravo na mão e a voz na sacada!. Diversas iniciativas promovidas pela autarquia em colaboração com a associação local INDIEROR, deram alma ao sentimento da população. Ainda nos seus lares os flavienses festejaram a revolução dos cravos assistindo a uma série de curtas-metragens realizadas ou produzidas por flavienses. Também a Rádio, curiosamente precursora do movimento dos capitães, conquistou primazia de “prime-time” através da difusão de tertúlias e a emissão de um serão radiofónico com músicas emblemáticas tocadas por artistas flavienses.

 

 

Muitos, através das plataformas digitais, partilharam poesia de Abril, dezenas de imagens históricas e música de intervenção de muitos autores portugueses. O programa encerrou com a atuação do músico português Noiserv.

 

 

Na vila de Vidago, os Bombeiros Voluntários da vila, Junta de Freguesia; GNR; Casa de Cultura; Casa do Povo; e Vidago Futebol Clube associaram-se para evocar o dia 25 de Abril.  Com cravos vermelhos nas mãos e nas vidraças muitos dos vidaguenses lembraram a alegria da liberdade, divulgando e cantando músicas de Zeca Afonso através das suas varandas, mostrando que, mesmo em dias de reclusão voluntária, Abril continua a cumprir-se.

 

 

No centro da cidade de Vila Real, altifalantes colocados em janelas junto ao antigo Governo Civil e à Câmara Municipal faziam ecoar Zeca Afonso.

 

 

Em Braga, Zeca Afonso também se ouviu a partir de colunas colocadas em varandas, mas foram poucos os vizinhos a juntarem-se no ‘coro’.

 

 

Por Viseu, no Rossio, ouviu-se a gravação da canção de Zeca Afonso, saída de um carro de um sindicato, mas pelas principais ruas do centro não se via ninguém à janela.

 

 

Em Paredes, no distrito do Porto, o apelo da Associação 25 de Abril parece não ter chegado e as varandas ficaram invariavelmente desertas, um pouco à semelhança do que aconteceu em Leiria, onde o silêncio apenas era pontualmente quebrado numa ou noutra janela.

 

 

Na Lousã, no distrito de Coimbra, a canção de Zeca Afonso ouviu-se sobretudo na vila, com várias famílias a aparecerem à janela pelas 15:00.

 

 

Noutro ponto do distrito, na Figueira da Foz, um militar de Abril, Góis Moço, agora coronel na reforma, ‘contagiou’ os vizinhos que o acompanharam a cantar à varanda.

 

 

A tradição também se cumpriu na Covilhã, onde, pelas 15:00, na Rua Direita, se ouviu a “Grândola, Vila Morena”, mas na Guarda foram poucos os moradores do centro da cidade a abrir as janelas.

 

 

No Funchal, militantes e simpatizantes do PCP cantaram em frente à sede regional do partido, mas pela cidade a adesão à iniciativa foi praticamente nula.

 

 

 

 

 

Marcelo junta-se a Ferro e à maioria parlamentar: “Esta não é uma festa de políticos”

 

 

 

 

 

Presidente da República afirma que “seria um absurdo cívico e um péssimo sinal deixar de evocar o 25 de Abril” e que a sessão solene no Parlamento não traduz alheamento em relação ao clima de privação nacional em tempos de Covid-19.

 

 

Foram 16 minutos de recados e “puxões de orelhas”. Marcelo Rebelo de Sousa encerrou este sábado a sessão solene de evocação do 25 de Abril colocando-se ao lado do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e dos partidos que forçaram a realização da cerimónia no hemiciclo. O Presidente assegurou que não hesitou um minuto sobre a necessidade de estar presente no Parlamento e recordou os críticos da celebração de que esta “não é uma festa de políticos, alheia ao clima de privação vivido pela sociedade portuguesa”.

 

 

“Em tempos excecionais, de dor, sofrimento, luto, separação e de confinamento, é que mais importa evocar a pátria, a independência, a República, a liberdade e a democracia”, fundamentou o chefe do Estado, que, apesar de se ter mostrado “sensível” às dúvidas dos portugueses sobre o formato da cerimónia, observou que não seria “compreensível”, aos olhos da população, um “desencontro com a casa da democracia, num momento da vida do País que exige convergência” devido aos efeitos do surto de coronavírus.

 

Para Marcelo Rebelo de Sousa, mesmo num quadro de emergência, as datas mais relevantes da nossa História coletiva não podem deixar de ser assinaladas. Exemplificou com 10 de Junho, com o 5 de Outubro e com o 1 de Dezembro para concluir: “O 25 de Abril é essencial e tinha de ser evocado.”

 

 

Ainda que tenha frisado que a unidade nacional não significa “unicidade” ou “unanismo”, o Presidente procurou travar as leituras divisivas – entre povo e poder político – a que a sessão se prestou. Ele próprio e os deputado não vieram de “outro país, de outro mundo ou de outra galáxia”. “Fomos a livre escolha dos portugueses. E o que nos reúne hoje são os seus dramas, anseios, angústias, pelos quais somos responsáveis”, reforçou, para realçar que não se tratou de uma comemoração em circuito fechado ou desligada dos cuidados sanitários que têm sido impostos ao País.

 

 

Num discurso que mereceu alguns ajustes, escritos à mão, já com a cerimónia a decorrer, Marcelo vincou que a vigência de um estado de emergência (com obrigação de confinamento e uma série de medidas restritivas às liberdades individuais) “implica um reforço extraordinário dos poderes do Governo”. “Quanto maiores são os poderes do Governo, maiores devem ser os poderes da Assembleia da República. E, por isso, a Assembleia da República nunca parou de funcionar”, acrescentou. “Esta sessão é um bom e não um mau exemplo”, apontou ainda, sem deixar uma palavra às “vozes discordantes” que se ouviram esta manhã.

 

 

No entanto, lá veio o remoque ao CDS e, sobretudo, a André Ventura (que deverá vir a enfrentar na próxima disputa presidencial): “O que seria incompreensível e civicamente vergonhoso era a Assembleia da República demitir-se de exercer os seus poderes. São esses os valores de Abril.” De caminho, saudou o ex-Presidente António Ramalho Eanes (que qualificou como o espelho do “espírito de unidade” do encontro), o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, único resistente em S. Bento desde a Constituinte, e recordou os quatro líderes fundadores da democracia: Mário Soares, Francisco Sá Carneiro, Álvaro Cunhal e Diogo Freitas do Amaral, todos já falecidos.

 

 

Com uma pandemia ainda por controlar, Marcelo defendeu evocar Abril é também apelas a uma Europa “lúcida, solidária, empenhada e rápida a agir”, assim como capaz de “ultrapassar egoísmos e unilateralismos” e que não se permita “imolar quem ficou para trás”, ou seja, os mais vulneráveis em qualquer crise. “Evocar Abril”, prosseguiu”, é também garantir uma “comunicação social sem censura” e “redes sociais sem controlos”, atirou, parecendo ter os olhos postos ao que se passa na vizinha Espanha.

 

 

Da mesma forma que estendeu a mão à esquerda na fase inicial da intervenção, o chefe do Estado também piscou o olho ao seu eleitorado mais natural, o do centro-direita e lançou o repto para que se resista a “simplismos”, à discriminação de ideias, correntes de opinião ou pessoas, “como se o 25 de Abril fosse só de uma parte de Portugal”. A rematar, advogou que se releguem para segundo plano as “pulsões transitórias, passageiras e efémeras”: “Se Abril tivesse cedido ao efémero, a nossa liberdade e a nossa democracia teriam tardado.”

 

 

 

Desilusão, “violência simbólica” e críticas a Marcelo. Quatro estreantes e um repetente avaliam a sessão do 25 de Abril

 

 

 

 

Inês Sousa Real, José Luís Ferreira, André Ventura, João Cotrim de Figueiredo e Joacine Katar Moreira estiveram esta manhã no hemiciclo. Dos cinco, só a deputada não inscrita não interveio, mas todos se mostram desapontados com a sessão solene.

 

Quatro estreantes e um veterano das lides parlamentares. Quatro representantes de partidos e uma deputada não inscrita. Com experiências (e críticas) muito próprias, estiveram juntos na mesma sala das sessões, no Parlamento, este sábado, a viver um 25 de Abril que foi, em todos os sentidos, um momento único até hoje – e que todos desejam irrepetível.

 

Há 20 anos, José Luís Ferreira percorreu, pela primeira vez, os corredores do Palácio de São Bento. Inês Sousa Real, André Ventura, João Cotrim de Figueiredo e Joacine Katar Moreira estrearam-se ali fez esta semana meio ano. E se o deputado d’Os Verdes defendeu até ao último minuto que a sessão solene “não podia não se realizar” num momento como o atual, a líder parlamentar do PAN e o presidente da Iniciativa Liberal disseram desde o início que o Parlamento não podia abrir portas a convidados quando os portugueses estão há semanas confinados às quatro paredes das suas casas. André Ventura não queria, de todo, qualquer festejo.

 

 

Joacine corre noutra pista. Chegou a S. Bento como representante única de um partido, naquelas que foram três estreias absolutas nas legislativas de 2019. Mas, pelo caminho, o Livre retirou-lhe a confiança política e, depois, a Assembleia da República estreitou-lhe o espaço de intervenção. Este sábado, apesar dos protestos e dos reparos à própria esquerda, ficou em silêncio.

 

 

À VISÃO, os quatro contam como foi viver na primeira fila um dia sem paralelo na história da democracia. Um 25 de Abril em pleno estado de emergência, com todas as limitações que a pandemia implicou na organização da cerimónia e apesar da polémica que a decisão do presidente da Assembleia da República gerou. No fim, diz José Luís Ferreira, “valeu a pena”.

 

 

 

 

Sem desfile, mas com lugar reservado no coro

 

 

 

 

 

Antes de entrar para a sessão solene, na sala do plenário, havia sempre fotos de cravo na mão, cumprimentos nos corredores do Parlamento e andava por ali muita gente, muito mais gente do que em qualquer outro dia. Este ano, confessa José Luís Ferreira, foi tudo “um pouco estranho”. Ainda assim, o deputado d’Os Verdes garante: “A emoção é a mesma, bate cá dentro.”

 

 

Habituado a uma sala preenchida por muitas centenas de pessoas, entre deputados, membros do Governo, convidados, jornalistas e funcionários parlamentares (foram mais de 700, no ano passado), José Luís Ferreira falou, este ano, perante um público quase inexistente. Não seriam sequer 100 as pessoas na sala, pelas contas dos serviços da Assembleia da República.

 

 

 

 

Há quem esteja, não contra as comemorações, mas contra o próprio 25 de Abril

 

 

 

 

A intervenção do deputado José Luís Ferreira, d’Os Verdes, serviu, em parte, precisamente para defender que era ali que todos deviam estar, porque a situação de emergência não suspendeu a democracia. “Valeu a pena, fizemos bem, para mostrar que a Assembleia não está parada e porque isto também traz sossego às pessoas” que não sabem o que o dia de amanhã da pandemia lhes trará. “Há quem esteja, não contra as comemorações, mas contra o próprio 25 de Abril”, defende José Luís Ferreira. E, diz, “há muita gente ingénua nesta polémica” em que se pôs em causa a realização da cerimónia no Parlamento.

 

 

A sessão solene aconteceu, ainda que com limitações. Mas o mais estranho, num dia carregado de simbolismo e de “rotinas”, viria depois. “Saía daqui [da Assembleia da República] e ia para o desfile [na Avenida da Liberdade], já fazia parte da tradição”, conta. “Vou estranhar, sobretudo, a cantoria às 15 horas”, admitia, pouco antes da hora convocada pelos capitães de Abril para um coro nacional.

 

 

Vasco Lourenço pediu que, à hora marcada, e impedidos de participar nas celebrações tradicionais, os portugueses se juntassem à janela para cantar uma das senhas do 25 de Abril, “Grândola, Vila Morena”. José Luís Ferreira prometia não faltar.

 

 

 

 

A estreia cinzenta

 

 

 

 

 

É outra presença habitual no desfile da Avenida da Liberdade. Nesse percurso que desce uma das principais vias da capital e em que se assinala mais um ano do triunfo dos capitães de Abril, Joacine Katar Moreira cumpria sempre a tradição. “Embora, até recentemente, nunca tenha feito parte de um partido político, mesmo nessas épocas em que não estava filiada escolhia marchar ao lado do PCP”, revela à VISÃO.

 

 

“Herdeira” de duas revoluções – a do PAIGC, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, e a de 1974, em Portugal –, diz que se afastou da linha comunista devido à “relação muito pouco exata” do partido com o movimento anti-racista. Joacine entrou na Assembleia da República nas listas do Livre mas, três meses depois desse seu momento inaugural na atividade política, deputada e partido afastaram-se. Chega, por isso, ao 25 de Abril como deputada não inscrita e num ano em que tudo foi diferente.

 

Por um lado, não houve desfile; por outro, Joacine Katar Moreira, deputada não inscrita, pôde viver o 46º aniversário da Revolução num lugar inédito, ocupando o seu lugar de deputada na Sala das Sessões do Parlamento. De manhã, foi uma das primeiras a entrar, ainda Ferro Rodrigues se dirigia à porta da Assembleia para receber o Presidente da República. Encontrou o lugar que lhe estava destinado, sentou-se e, na hora seguinte, ouviria cada uma das intervenções dos vários partidos. Falaram todos menos ela. É isso que a leva ao desabafo: “Pela primeira vez, celebro o 25 de Abril sem muito ânimo e alegria.”

 

 

“Isto tem grande ironia porque é a primeira vez que celebro o 25 de Abril na casa da democracia, como deputada eleita pelos portugueses”, começa por dizer. Mas depois atira. “Desde a minha eleição, até hoje, a Assembleia da República tem-me mostrado um ambiente de imensa violência simbólica.” É essa, e não outra, a sua justificação para a forma como vive a data.

 

 

“Não posso falar de tristeza pelo facto de não podermos descer a Avenida da Liberdade ou por não haver hipótese de toda a gente circular e estar com quem mais ama, porque estas medidas de restrição têm como origem a enorme preocupação nacional em proteger indivíduos e famílias”, explica. “Não é a situação ideal, mas é a única capaz de nos garantir segurança perante o combate à Covid-19”, continua. A “desilusão” vem da sua própria experiência naqueles corredores. “A desilusão é com o fim da ilusão”, diz. “Esta esquerda nacional mostrou ser tão discriminadora quanto qualquer partido de direita:”

 

 

 

 

Presidente “não foi equidistante”

 

 

 

 

 

No PAN, só André Silva foi “repetente” na evocação da Revolução dos Cravos. Da legislatura passada para a presente, o partido aumentou a sua representação no hemiciclo, passando de um para quatro deputados. Inês Sousa Real, a líder parlamentar, assinala como “positivas” as comemorações, mas lamenta, em declarações à VISÃO, que tenha havido “alguma confusão” na preparação dos festejos.

 

 

Para o seu partido, realça, “nunca esteve em causa” assinalar-se a efeméride, com um deputado em representação de cada grupo parlamentar. Assim, aponta o dedo ao Presitente por “ter focado o discurso nas diferenças” em torno do modelo de celebração, “colocando-se de um dos lados”. Marcelo Rebelo de Sousa foi mais jogador do que árbitro? Inês Sousa Real mede as palavras: “Não foi equidistante o suficiente, como se impunha.”

 

 

Tanto o chefe do Estado como o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, “representam todos os portugueses, não os seus partidos ou as suas próprias visões”. Por isso, a líder da bancada do PAN, Inês Sousa Real,  mostra-se dececionada com a circunstância de a crise sanitária ter feito com que os partidos “tenham perdido o foco dos discursos” – faltou falar do SNS, do clima e da nossa “casa comum”, de justiça, de igualdade e de bem-estar animal, aponta.

 

 

 

 

Excesso de “espuma dos dias”

 

 

 

 

 

Quanto a Cotrim de Figueiredo, outro novato nestas andanças, também não se mostrou particularmente entusiasmado com o plenário especial deste sábado. O deputado, que escreveu uma carta ao filho Miguel, que entrou na maioridade, reconhece ter ficado “triste” pelo que viu e ouviu no hemiciclo. “Não mencionei sequer o estado de emergência, porque acho que a cerimónia do 25 de Abril, apesar dos condicionalismos, deveria ter sido menos sobre a espuma dos dias”, fundamenta.

 

 

O presidente da IL lamenta que da esquerda à direita – “e até o Presidente da República” – tenham subido ao palanque para “tentar justificar a própria cerimónia”, quando a situação em que o País está imerso poderia ter sido uma “oportunidade para inovar e para chegar a mais pessoas”.

 

Cotrim confessa que a carta ao filho serviu também para alcançar o eleitorado mais jovem, sobretudo aqueles que, nascidos depois do 25 de Abril, dão “sentidos pífios à liberdade”. A evocação parlamentar e as comemorações fora do Palácio de S. Bento, por isso, devem “modernizar-se”. Os tempos são de “reanimação, a sério, da democracia”. Em síntese, o deputado único dos liberais apela a que nos próximos anos se mude o chip: “Foi um 25 de Abril muito virado para dentro e para o passado, quando devia ser virado para fora, para o futuro e para as novas gerações.”

 

 

 

 

Discursos “sem sal, sem entusiasmo, sem conteúdo”

 

 

 

 

Já fora do hemiciclo, André Ventura não desarmava: “A sessão não deveria ter sido realizada, mas não vale a pena insistir na polémica.” O presidente do Chega é taxativo e mantém a postura anti-sistema que evidenciou desde o primeiro momento do mandato parlamentar: “Achei os discursos de Ferro Rodrigues e da maioria dos líderes partidários sem sal, sem entusiasmo, sem grande conteúdo”, aponta.

 

As críticas mais mordazes são, porém, dirigidas a Marcelo Rebelo de Sousa, com o qual vai digladiar-se nas presidenciais do próximo ano. “A intervenção do Presidente teve conteúdo, mas foi divisivo: insistiu na questão da cerimónia sabendo que uma parte dos portugueses tinha e tem uma opinião diferente.”

 

 

“Gostei de estar presente, mas lamento que a Assembleia da República continue muito presa ao passado e com muita dificuldade de olhar para o futuro. Hoje falou se pouco de futuro”, sentencia. Ventura não fala em oportunidade perdida, mas quase…

 

 

 

 

A história esquecida do “estado de sítio” de 1975

 

 

 

No golpe de 25 de novembro, os “moderados” venceram os “revolucionários” – mas depois houve recolher obrigatório, escolas fechadas, jornais suspensos, censura e prisões.

 

Já imaginou um governo declarar-se em greve? Aconteceu em Portugal, a 20 de novembro de 1975, nas vésperas da instauração do “estado de sítio” na vasta área da Região Militar de Lisboa. Já lá iremos.

 

Naquele dia, pela voz do primeiro-ministro do VI Governo Provisório, o almirante Pinheiro de Azevedo, o País soube, estupefacto, que o executivo tinha decidido suspender as suas atividades sine die. Ou melhor: até que o Presidente da República e chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Costa Gomes, criasse condições para que fosse possível governar.

 

 

O PREC (Processo Revolucionário Em Curso) – que se seguiu ao golpe militar do 25 de Abril de 1974, que derrubou a ditadura salazarista do Estado Novo – estava, em 1975, numa ebulição incendiária. Na vigência do referido VI Governo Provisório, então, sucedeu de tudo: manifestantes enquadrados pela “esquerda revolucionária” cercaram o Conselho de Ministros e sequestraram a Assembleia Constituinte; a Embaixada de Espanha foi saqueada; um atentado à bomba destruiu a Rádio Renascença; e, por fim, ocorreu a original greve governamental.

 

 

Ao Presidente Francisco Costa Gomes, o povo chamava-lhe Chico Cortiça – mantinha-se sempre à tona, por mais agitadas que as águas estivessem. Na verdade, era um bombeiro para todo o serviço, que ia apagando, de forma habilidosa, os focos de incêndio. Mas, no outono de 1975, o confronto entre forças revolucionárias e moderadas, civis e militares, pela ocupação do poder, tinha chegado ao prenúncio da “guerra civil”, com metralhadoras G3 dispersas por muitas e variadas mãos.

 

 

No lado militar moderado, o “grupo dos nove”, membros do Conselho da Revolução e encabeçados por Melo Antunes e Vasco Lourenço, planeava com líderes políticos, como Mário Soares, secretário-geral do PS, a mudança da capital para o Norte. Nessa “retirada” iriam também as forças que os apoiavam (Comandos da Amadora, Artilharia de Cascais, Infantaria de Mafra e Cavalaria de Santarém), e formar-se-ia depois um parlamento, com poderes para legislar e escolher um Governo, com base num projeto de lei constitucional elaborado por Jorge Miranda. O objetivo era provocar a criação da “Comuna de Lisboa” e aí enclausurar o mais poderoso adversário militar, o COPCON (Comando Operacional do Continente), dirigido pelo carismático e revolucionário basista Otelo Saraiva de Carvalho.

 

 

Mas ninguém parecia dar pelos danos que o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Morais e Silva, um general de ideologia saltitante, estava a fazer na Base Escola de Paraquedistas de Tancos, dominada pela extrema-esquerda. Com ordens escritas saídas do seu gabinete, determinou, sem mais, a desativação daquela unidade. Voluntária ou involuntariamente, Morais e Silva estragou os planos de toda a gente, moderados e revolucionários, e ativou uma velha máxima militar: “O primeiro a saltar, come!”

 

 

 Na madrugada de 24 para 25 de novembro de 1975, os “paras” de Tancos ocuparam o Comando da Região Aérea de Monsanto, a Escola Militar da Força Aérea e outras cinco bases aéreas. Como diz a investigadora académica Manuela Cruzeiro, “o pretexto para a concretização do golpe moderado caiu-lhes de bandeja pela ação dos ‘paras’”, extemporânea e sem comando. Os chamados “melo antunistas” (militares moderados nascidos do “grupo dos nove”) conseguiram a adesão do Presidente Costa Gomes à sua causa e, a partir daí, criou-se uma cadeia de comando institucional. E, no Palácio de Belém, de onde todas as ordens saíam, Costa Gomes, com a habilidade política que o caracterizava, chegou a um crucial acordo com Álvaro Cunhal, secretário-geral do PCP, do qual obteve o compromisso de que os militantes do partido se iriam abster de agir. Resultado: a esquerda revolucionária militar viu-se envolvida numa “parada demasiado alta” que, “com espanto e desespero, verificou a seguir não estar à altura de sustentar”, diz Manuela Cruzeiro.

 

No assalto de recuperação do Comando de Monsanto, os “paras” renderam-se de imediato. Os estúdios de Lisboa da RTP ainda foram tomados por elementos da Escola Prática de Administração Militar, e o seu segundo-comandante, Duran Clemente, solidário com os “paras”, interrompeu a Telescola para explicar aos portugueses os objetivos dos “revolucionários”. Mas a emissão seria desviada para o Porto por ordem de Belém e começou a dar o filme O Homem do Diner’s Club, uma comédia com Danny Kaye. Confronto a sério houve no cerco dos Comandos ao quartel da Ajuda da Polícia Militar (PM), onde pontificava o major Mário Tomé, então já pertencente à União Democrática Popular, partido de extrema-esquerda. Morreram dois militares dos Comandos e um da PM.

 

 

 

 

“O povo português é pacífico – não pode é ser excitado, porque é muito manipulável”

 

 

 

 

 

Segundo Manuela Cruzeiro, o 25 de Novembro, “tal como se deu”, deve-se, no essencial, “à ação de três homens: o incendiário Pinheiro de Azevedo, o fleumático Costa Gomes, o obstinado Vasco Lourenço [que tinha como adjunto o operacional Ramalho Eanes, futuro Presidente da República de 1976 a 1986]”. Costa Gomes costumava teorizar que “o povo português é pacífico – não pode é ser excitado, porque é muito manipulável”. Talvez tenha pensado nisso quando, logo a 25 de novembro, decretou o “estado de sítio na área da Região Militar de Lisboa”, através de um diploma que misturava referências à legislação constitucional produzida pelo I Governo Provisório, chefiado por Palma Carlos, constituído após o 25 de Abril de 1974, com uma lei de Salazar, de 1956… Esta última, aliás, era a mais importante: determinava a “superintendência” do comando militar sobre “as autoridades civis e serviços de segurança”.

 

 

Traduzindo, os governadores civis, os presidentes de câmaras, a PSP e a GNR de três distritos – Lisboa, Setúbal e Santarém – ficaram sob um férreo regime militarizado. Patrulhas da tropa vigiavam as movimentações nas ruas, as escolas fecharam e foi imposto o recolher obrigatório das 18 horas às sete da manhã. Diversos jornais viram a sua publicação suspensa (O Século, Diário de Notícias, A Capital, Jornal de Notícias, Diário de Lisboa, Diário Popular, O Comércio do Porto e Jornal do Comércio), e nos restantes órgãos de comunicação social, incluindo rádio e RTP, havia censura sobre temas militares. A mencionada lei de Salazar, que também determinava a “suspensão parcial das garantias constitucionais”, serviu igualmente aos vencedores do 25 de Novembro para procederem a prisões de militares revoltosos, à margem dos tribunais. Só Otelo teve o privilégio de ser colocado sob residência fixa.

 

Os restantes 30 militares detidos foram distribuídos pelas cadeias de Custóias, Santarém e Caxias. Em abril de 1976, já nenhum desses militares estava preso.

 

O “estado de sítio” seria levantado por Costa Gomes a 2 de dezembro de 1975. Durou oito dias. Também oito dias foi o tempo da greve do governo de Pinheiro de Azevedo: a 28 de novembro, o executivo voltou ao trabalho.

 

 

 

 

 

TPT com: AFP// Paulo Santos//TPT//Pedro Rainho/Octávio Lousada Oliveira/José Carlos Carvalho/J. Plácido Júnior/Luís Vasconcelos/Visão//Sapo24//MadreMedia//Lusa// 25 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

 

Segunda vaga pode ser muito mais terrível para o sistema de saúde norte americano

 

Robert Redfield, diretor dos Centros de Controlo e Prevenção de Doença (CDC) dos EUA, em entrevista ao The Washignton Post, alerta para o facto da segunda onda da covid-19 poder coincidir com o início da temporada de gripe.

 

 

Numa altura em que praticamente todos os países estão concentrados em encontrar a melhor forma de reabrir as suas economias, restabelecendo alguma da normalidade perdida por causa do novo coronavírus, Robert Redfield faz uma alerta para os EUA, mas que é extensível à maior parte do mundo.

 

 

“Existe a possibilidade de que o ataque do vírus à nossa nação no próximo inverno seja realmente mais difícil do que aquele que acabamos de passar”, disse o diretor do CDC, em entrevista ao “The Washington Post”, explicando depois a tese. “Nós vamos ter a epidemia de gripe e a epidemia de coronavírus ao mesmo tempo” – ter dois surtos respiratórios simultâneos colocaria uma pressão inimaginável no sistema de saúde.

 

 

Redfield diz que as autoridades federais e estaduais têm que se preparar para o que está para vir e que, à medida que as ordens de permanência em casa são levantadas, devem continuar a enfatizar a importância do distanciamento social.

 

 

A primeira onda de covid-19 já matou mais de 50.000 pessoas em todo o país, sobrecarregou hospitais e revelou escassez de kits de teste, ventiladores e equipamentos de proteção para profissionais de saúde.

 

 

Na mesma entrevista, o diretor do CDC avisa que é necessário ampliar massivamente a capacidade de identificar os infectados por meio de testes e encontrar todos aqueles com quem interagiram, através do rastreamento de contatos, pois só assim se pode evitar novos casos e que o surto seja ainda maior. Por outro lado, tomar a vacina contra a gripe “pode permitir que exista uma cama de hospital disponível para a sua mãe ou avó, caso elas sejam infetadas com o coronavírus”, disse Redfield.

 

 

Sobre os protestos contra as ordens de permanência em casa, solicitando que os estados sejam “libertados” das restrições, Redfield não tem dúvidas: “Não é útil”.

 

 

 

 

Estados Unidos ultrapassa os 50 mil mortos. Governadores divididos quanto ao fim do confinamento

 

 

 

Cerca de 3.000 mortes nas últimas 24 horas puseram os Estados Unidos a ultrapassar a fasquia dos 50 mil mortos por COVID-19. Existem pelo menos 870.468 casos confirmados neste país. Os dados são da Universidade Johns Hopkins, que monitoriza a contagem de casos com base em dados oficiais.

 

Deborah Birx, especialista na força de combate à COVID-19 na Casa Branca, garante que os Estados Unidos tem “uma das taxas de mortalidade mais baixas do mundo”.

 

 

Segundo esta responsável, a taxa de mortalidade relatada nos EUA é de 1,4%, bastante abaixo da registada em Portugal, Espanha, Itália, França, Bélgica e Reino Unido.

 

 

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou cerca de 200 mil mortos e infectou mais de 2,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 720 mil doentes foram considerados curados.

 

 

 

Estados Unidos com novo plano de ajuda

 

 

 

O Congresso dos EUA aprovou na quinta-feira (23 de Abril) um plano de ajuda à economia e aos hospitais para enfrentar a pandemia. Apesar dos pedidos de cautela, alguns estados, como Texas, Vermont e Geórgia, decidiram retomar algumas actividades.

 

 

O plano de 483 mil milhões de euros foi adotado por 388 votos a favor, cinco contra e uma abstenção, e foi promulgado pelo presidente Donald Trump esta noite.

 

Donald Trump está ansioso para retomar a economia americana, mas os governadores dos 50 estados estão divididos em relação às medidas a tomar. Alguns não esperaram para permitir que as empresas voltassem a funcionar, numa altura em que se multiplicam os protestos contra um regresso à normalidade, apesar das advertências dos cientistas.

 

 

Na Geórgia, um pequeno estado do sudeste, cabeleireiros, salões de beleza e estúdios de tatuagem, entre outros, reabriram esta sexta-feira. Na próxima segunda-feira, será a vez dos cinemas e restaurantes, sujeitos a regras rigorosas de distanciamento social e limpeza.

 

 

Na Flórida, as praias estarão novamente abertas ao público a partir de domingo,e certas atividades foram cuidadosamente reiniciadas na segunda-feira no Texas e em Vermont. “Não estou contente com Brian Kemp”, o governador da Geórgia, comentou o presidente Trump esta semana.

 

 

Embora o presidente tenha pedido desde a semana passada um “relançamento” da atividade nos Estados Unidos, a Casa Branca recomenda que os estados que decidam levantar as restrições registem pelo menos 14 dias de queda dos contágios, o que não ocorreu na Geórgia.

 

 

O presidente, no entanto, está otimista com a evolução da epidemia e destacou que “46 estados registaram uma redução no número de pacientes que apresentavam sintomas de coronavírus”. “Estamos muito perto de uma vacina”, acrescentou.

 

 

Andrew Cuomo, governador democrata do estado de Nova Iorque, epicentro da pandemia nos Estados Unidos, pediu por sua vez prudência. “Entendo a pressão” que os governadores podem sentir para relaxar as regras, disse, rejeitando categoricamente o argumento de que a paralisia económica e o confinamento são piores do que o risco de ver a epidemia espalhar-se.

 

 

Em Portugal, morreram 854 pessoas das 22.797 confirmadas como infetadas, e há 1.228 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

 

 

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

 

 

 

 

“Coronavírus chegou a New York vindo da Europa e não da China”, diz governador

 

 

 

 

O governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, disse esta sexta-feira em conferência de imprensa, que o novo coronavírus chegou a Nova Iorque vindo da Europa e não da China, país de origem do vírus, através dos viajantes europeus, de acordo com a agência ‘Reuters’.

 

 

«A lição é que uma pandemia aqui é uma pandemia em todo o lado», disse Cuomo referindo que o país «fechou a porta da frente» aos voos da China, «mas deixou as traseiras abertas» para os voos da Europa, facto que fez com que os viajantes europeus transportassem o coronavírus para o país, ao contrários dos chineses.

 

O governador observou que Trump proibiu viagens de e para a China a 2 de Fevereiro, mais de um mês depois de terem surgido notícias sobre o surto no país e decidiu restringir as viagens da Europa apenas no mês seguinte, numa altura em que o vírus se tinha propagado amplamente nos Estados Unidos, segundo Cuomo.

 

 

Cuomo disse que os investigadores da Universidade de Northeastern, nos Estados Unidos, estimaram que mais de 10 mil nova-iorquinos podem ter contraído a doença quando o estado teve seu primeiro caso confirmado no dia 1 de Março, segundo o responsável Itália é a fonte de contágio mais provável.

 

 

«Agimos dois meses depois do surto na China. Se olharmos para trás, alguém acha que o vírus ainda estava na China à espera que agíssemos dois meses depois?», questionou Cuomo na conferência de imprensa.

 

 

Para além disso o responsável referiu também que o levantamento das medidas de distanciamento social é uma acção contraproducente, deixando criticas ao governo federal por ter demorado a agir e a implementar medidas restritivas de contenção da pandemia da Covid-19.

 

 

O Governador revelou que durante a próxima semana será tomada uma decisão relativamente aos estabelecimentos de ensino, para determinar se as escolas vão ou não permanecer fechadas até ao final do ano.

 

 

No total, estão confirmados 263.460 casos de covid-19 no estado de Nova Iorque. Há menos quase mil internamentos desde o dia anterior e estão internadas 14.200 pessoas. Mais de três mil pessoas saíram dos hospitais na última semana.

 

 

 

 

 

TPT com: The Washington Post// Frederic J. Brown/ AFP//Alexandra Simões de Abreu//Nuno de Noronha/Expresso// Simon Silva//TOM BRENNER //ExecutiveDigest//JASON CONNOLLY/GETTY//24 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

 

 

Sérgio Moro demite-se do cargo de ministro da Justiça do Brasil. Interferência política como agora “nem durante a Lava Jato”

Juiz Sérgio Moro não aceita permanecer no cargo de ministro da Justiça depois de o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ter exonerado o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Leite Valeixo. Para o agora ex-ministro “nem durante a Lava Jato” se viu este tipo de interferência política na PF.

 

 

Os rumores tinham começado a surgir na quinta-feira: se o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, decidisse exonerar o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Leite Valeixo, escolhido pelo ministro da Justiça, o próprio Sérgio Moro poderia demitir-se. Esta sexta-feira, foi o próprio Moro que confirmou que renunciava ao cargo, citando, entre as razões para esta decisão, a necessidade de os vários ramos do Governo permanecerem autónomos, coisa que, na sua opinião, não está a acontecer com Bolsonaro.

 

 

“Entendi que não tinha como aceitar essa exoneração e tenho de preservar a minha biografia e o meu compromisso”, disse o juiz. Moro garante ter tido o apoio de Bolsonaro na maioria dos seus esforços, mas explica que a partir do meio de 2019 “começou a existir uma insistência do Presidente na troca do comando da Polícia Federal”.

 

 

Contando a história da escolha das pessoas na PF, e de como tentou impedir nomeações políticas durante o último ano e meio, Moro referiu várias vezes a expressão “interferência política” para qualificar as ações de Bolsonaro. Quando as exigências do Presidente chegaram à substituição do diretor-geral, Moro admite que aceitou essa possibilidade, mas pediu uma razão. Esta não lhe foi dada. “Estava claro que estava a haver uma interferência política na PF, o que gera uma ferida na credibilidade, não na minha, na do Governo e na da própria Polícia Federal.”

 

 

Moro ressaltou ainda que essa interferência na PF não ocorreu nem durante dos governos do Partido dos Trabalhadores: “Foi garantida a autonomia da PF nos trabalhos de investigação. O Governo na época tinha inúmeros defeitos, crimes gigantescos de corrupção e foi fundamental a manutenção da autonomia da PF, que permitiu que resultados fossem alcançados. “Imagina se durante a própria Lava Jato o ministro, a então presidente Dilma e o ex-presidente [Lula da Silva] ficassem ligando para as autoridades para obter informações?”, perguntou.

 

 

 

 

BOLSONARO PREFERE OS SEUS HOMENS

 

 

 

 

Moro disse várias vezes que Bolsonaro lhe confirmou que a sua intenção era mesmo colocar na PF “alguém a quem ele pudesse ligar, colher informações, colher relatórios de serviços de informações e realmente não é papel da PF prestar esse tipo de informações”. Mesmo assim, o ministro demissionário acedeu a procurar outro nome, desde que escolhido igualmente por si e consultando a polícia.

 

 

“Para evitar uma crise durante esta pandemia, eu sinalizei que então se ele queria substituir, deveríamos substituir o Valeixo por alguém da continuidade, alguém técnico, alguém de dentro da polícia, indicado pela polícia. Não obtive resposta porque o Presidente tem preferência pelos seus próprios nomes”, acusou.

 

 

Bolsonaro perde um nome de peso do seu Governo e adensam-se as suspeitas de que mesmo os seus apoios mais antigos possam estar a fraquejar. Moro é visto como herói pela maioria dos apoiantes do Presidente. É o juiz que foi atrás de Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores, tendo sido o principal responsável por evitar uma recandidatura do antigo chefe de Estado (2003-2011) nas presidenciais de 2018, que Bolsonaro venceu.

 

 

Moro marcou pontos na opinião publica como principal juiz na tentacular operação Lava Jato, de investigação a teias de corrupção que abrangem todo o espectro político brasileiro. Recebeu críticas ao aceitar ser ministro de Bolsonaro, pois tinha tido evidente influência no êxito eleitoral deste último.

 

 

Na última sondagem da Datafolha sobre a popularidade dos políticos brasileiros, Moro aparece à frente do próprio Presidente com 53% dos brasileiros a afirmarem que o seu trabalho à frente do Ministério da Justiça “é de bom a ótimo”. A mesma pergunta gerou 30% de respostas positivas para Bolsonaro.

 

 

 

TPT com: AFP//Ana França/Espresso//Nelson Almeida/GETTY// 24 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

Metade sai à 2ªF, 4ªF e 6ªF, metade nos outros dias. O criativo sistema do principado de Andorra para o desconfinamento

 

Metade da população vai voltar a sair à rua às segundas, quartas e sextas, a outra metade à terça, quinta e sábado, consoante a porta em que vive. No caso de não ter número, o critério define-se pelo nome. De A a M e depois de N a Z…. Já no Perú e no Panamá há dias em que saem os homens, nos outros saem as mulheres

 

 

Tem, o mínimo, um formato muito singular. A forma como Andorra, esse país sem litoral entre Espanha e França, está a preparar-se para levantar as restrições impostas pelo bloqueio não prevê para já medidas diferentes para os mais velhos ou para os mais novos. Nem para estudantes ou funções que não possam ser feitas por teletrabalho. Para evitar que todos saiam à rua ao mesmo tempo, optou-se por dividir o país em par ou ímpar – consoante o número da porta em que cada um vive. E, os que não se incluem neste tipo de métrica, vão fazê-lo pelo abecedário. Nuns dias, saem aqueles cujos nomes começam por A até ao M, noutros serão os outros, até ao Z. Surpreendente? Há mais.

 

 

O alívio do confinamento decretado naquele principado independente encravado nos Pirenéus começou há uma semana, permitindo às pessoas deixarem as suas casas durante uma hora para se exercitarem. “Não foi propriamente um momento sem restrições, mas de exceção”, apressou-se a esclarecer a ministra da Saúde Joan Martínez Benazet, citada pela Euronews. A ideia era preparar a população para o que aí vem. É que, além de terem de seguir um sistema ordenado para sair de casa, os habitantes vão também precisar de respeitar horários rígidos para as suas várias atividades.

 

 

 

 

A cada actividade, um horário

 

 

 

 

Há até grelhas para explicar melhor quem pode sair, em que dias e a que horas – para não haver enganos.

 

 

Por exemplo, podem correr ou fazer caminhadas entre as 6 e as 9 da manhã ou então ao fim do dia, entre as 18h e as 21h. Para ir às compras, ou simplesmente passear, devem fazê-lo entre as 9h e as 11h ou entre 14h e as 19 horas. O horário entre 11h e 14h, esse, fica reservado para os mais vulneráveis e idosos.

 

 

Além de ter de usar obrigatoriamente máscara, a população deve ainda manter uma distância social de quatro metros. É também aconselhada a caminhar na mesma direção dos veículos – ao contrário do normalmente recomendado – para assim garantir que as pessoas ficam longe uns das outras e não seguem lado a lado em situação alguma.

 

 

Parece exagerado, olhando para os números por alto. Afinal, Andorra tem apenas 717 casos confirmados de Covid-19 e só registou 37 mortes. Mas a questão é que, como a sua população não ultrapassa as 77 mil pessoas, acaba por estar no topo da lista dos países com mais mortes por milhão de habitantes.

 

 

 

 

À moda da América Latina… 

 

 

 

 

Outros há que também estão a inovar no sistema de dividir a população para não ter toda a gente na rua ao mesmo tempo. Veja-se o caso do Panamá. O que decidiram as autoridades locais? Impor uma quarentena por sexos. Ou seja, homens e mulheres não podem andar na rua ao mesmo tempo.

 

Invulgar para uns, discriminatória para outros – mas necessária, segundo os responsáveis panamianos – a medida está em vigor desde o início de abril. E justificada por Laurentino Cortizo, o presidente do Panamá.

 

 

“Não tivemos alternativa. A grande quantidade de pessoas que continuava a circular, apesar da quarentena obrigatória a nível nacional, obrigou-nos a medidas mais severas. Foi a maneira mais eficaz de limitar o número de pessoas na rua e também uma maneira de impedir que famílias inteiras abandonassem as suas casas.”

 

 

Assim, desde então que as mulheres estão autorizadas a sair de casa para comprar bens essenciais às segundas, quartas e sextas-feiras. Já os homens podem sair à rua para realizar tarefas às terças, quintas e sábados. Ao domingo, todos são obrigados a permanecer em casa.

 

 

 

 

…tanto no Panamá como no Perú 

 

 

 

 

O mesmo modelo foi também adotado no Peru. Desde o início de abril que homens e mulheres também não saem à rua nos mesmos dias, depois de um confinamento imposto logo a meio de março sem os resultados pretendidos.

 

 

Martin Vizcarra, o presidente do país, justificou a opção mais ou menos pelas mesmas razões: as restrições então em vigor não estavam a dar os resultados esperados. A exceção para esta alternância entre homens e mulheres só não se aplica aos funcionários de serviços essenciais – supermercados, bancos, farmácias ou hospitais.

 

 

E foi ainda pedido às forças que patrulham as ruas para, nestas circunstâncias particulares, respeitarem os transexuais. “Foram todos, policias e soldados, instruídos para não terem atitudes homofóbicas.”

 

 

 

 

 10 erros que o mundo não pode voltar a cometer

 

 

 

 

 

O médico Jorge Sales Marques, que está a exercer em Macau, avisa que nos próximos anos vão surgir outros vírus e explica, uma a uma, as falhas que foram feitas nesta pandemia e que não podem voltar a repetir-se.

 

“Temos de ser objetivos e pensar estrategicamente o que deveremos fazer no futuro próximo para não voltarmos a ser apanhados de surpresa”, diz o médico Jorge Sales Marques (na foto), garantindo que os países se devem preparar para novas vagas ou novos vírus que irão continuar a surgiu nos próximos anos. E para isso, acrescenta, é importante assumir os erros que foram feitos com a Covid-19 .

 

 

“Diversos governos menosprezarem o inimigo invisível”, avisa, sublinhando que ao mesmo tempo ficaram expostas, pelo mundo, as falhas dos vários serviços médicos para situações como esta: “Todos nós, profissionais de saúde, temos a perfeita noção que o sistema nacional de saúde de diversos países numa situação de pandemia , não funcionou . Pelo contrário, mostrou imensas lacunas e descoordenação por diversas vezes”. Estes erros, considera, “foram responsáveis pelo grande número de mortos em todo o mundo”. Segundo o médico, que trabalha no Centro Hospitalar Conde de São Januário, em, Macau, tem de se mudar já, em todo o globo, a forma de atuar. “Temos de ter mais coragem na tomada de medidas de proteção à população na fase inicial da pandemia”. E para isso sugere ser importante “ver o que falhou nesta pandemia” e apostar no que deve ser feito a curto prazo. “Temos todos de estar prontos na próxima pandemia”, defende o médico – que explica ponto por ponto os 10 erros que o mundo cometeu:

 

 

 

 

Falha na avaliação do novo vírus vindo da Ásia

 

 

 

 

Toda a avaliação inicial sobre o novo coronavírus foi feita de forma superficial, não valorizando o risco de vir a poder alastrar- se por este mundo fora e atingir diversos países e continentes, como de facto aconteceu. Toda a estratégia de abordagem foi feita menosprezando o inimigo, quando não havia motivo para o fazer. O coronavírus já tinha afetado por duas vezes nos últimos 17 anos a população mundial, com dezenas de países envolvidos e pessoas infetadas e mortas.

 

Este novo coronavírus tem 80 % do seu material genético semelhante ao coronavírus responsável pelo SARS. Os outros 20% de material genético RNA é diferente e por conseguinte mais virulento, pela facilidade de contágio entre as pessoas. Ao não valorizamos o vírus que provoca a Covid 19, e por as entidades responsáveis terem vindo ao público afirmar que este vírus não seria mais grave do que o vírus de gripe, passou-se uma informação errada e perigosa à população.

 

 

Por outro lado , a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) não actuou com rapidez, adiando constantemente a declaração de pandemia . A população mundial não levou inicialmente tão a sério e bastava uma afirmação mais precoce sobre a Covid 19 ou um conselho sobre o uso de máscaras, que o cenário que estamos a ver e viver hoje poderia ter sido outro .

 

 

 

 

2- Ausência de rastreio térmico nos aeroportos e fronteiras

 

 

 

 

O controlo de temperatura mostrou ser eficaz em muitos países e cidades que apostaram nesta medida. Sabemos que ao detetar precocemente alguém com febre, iria evitar a propagação do vírus com os contactos mais próximos . Muitas pessoas foram poupadas e deste modo não correram o risco de poderem ir parar aos hospitais e em alguns casos aos cuidados intensivos.

 

 

Se todos tivessem tomado esta medida, nomeadamente quando vários países ainda tinham registo de poucos casos, tudo poderia ter sido diferente . Com o controlo de temperatura aos passageiros oriundos das cidades italianas de Bérgamo e Milão, que na altura estavam a ter imensos novos casos, bem como aos passageiros provenientes de Ásia , certamente que muitos contágios poderiam ter sido evitados .

 

 

 

 

3- Adiamento do uso de máscaras

 

 

 

 

O adiamento contínuo do uso da máscara e o reconhecimento tardio por parte de muitos países, e principalmente a demora da OMS em aceitar o óbvio (baseado nos resultados de outros países onde esta medida foi implementada com bons resultados) foi responsável pela propagação e disseminação da Covid-19 a dezenas de países e, consequentemente, o surgimento de grande número de pessoas infetadas .

 

 

 

 

“Ao afirmar-se que este novo vírus não seria mais grave do que o vírus da gripe, passou-se uma ideia errada e perigosa
à população”

 

 

 

 

4- Formação e informação detalhada à população sobre a higiene pessoal

 

 

 

Sabemos como o vírus contagia qualquer pessoa que tenha uma má higiene pessoal e quão importante é a lavagem das mãos de forma correta, assim como temos de evitar colocá-las na face para não aumentar o risco de contágio . Neste contexto, a campanha de higienização das mãos e a informação à população sobre os diversos passos de lavagem das mãos durante, pelo menos, 20 segundos, são cruciais. Todos estas medidas são eficazes, desde que sejam realizadas campanhas de ensinamento à população sobre a importância deste procedimento, de modo a que as pessoas tenham tempo de assimilar estas ideias e pô-las em prática sem qualquer dúvida ou hesitação.

 

 

 

5- Não impedir desde cedo a aglomeração das pessoas

 

 

 

Qualquer medida para reduzir o risco de propagação do vírus teria de passar por afastamento de pessoas de locais onde aglomeração significaria risco eminente de contágio. Fechando as fronteiras e limitando a entrada de pessoas, colocando em quarentena os turistas oriundos de países ou cidades com casos infetados, declarando estado de emergência no país , são medidas necessárias para que o vírus não tenha a possibilidade de se replicar . Qualquer atraso é um ponto a favor do vírus e, como consequência, torna-se cada vez mais forte, resistente e contagioso. Os países necessitam de deixar de pensar durante este período na vertente económica e apostar mais rapidamente na proteção da sua população.

 

 

 

6- Ignorar o isolamento

 

 

 

“Muitas pessoas idosas faleceram por total falta de planeamento e proteção por parte dos Estados”

 

 

 

 

O auto isolamento é uma medida essencial para que todas as decisões anteriores resultem na sua plenitude. Numa situação de pandemia, o isolamento social evita a propagação do vírus e o contágio vindo de outra pessoa infetada, bem como a disseminação da doença pela própria pessoa a outras, caso esteja infetada sem saber . Para que esta outra medida resulte é fundamental que os cidadãos cumpram com rigor estas orientações, sob pena de serem punidos pela justiça. Uma pessoa, infetada ou não, deve ter o sentido de responsabilidade social, protegendo-se a si própria . Esta sua atitude também protege os outros . Trata-se apenas de um ato solidário entre humanos em momentos em que a pandemia aparece em força sem olhar a meios para atingir o seu objetivo único que é infetar humanos.

 

 

 

 

 

7- Não testar todos os casos suspeitos e contactos

 

 

 

 

 

Todos os países afetados devem testar as pessoas suspeitas bem como os respetivos contactos. Qualquer número que seja apresentado à população e à comunicação social será sempre falso e todas as conclusões e estudos estatísticos daí resultantes , não terão qualquer significado.

 

 

Nesta pandemia, esta realidade verificou-se muitas vezes e qualquer cidadão mais atento conseguia concluir que a inverdade sobre o número total de casos começou a ser um ato diário em vários países, já que sem testar os contactos ou os casos em que a causa de morte foi inconclusiva ou em quadros respiratórios fatais de etiologia desconhecida, não poderíamos excluir o vírus responsável pela pandemia, como uma possível causa de morte. Isto não poderá voltar a acontecer porque os dados que são fornecidos devem ser baseados em evidência estatística e não em erros de cálculos resultantes de base errada de dados.

 

 

 

 

8-Não planear a tempo a proteção da população mais vulnerável

 

 

 

 

 

Muitas pessoas idosas faleceram por total falta de planeamento e proteção por parte dos Estados. Sendo uma população vulnerável, deveria ter sido protegida desde o início, sendo-lhes fornecidas máscaras e ensinando- lhes a ter cuidados de higiene, bem como a necessidade de ficarem isolados para não serem infetados.

 

 

 

 

9- Falha de equipamento de proteção individual para os médicos.

 

 

 

 

Os médicos e os profissionais de saúde são os verdadeiros heróis numa situação de pandemia. Estão na linha de frente contra o vírus invisível. São os primeiros a serem infetados caso não tenham um equipamento de proteção individual de reconhecida qualidade e de garantia. Nesta pandemia, infelizmente, muitos profissionais foram afetados, acabando mesmo por morrer. Esta negra realidade deveu-se a uma falha total na política de saúde por parte dos respetivos governos ao não considerarem nem reconhecerem quais as verdadeiras necessidades dos profissionais de saúde de cada país no combate. As verbas destinadas à saúde devem ser prioritárias. Os verdadeiros heróis durante esta fase de pandemia são os profissionais de saúde que defendem desesperadamente a entrada do inimigo invisível, tentando impedir por todos os meios que o vírus controle o ser humano. Estes profissionais que estão na linha de frente não devem ser os sacrificados nesta guerra . Devem ser protegidos pelas autoridades de saúde e os respetivos governos pela coragem, dedicação e empenho nesta luta . Esta carnificina não se poderá repetir no futuro próximo. Foi triste verificarmos que centenas de profissionais morreram por estarem infetados por falta de equipamento adequado de proteção individual ou porque este equipamento era inapropriado ou tinha falta de qualidade.

 

 

 

 

  1. Falhas na OMS

 

 

 

 

Finalmente, uma palavra para a Organização Mundial de Saúde. É em momentos destes que estamos a viver que a população mundial precisa mais do que nunca de uma voz convincente, determinada, sem contradições ou hesitações . Que tome medidas pensando única e exclusivamente em salvar vidas e não em pura evidência científica . Nenhuma decisão pode ser baseada apenas em estudos científicos. A utilização de máscaras foi um exemplo em que enquanto discutiam no gabinete a sua importância ou não no controlo da propagação do vírus , milhares de pessoas foram infetadas e morreram . A experiência asiática provou em números a redução de casos com a utilização de máscaras em toda a população, numa situação de pandemia . Era fundamental que a OMS tivesse dado esta orientação . Teria reduzido a propagação exponencial do vírus e, acima de tudo, poupado imensas vidas. Nada é mais importante do que a vida de um ser humano. Muito mais importante do que qualquer medida económica de qualquer governo na altura de crise. Na pandemia, só pode haver um objetivo: salvar e proteger a população.

 

 

 

TPT com: AFP//Sergi Rugrand//LightRocket// David Ramos/Getty Images//Visão//  23 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

Organização de Estados Ibero-americanos atribui bolsas para universitários da CPLP

A Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) vai atribuir cinco bolsas-viagem a estudantes universitários de estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que pretendam estudar em universidades portuguesas e brasileiras.

 

 

Estas bolsas incluem-se no âmbito do Programa de Mobilidade da AUL – Associação das Universidades de Língua Portuguesa, entidade com a qual a OIE estabeleceu uma pareceria, anunciou hoje esta organização em comunicado.

 

 

As bolsas-viagem destinam-se aos estudantes de países da CPLP que queiram concluir as suas licenciaturas ou mestrados em universidades de Portugal ou do Brasil.

 

 

“A parceria entre as duas instituições advém do reconhecimento conjunto da importância da mobilidade académica para a circulação e produção do conhecimento a nível global, para a melhoria da aprendizagem e das competências dos estudantes, para a promoção da ciência, assim como o reforço das relações entre as instituições académicas destas duas áreas geográficas que partilham, nomeadamente, a língua portuguesa”, adianta na nota a OIE.

 

 

Desta forma, as duas entidades esperam poder “contribuir para preparar os estudantes para um mercado laboral cada vez mais competitivo”.

 

 

A diretora do escritório da OEI em Portugal, Ana Paula Laborinho, citada no comunicado, sublinha que “a mobilidade académica é um importante instrumento para a construção de redes de conhecimento”.

 

 

“A cooperação entre a AULP e a OEI para atribuição de bolsas de formação avançada constitui um importante passo para fortalecer essas redes e a cooperação entre o espaço da CPLP e o espaço ibero-americano nos domínios do ensino superior e ciência”, frisa.

 

 

A OEI explica que, como a igualdade de género e a promoção da ciência são “pilares fundamentais do trabalho desenvolvido” pela organização, no quadro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos na Agenda Internacional 2030, “um dos critérios para a atribuição das bolsas consiste na valorização da formação avançada das mulheres nas áreas científicas”.

 

 

Os estudantes interessados podem obter mais informações no site da AULP.

 

 

A Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) é o primeiro organismo intergovernamental de cooperação multilateral, fundado em 1949, com o objetivo de promover a cooperação Ibero-americana nessas três áreas de atuação.

 

 

Atualmente, a OEI tem 23 Estados-membros e escritórios em 18 países, além da Secretaria-Geral, que se encontra em Espanha.

 

 

A CPLP tem como estados membros Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Guiné Equatorial e São Tomé e Prícipe.

 

 

 

 

 

 

Presidente de Cabo Verde aponta ambição de estar nos 15 melhores países em liberdade de imprensa

 

 

 

 

 

 

 

O Presidente de Cabo Verde realçou a “qualidade da democracia” cabo-verdiana, após a classificação do país no 25.º lugar em matéria de liberdade de imprensa, mas apontou que o objetivo é estar nos 15 melhores.

 

“A minha ambição, a ambição que sempre pretendi levar a todos os cabo-verdianos, é a de querermos mais, chegarmos, em matéria de democracia e de liberdade, ao nível dos melhores entre os melhores. Entre, pelo menos, os 15 melhores. Basta que trabalhemos mais e melhor, aprimoremos, corrijamos, exijamos mais. Temos as condições para tanto, acredito firmemente”, afirmou Jorge Carlos Fonseca, numa mensagem a propósito da classificação divulgada pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

 

 

A liberdade de imprensa deteriorou-se em três dos nove países lusófonos, com a Guiné-Bissau a sofrer a maior queda e Timor-Leste a registar a subida mais acentuada no índice anual da organização RSF, sobre 180 países, divulgado terça-feira.

 

 

Cabo Verde (25.º) é o segundo país lusófono melhor classificado no índice dos RSF, mantendo a mesma posição face ao ranking anual.

 

 

Na mensagem, o chefe de Estado recorda que nos últimos anos, de acordo “com avaliações feitas por instituições bem diferenciadas”, Cabo Verde “tem sido bem classificado em termos de qualidade da democracia, nível de exercício e garantia da liberdade ou, em particular, da liberdade de imprensa”.

 

 

“Se, como Presidente da República — enquanto primeiro garante da Constituição e do funcionamento regular das instituições democráticas — e como cidadão amante da democracia e jardineiro da Liberdade, me regozijo com mais uma distinção do nosso país, reitero que a minha satisfação é relativa”, acrescentou, defendendo assim essa maior ambição para Cabo Verde, nesta matéria.

 

 

Jorge Carlos Fonseca assume ainda que esta avaliação dos RSF acontece “numa conjuntura particularmente difícil e dolorosa”, com o país em estado de emergência, para conter a pandemia de covid-19, suspendendo alguns direitos, mas sem afetar a liberdade de imprensa no país.

 

 

“Num regime previsto e regulado na Constituição democrática, num ‘estado de emergência’ que não significa nem pode significar, como disse há pouco tempo, um ‘apagão da democracia’ ou uma suspensão da Constituição”, sublinha.

 

 

E acrescenta: “Prova disso é o facto de, no decreto presidencial que estabeleceu o estado de emergência, se ter ressalvado, entre outros direitos e liberdades, a vigência da liberdade de expressão e de informação, a liberdade de imprensa, o normal funcionamento das procuradorias junto das comarcas, os mecanismos de controlo da legalidade da atuação das entidades públicas, o funcionamento regular dos órgãos de soberania, nos termos constitucionais”.

 

 

Com o estado de emergência prorrogado, mas diferenciado por ilhas com casos de covid-19 (até 02 de maio) e sem casos (até 26 de maio), Jorge Carlos Fonseca destaca que o modo como tem estado a vigorar, desde 29 de março, “certifica” o “teste” que o país vive: “O desafio que ele colocou à solidez da nossa democracia e à vitalidade da nossa Constituição foi já inequivocamente ganho”, assume.

 

 

 

TPT com: AFP//ATR // AJO//Lusa//Sapo24// PVJ // JH//22 de Abril de 2020