Ulisses Correia e Silva que falava na qualidade de presidente do Movimento para a Democracia (MpD, no poder) e, em maré de aumentos, referiu-se ainda à subida do valor da pensão social mínima de cinco para seis mil escudos, também em 2019.
Da mesma forma, anunciou para o próximo ano a regularização, através de lei específica, da situação de “muitos funcionários” que há vários anos “vivem uma relação precária” na Administração Pública.
Durante 25 minutos, num dos hotéis do Mindelo, perante casa cheia de militantes e simpatizantes, o presidente do MpD discorreu longamente sobre os dois anos e meio de governação e, disse, “com razões”, hoje, para “estar confiante”.
“Enfrentamos grandes problemas, como a deterioração da segurança urbana, o descalabro da TACV, a estagnação da economia e a seca”, concretizou, mas, ajuntou, “estamos de pé, a seguir em frente, a melhorar o país”, para “desespero daqueles que estão com sede de vingança e são negativistas”.
A propósito da economia, Ulisses Correia e Silva congratulou-se com os mais recentes números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) que apontam para um crescimento de 5,9% do PIB no segundo trimestre do corrente ano.
“O aumento está em linha com aquilo que é meta da nossa governação, que é chegar aos 7%”, referiu, acrescentando que a economia cabo-verdiana está a crescer pelo consumo, pelo investimento e pelas exportações.
No campo político, assegurou que, no questão da regionalização, no mês de Outubro, o grupo parlamentar do MpD vai “fazer questão” que a proposta de lei de regionalização seja debatida e votada no parlamento.
“Assim vamos saber quem está a favor e quem está contra a regionalização”, sintetizou, da mesma forma que, no domínio da justiça, pediu que esta faça o seu papel e que as investigações sobre a gestão do Fundo do Ambiente sejam concluídas e as responsabilidades apuradas.
“Em nome da verdade é preciso apurar todas as responsabilidades relativamente à gestão do Fundo do Ambiente na anterior governação para se saber quem é quem quando se fala de alta de transparência e de corrupção” reforçou Ulisses Correia.
Por outro lado, a “massificação” da formação profissional, visando dotar os jovens de “habilidades e qualificações” directamente exigíveis ao mercado de trabalho, e um Governo “com foco” na criação de rendimento para tirar as pessoas “da dependência, da ajuda e do apoio, para ajudá-las a criar sua própria actividade e ter rendimento”, foram outras ideias lançadas pelo líder do MpD.
Especificamente para São Vicente, Ulisses Correia e Silva anunciou investimentos no montante de 613 mil contos para os próximos três anos, “sem contar” com a asfaltagem da estrada Mindelo – Baía das Gatas (350 mil contos), em implementação.
Mas há mais, como por exemplo a implementação, no próximo ano, na ilha do projecto Cidade Segura, com o sistema de videovigilância, “fortes investimentos” na saúde, entre eles a transformação do centro de terapia ocupacional da Ribeira de Vinhas numa Comunidade Terapêutica de referência na zona norte do país, e o arranque das obras do Centro de Hemodiálise.
“Faltam dois anos e meio e temos muito ainda para fazer”, lançou Ulisses Correia e Silva, que assegurou tudo fazer para que a economia cresça “ainda mais”, para que todas as ilhas tenham dinâmica económica, que o emprego favoreça essencialmente os jovens e que a pobreza conheça redução.
“Com confiança redobrada vamos vencer o desafio de retirar Cabo Verde do estádio de sobrevivência e integrá-lo num estádio de desenvolvimento”, finalizou Ulisses Correia e Silva, que ressalvou, no entanto, que se trata de um “grande desafio para a próxima década”, mas que o seu Governo e o sistema MpD farão “a diferença”, porque “atacam os problemas de frente” e “têm atitude positiva, força e energia para vencer”.
“A mensagem é de muita confiança, pois estamos no caminho certo, a cumprir, a realizar Cabo Verde e vamos ganhar todos os próximos combates em nome e para servir Cabo Verde”, concluiu.
Primeiro Ministro promete criar condições para que o município da Praia tenha o seu Estatuto Especial em 2019
Ulisses Correia e Silva, à margem da visita que efetuou às obras em andamento no município da Praia, sublinhou que a aprovação deste diploma não depende apenas do Governo, mas sim do consenso do Movimento para a Democracia (MpD, no poder) e do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição).
Adiantou que neste momento a proposta de lei já foi submetida a câmara municipal para apreciação, mas a aprovação da mesma dependerá do “bom senso e do entendimento” dos partidos políticos por se tratar de um dossiê que exige maioria qualificada de dois terços.
“Nós estaremos em condições para que no primeiro trimestre do próximo ano possamos apresentar ao parlamento para agendamento e aprovação, depois dos debates que têm que ser feitos para consensualização”, constatou o primeiro-ministro que avançou que está disponível para discutir com a oposição para que a cidade capital tenha o seu Estatuto Especial em 2019.
Ulisses Correia e Silva, que visitou as obras de asfaltagem no largo do Ténis, Platô, pedonal de Ponta Belém, floresta urbana e periurbana na encosta do Liceu Domingos Ramos e as obras do futuro liceu de Achada Grande Trás, revelou que o Governo vai reforçar o apoio a todos os municípios do país.
“Vamos lançar para o próximo ano um pacote de cerca de 11 milhões de contos, para ser executado em três anos, com uma forte componente a nível de intervenções e investimentos de requalificação urbana, ambiental, reabilitação de casas, acessibilidades e restauração de patrimónios históricos e cultural”, assinalou o primeiro-ministro.
Entretanto, explicou que a Cidade da Praia irá receber cerca de 900 mil contos e que os montantes serão provenientes dos fundos do ambiente, do turismo e rodoviário, para além de outros que serão alocados no Orçamento do Estado.
Segundo disse, toda essa envolvente resulta de uma “boa parceria” que o Governo tem desenvolvido com os municípios, segundo a qual, assinalou, juntos são mais fortes, podem conseguir fazer e produzir “muito mais” com “resultados satisfatórios” para as comunidades e populações.
Poro seu turno o presidente da Câmara Municipal da Praia, Óscar Santos, adiantou que o montante anunciado pelo chefe do Governo vai ser canalizado em obras de acessibilidade, requalificação de Ponta Belém, Bairro Craveiro Lopes, miradouro em Achada Santo António, reabilitação de habitações com pintura e construção de casas de banho.
“Com esse montante, vamos concluir as obras do mercado do coco, onde propomos aumentar mais um piso para justificar e recuperar os investimentos da câmara sendo que é uma obra enorme, mas com algum atraso”, revelou o autarca, que assegurou que as obras arrancam no início do próximo ano e que em 2020 estarão em condições de fazer a transferência das vendedeiras.
Por outro lado, disse que para o próximo ano a autarquia irá priorizar as zonas norte, este e oeste da cidade com obras de calcetamento, drenagem, acessibilidade, asfaltagem na zona de Vila Nova, São Pedro Latada e construção de uma ponte Calabaceira Pensamento.
“Até o final do ano, esperamos terminar tudo aquilo que tem a ver com requalificação do Platô, obras de drenagem no fundo Calabaceira e a última fase de drenagem de Fotom”, precisou o presidente da autarquia capitalina.
TPT com: AFP// InforPress//Expresso das Ilhas// 30 de Setembro de 2018