Segundo o Observatório Europeu do Sul equipa de astrónomos descobrem planeta com três sóis

Uma equipa internacional de astrónomos detetou um planeta com três ‘sóis’, informou esta quinta-feira o Observatório Europeu do Sul (OES), adiantando que tal observação sugere que sistemas triplos de estrelas como este “possam ser mais comuns” do que se pensava.

 

 

O grupo usou um dos instrumentos do telescópio VLT do OES, no Chile, para obter as imagens.

 

Num planeta destes, um observador poderia desfrutar de dias constantes, isto é, sem noite, ou de triplos nascimentos e ‘pores-do-Sol’ todos os dias, dependendo das estações, que “duram mais que uma vida humana”, assinala em comunicado o OES, organização da qual Portugal faz parte.

 

 

Os resultados da investigação, liderada por astrónomos da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, foram publicados na edição digital da revista Science.

 

 

O planeta em causa tem o nome de registo HD 131399Ab e orbita a estrela, das três, mais brilhante, a HD 131399A. A sua órbita, que totaliza 550 anos terrestres, é a maior conhecida num sistema estelar múltiplo.

 

 

A descoberta surpreendeu os cientistas, porque órbitas como a do HD 131399Ab “são frequentemente instáveis, devido à atração gravitacional, complexa e variável, das outras duas estrelas do sistema”, pelo que pensavam que “seria muito improvável existirem planetas em órbitas estáveis nestas condições”.

 

 

Para os astrónomos, planetas como o HD 131399Ab “têm um interesse especial”, uma vez que “mostram como funciona a formação planetária em cenários muito extremos”, refere o OES na nota, sublinhando que, ao contrário do que se julgava, os sistemas estelares múltiplos “são tão comuns” como as estrelas individuais, como o Sol.

 

 

O HD 131399Ab está situado a cerca de 320 anos-luz da Terra, na constelação de Centauro, e tem cerca de 16 milhões de anos, o que o torna num dos exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar) mais jovens até agora descobertos (o Universo tem cerca de 14 mil milhões de anos) e “um dos muito poucos a serem diretamente fotografados”.

 

Segundo o Observatório Europeu do Sul astrónomos descobrem planeta com três sóis 2

Uma representação visual do movimento de rotação e translação do planeta (linha vermelha) e das três estrelas (azul).

 

Os cientistas estimam que a estrela, das três, mais brilhante tenha mais massa do que o Sol, em 80 por cento, e esteja a ser orbitada pelas restantes, com menos massa, que rodopiam em torno uma da outra e estão separadas entre si pela distância que medeia aproximadamente o Sol e Saturno.

 

 

Neste cenário, segundo o Observatório Europeu do Sul, o planeta HD 131399Ab “desloca-se em torno” da estrela mais brilhante, numa órbita com um raio correspondente a cerca de duas vezes a órbita do planeta-anão Plutão.

 

 

Descoberta “galáxia fantasma” com 99,99% de matéria negra

 

 

Foi descoberta uma galáxia feita essencialmente de matéria negra, um corpo imprescindível para a estrutura do Universo mas sobre o qual pouco se sabe. E está aqui bem perto, a 320 milhões de anos-luz.

 

Segundo o Observatório Europeu do Sul astrónomos descobrem planeta com três sóis 3

Há dois anos, as equipas do Observatório WM Keck e do Telescópio Gemini North (Hawai) encontraram uma série de galáxias nas proximidades da Via Láctea que passaram despercebidas durante décadas aos olhos dos astrónomos. Agora, eles descobriram porquê: uma destas galáxias – Dragonfly 44 – só tem 0,01% de estrelas. Toda a restante composição é matéria negra, o que faz dela uma verdadeira “galáxia fantasma”.

 

 

Dragonfly 44 está a 320 milhões de anos-luz da Via Láctea, numa região chamada Conjunto da Vírgula. À escala universal, esta galáxia é praticamente nossa vizinha. Na altura em que foi descoberta, os cientistas explicaram que “enquanto a Via Láctea é um mar de estrelas, estas galáxias são como tufos de nuvens”.

 

 

Dois anos depois destas declarações, chegaram as respostas. A matéria negra é a cola que mantém unida a matéria estelar destas galáxias. “Elas estão presas nos seus próprios escudos que as protegem de se desvanecerem”, pode ler-se no estudo publicado no Astrophysical Journal Letters.

 

 

A matéria negra é uma forma de matéria que não interage com a matéria comum (aquela que é composta por partículas atómicas) nem com ela mesma. Tem força gravítica, mas não emite luz nem radiação. É ela que mantém a coesão do universo.

 

 

Mas o que é a matéria negra? Ninguém sabe ao certo. Sabe-se que ela representa cerca de 27% de toda a massa e de toda a energia no Universo observável. Sabe-se também que, embora a sua força gravitacional seja detetável pelos cientistas, ela não emite qualquer forma de luz ou de radiação que possa ser observada. Embora continue a ser um completo mistério para os astrónomos, é evidente que a matéria negra é essencial para a estabilidade universal. À velocidade alucinante com quem as galáxias rodopiam, as suas forças gravíticas não são suficientes para as manter unidas: é a matéria negra que permite a sua coesão. Por isso é que, segundo o modelo de cosmologia mais aceite pela comunidade científica, por cada grama de átomos que existe no mundo, há pelo menos cinco vezes mais matéria negra.

 

 

As conclusões a que os astrónomos chegaram sobre a galáxia Dragonfly 44 foram conseguidas depois de se medirem as velocidades das poucas estrelas que a compõem. Ao registarem essas velocidades ao longo de 33 horas e 30 minutos durante seis noites, os cientistas sabiam que podiam descobrir a massa da galáxia como um todo. Isto é possível porque quanto maior a velocidade de um corpo, maior a sua energia cinética e a sua massa.

 

 

Por outras palavras: quanto mais velozes forem estas estrelas, mais massiva é a galáxia a que pertencem. Ora, as estrelas de Dragonfly 44 movem-se a 47 quilómetros por segundo, logo, é um bilião de vezes mais massiva que o Sol. Tudo normal? Nem por isso. Quando chegaram a estes valores, os cientistas torceram o nariz: esta galáxia era demasiado pesada para que a força gravítica das estrelas fosse suficiente para a manter unida.

 

 

“Energia cinética é aquela que um corpo tem quando está em movimento. Quanto maior a velocidade de um corpo, maior a sua energia cinética. Quando o corpo está em repousa, a energia cinética é nula”.

 

 

Foi assim que chegaram à conclusão última: uma galáxia com estas características tem de ser feita de 99,99% de matéria negra. Não é um fenómeno isolado: há uma galáxia parecida no Conjunto de Virgo mas que, segundo os cálculos publicados no início de este ano, tem apenas 99,96% de matéria negra. Agora, estas galáxias vão ser os laboratórios dos astrónomos que querem descobrir o que é, verdadeiramente, a matéria negra. Foi assim que chegaram à conclusão última: uma galáxia com estas características tem de ser feita de 99,99% de matéria negra. Não é um fenómeno isolado: há uma galáxia parecida no Conjunto de Virgo mas que, segundo os cálculos publicados no início de este ano, tem apenas 99,96% de matéria negra. Agora, estas galáxias vão ser os laboratórios dos astrónomos que querem descobrir o que é, verdadeiramente, a matéria negra.

 

 

TPT com: Reuters//AFP/L. Calcada / ESO / HANDOUT/EPA// Science//Marta Leite Ferreira//Observador// 31 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

A Igreja da Caverna dos Zabbaleens na cidade do Cairo tem uma área de 1.000 metros quadrados

Os Zabbaleens são descendentes de agricultores que começaram a migrar do Alto Egito para o Cairo na década de 1940 por causa de períodos prolongados de más colheitas e da pobreza extrema. Decidiram ir para a cidade em busca de trabalho e terminaram em assentamentos improvisados ao redor da cidade. Inicialmente, mantinham-se presos a tradição de criar porcos, cabras, galinhas e outros animais, mas finalmente descobriram que a coleta e triagem de lixo produzidos pelos moradores da cidade eram mais rentáveis.

 

A incrível Igreja da Caverna dos Zabbaleens na cidade do Cairo 2

Os Zabbaleens classificam o lixo doméstico, recuperando e vendendo coisas de valor, enquanto o lixo orgânico proporciona uma excelente fonte de alimento para seus animais. Na verdade, esse arranjo funcionou tão bem, que as sucessivas ondas de migrantes vieram do Alto Egito para viver e trabalhar nas aldeias de lixo recém-fundadas no Cairo.

 

A incrível Igreja da Caverna dos Zabbaleens na cidade do Cairo 3

Durante anos, os assentamentos precários dos Zabbaleens foram movidos de um lado ao outro dos arredores da cidade tentando evitar as autoridades municipais. Finalmente, um grande grupo resolveu se estabelecer próximo as falésias das pedreiras Mokattam na borda oriental da cidade, que agora é a maior comunidade de coletores de lixo do Cairo, com aproximadamente 30.000 habitantes.

 

A incrível Igreja da Caverna dos Zabbaleens na cidade do Cairo 4

O Egito é um país de maioria muçulmana, mas pelo menos 90% dos Zabbaleens são cristãos coptas. Comunidades cristãs são raras de encontrar no Egito, de modo que eles preferem ficar em Mokattam dentro de sua própria comunidade religiosa, embora muitos deles podem pagar casas em outro lugar.

 

A Igreja Copta local da vila Mokattam foi criada em 1975. Após o estabelecimento da igreja, os Zabbaleens sentiram-se mais seguros em sua posição e só então começaram a usar materiais de construção mais permanentes, como pedra e tijolos, para suas casas.

 

A incrível Igreja da Caverna dos Zabbaleens na cidade do Cairo 5

Dada a sua experiência anterior de despejo de Giza em 1970, os Zabbaleens viviam em cabanas de estanho temporários. Em 1976, um grande incêndio em Manshīyat Nasir, levou ao início da construção da primeira igreja debaixo da montanha Mokattam em um local de 1.000 metros quadrados. Várias outras igrejas foram construídas em cavernas encontradas no Mokattam, um das quais é o Mosteiro de São Simão, com uma capacidade de 20.000 pessoas. Na verdade, a Igreja da Caverna de Mokattam é a maior igreja do Oriente Médio.

 

 

TPT com: AFP/Reuters/ 31 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Aparelho experimental português detecta doenças neurodegenerativas mais no início

O corredor de chão vermelho separa duas salas e duas realidades. Numa, há um aparelho sofisticado a trabalhar, com aspecto futurista, no meio de um espaço vazio. Dentro do aparelho, um ratinho adormecido é analisado para se obter imagens do seu interior. Este é o presente. Na outra sala está o futuro. E o futuro, no seu início, parece-se mais com um laboratório de garagem: atravancado, com fios a verem-se, com um aparelho sem o revestimento bonito criado pelo design, mas muito mais perto da ideia original.

 

 

Estamos em Coimbra, num dos pisos do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), a olhar para um tomógrafo construído de raiz, especializado em produzir imagens médicas para oncologia, cardiologia e neurologia, mas que também faz investigação. Um tomógrafo é um termo genérico para um aparelho que produz imagens tridimensionais do interior de corpos, a partir da soma de imagens de “fatias” desses cortes. Há vários tipos de tomógrafo. O protótipo à nossa frente utiliza moléculas com átomos radioactivos que podem sinalizar objectos específicos importantes para a medicina como tumores, a beta-amilóide — uma proteína que se associa à doença de Alzheimer —, entre outros.

 

 

Miguel Castelo-Branco, director do ICNAS, e nosso cicerone por uma tarde, explica-nos a importância deste aparelho de tomografia por emissão de positrões (conhecido pela sigla inglesa PET). “É novo porque tem uma resolução superior às tecnologias que estão no mercado”, diz ao PÚBLICO. “Tem uma resolução de cerca de 0,4 milímetros. No mercado andamos à volta de um milímetro.”

 

 

A resolução de um aparelho representa a sua capacidade em distinguir dois pontos. Um tomógrafo capaz de criar imagens com um milímetro de resolução consegue distinguir pormenores maiores do que um milímetro, um tumor mais pequeno do que um milímetro escapa às máquinas comuns. “Se não tivermos uma tecnologia com resolução superior, não identificamos a doença”, explica o investigador. “Este aparelho permite identificar o início das doenças”, refere, explicando que esta capacidade é especialmente importante para a detecção das doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer ou a doença de Parkinson.

 

 

Estas duas doenças têm origem em alterações no cérebro, um órgão que conta com estruturas muito pequenas. Para distinguir estas estruturas é necessário um tomógrafo com detectores de imagens mais poderosos como o que foi criado nesta sala, o que só foi possível graças a uma parceria com o físico Paulo Fonte, professor no Instituto Superior de Engenharia do Instituto Politécnico de Coimbra e investigador no Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas de Coimbra (LIP).

 

 

Para já, este tomógrafo ainda só pode ser usado em roedores, para investigação. Não tem a dimensão nem está preparado para o uso em humanos. Mas é uma demonstração da capacidade inovadora do ICNAS. “Temos psicólogos, engenheiros, médicos, farmacêuticos, físicos”, diz Miguel Castelo-Branco. “Reunimos as disciplinas todas e fazemos investigação translacional.” Ou seja, utilizam as descobertas feitas na investigação básica para resolver problemas de medicina, neste caso inventando um novo tomógrafo.

 

 

O aparelho resulta do trabalho dos físicos do LIP que investigavam na área dos detectores há mais de uma década, mas também do saber da matemática e do conhecimento aplicado da medicina. Para construir o tomógrafo, foi necessário “a tecnologia dos detectores, algoritmos de reconstrução de imagem e algoritmos de processamento de imagem”, enumera o director. Um exemplo é um algoritmo criado pela equipa, usado quando o tomógrafo produz imagens de ratinhos para a investigação da doença de Parkinson, onde os neurónios que produzem a dopamina, uma substância importante para o cérebro, vão morrendo: “Temos um matemático que quantificou a dopamina que está a ser sintetizada.”

 

 

O próximo passo para este projecto é redimensionar o protótipo para humanos só para imagens de cérebro. Segundo Miguel Castelo-Branco, o ICNAS e o LIP candidataram-se neste Outono a financiamento europeu pelo programa da Comissão Europeia Future & Emerging Technologies (qualquer coisa como Tecnologias Emergentes e de Fronteira), dedicado a projectos novos na área da ciência e tecnologia com um impacto potencial na sociedade. “O desafio é só uma questão de escala”, diz Miguel Castelo-Branco, adiantando que todos os problemas técnicos já ficaram resolvidos quando se construiu a versão para animais.

 

 

Se ganharem o financiamento, estarão mais próximos de ter um aparelho que pode ir para o mercado. Um tomógrafo deste tipo custa a um hospital entre 600 mil e um milhão de euros, diz o investigador. “Quem transferir esta tecnologia para o mercado vai ganhar dinheiro”, explica. Isso é uma hipótese para a Universidade de Coimbra, que graças ao ICNAS já poupou a Portugal centenas de milhares de euros nos quatro rádio-fármacos que lançou para o mercado desde 2012.

 

 

O coração do edifício

 

 

A história dos rádio-fármacos produzidos pelo instituto tem sido falada desde então, mas continua a evoluir. E tem como personagem principal o ciclotrão, a máquina incontornável e que é o “coração do edifício”, segundo Francisco Alves, o físico responsável por este equipamento. O ciclotrão — um aparelho arredondado e volumoso — acelera protões que são usados para produzir átomos radioactivos como o flúor 18.

 

 

Esta é a primeira fase da produção dos radio-fármacos. A segunda fase é ligar átomos radioactivos a moléculas. O flúor 18 é quimicamente ligado à fluorodesoxiglucose, resultando no fluorodesoxiglucose-18F, uma das quatro moléculas comercializadas. Este radiofármaco é muito usado nos exames de PET para detectar massas tumorais no corpo das pessoas.

 

 

A fluorodesoxiglucose liga-se a células que consomem muito açúcar, uma característica das células tumorais que têm um metabolismo acelerado. E o flúor 18 brilha nos exames PET (mais precisamente, os átomos radioactivos emitem positrões, antielectrões que são detectados pelos tomógrafos). Por isso, se um exame revela uma massa brilhante anómala em algum órgão, isso será indicativo de um tumor.

 

 

Todos os dias, cerca de 50 pessoas fazem este exame. Durante a noite, o ciclotrão produz flúor 18. Depois, um robô faz de técnico laboratorial e une o átomo à fluorodesoxiglucose, numa câmara com ar completamente puro. Às 6h da manhã, o material está pronto para ir para vários hospitais do país (há uma empresa multinacional que tem um ciclotrão no Porto e também produz a molécula para o mercado português). Às 8h chega a Lisboa e pode ser administrado. Como qualquer material radioactivo, a radiação perde-se. No caso do flúor 18, a cada duas horas metade dos átomos perdem a radiação.

 

 

Por isso, para o exame ser eficaz, um paciente em Lisboa tem de receber o dobro da dose às 8h do que um em Coimbra, se fizer o exame às 6h. É matemática simples, mas a matemática paga-se. Antes de 2012, Portugal importava esta substância de Espanha, o que fazia com que o material viesse de muito mais longe. Por ano, o país gastava cinco milhões de euros. “Há uma poupança muito significativa por haver um produto nacional”, diz Antero Abrunhosa, responsável pela parte da química na produção dos rádio-fármacos, e que estima que os hospitais paguem hoje menos de metade por aquela substância do que antes de 2012.

 

 

Além dos quatro rádio-fármacos comercializados, o ICNAS produz outros 14 rádio-fármacos para consumo interno nos exames médicos e em investigação. “O ciclotrão trabalha oito horas por dia. Esta noite trabalhou seis horas e durante o dia quatro vezes meia hora”, diz Francisco Alves, na visita ao aparelho, instalado numa sala que mais parece uma caixa-forte. Quando a porta, de dois metros de grossura, é fechada, o aparelho fica rodeado por dois metros de betão. “O processo para fazer substâncias radioactivas liberta neutrões, são muito penetrantes e tão perigosos como o nosso feixe”, avisa.

 

 

Ao mesmo tempo que controla a máquina, Francisco Alves também se dedica à investigação da produção de átomos radioactivos. Foi assim que a equipa obteve a última patente, em Outubro, depois de desenvolver uma forma dez vezes mais barata de produzir gálio 68. Este elemento radiactivo liga-se a uma molécula chamada “dotanoc”, usada para detectar tumores neuro-endócrinos.

 

 

Este é o presente. Mas a partir de 2016 o ICNAS vai começar a poder exportar para Espanha outro rádio- -fármaco, invertendo o cenário comercial de há uns anos. Além disso, o laboratório está a desenvolver os primeiros dois rádio-fármacos que podem ser aplicados primeiro na detecção de tumores e depois usados na sua terapia.

 

 

É o caso do antigénio membranar específico da próstata (PSMA, sigla em inglês). Unida ao gálio 68, esta molécula servirá para detectar tumores na próstata com o PET, tal como acontece com o fluorodesoxiglucose-18F. Os investigadores estão à espera do Infarmed para aprovar o rádio-fármaco. Mas se o PSMA for ligado ao elemento lutécio, que emite electrões, ajudará a destruir as células cancerosas. “A molécula leva a radioactividade até ao tumor”, diz Antero Abrunhosa, explicando que não destrói os tecidos saudáveis ao redor do tumor, como faz a radioterapia que usa feixes de radiação. Ficamos à espera do futuro.

 

 

TPT com: AFP//Reuters//JN//Lusa//Nicolau Ferreira/Público// 31 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Jaime Gama envia recados à geringonça e também ao oportunismo contra a UE na casa do PSD

O histórico socialista, que chegou a ser apontado para as últimas presidenciais, reitera que a sua vida política está mesmo “encerrada”. Assis esteve isolado no congresso. Já não está.

 

 

Jaime Gama não o disse em junho no Congresso do PS – convenção em que o partido se afastou da via europeísta – mas defendeu-o agora na Universidade de Verão do PSD: o bom caminho para Portugal é o europeu. Numa conferência dada esta noite a jovens do PSD em Castelo de Vide, o histórico socialista deixou vários recados à esquerda do PS, dizendo que “os que não passam certidões de óbito à União Europeia são aqueles que estão no bom caminho”.

 

 

O ex-presidente da Assembleia da República acredita que em Portugal “se irá manter por muitos anos a articulação fundamental entre aqueles que querem manter uma via europeia para o país, os que querem prosseguir ideias sobre a Europa e não repreensões oportunisticamente fáceis sobre as dificuldades da europeu.”

 

 

Naquilo que foram recados à esquerda do PS, Gama insistiu que está do lado dos que “têm convicções sobre a Europa e querem elevar o nosso país a protagonista das soluções para os problemas” e não dos que querem “anexar o nosso país na descrença, na piada fácil, na reivindicação imediata”, atirando: “Esse não é o caminho”.

 

 

Gama não tem dúvidas – depois de no Congresso socialista o porta-voz João Galamba ter dito que o partido não se chama europeísta, chama-se Partido Socialista” – de que “o caminho [na relação com a União Europeia] tem de ser de consistência, de substância e tem de ser responsável” e avisa: “Não podemos ficar de fora. Não podemos ficar a recriminar”.No congresso, Francisco Assis ficou isolado a defender uma via mais europeísta.

 

 

O histórico socialista mostrou-se ainda favorável às formas de “controlo orçamental”. Ou seja: é a favor de que se cumpram as regras do tratado orçamental.

 

 

Jaime Gama, várias vezes aplaudido pelos jovens sociais-democratas como se fosse um da casa, aproveitou para dizer que não estava ali como político, pois a sua “vida política está encerrada”. Apontado no ano passado como potencial candidato presidencial, Gama reitera os avisos à navegação: “A minha vida política foi encerrada em 2011. Aí as contas estão todas saldadas”.

 

 

Maria Luís tem “déjà vu” e acena com fantasma de novo resgate

 

 

A ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, antecipou esta manhã um cenário negro para a economia e finanças portuguesas caso o governo mantenha a atual política macroeconómica. Numa aula dada a alunos da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, a antiga governante diz que está a ter uma sensação de “déjà vu preocupante” ao perceber como “tão rapidamente se destrói aquilo que foi tão difícil de conquistar”.

 

Jaime Gama envia recados à geringonça e ao oportunismo contra a UE na casa do PSD 2

Maria Luís fez uma alusão à governação Sócrates, acenando até com o fantasma de um novo resgate. Para a ex-ministra o modelo que o governo de António Costa está a seguir, de aposta no consumo interno, “nem sequer precisava de ser testado, já foi testado no passado e resultou naquilo que sabemos: crise financeira e pedido de resgate”.

 

 

A deputada e vice-presidente do PSD, que falava numa aula sobre o papel do Estado na economia, apontou sinais que considera preocupantes: “Hoje olhamos para a imprensa nacional, para osresearchs dos bancos, para os relatórios das agências de notação financeira e temos uma sensação de déjà vu preocupante, com um aumento das taxas de juro, os avisos recorrentes sobre o caminho que está a ser seguido e os riscos que o país corre”.

 

 

Maria Luís alertou para as “dúvidas que os investidores começam a ter relativamente à dívida pública” e avisa que “quando o mercado decidir que Portugal é um risco demasiado grande, já é tarde para atuar”. Para a social-democrata o governo tem-se limitado a “distribuir riqueza, mas revela falta de vontade para criar riqueza para ser distribuída”. E aí, adverte, “só está a criar dívida”.

 

 

A ex-ministra das finanças foi dizendo várias vezes ao longo da intervenção que o caminho que está a ser seguido “pela atual maioria” é o do passado socialista, colando a atual governação à de José Sócrates. “Ao não reconhecer que a estratégia está errada, o governo está a condenar o país ao mesmo caminho. E de cada vez que chegamos a esse ponto, as consequências são piores”.

 

 

A social-democrata apontou ainda a quebra do crescimento, o aumento do crédito ao consumo e o aumento das taxas de juro como outros sinais de que o caminho que está a ser seguido é o errado.

 

 

Maria Luís criticou também a forma como está a ser gerido o dossiê da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, dizendo que é um verdadeiro “manual do que não deve ser feito”, numa “sucessão de trapalhadas que desrespeitam a instituição e o conselho de administração ainda em funções”. A ex-ministra quer também saber quanto custa e como decorrerá todo o processo.

 

 

Na resposta a perguntas dos alunos, Maria Luís afirmou que “o PS atualmente está muito mais próximo da extrema-esquerda, afastando-se até dos valores (…) o que torna difícil acordos de longo prazo [com o PSD] em matérias como a educação”. A ex-ministra fala em “cegueira ideológica” nesta área por parte da maioria e, por várias vezes ao longo da aula, lembrou que o PS rasgou o acordo de redução do IRC (que tinha sido acordado entre PS e PSD no tempo de António José Seguro).

 

 

Sem pudor em assumir uma posição ideológica, Maria Luís lembrou que o PSD sempre defendeu a iniciativa privada como motor da economia. Sectorialmente, falou ainda de áreas como a saúde, onde alertou que é preciso fazer boas escolhas para manter um “bom Serviço Nacional de Saúde”. E atirou mesmo: “A saúde não tem preço, mas custa uma fortuna”.

 

 

Maria Luís Albuquerque voltou a defender a introdução de um limite ao défice na Constituição, já que “daria força a um limite efetivo” da dívida.

 

 

Questionada pelos alunos se estava disponível para ser líder do PSD, Maria Luís Albuquerque respondeu de forma taxativa: “Nós temos um presidente do partido e estamos bem servidos. Por isso não percebo de onde vem essa pergunta”.

 

 

Marques Mendes também vai ser “professor” na Universidade de Verão do PSD

 

 

Luís Marques Mendes vai voltar a ser “professor” na Universidade de Verão do PSD, que hoje arranca em Castelo de Vide e dura até 4 de setembro. O ex-líder do PSD, que tem sido dos notáveis que mais critica publicamente o presidente Passos Coelho, não estava no programa inicial, mas a organização já tinha prometido surpresas e Mendes irá ser orador hoje à noite.

 

Jaime Gama envia recados à geringonça e ao oportunismo contra a UE na casa do PSD 3

Na edição do ano passado, Mendes não foi convidado a estar presente, mas acabou por participar através de um sistema de perguntas e respostas que é habitual os formandos fazerem a figuras do partido e da sociedade civil. Em 2015, a organização tinha decidido não levar qualquer candidato presidencial para evitar que o tema fosse discutido antes das legislativas.

 

 

No entanto, Mendes acabou por perturbar essa regra não escrita de não falar de Presidenciais, respondendo aos alunos que caso houvesse “mais do que um candidato da área do PSD, o partido deve dar liberdade de voto à primeira volta e só apoiar mais tarde o candidato que passar à segunda volta”. O ex-líder regressa assim este ano ao “local do crime”, mas de forma presencial. Inicialmente, o orador do jantar de quarta-feira seria a maestrina Joana Carneiro.

 

 

Sendo por norma um não-alinhado, irá contribuir para a tal pluralidade de opinião que o reitor da Universidade de Verão, Carlos Coelho, diz ser uma marca de água desta iniciativa do PSD que ocorre desde 2003.

 

 

Hoje o dia arranca calmo, com o primeiro vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, a ser a figura maior do partido na sessão de abertura. Amanhã, os cabeças de cartaz fazem da terça-feira um dos dias mais mediáticos da edição deste ano: a manhã começa com uma aula da ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque e termina com um jantar-conferência do ex-presidente da Assembleia da República e socialista, Jaime Gama.

 

 

Jorge Moreira da Silva espera que PS “acorde” para políticas de cidades, ambiente e energia

 

 

O vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, afirmou hoje que espera que o PS “acorde” para as políticas de cidades, energia e do ambiente, lamentando que o país seja observado na Europa como “um deserto” nestas áreas.

 

Jaime Gama envia recados à geringonça e ao oportunismo contra a UE na casa do PSD 4

“Eu espero que o PS acorde, eu espero que o PS perceba que este condicionamento a que está sujeito pela aliança que criou está na prática a criar um dano não só ao PS, mas um dano a Portugal”, disse.

 

 

“Hoje, as instituições europeias, os outros governos, aqueles que nos observam de fora, dizem que na área do ambiente e na área energia somos um deserto. Quer isso dizer que as reformas estruturais que fizemos e que deram resultado, em apenas um ano, não foram quatro anos, conseguiram criar um dano reputacional que urge reparar”, acrescentou.

 

 

Jorge Moreira da Silva, que falava na sessão de abertura da Universidade de Verão do PSD que decorre em Castelo de Vide, no distrito de Portalegre, acrescentou ainda que Portugal foi um exemplo em diversas áreas e que, nesta altura encontra-se numa posição “problemática”.

 

 

“É inaceitável que tendo Portugal conseguido cortar quatro mil milhões de euros nas rendas excessivas, conseguindo passar de 45% para 62% de eletricidade renovável em quatro anos, tendo conseguido multiplicar por cinquenta o número de veículos elétricos nas cidades, de repente, com reversões, hesitações e recuos, apenas por revanchismo, tenha-se passado de uma posição de liderança para uma posição problemática”, disse.

 

 

Durante a sua intervenção, o vice-presidente do PSD explicou ainda aos “alunos” da Universidade de Verão que “nunca foi tão fácil” perceber as principais diferenças dos projetos políticos, no que diz respeito ao referencial “tempo”.

 

 

“O governo das esquerdas tem como único objetivo resgatar o passado, tem medo do futuro e quer basicamente resgatar o passado. Resgatar o passado na Europa, resgatar o passado no Estado, resgatar o passado em Portugal e, por isso, os verbos que conjuga são os verbos recuar, reverter, revogar”, criticou.

 

 

Jorge Moreira da Silva assegurou que PSD quer “reabilitar” e “construir” o direito ao futuro assim que chegue ao Governo, com “reformismo” na sua ação.

 

 

“Temos uma ambição clara, queremos colocar Portugal como uma das principais referências mundiais do desenvolvimento económico, social e ambiental. E acreditamos que é possível”, disse.

 

 

“Se há fator que distingue o PSD dos outros partidos, em especial dos partidos que hoje governam, é precisamente a circunstância de assumirmos o reformismo como principal método de intervenção política”, acrescentou.

 

 

Ao longo da semana, pela sala de aula de um hotel da vila alentejana de Castelo de Vide passarão professores como a ex-ministra das Finanças e atual vice-presidente do partido Maria Luís Albuquerque, o ex-ministro Miguel Poiares Maduro, a maestrina Joana Carneiro, o comissário europeu Carlos Moedas, o eurodeputado Paulo Rangel, entre outros.

 

 

Na quinta-feira, o jantar-conferência terá dois convidados: a ex-deputada e especialista em Direitos Humanos e Relações Internacionais Mónica Ferro e Nour Machlah, refugiado sírio da cidade de Alepo, que chegou a Portugal em 2014, para finalizar os estudos em Arquitetura na Universidade de Évora.

 

 

No sábado, o último jantar-conferência será com o presidente da Nova Democracia e líder da oposição grega, Kyriakos Mitsotakis, que lidera neste momento as sondagens.

 

 

Tal como acontece todos os anos, o encerramento da Universidade de Verão do PSD realiza-se ao final da manhã de domingo, pelas 12:00, com uma intervenção do líder social-democrata, Pedro Passos Coelho.

 

 

À mesma hora, a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, estará em Peniche a encerrar a “Escola de Quadros” do seu partido.

Ao todo, a Universidade de Verão do PSD tem 100 ‘alunos’ com idades entre os 18 e os 30 anos.

 

 

Carlos César diz que Governo não se sente refém de nenhum partido mas dos portugueses

 

 

O líder do grupo parlamentar do PS na Assembleia da República declarou hoje que o partido não se considera “refém” de nenhuma força política, mas sim dos portugueses e dos compromissos parlamentares e na União Europeia (UE).

 

Jaime Gama envia recados à geringonça e ao oportunismo contra a UE na casa do PSD 5

“Nós somos reféns dos portugueses, dos nossos compromissos também parlamentares, no plano externo e na União Europeia, onde nos incluímos”, disse Carlos César.

 

 

O dirigente falava em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, em conferência de imprensa que visou proceder ao balanço do primeiro ano de trabalho parlamentar desenvolvido pelos deputados socialistas eleitos pelo círculo eleitoral dos Açores para a Assembleia da República.

 

 

O presidente do PS considerou que a democracia “comporta, no sentido positivo”, esta “interdependência” e que, da mesma forma que se está dependente de compromissos internacionais, se está dos nacionais, “não só com o PCP, BE ou Os Verdes” mas com a “generalidade dos que estão representados no parlamento e parceiros sociais”.

 

 

Carlos César considerou que a troca de impressões com os diferentes partidos que apoiam o Governo, visando a preparação do OE de 2017, tem decorrido “com normalidade”.

 

 

“Encaramos a elaboração do Orçamento do Estado de 2017 na base do desenvolvimento dos acordos que celebramos com esses partidos, na sua execução, dando-lhes continuidade na consolidação das decisões tomadas ao longo deste primeiro ano de atividade do Governo e, naturalmente, no enquadramento das nossas obrigações externas”, declarou.

 

 

Carlos César está convicto que o OE de 2017 vai ser aprovado e permitirá consolidar a política de recuperação de “mínimos sociais e de desenvolvimento económico pretendidos”, e, por outro lado, promover a consolidação orçamental, que “não pode deixar de ocorrer simultaneamente”.

 

 

O presidente do PS considerou que as recentes intervenções dos líderes dos partidos que têm apoiado o Governo “inserem-se nas opiniões que estes sempre tiveram e terão”, tendo o PS “convivido com essa diversidade de opiniões”.

 

 

A deputada Lara Martinho, também eleita para o parlamento nacional pelos Açores, declarou que os açorianos, na área da Saúde deixaram de ser tratados como “estrangeiros e passaram a ser tratados como portugueses”, que se conseguiu eliminar a sobretaxa do IRS, baixar a taxa máxima do IMI, bem como recuperar os rendimentos das famílias e ajudar as empresas.

 

 

A parlamentar acentuou que no âmbito da agricultura o PS implementou uma série de medidas com impacto direto nos Açores e que contribuíram para minimizar os problemas que o setor enfrenta.

 

 

O jornal El Economista escreve que Portugal é uma “bomba relógio” à espera da revisão do rating a 21 de Outubro

 

O El Economista traça um retrato de Portugal preocupante. Num artigo publicado ontem a análise refere que “a economia portuguesa é das mais pequenas de Europa, o PIB não chega a 180.000 milhões de euros. E o sector bancário, tem uma taxa de crédito em mora que representa tão somente 2% do total do crédito em mora de toda a Europa”.

 

Jaime Gama envia recados à geringonça e ao oportunismo contra a UE na casa do PSD 6

A publicação online fala do Plano de Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos como um “novo episódio de crise na Europa”.

O site noticioso espanhol, diz que a CGD, que já tinha recebido 900 milhões de euros em CoCo´s do Estado, pede agora mais um aumento de capital de 2.700 milhões de euros, “são cerca de 4.000 milhões que representam 2,2% do PIB”.

 

 

“É um novo episódio na história bancária dos nossos vizinhos. Europa impôs a venda do Banif ao Banco Santander, e o governo Português perdeu 3.000 milhões de euros, 1,7% do PIB. O Novo Banco, o ex-Espírito Santo tem uma venda pendente que irá reportar perdas novamente substanciais”, diz o El Economista.

 

 

Portugal foi um dos países resgatados pela troika europeia; “até 2011 era uma economia onde o governo tinha aumentado expressivamente a despesa pública, o que é altamente criticável. Esta política levou a uma enorme expansão da dívida pública, actualmente em 130% do PIB, enquanto o prémio de risco é superior a 300 pontos-base”, diz a publicação.

 

 

“As três principais agências de classificação de crédito colocam a dívida da República portuguesa como lixo e há apenas uma agência de rating, a DBRS que mantém a sua nota: BBB (acima de lixo). Graças a esta agência as emissões de dívida portuguesas são contempladas para as compras do BCE, uma vez que de outra forma os problemas aumentariam”, diz o site espanhol.

 

 

O artigo sobre Portugal alerta para a possibilidade de a DBRS baixar o rating, “porque os problemas económicos em Portugal continuam a crescer. Não é só o seu sistema bancário, mas todo o quadro macroeconómico. A atenção vai concentrar-se na data de 21 de Outubro, que é quando a DBRS anuncia sua decisão sobre a dívida portuguesa”.

 

 

O artigo elogia a forma como Portugal saiu em Maio de 2014 do programa de assistência financeira, depois de um período de austeridade. “O governo português teve de realizar medidas dolorosas de corte e estabilidade orçamental após uma política económica de desperdício”.

 

 

Entre 2014 e 2015 Portugal “anunciou crescimento do PIB e as taxas de desemprego em declínio, o que são dados encorajadores, em alguns casos marcantes”, mas no fim de 2015 com a coligação de esquerda a assumir o poder começou a assistir-se ao “abrandamento da actividade económica, a diminuição do desemprego estagnou, subiu o défice orçamental, a dívida pública aumentou, e como se isso não bastasse, um dos seus principais mercados destino de exportações para seus produtos, Angola, vive sua pior crise devido à queda dos preços do petróleo, o que complicou a situação em Portugal. O governo do populista de esquerda e anti-europeu foi reverter uma série de medidas que tinham sido tomadas para superar a crise”.

 

 

O artigo da site especialista em notícias de economia, que é crítico da actual política económica portuguesa cita “o aumento do salário mínimo, o aumento das pensões, a eliminação de impostos, o aumento acentuado dos auxílios sociais, medidas populistas com funcionários públicos… Tudo medidas populistas, contrárias a um orçamento equilibrado e saneamento das contas públicas”.

 

 

“Soma-se a estas medidas nefastas o problema bancário, a possível revisão em baixa do rating da DBRS, a queda das exportações para a Nigéria, o seu quarto maior mercado; Resultado: uma bomba-relógio prestes a explodir de novo na sociedade portuguesa. Os investidores têm vindo a deixar o país.”

 

 

Enquanto isso, em Espanha, Irlanda e Chipre os dados económicos coloca-os na vanguarda do crescimento na Europa.

O El Economista diz que neste momento só a Grécia e Portugal ainda não estão a recuperar da crise de forma sustentável.

 

 

A Nigeria não é o quarto mercado destino das exportações ao contrário do que diz o artigo do site espanhol. 

 

 

TPT com: AFP//Nuno Veiga//Lusa//El Economista//Paulo Figueiredo//Económico//Rui Pedro Antunes//DN// Observador//30 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Estudantes protestam contra ‘impeachment’ de Dilma Rousseff em São Paulo

Centenas de estudantes reuniram-se na Avenida Paulista na noite de terça-feira para protestar contra a destituição (‘impeachment’) da Presidente com mandato suspenso, Dilma Rousseff.

 

 

Ao contrário de outras ações, este movimento foi acompanhado maioritariamente por jovens, que pediam a continuação da chefe de Estado brasileira no poder.

 

 

O protesto começou em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), com centenas de jovens empunhando cartazes com as frases “Fora, Temer ” e entoando cantigas que exaltavam a biografia de Dilma Rousseff.

 

 

A Polícia Militar acompanhou a caminhada fortemente armada, mas não fez intervenções para dispersar os manifestantes.

Não se registaram confrontos até à Praça Roosevelt, mas ainda assim os manifestantes foram proibidos de avançar. Nessa altura, um grupo tentou chegar até ao edifício do jornal Folha de São Paulo, mas foi impedido pela polícia.

 

 

A estudante Débora Borges, de 19 anos, disse à Lusa que participou na manifestação para demonstrar a sua insatisfação.

“Acho que o ‘impeachment’ vai trazer alguém para o poder que vai tirar os meus direitos e os dos meus avós. Somos poucos, mas estamos aqui fazendo a diferença”, comentou.

 

 

Também Rodrigo Bittar, estudante de 21 anos, saiu do seu estágio na Avenida Paulista para acompanhar o protesto: “Fui criado numa cultura da classe média, com ódio aos movimentos sociais de esquerda, mas na faculdade percebi que era um preconceito. Para mim, este processo de ‘impeachment’ é ilegal e foi um plano acordado para derrubar um governo legitimamente eleito”.

 

 

Rodrigo sublinhou a importância de estar do ‘lado certo da história’ e poder contar aos seus filhos que foi contra a destituição de Dilma Rousseff.

O protesto dos estudantes paulistas aconteceu um dia antes da votação final no julgamento da chefe de Estado com mandato suspenso no Senado (câmara alta parlamentar).

Se for condenada por 54 dos 81 senadores, Dilma Rousseff perderá o mandato e o direito de ocupar cargos públicos por oito anos.

 

 

Brasil regista défice primário de 14,16 mil milhões de euros de janeiro a julho

 

 

O Brasil registou um défice primário de 51,1 mil milhões de reais (14,16 mil milhões de euros) nos primeiros sete meses do ano, de acordo com dados divulgados hoje pelo Tesouro Nacional.

 

Estudantes protestam contra 'impeachment' de Dilma Rousseff em São Paulo 2

Trata-se do pior resultado para o acumulado dos sete primeiros meses do ano desde o início da atual contabilização do défice primário (despesas maiores do que as receitas desconsiderando os juros da dívida pública) desde 1997, segundo o portal G1.

 

 

Até agora, o pior défice acumulado de janeiro a julho tinha sido registado no ano passado, com 8,9 mil milhões de reais (2,46 mil milhões de euros).

Apenas em julho deste ano, o prejuízo nas contas foi de 18,5 mil milhões de reais (5,14 mil milhões de euros), igualmente o pior resultado para meses de julho em 20 anos.

 

 

Numa altura em que o Brasil enfrenta uma recessão profunda, a queda das receitas foi a principal responsável pelo aumento do défice primário.

“O crescimento do défice da previdência social [segurança social] tem sido o principal condicionante do resultado primário do Governo Central”, com um défice de 73,4 mil milhões de reais (20,349 mil milhões de euros) nos sete meses, segundo o Tesouro Nacional.

 

 

“Enquanto o Tesouro Nacional e o Banco Central foram superavitários [com lucro] em 22 mil milhões de reais [6 mil milhões de euros]”, de acordo com a mesma fonte.

O resultado negativo foi impulsionado pelo pagamento de passivos do Governo referentes a subsídios, subvenções e ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária.

O défice poderia ter sido pior não fosse a entrada de dinheiro relativo à renovação da concessão de centrais hidrelétricas.

 

 

Também ajudou a queda nos gastos com funcionamento público e nas despesas discricionárias (não obrigatórias) em todos os poderes.

O Governo interno, de Michel Temer, já fez saber que pretende levar a cabo uma reforma na Previdência Social.

Devido a estes números, o Governo fez aprovar no Congresso a alteração da meta fiscal para um prejuízo de até 170,5 mil milhões de reais (47,209 mil milhões de euros) em 2016.

 

 

Dilma e Temer já estão a pensar nas cenas dos próximos capítulos

 

 

Aliados do presidente interino depositam esperanças na condenação em tribunal de Lula da Silva, forte candidato às eleições de 2018.

 

Estudantes protestam contra 'impeachment' de Dilma Rousseff em São Paulo 3

Se fosse um jogo de futebol, o julgamento final de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), no Senado Federal, teria chegado ontem ao fim dos 90 minutos, com as alegações finais da acusação e da defesa e os discursos da maioria dos senadores pela madrugada adentro. Por falta de tempo, só hoje, durante uma espécie de tempo de compensação, será efetuada a votação – eletrónica, aberta e nominal – que ditará o resultado. Mas tanto o campo de Dilma como o de Michel Temer, do Partido do Movimento da Democracia Brasileira (PMDB), já pensam no prolongamento, no desempate por penáltis e nas desforras.

 

 

Dilma anunciou na segunda-feira, com todas as letras, que prepara recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), caso seja, como tudo leva a crer, destituída na votação. “Não recorri ainda ao Supremo porque não esgotei ainda esta instância, vim aqui porque respeito esta instituição, mas se o Senado der esse passo estará pactuando com o golpe”, disse a presidente afastada, após pergunta do senador do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Aloysio Ferreira Nunes.

 

 

O recurso, que ainda está a ser estudado pela defesa de Dilma, liderada pelo seu advogado José Eduardo Cardoso (PT), equaciona argumentar “ausência de justa causa” para o processo e de “falta de condições dos senadores” para agirem como juízes, uma vez que divulgaram antecipadamente o seu voto, situação que não é comum em julgamentos. No entanto, em recursos anteriores apresentados pela defesa ao STF ao longo do processo, os juízes da mais alta instância do país vêm infligindo derrotas consecutivas a Dilma Rousseff.

 

 

Para o lado de Temer, que calculava ontem a meio da tarde ter assegurados 61 votos, mais sete do que os necessários para derrubar a presidente afastada e confirmar a subida do presidente em exercício à chefia efetiva do estado, a preocupação a curto prazo é com a tomada de posse. Temer deseja fazê-la já hoje para poder partir legitimado para a reunião do G20 em Pequim. A médio e longo prazo, a preocupação é outra: após a perda de mandato de Dilma e sua consequente inelegibilidade por oito anos, ainda há Lula da Silva como obstáculo eleitoral em 2018.

 

 

Assim, o PMDB e o PSDB acreditam que o ex-presidente possa acabar detido no contexto da Operação Lava-Jato ou de outra das ações que correm contra si na justiça. À frente da maioria das sondagens, Lula é a esperança do PT para regressar ao poder mas também os barões petistas já falam reservadamente numa tentativa de “caçada final” contra o partido, de acordo com coluna de bastidores do jornal Folha de S. Paulo. Lembram prognóstico feito por José Dirceu, braço-direito e sucessor natural de Lula condenado no Mensalão, quando afirmou que depois dele a oposição só descansaria quando derrubasse Dilma e o ex-metalúrgico.

 

 

Ainda sobre o futuro, afirmam os colaboradores mais próximos de Dilma que ela deve continuar no país mais alguns meses apesar de ter recebido convites para estudar nos Estados Unidos e em França – talvez em 2017 aceite, disse a presidente afastada que terá 30 dias para deixar o Palácio do Alvorada e regressar a Porto Alegre, onde reside.

 

 

Dilma diz que está em jogo “a vontade soberana do povo brasileiro e a Constituição”

 

 

Ao apresentar a sua defesa no processo de ‘impeachment’ perante o Senado, Dilma Rousseff insistiu na ideia de que não estava em causa apenas o seu mandato como líder do Brasil, mas o respeito pelas urnas, pelo povo e pela Constituição.

 

Estudantes protestam contra 'impeachment' de Dilma Rousseff em São Paulo 4

“Fui eleita presidente por 54 milhões e meio de votos para cumprir um programa cuja síntese está gravada nas palavras ‘nenhum direito a menos’ e o que está em jogo no processo de ‘impeachment’ não é apenas o meu mandato. O que está em jogo é o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição”, disse, citada pelos meios de comunicação brasileiros.

 

 

“O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos: os ganhos da população, das pessoas mais pobres e da classe média; a protecção às crianças; os jovens chegando às universidades e às escolas técnicas; a valorização do salário mínimo; os médicos atendendo a população; a realização do sonho da casa própria”, acrescentou.

 

“O que está em jogo é o investimento em obras para garantir a convivência com a seca no semi-árido, é a conclusão do sonhado e esperado projecto de integração do São Francisco. O que está em jogo é, também, a grande descoberta do Brasil, o pré-sal. O que está em jogo é a inserção soberana de nosso país no cenário internacional, pautada pela ética e pela busca de interesses comuns”, argumentou.

 

 

“O que está em jogo é a auto-estima dos brasileiros e brasileiras, que resistiram aos ataques dos pessimistas de plantão à capacidade do país de realizar, com sucesso, o Mundial, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos”, sustentou.

 

 

“O que está em jogo é a conquista da estabilidade, que busca o equilíbrio fiscal mas não abre mão de programas sociais para a nossa população. O que está em jogo é o futuro do país, a oportunidade e a esperança de avançar sempre mais”, referiu.

 

 

Por outro lado, vincou a sua opinião acerca do processo: “No presidencialismo previsto em nossa Constituição, não basta a eventual perda de maioria parlamentar para afastar um Presidente. Há que se configurar crime de responsabilidade. E está claro que não houve tal crime. Não é legítimo, como querem os meus acusadores, afastar o chefe de Estado e de governo pelo ‘conjunto da obra’. Quem afasta o Presidente pelo ‘conjunto da obra’ é o povo e só o povo nas eleições. E nas eleições o programa de governo vencedor não foi este agora ensaiado e desenhado pelo Governo interino e defendido pelos meus acusadores”, salientou.

 

 

TPT com: Ueslei Marcelino//Reuters//Folha de S. Paulo//Lusa//Geraldo Magela//Agência Senado//Observador// 31 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

António Guterres ganha terceira votação informal para secretário-geral das Nações Unidas

O ex-primeiro-ministro português venceu a terceira votação informal que decorreu esta segunda-feira em Nova Iorque, segundo informações oriundas da sede da ONU e divulgadas pelo Twitter.

 

 

Guterres terá recebido 11 votos a favor, três contra e um neutro, o que representa mais um negativo face à votação anterior e três em relação à primeira.

 

 

A votação secreta iniciou-se às 15.00 em Nova Iorque (20:00 em Lisboa) e terminou cerca de uma hora e 15 minutos depois, segundo jornalistas presentes no local.

 

 

Em segundo lugar ficou o eslovaco Miroslav Lajcak, com nove votos a favor, cinco contra e um neutro.

Estes resultados indicam que pela terceira vez que ainda não será desta vez que uma mulher chegará ao topo da ONU, apesar de essa ser uma das condições – a outra é ser da Europa de Leste – apontadas inicialmente como decisivas na escolha do sucessor de Ban Ki-monn.

 

 

A búlgara Irina Bokova, que satisfaz aqueles dois critérios, manteve o terceiro lugar da segunda votação, embora empatada com o sérvio Vuk Jeremic (que ficara em segundo). Ambos receberam sete votos de “encorajamento”, cinco de “desencorajamento” e três de “não opinião”.

 

 

Natalia Gherman (Moldávia) e Christiana Figueres (Costa Rica) obtiveram 12 votos negativos, dois favoráveis e um neutro, pelo que nesta fase já não terão condições para se manter na corrida.

 

 

A argentina Susana Malcorra e a neo-zelandesa Helen Clark ficaram em quinto e sétimo lugares: a primeira com sete votos a favor e sete contra, a segunda com seis positivos e oito negativos (ambas com um neutro).

 

 

Em sexto lugar ficou o macedónio Srgjan Kerim (com seis “sim”, sete “não” e dois neutros) e, em oitavo, o esloveno Danilo Turk (cinco a favor, seis contra e quatro “sem opinião”).

 

 

As duas primeiras votações informais do Conselho de Segurança realizaram-se a 21 de julho e 5 de agosto, tendo levado ao afastamento dos candidatos Vesna Pusic (Croácia) e Igor Luksic (Montenegro).

 

 

Guterres venceu a primeira votação com 12 votos de encorajamento e nenhum de desencorajamento.

 

 

Na segunda votação ganhou com 11 votos a favor e dois contra, tendo as posições neutras passado de três para duas.

 

 

Segundo observadores da organização, o vencedor da eleição para secretário-geral da ONU necessita de pelo menos nove votos a favor e nenhum veto entre os atuais 15 membros do Conselho de Segurança: EUA, Rússia, China, Reino Unido, França, Angola, Egito, Espanha, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Senegal, Ucrânia, Uruguai e Venezuela.

 

 

Candidatura de Guterres consolida-se, diz Augusto Santos Silva

 

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, destacou nesta segunda-feira que a candidatura de António Guterres a secretário-geral da ONU se está a consolidar e que as suas qualidades estão a ser reconhecidas pela comunidade internacional.

 

 

“Quer pelo lado positivo, quer pelo lado negativo, a votação conseguida pelo engenheiro Guterres continua a ser a melhor votação possível. Isto significa que a posição do engenheiro Guterres consolida-se de votação, para votação”, afirmou em declarações à agência Lusa o chefe da diplomacia portuguesa.

 

António Guterres ganha terceira votação informal para secretário-geral das Nações Unidas 2

Segundo Augusto Santos Silva, António Guterres “teve os melhores resultados” nas três votações, o que é um “elemento importante”.

“Há aqui uma candidatura que se consolida a olhos vistos. Consolida-se a olhos vistos no Conselho de Segurança a percepção que o engenheiro António Guterres é o melhor candidato a secretário-geral das Nações Unidas nas circunstâncias presentes”, afirmou o ministro.

 

 

Segundo o ministro, aquela foi, aliás, a razão pela qual Portugal apresentou a candidatura do antigo primeiro-ministro a secretário-geral da ONU.

 

 

“Está mais que justificada a apresentação da candidatura de António Guterres por parte de Portugal, visto que as suas qualidades políticas, humanas, pessoais, as suas competências diplomáticas, multilinguísticas são reconhecidas pela generalidade da comunidade internacional e esse reconhecimento tem uma expressão muito sólida no Conselho de Segurança”, salientou.

 

 

O ministro lembrou, contudo, que o processo de escolha ainda está numa fase internacional e que as votações são informais e “procuram perceber, ponderar, os apoios que cada candidato tem”.

 

 

O balanço dos votos favoráveis, desfavoráveis e sem opinião de Guterres face aos três candidatos que se lhe seguiram beneficia claramente a candidatura do português. No entanto, este é um processo que está em curso – deverá ser marcada em breve uma quarta votação na qual os membros permanentes do Conselho de Segurança com direito de veto – EUA, Reino Unido, França, China e Rússia – vão recorrer a um código de cores para as três opções, definindo, então, o seu sentido de voto.

 

 

Será só, então, que uma candidatura pode ser considerada consensual, levando à recomendação da sua aprovação pela Assembleia-Geral da ONU, que reúne representantes de 193 países.

 

 

Em 12 de Abril, a apresentação da candidatura de António Guterres em Nova Iorque, numa iniciativa inédita contracenando com os outros candidatos, foi elogiada pela imprensa internacional, da BBC ao Guardian, da revista Economist à agência EFE. O seu perfil, segundo estes meios influentes, combina a solidez das convicções com a capacidade de diálogo, consideradas necessárias para combater os perigos do tempo actual que António Guterres definiu como o populismo político, o racismo e a xenofobia.

 

 

 

TPT com: AFP//REUTERS/Mike Segar//Lusa//Manuel Castro Freire//DN//29 de Agosto de 2016

 

 

 

 

PSP e GNR obrigadas a partilhar dados com os serviços secretos e Polícia Judiciária

Todos os relatórios policiais escritos pelos oficiais de ligação do ministério da Administração Interna (MAI) no estrangeiro passaram a ter que ser partilhados regularmente com a Polícia Judiciária (PJ), o Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) e o ministérios dos Negócios Estrangeiros. A ordem foi dada pela Ministra Constança Urbano de Sousa, através de um despacho, assinado em junho, que já entrou em vigor.

 

 

Até aqui, estes oficiais de ligação apenas enviavam os seus relatórios – que passaram a ser obrigatoriamente mensais – à respetiva hierarquia e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. A ministra “quis acabar com a ideia das “capelinhas” e fazer sentir que cada um destes oficiais de ligação, apesar de serem da GNR, da PSP ou o SEF, quando são colocados no estrangeiro, estão ao serviço do país e de todas as autoridades que trabalham sobre matérias de segurança”, assinalou fonte autorizada do gabinete de Constança Urbano de Sousa.

 

 

Esta decisão foi recebida com grande satisfação nas secretas e entre os investigadores da Judiciária. “A ministra percebeu, e bem, que uma parte significativa das matérias criminais tratadas a partir destes países dizem respeito a matérias da competência da PJ e também acompanhadas pelos serviços de informações, como é o caso de toda a criminalidade organizada transnacional, tráfico de droga e o terrorismo”, salienta fonte da judiciária. Alguns dos oficiais de ligação já enviavam informações para estas autoridades, mas não estava sistematizado e o seu envio era aleatório. Com as novas regras o trabalho dos oficiais de ligação passa a ter uma atenção ao mais alto nível da investigação criminal complexa e isso exigirá também algum esforço destes polícias para a qualidade do seu trabalho, pelo maior alcance do escrutínio que terá. As secretas têm cerca de meia dezena de “antenas” no exterior e reduziram para cerca de metade nos últimos anos. A PJ não tem nenhum oficial de ligação.

 

 

Salários elevados: 12 mil euros

 

 

Neste momento o MAI tem 17 oficiais de ligação em vários pontos do mundo e são os “olhos” da nossa segurança interna no exterior (ver coluna ao lado). Com os interesses de Portugal em mente, Constança Urbano de Sousa manteve todos estes postos, que funcionam nas embaixadas no estrangeiro, mas decidiu alargar as competências e as áreas cobertas por quatro dos oficiais de ligação, evitando mais despesas. O oficial de ligação em Espanha estará também acreditado em Andorra; o de Argélia acumula Tunísia; o de Marrocos fica também com a Mauritânia; e do de Moçambique “anexa” a Suazilândia.

 

 

Estes postos são os mais cobiçados nas forças e serviços de segurança: em média 12 mil euros de salário mensal durante a comissão de serviço de três anos. A tal ponto estes lugares são ambicionados pelos oficiais da GNR e PSP e pelos inspetores do SEF, que até diretores e quadros superiores os ocupam. O ex-Diretor Nacional Paulo Gomes e o ex-Diretor Nacional Adjunto da PSP Paulo Lucas, estão em Paris e Maputo, respetivamente. Este mês foi nomeado para oficial de ligação de imigração em Angola o ex-Diretor Nacional Adjunto do SEF, José Van Der Kellen.

 

 

A ministra também impôs desde o início do ano novos critérios de seleção. Cada força apresentará uma short list de três nomes, com a justificação sobre a sua escolha e todo o perfil. Constança terá a última palavra. A nova metodologia acabou também com a prorrogação destas comissões de serviço – só pode ser mesmo os três anos – e determina a rotatividade entre GNR e PSP.

 

 

China volta a ser prioridade

 

 

Para a Imigração e a pensar nos fluxos de refugiados, está em fase de criação um novo posto na Grécia, com extensão à Turquia, o qual, segundo a mesma fonte oficial do MAI, “apenas aguarda a validação do ministério das Finanças”. Para não aumentar os custos do Estado foi decidido fechar o posto da Rússia, cujo oficial de ligação do SEF tinha cessado funções em junho passado. Como para estes postos de imigração existe financiamento europeu disponível (os que existem agora já beneficiam desses fundos), Constança Urbano de Sousa tem preparado um conjunto de candidaturas a esse financiamento, de acordo com uma lista de prioridades. A primeira é, precisamente, a Rússia, seguindo-se a Índia (com extensão ao Bangladesh e ao Nepal), o Paquistão, a China, Timor-Leste, Nigéria, Irão, Moçambique e África do Sul.

 

 

O gabinete da ministra frisa que esta seleção “não é determinada por laços especiais de Portugal com esses países, mas antes pelos riscos e pressão dos fluxos associados à imigração irregular”. A China já tinha estado na lista de prioridades do anterior Governo, mas o processo de criação deste posto em Pequim acabou envolvido na operação “Labirinto” que investigou a concessão dos “vistos gold”. Os chineses são a grande maioria dos candidatos às oficialmente designadas “Autorizações de Residência para Investimento” e este facto, associado ao grande fluxo turístico que tem vindo daquele país, justifica um maior controlo e o apoio especializado do SEF junto à embaixada portuguesa.

 

 

Segurança já leva turistas a trocarem França por Portugal

 

 

Conseguir um alojamento de última hora no Algarve pode não ser uma tarefa fácil. Depois da enchente no mês de agosto, espera-se um novo crescimento no número de turistas em setembro.

 

PSP e GNR obrigadas a partilhar dados com secretas e PJ 2

Isto porque Portugal tem estado a lucrar com a fuga aos destinos sob ameaça de terrorismo, entre os quais a Turquia, onde as reservas de voos para os próximos meses caíram 52% face ao ano passado. A novidade é que a ameaça também atinge a França, onde a quebra prevista é de 20%. Portugal, Itália e Espanha beneficiam. Por cá, representantes do setor do turismo do Algarve e da Madeira acreditam que este poderá ser um dos melhores verões de sempre.

 

 

Uma tentativa de golpe de estado e uma série de ataques terroristas fizeram que a Turquia sofresse perdas consideráveis no setor do turismo. De acordo com um estudo da consultora Forward Keys, citado pela BBC, as reservas de voos caíram 15% entre junho de 2015 e julho de 2016, sendo esperada uma quebra de 52% entre setembro e dezembro, relativamente ao ano passado. Já na França, os ataques terroristas, do Charlie Hebdo ao Bataclan, provocaram uma diminuição de 5,4% nas reservas de voos para o país entre agosto de 2015 e julho de 2016, perda que chegou aos 7,5% em Paris.

 

 

A instabilidade provocada pelo terrorismo tem favorecido países como Portugal, Espanha e Itália, vistos como mais seguros. Perante um aumento na procura de voos, nos primeiros sete meses deste ano, a oferta de lugares disponíveis para Portugal subiu 12%, uma vez que no Reino Unido e em Espanha o crescimento chegou aos 19%.

 

 

“As taxas de ocupação subiram todos os meses, particularmente entre janeiro e maio. Estou convicto de que este vai ser o melhor ano de sempre em termos de atividade turística na região”, disse ao DN Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve, destacando as temperaturas elevadas que se têm feito sentir no Sul, as noites quentes e a temperatura da água do mar, que chegou aos 26 graus. “Este verão foi um grande cartaz de visita para o próximo ano.” Desidério não esconde que o Algarve tem beneficiado da instabilidade de outros destinos, mas frisa que a região “tem sabido criar condições para ser competitiva”.

 

 

Até ao final do mês de junho, o número de ingleses – turistas em maior número no Algarve – a viajar para a região aumentou 16,3% face a igual período do ano passado. “Além do Reino Unido, os principais mercados estrangeiros – Alemanha, Holanda e Irlanda – apresentaram subidas muito interessantes”, adiantou ao DN Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA). Em termos de ocupação, a subida foi de 8,5% no primeiro semestre deste ano, algo que já era esperado pelos responsáveis pelo setor. “Não era difícil de prever, face à instabilidade na concorrência, nomeadamente na Turquia”, o “concorrente mais direto”, mas também “no Egito e na Tunísia”.

 

 

Em julho, a taxa de ocupação média no Algarve foi de 88%, tendo chegado aos 95% em agosto. Ainda sem dados definitivos, Elidérico Viegas fala em crescimentos na ordem dos 2%, uma vez que são meses em que grande parte dos hotéis já têm taxas próximas dos 100%. “Esperamos que o crescimento possa chegar aos 5% em setembro. Acreditamos que será possível atingir os 85% a 86%”, revelou.
Em Lisboa, a tendência também é de crescimento. No primeiro trimestre deste ano, a capital até ultrapassou o Algarve em número de hóspedes e receitas de hotelaria: 5,2 milhões de hóspedes e proveitos de 772 milhões de euros.

 

 

Melhor verão na Madeira

 

 

Na Madeira entraram 654 mil turistas nos primeiros seis meses deste ano, que originaram 3 milhões e 438 mil dormidas na hotelaria regional, um aumento de 12,9% e de 11,1%, respetivamente, face a 2015. “Somando crescimentos consecutivos em todos os seus indicadores de produção, a Madeira segue em frente naquele que deverá ser o seu melhor ano de sempre, uma vez ultrapassados que estão, até agora, os recordes atingidos em 2015”, diz ao DN Eduardo Jesus, secretário regional da Economia, Turismo e Cultura. Ao que tudo indica, não deverá sentir-se o impacto dos incêndios. De acordo com o gabinete do secretário regional, este verão registou-se um aumento de 10% nas reservas face a 2015.

 

 

No Porto e Norte de Portugal, os indicadores de maio apontam para um crescimento de 15,5% relativamente ao mesmo mês do ano anterior. “O crescimento do turismo, embora reforçado obviamente nas cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, estende-se a todo o território Porto e Norte de Portugal”, frisa Melchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, acrescentando que são os espanhóis que mais procuram o norte.

 

 

TPT com: AFP//Lusa//Valentina Marcelino//Joana Capucho//DN// 29 de Agosto de 2016

 

 

 

 

O jovem “Grupo de Fados de Medicina do Porto” fez serão fadístico no Sport Clube Português de Newark, New Jersey

O Grupo de Fados de Medicina do Porto que dedica uma parte do seu tempo livre à exploração e divulgação do Fado-Canção de Coimbra e ao bom nome da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, encontra-se em digressão pelos Estados Unidos da América e Canadá onde vão realizar uma série de espectáculos , em cidades como Newark, Boston, Nova Iorque, Washington D.C. e Toronto, pretendendo desta forma  difundir o nosso Fado Lusitano.

 

Grupo de Fados de Medicina do Porto animou serão fadístico no Sport Clube Português de Newark 2

Na cidade de Newark, o espectáculo decorreu no “Café Concerto”(ou “Porão”) do Sport Clube Português, onde o Grupo foi apresentado por Jack Costa, presidente do clube, e ainda por Glória de Melo, directora da Secção Cultural desta “velha associação” portuguêsa no Estado de New Jersey.

 

Grupo de Fados de Medicina do Porto animou serão fadístico no Sport Clube Português de Newark 3

Na senda dos feitos do passado, foi com redobrada alegria que cerca de cem pessoas viram e ouviram os actuais elementos do Grupo de Fados de Medicina do Porto, que mostraram ter o futuro assegurado nos primeiros passos de uma nova geração de estudantes que darão a sua alma em prol da vitalidade e longevidade do Grupo, no seio da Faculdade de Medicina, na Academia do Porto, em Portugal e além fronteiras.

 

Grupo de Fados de Medicina do Porto animou serão fadístico no Sport Clube Português de Newark 4

Nem só por Terras Lusas se desenvolve a actividade deste Grupo. Uma parte muito importante da sua realidade artística passa pelas comunidades portuguesas no estrangeiro, onde a Canção de Coimbra é particularmente apreciada.

 

Grupo de Fados de Medicina do Porto animou serão fadístico no Sport Clube Português de Newark 5

Foram muitas as viagens do Grupo a vários locais do mundo: Sul de França (2005 e 2006); Estados Unidos da América – Nova Iorque, Paris, Açores, Rússia, Finlândia, Suiça e Itália – 2007; Frankfurt e Luxemburgo (2008); Bélgica, Holanda, Suiça e Marrocos (2009); Paris, Estados Unidos da América – Califórnia e Nevada e Frankfurt e Luxemburgo (2010). Se o Fado e o amor pela Canção de Coimbra assim o permitirem, a estes locais juntar-se-ão muitos outros, tendo sempre o objectivo primário de transmitir o sentimento estudantil português.

 

 

O Grupo de Fados de Medicina do Porto, é um grupo de sete jovens que persegue incansavelmente a sua qualidade na busca da sua própria satisfação, e que transporta consigo o romantismo, a jovialidade e a irreverência do estudante universitário.

 

Grupo de Fados de Medicina do Porto animou serão fadístico no Sport Clube Português de Newark 6

Hoje, continuam a sua caminhada, transformando-se reinventando-se a si próprios, tentando que novos valores sejam os portadores do gosto pela música e da sua mensagem.

Nesta noite, no Sport Clube Português, os ruídos eram dedilhados com a mestria possível, abrindo espaço para baladas “à media luz e à média voz”.

Do repertório fizeram parte temas de vários autores e cantores, entre eles Luís Goes, José Afonso e Adriano Correia de Oli­veira.

 

 

Neste espectáculo, os elementos do Grupo de Fados de Medicina do Porto, constituído por João Ferreira, Simão Carvalho, Guilherme Afonso Rocha e Ricardo Reis, mostraram que para além da tradição que se constrói, é importante continuar a estabelecer o laço fraterno com as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.

 

Grupo de Fados de Medicina do Porto animou serão fadístico no Sport Clube Português de Newark 7

É verdade que reinou a boa disposição, a simpatia e o espírito académico, valores que o Grupo de Fados de Medicina do Porto procura preservar e transmitir, fazendo, de cada actuação, uma verdadeira festa!.

Porém, este espectáculo podia ter sido realizado com muito mais público e em melhores condições, devido ao conhecimento antecipado que existia no Sport Clube Português de Newark, sobre esta digressão.

No final da actuação os elementos do Grupo que vão continuar em digressão pelos Estados Unidos e Canadá, disseram ao The Portugal Times que “o nosso maior desejo é que os nossos horizontes nunca se apaguem e que o sonho nunca termine”.

 

 

Quem é o Grupo de Fados de Medicina do Porto?

 

 

Fundado no ano de 1992 e permanecendo em actividade ininterrupta até aos dias de hoje, o Grupo de Fados de Medicina do Porto apresenta-se com o intuito primordial de divulgar e engrandecer a Canção de Coimbra, dando assim voz ao mais puro academismo estudantil português.

 

 

Fruto do anseio (e, talvez, devaneio) de alguns membros da Tuna de Medicina do Porto de então (1992), nasceu o Grupo de Fados de Medicina do Porto, cumprindo o seu destino no seio Faculdade de Medicina e, de um modo mais lato, na própria Academia do Porto.

 

 

Da Sé do Porto à Casa da Música, das Monumentais Serenatas às Grandes Noites de Fado Académico, o percurso do Grupo de Fados de Medicina do Porto pauta-se por momentos de exaltação incondicional da canção de matriz coimbrã, não só em actuações mas também por registos eternizados em CD. São três os trabalhos discográficos registados até à data pelo Grupo de Fados de Medicina do Porto: “Serenata”, editado em 2004 pela 3ª formação, “Coimbra num Porto de abrigo”, editado em 2007 pela 4ª formação, e o mais recente “Porto d’Honra”, editada pela 5ª e 6ª formação em 2013.

 

 

JM//The Portugal Times//29 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Louçã diz que a esquerda não deve aceitar que se façam despedimentos na Caixa Geral de Depósitos

Francisco Louçã considera que o Orçamento Retificativo, que reflete o plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, não vai ter grandes problemas em passar na Assembleia da República. No entanto, o ex-dirigente bloquista tem dúvidas sobre o impacto que esse plano vai ter nas operações do banco e diz mesmo que os partidos de esquerda devem opor-se à redução prevista de 2.500 trabalhadores.

 

 

No plano, “o que não está claro e é muito importante é o significado nas operações da Caixa”, disse Louçã esta sexta-feira no habitual espaço de comentário da SIC Notícias. “A comissária europeia veio sublinhar, e a Comissão Europeia também, que haverá o encerramento de 300 balcões e o despedimento de muitas pessoas. Pode ser abaixo de 2.500, mas é um grande despedimento, sob formas variadas: reformas antecipadas, rescisões voluntárias. Mas entendamos bem, a rescisão voluntária é sempre uma forma de pressionar o trabalhador para sair”, disse.

 

 

O problema é que não fica certo, por causa destas razões, se a Caixa é muito prejudicada nas suas operações e se é muito marcada pelo Banco Central Europeu de forma ameaçadora. Isto é um problema, sobretudo para os partidos de esquerda, porque como não aceitaram no passado pressões para despedimentos deste tipo, não podem e não devem fazê-lonum contexto em que a Caixa merecia expandir e não reduzir as suas operações.”

 

 

Para Francisco Louçã, “é uma péssima notícia” que a Caixa se veja obrigada a fechar operações no estrangeiro, nomeadamente em Espanha. Isso “prova a que ponto pode chegar o arbítrio do gestor europeu, que decide quais são os bancos que podem operar em Espanha e que não podem. Porquê? Porque entende que o Santander e o La Caixa e outros bancos têm de ter o predomínio”, disse. E isso deixa incertezas sobre como será o futuro das operações da CGD.

 

 

Louçã considera que “não se pode deitar foguetes” sobre este plano de recapitzalização e criticou o Governo pela forma como conduziu o processo. “O Governo geriu muito mal” o dossiê, disse, referindo-se à “forma muito amadora como pareceu ser tratada a escolha da administração” e também à “sugestão de uma proposta de lei para favorecer pessoas específicas”, que “é uma coisa que não se faz, não tem nenhum sentido”. Essa ideia acabou por ser travada pela “oposição política”, disse Louçã, citando em seguida três entidades: o Presidente da República, o Bloco de Esquerda e o PCP.

 

 

Imagina o que os partidos já disseram da Caixa?

 

 

Os socialistas conseguiram manter a Caixa Geral de Depósitos totalmente pública, mas os avanços e recuos do processo de recapitalização desgastaram o Governo e o ministro das Finanças. O PSD já a quis privatizar ou dispersar parte do capital em Bolsa, mas desistiu. À esquerda, tanto o Bloco como o PCP criticam a gestão do dossiê e são contra uma série de decisões tomadas pelo Governo que suportam, o que não quer dizer que venham a inviabilizar o Orçamento Retificativo (que António Costa já disse não ser “retificativo”, contrariando o que disse Mário Centeno). O CDS reclama ter levado o PSD a desistir da privatização parcial.

 

Louçã diz que esquerda não deve aceitar despedimentos na Caixa 2

Veja o que eles já discutiram, disseram e desdisseram sobre o banco público — e qual a importância disso para o futuro.

 

 

O processo que desgastou Centeno

 

 

Na última reunião que teve com os deputados do PS antes de ir de férias, no fim de julho, António Costa admitiu que o processo da Caixa Geral de Depósitos estava a levar demasiado tempo e não estava a correr como gostaria. João Galamba, o próprio porta-voz do PS, admitiu, numa entrevista ao Observador, que seria “impossível, a qualquer ministro das Finanças, conduzir uma negociação desta natureza, com esta duração, sem que de alguma forma saísse beliscado”. A imagem de Mário Centeno havia de ser afetada: “É inevitável que um ministro das Finanças sofra algum desgaste”, afirmou. João Galamba justificava os problemas de comunicação com as limitações que Centeno tinha por não poder dar informação ao mesmo tempo que negociava com as instituições europeias. No momento destas declarações, ainda faltava cerca de um mês para a dimensão do conselho de administração da CGD e os nomes de oito administradores serem chumbados pelo BCE.

 

Louçã diz que esquerda não deve aceitar despedimentos na Caixa 3

Se o longo processo não tinha corrido bem, o último capítulo foi uma derrota para o Governo e um embaraço político para Costa e Centeno. Oito administradores não executivos, personalidades reconhecidas na vida económica e pública portuguesa, foram chumbados porque excediam o número de cargos permitido na lei bancária portuguesa. Mourinho Félix, secretário de Estado do Tesouro, ainda falou em mudar a lei, em linha com o espírito da diretiva, para que os administradores pudessem ser integrados, mas esbarrou na oposição do PCP, do Bloco e do Presidente da República.

 

 

Não se pode acusar o PS de incoerência: foi sempre contra a entrada de capital privado na Caixa Geral de Depósitos. No dia 16 de junho, numa ida quinzenal à Assembleia da República, o primeiro-ministro repetiu isso mesmo:

 

Queremos uma Caixa Geral de Depósitos 100% pública, 100% do Estado e 100% capacitada com o capital necessário para cumprir a sua função”.

 

 

Mas recusou sempre avançar números sobre os valores a injetar. E nunca falou na possibilidade da emissão de dívida subordinada para os privados financiarem uma parte da operação. Para acalmar os parceiros de esquerda, João Galamba apressou-se a explicar, esta semana, que estes investidores privados seriam os primeiros a perder tudo se houvesse umbail in do banco, e que esse capital nunca seria convertido em capital social. Ou seja, a Caixa nunca ficaria na mão daqueles investidores privados.

 

 

Naquele debate parlamentar, o primeiro-ministro deixou, no entanto, algumas pistas sobre detalhes que ainda não são conhecidos. Por exemplo: o fecho ou a redução drástica da operação em Espanha. “Deve estudar-se, na posição internacional da Caixa, quais são os mercados estrategicamente relevantes para a Caixa e para o País”, e quais não são, afirmou António Costa. “É preciso olhar para as diferentes posições internacionais da Caixa, e perceber onde é que a presença é estratégica e onde é que ela não é estratégica e aí, sim, pode haver efetivamente uma redução de balcões”, admitiu no Parlamento.

 

 

Também disse que “não estão previstos despedimentos, o que está previsto é uma rotação normal, tendo em conta as reformas”. Não mencionou, porém, as rescisões amigáveis para — em conjunto com as reformas antecipadas — reduzir 2.500 trabalhadores.

 

 

Para rematar uma semana difícil, Costa havia de contrariar Mário Centeno: na conferência de imprensa realizada esta quarta-feira, o ministro das Finanças disse que, se a operação de recapitalização fosse realizada em 2016, era necessário em Orçamento Retificativo. Mais: não deu a certeza sobre um eventual impacto no défice. No dia seguinte, o primeiro-ministro foi definitivo em relação ao seu ministro: “[A operação] não atinge défice nenhum”. E o retificativo “não é verdadeiramente um orçamento retificativo”, mas sim “uma alteração técnica ao conteúdo contabilístico necessária para reforçar um capítulo do orçamento que nos permita fazer a capitalização da Caixa”.

 

 

A exigência de uma recapitalização totalmente pública

 

 

A banca pública é uma bandeira da esquerda. Juntamente com o PCP, o Bloco tem sido uma das principais vozes contra qualquer forma de privatização da Caixa. Na sua atual função de parceiro parlamentar do Governo, os bloquistas têm sido críticos e traçado linhas vermelhas, mas o Governo precisa do BE e do PCP para aprovar uma retificação ao Orçamento do Estado para incluir a injeção de capital na CGD. Da vez anterior, não resultou. No último retificativo, em dezembro de 2015, por causa da resolução do Banif, o PS teve de contar com a ajuda do PSD para aprovar o documento.

 

Louçã diz que esquerda não deve aceitar despedimentos na Caixa 4

Na passada quinta-feira, numa reação gerida com pinças à notícia sobre o acordo alcançado entre Bruxelas e o Governo — uma operação que vai até 5.160 milhões de euros e que implica uma injeção de 2,7 milhões de euros da parte do Estado — o BE deixou claras três ideias: é a favor de uma capitalização do banco com dinheiros públicos e o retificativo é a “consequência natural” dessa operação; o BE não aceita despedimentos de trabalhadores; e quer que o Governo explique, “com transparência”, quais são exatamente os problemas da Caixa que justificam a injeção de 2,7 milhões com dinheiro dos contribuintes.

 

 

A questão fundamental da qual os bloquistas não abdicam é que não haja mão privada no banco público. O programa eleitoral do Bloco é claro:

A existência de um serviço público financeiro – um sistema bancário detido pelo Estado e submetido a critérios e objetivos determinados pelo mandato político e não pelo estrito interesse de acionistas privados – é essencial à democracia”.

 

 

A posição do partido não tem fugido muito a estas linhas. No debate quinzenal com o primeiro-ministro no passado dia 16 de junho, que foi inteiramente dedicado ao tema, Catarina Martins foi assertiva na necessidade de capitalizar o banco, mantendo-o público, e nas críticas à Comissão Europeia: “A posição do Bloco de Esquerda tem sido a de que a recapitalização pública é prioritária porque a Caixa tem de ser integralmente pública, e sabemos dos obstáculos da Comissão Europeia à recapitalização pública da Caixa”. Ou seja, se a Comissão Europeia viesse a colocar entraves à capitalização com ajudas do Estado e o Governo perdesse esse braço de ferro, o BE estava fora.

 

 

No mesmo debate, Catarina Martins afirmou que “há um outro problema que fragiliza a Caixa e a recapitalização: achar que a recapitalização tem de estar sujeita a condicionalismos de mercado”. Acontece que, com o que se conhece do atual plano de capitalização, do bolo total haverá mil milhões de euros que serão captados através de instrumentos de dívida subordinada, ou seja, da venda de obrigações a investidores privados. E mais: metade desta emissão, no valor de 500 milhões de euros, terá de ser feita ao mesmo tempo que entra o dinheiro do acionista público. Esta simultaneidade terá sido uma condição de Bruxelas e funcionará como um teste de mercado que ajuda a provar o racional do investimento público que a Comissão Europeia considera não ser uma ajuda de Estado.

 

 

Tal não implica que estes instrumentos se transformem em capital social, ou seja, que os investidores privados tenham alguma palavra a dizer na gestão da Caixa, mas pode implicar que o processo de recapitalização não seja inteiramente público. E esse sempre foi um pré-requisito de ouro para os bloquistas: “A recapitalização integralmente pública da Caixa é prioritária”, disse a líder bloquista no Parlamento. Ora, há uma parte do esforço, mil milhões de euros, que vem dos privados. E ainda que não beneficie o capital principal da Caixa, o Core Tier 1, vai contribuir para o reforço dos rácios do banco.

 

 

Outro ponto que o BE tem dito e reafirmado é a questão dos eventuais despedimentos ou encerramento de balcões. “Entendamo-nos: despedir trabalhadores e aumentar salários de administradores não é a forma de reestruturar a Caixa, é a forma de fragilizar a Caixa Geral de Depósitos”, disse Catarina Martins, no plenário, ao primeiro-ministro. Mário Centeno já disse que o plano de reestruturação da Caixa, que vai ser aprovado pela nova administração, passa por uma redução de trabalhadores, mas apenas por via de reformas antecipadas e de rescisões por mútuo acordo. Resta saber se essas rescisões não forem suficientes para fazer a reestruturação vista como necessária.

 

 

PCP. Ou a CGD é pública ou não é nacional

 

 

“A Caixa ou é pública ou não é nacional”, lê-se num folheto divulgado pelo PCP este verão. Há dois pontos de partida a ter em conta no discurso dos comunistas sobre o dossiê. Primeiro, a banca pública é a pedra basilar; depois, o PCP opõe-se a qualquer “ingerência” das instituições europeias ou internacionais nos assuntos do Estado. “A recapitalização não pode ser feita para satisfazer as imposições da Comissão Europeia ou do BCE”, assim como “não pode servir para enfraquecer, para reduzir atividade, balcões e para despedir trabalhadores”, disse Jerónimo de Sousa em junho, logo na abertura do debate quinzenal com o primeiro-ministro. São estes os limites do PCP e têm-se mantido ao longo da discussão.

 

 

Daí que o Governo tenha de gerir a questão com cuidados redobrados, sob pena de perder parceiros parlamentares pelo caminho. Os comunistas querem perceber de onde provêm as insuficiências financeiras e querem conhecer os contornos do plano de reestruturação, cujos detalhes não são públicos. O Governo não esconde que qualquer processo de reestruturação da banca implica redução de custos, nomeadamente com pessoal, mas o PCP tem muitas dúvidas sobre uma reestruturação imposta pela União Europeia.

Louçã diz que esquerda não deve aceitar despedimentos na Caixa 8

“Se a recapitalização tiver de ser acompanhada por uma reestruturação da Caixa, ela não deve ser orientada por imposições europeias com a intenção de criar um espaço de negócio para a banca privada à custa do enfraquecimento da Caixa; tem de ser feita com o objetivo de reforçar a Caixa como instrumento público de política de investimento de concessão de crédito às empresas e às famílias”, dizia Jerónimo de Sousa no Parlamento. Agora, o dirigente comunista Jorge Pires reforça que o PCP quer saber quais são as contrapartidas: se o plano incluir despedimentos ou redução da atividade do banco, o PCP é contra.

 

 

Há dois meses, o PCP queria ver esclarecida a origem dos problemas da Caixa, mas apontava para a direita. “Alguns dos problemas que hoje estão a vir ao de cima deveriam ter sido resolvidos pelo Governo PSD/CDS na recapitalização feita em 2012 e, nessa altura, optaram por ignorá-los”, acusou Jerónimo no Parlamento.

 

 

No caso da recapitalização e da necessidade de aprovar um orçamento retificativo, o PCP tem-se mantido cauteloso, optando por esperar para ver. Já no que respeita à nomeação dos novos administradores e do regime remuneratório que o Governo queria aplicar, o PCP foi frontalmente contra. “Todo o processo foi intolerável”, tem dito o PCP, sejam dirigentes ou o próprio secretário-geral.

 

 

PSD. Da privatização à comissão de inquérito

 

 

O PSD de Pedro Passos Coelho foi mudando de posição em relação à Caixa Geral de Depósitos. Antes de ser líder, Passos não via por que razão é que o banco não podia ser privado. Depois, passou a defender a dispersão de uma parte do capital em Bolsa. Deu uma entrevista à Reuters em março de 2011 e inscreveu essa intenção no programa eleitoral do partido para as legislativas desse ano. Um dos objetivos era o “reforço imediato da autonomia de gestão da CGD em relação ao poder político”, mas o programa do partido ressalvava que, durante o período de vigência da troika, não se devia proceder a essa “abertura parcial do capital a pequenos acionistas privados.”

 

Louçã diz que esquerda não deve aceitar despedimentos na Caixa 5

Num momento posterior, podia ler-se no programa social-democrata, “a CGD poderá ser levada à Bolsa, a fim de dispersar uma parte minoritária do seu capital social, dentro dos objetivos estratégicos de uma maior eficiência, redução do potencial de interferências políticas e contributo para a redução da dívida pública do Estado e o reforço dos seus rácios de capital.” O PSD ressalvava que nenhum acionista a título individual deveria “deter uma participação de capital votante superior a um nível a fixar, numa ótica de dispersão acionista.”

 

 

Entretanto, este plano não avançaria, em parte pela oposição do CDS — que levou o PSD a suprimir esse ponto do programa do Governo — e em parte por causa da situação geral da banca. Nunca mais, depois disto, o PSD conseguiu livrar-se das acusações à esquerda de querer privatizar o banco público, assumidamente ou de forma camuflada. Em agosto de 2015, numa entrevista ao jornal Sol, António Costa, que ainda não era primeiro-ministro, acusava Passos Coelho de criticar a CGD com segundas intenções: “A única explicação racional para o inqualificável ataque do primeiro-ministro à Caixa é desvalorizá-la para a seguir a privatizar”. Dias antes, numa entrevista ao Jornal de Negócios, Passos Coelho tinha-se afirmado “preocupado” por a CGD ser o único banco que ainda não tinha começado a devolver o capital contingente (CoCos) de 900 milhões de euros que lhe tinha sido emprestado.

 

 

“Como chefe do Governo, não tenho que estar a discriminar os bancos pelo facto de serem públicos ou privados”, sublinhou o então primeiro-ministro, acrescentando que as administrações “devem, nas suas contas, pensar na melhor forma de devolver ao Estado aquilo que foi a injeção de capital que em tempos extraordinários aconteceu”. Enquanto não o fizerem, alertou, “ficarão a pagar juros muito elevados”. Passos Coelho considerava útil que a CGD reembolsasse o Estado, “até para estar sujeita às regulares avaliações da Direcção-Geral de Concorrência [Europeia]”. Mas um reembolso dos CoCos com a Caixa no vermelho (prejuízos nos últimos cinco anos) iria pressionar ainda mais os rácios, potenciando as necessidades de capital. E, suspeitavam os críticos, esta entrada de recurso seria um alibi para abrir a porta do banco ao capital privado.

 

 

Em 2012, o Governo PSD/CDS tinha recapitalizado a Caixa com 1.650 milhões de euros na Caixa, dos quais cerca de 900 milhões eram “CoCos” — instrumentos de dívida que contam para os rácios de capital e que podem ser convertidos em capital se não forem reembolsados. E o recurso parcial à linha da troika, através dos CoCos, fez com que a a operação fosse considerada uma ajuda de Estado, colocando a Caixa na alçada na Concorrência europeia.

 

 

Agora, Passos Coelho classifica como “intolerável” o que o Governo está a fazer com a Caixa Geral de Depósitos e na quinta-feira lançou críticas ao ministro das Finanças: “Ontem [quarta-feira], o ministro das Finanças, que tem sido parco em explicações e anúncios sobre esta matéria, lá veio tentar explicar em que é que consiste o acordo de princípio que foi atingido com a Comissão Europeia”, disse. E acrescentou:

 

“Eu estive uns anos no Governo, tenho uma noção razoável da situação da Caixa Geral de Depósitos e confesso que não entendi nada do que o ministro das Finanças disse, porque ele não disse nada. Foi a segunda vez que falou sobre a CGD e não disse nada”.

 

 

Quando se começou a discutir o processo de recapitalização, o PSD enviou 30 perguntas ao Governo sobre a CGD. Quase em simultâneo, havia de anunciar a criação de uma comissão de inquérito potestativa à Caixa (que acabou por gerar um conflito entre a bancada social-democrata e Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia, que o PSD acusou de criar obstáculos ao processo). Em junho, na Assembleia da República, o líder parlamentar Luís Montenegro procurava alinhar-se num raro consenso com as restantes bancadas: “Para termos um debate sério, o PSD entende que não está em causa a natureza pública da Caixa Geral de Depósitos”. A seguir, sugeriu, em forma de pergunta, se era o crédito mal parado que estava na origem das necessidades de recapitalização da CGD. E disse mesmo que “mais de cinco mil milhões de euros de imparidades que foram para o balanço estavam escondidas na Caixa Geral de Depósitos.”

 

 

O PSD anunciou então a criação dessa comissão de inquérito, que arrancou em julho, para investigar a gestão da Caixa Geral de Depósitos desde o ano 2000, abordando também o processo de recapitalização.

 

 

CDS. Sem contrariar a natureza pública da CGD

 

 

Se o PSD defendeu em certo ponto o caminho para a privatização da Caixa, o CDS sempre se vangloriou por nunca o ter feito. Uma fonte dos centristas até recordou ao Observador que foi Paulo Portas quem fez com que o PSD deixasse cair a proposta de privatização parcialda Caixa no acordo para o Governo de coligação em 2011. A troika também queria privatizar a Caixa, mas o governo socialista da altura conseguiu que esta operação ficasse de fora do memorando inicial.

 

Louçã diz que esquerda não deve aceitar despedimentos na Caixa 7

Em junho deste ano, quando o tema se instalou no Parlamento, Assunção Cristas rematou o assunto com uma rara manifestação de convergência. “Todas as bancadas perguntaram e eu própria o fiz, várias vezes, sobre quanto é que os contribuintes vão pagar para a Caixa Geral de Depósitos ser recapitalizada, matéria onde, como sabe, temos convergência de pontos de vista, e sempre tivemos, nomeadamente sobre a natureza pública da Caixa Geral de Depósitos”, disse a líder centrista.

 

 

Meses antes, à entrada para um conselho nacional do CDS, em abril, Cristas alertava para a importância de Governo e Comissão Europeia chegarem a um entendimento e a um montante para a capitalização, defendendo sempre que a Caixa “precisa de ser capitalizada”. “É importante clarificarmos de quanto estamos a falar e é importante também saber se na Europa a DG COM nos deixa fazer a capitalização totalmente pública como eu acho, e neste aspeto de acordo com o Governo, que tem de ser”, disse na altura.

 

 

Com o arrastar do processo, começaram as críticas. Os centristas sempre se opuseram ao aumento do teto salarial para os gestores, numa altura em que estavam a ser equacionadas saídas de funcionários da Caixa. Perante o chumbo do BCE aos nomes escolhidos para a nova administração, acusaram o Executivo de “incompetência” e de estar a protagonizar uma “trapalhada”.

 

 

Quando o PSD propôs a realização de uma auditoria e de uma comissão de inquérito à recapitalização da Caixa, o CDS juntou-se ao apelo e os ex-parceiros de coligação propuseram-se a analisar ao detalhe todos os créditos concedidos pela Caixa desde o ano 2000, para apurar responsabilidades. Depois de alguns entraves políticos e burocráticos, nomeadamente da parte do Presidente da Assembleia da República, o PSD apresentou o requerimento a título potestativo, e a comissão de inquérito tomou posse com caráter obrigatório.

 

 

E em exame vai estar a recapitalização, mas também o processo que conduziu a necessidades de capital superiores a cinco mil milhões de euros, o que inclui as operações de crédito de alto do passado, mas também as decisões ou falta delas no período anterior a 2016, quando a Caixa devia ter sido reestruturada e reforçada para hoje estar a dar lucros.

 

 

TPT com: Tiago Petinga//Lusa//Vitor Matos//Rita Dinis//Ana Suspiro//João Pedro Pincha//Observador// 27 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

EUA vai fazer testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue

A Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos anunciou que vão ser feitos testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue no país.

Até agora, aqueles testes eram feitos apenas nas doações feitas em locais onde havia registo de casos.

 

 

A FDA anunciou a nova medida para aumentar as precauções perante o desconhecimento que ainda existe sobre o vírus e as novas suspeitas que apontam estudos científicos.

Os testes, que já se fazem em áreas de transmissão local do Zika como a Flórida e o Porto Rico, vão continuar “até que o risco de transmissão por transfusão diminua”.

“Dada a nova informação científica e epidemiológica sobre o Zika, é claro que é necessário tomar medidas adicionais de precaução”, afirmou, em comunicado, Luciana Borio, cientista chefe da FDA.

 

 

Casos de zika em Miami Beach. Autoridades alertam grávidas para não viajarem para a cidade

 

 

Casos de infeção pelo vírus zika, transmitido por mosquitos, foram detetados em Miami Beach, Florida, nos Estados Unidos. As autoridades alertaram as mulheres grávidas para evitarem viajar para esta zona. A ameaça deste vírus poderá atingir outras zonas do estado da Florida e poderá, por este motivo, afetar outras grávidas do estado norte-americano, afirmaram os responsáveis locais pela saúde.

 

EUA vai fazer testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue 2

Foram identificados dois casos de zika e um deles refere-se a um turista que visitou zona há cerca de duas semanas. O outro, atingiu um habitante de Miami.

Estes não são os primeiros casos de zika que surgem na cidade. No início de agosto registaram-se 15 casos de pessoas infetadas em Miami. A epidemia do zika tem-se espalhado pela a América do Sul durante 2016. No Brasil, já afetou mais de 1.800 bebés, que nasceram com microcefalia.

 

 

As autoridades locais apontam o bairro de Wynwood como o principal local de transmissão do vírus e 25 dos 35 casos de transmissão local na Florida estão ligados a este bairro. Contudo, o mayor de Miami, Philip Levine, afirmou que “é esperado que apareçam alguns casos, mas não se trata de nenhuma epidemia”.

Miami Beach tem cerca de 90 mil habitantes e acolhe milhões de turistas todos os anos. Só em 2015, foi de sete milhões o número das pessoas que visitaram a zona balnear. Mais de metade dos turistas teve origem no Brasil.

 

 

Zika pode causar perda de memória

 

 

Um novo estudo feito por um grupo de investigadores da Califórnia aponta que o zika pode causar perdas de memória parecidas àquelas que são provocadas pelo Alzheimer.

 

Ainda não tinha sido estudada a hipótese de o vírus afetar os adultos com a infeção de células cerebrais. “O zika pode instalar-se no cérebro de um adulto e causar sérios danos”, disse Sujan Shresta, membro da equipa do Instituto de Imunologia da Califórnia, apesar de confessar que é um processo “complexo e raro”.

 

EUA vai fazer testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue 3

As experiências feitas em ratos mostram que o vírus ataca células imaturas do cérebro, prejudicando a memória. Com o tempo, os efeitos podem ser semelhantes aos da doença de Alzheimer. O grupo de investigadores considera, ainda, que é importante que a monitorização do vírus não seja apenas feita em mulheres grávidas, mas em todas as pessoas.

 

 

Microcefalia não é o único problema causado pelo zika

 

 

Uma infeção com o vírus zika é particularmente perigosa para as mulheres grávidas pelo risco de poder  causar microcefalia (perímetro do crânio menor do que esperado) no bebé. Agora, um artigo publicado na revista científica Radiology mostra outros tipos de anomalias que foram detetados em recém-nascidos infetados com o vírus.

 

EUA vai fazer testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue 4

A microcefalia, que se revela por um tamanho do crânio inferior ao normal, é causada pelo desenvolvimento anormal do cérebro. No caso da infeção com zika, o vírus parece perturbar a normal multiplicação das células do cérebro ou a diferenciação e desenvolvimento deste órgão. A microcefalia pode ter consequências no desenvolvimento cognitivo da criança e pode mesmo provocar-lhe uma morte precoce.

 

 

As anomalias agora reportadas incluem também um aumento da quantidade de líquido nas cavidades cranianas (mesmo quando o tamanho geral do crânio parecia normal), perda de volume da massa cinzenta e massa branca do cérebro, defeitos no tronco cerebral e nocorpus callosum (que faz a ligação entre os dois hemisférios cerebrais), colapso do próprio crânio originando pregas de pele na cabeça e calcificações em zonas do cérebro que desregulam a formação de novas células neuronais, como descreve o jornal americano The New York Times. Nalguns casos também foram identificados problemas oculares e no corpo.

 

 

De um ponto de vista imagiológico, as anomalias no cérebro são muito graves quando comparadas com as de outras infeções congénitas”, disse Deborah Levine, professora de radiologia na Harvard Medical School e coautora do estudo, citada pelo The Guardian.

 

 

Identificar os vários tipos de anomalias e a sua imagem radiológica pode ajudar a identificar precocemente o aparecimento de problemas no embrião durante a gestação. Os investigadores alertam que algumas das alterações e problemas podem surgir mesmo depois do nascimento, numa fase em que o cérebro da criança ainda está em desenvolvimento.

 

 

As imagens publicadas foram baseadas na análise de 35 bebés — 17 cujas mães tinham sido infetadas com zika e 28 sem confirmação laboratorial, mas com sinais da infeção. O estudo foi conduzido pelo Instituto de Pesquisa, em Campina Grande, no estado de Paraíba. Este estado, no nordeste do Brasil, está localizado numa das zonas mais afetadas do país que tem o maior número de casos de infeção com zika e o maior número de casos de microcefalia causada pela infeção.

 

 

Hong Kong regista primeiro caso de vírus Zika

 

 

As autoridades de saúde de Hong Kong confirmaram esta quinta-feira o primeiro caso de infeção pelo vírus Zika, numa mulher de 38 anos que viajou recentemente para as Caraíbas.

 

EUA vai fazer testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue 5

Segundo o jornal South China Morning Post, a paciente encontra-se estável, numa ala de isolamento no United Christian Hospital, em Kwun Tong.

Segundo as autoridades de saúde, a mulher foi picada por mosquitos durante a sua viagem.

Na China continental foram registados, até agora, 22 casos de Zika importados – sete destas pessoas passaram por Hong Kong quando regressavam da América do Sul, indica o jornal.

 

 

Transmitido pelo mosquito ‘Aedes aegypti’, o Zika surgiu no Brasil há cerca de dois anos e desde então espalhou-se rapidamente pelo país e parte do hemisfério sul.

Até ao momento, o maior foco de preocupação assenta no perigo que o Zika representa para grávidas e fetos, dado que surge associado a problemas congénitos quando ocorre infeção na gravidez, nomeadamente a microcefalia e a síndrome Guillain-Barré, uma doença autoimune.

 

 

Três vacinas para o vírus Zika mostraram-se eficazes em macacos

 

 

Três diferentes vacinas experimentais para o vírus Zika desenvolvidas nos Estados Unidos obtiveram resultados em macacos, abrindo caminho a ensaios em humanos nos próximos meses, anunciaram esta quinta-feira os investigadores.

 

EUA vai fazer testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue 6

Um estudo publicado hoje pela revista científica Science surge numa altura em que a comunidade científica tenta encontrar uma forma de prevenir o vírus transmitido por mosquitos que pode causar malformações nos recém-nascidos, como microcefalia.

O vírus Zika encontra-se atualmente em cerca de 50 países e territórios, sobretudo na América Latina, Caraíbas e no estado norte-americano da Florida.

 

 

“Três vacinas conferem completa proteção contra o vírus Zika em primatas, que é o melhor modelo animal para iniciar ensaios clínicos”, afirmou o investigador Dan Barouch, professor de medicina na Harvard Medical School, citado pela agência France Presse.

A proteção para o vírus Zika em roedores e primatas “enche de otimismo” os investigadores quanto ao desenvolvimento de “uma vacina segura e efetiva para os seres humanos”.

 

 

A infeção por vírus Zika não é geralmente uma doença mortal, mas a incidência em mulheres grávidas tem sido relacionada com casos de microcefalia e outras malformações nos bebés.

 

 

TPT com: New York Times//AFP//Lusa//Branden Camp//Michael Reynolds//EPA//Vera Novais//Observador//26 de Agosto de 2016