Dezenas de garimpeiros detidos em Moçambique

21/02/2015 – Radio Renascença

 

Tumultos fizeram pelo menos dois mortos e vários feridos.

 

Oitenta garimpeiros, dos quais 56 zimbabueanos, foram detidos por suspeita de envolvimento na sexta-feira em tumultos em Manica, centro de Moçambique, e que se saldaram em pelo menos dois mortos e cinco polícias feridos, disse hoje fonte policial.

 
“A polícia foi às minas ilegais de Mavonde para travar a prática do garimpo, quando o grupo reagiu com violência”, disse à Lusa Belmiro Mutadiua, porta-voz do Comando da Polícia de Manica.

 
Fontes do grupo de garimpeiros disseram na sexta-feira à Lusa que os confrontos com a polícia moçambicana provocaram três mortos em Manica, na província com o mesmo nome no centro de Moçambique, embora a polícia só confirme dois e um ferido grave.

 
“Dois morreram nas minas e um perdeu a vida já no hospital e há muitos feridos”, declarou à Lusa Matthew Duke, um dos garimpeiros presentes no local.

 
Os agentes, disse o porta-voz, dispararam para dispersar os homens que mostraram resistência à operação da polícia ambiental para desactivar as minas ilegais na zona de Mavonde, uma vasta área numa região transfronteiriça fértil em recursos naturais.

 
Esta região é desde há alguns anos palco de conflitos entre garimpeiros moçambicanos e zimbabueanos e entre estes e as autoridades policiais, em torno da exploração de ouro, muitas vezes ilegal.

 

Dezenas de garimpeiros detidos em Moçambique1
“Os garimpeiros empunhavam pedras, paus e catanas, daí que cinco agentes ficaram feridos”, descreveu Belmiro Mutadiua, acrescentando que estão fora de perigo de vida, mas que “enfrentaram uma situação difícil”.

 
Em declarações à Lusa na sexta-feira, Matthew Duke contou que, durante os confrontos nas minas, a polícia recuou sob a pressão dos garimpeiros, que seguiram as viaturas da patrulha até ao posto policial número um, no centro da cidade, e ameaçaram invadir o comando distrital local, em retaliação às mortes dos colegas.

 
A Lusa testemunhou o alvoroço durante a manhã de sexta-feira em Manica, que forçou o encerramento do comércio, serviços públicos e transportes.

 
Os garimpeiros colocaram barricadas na entrada e saída da cidade, com pedras de grandes dimensões, encerrando temporariamente o trânsito na estrada nacional número seis, que liga os países interiores da África Austral ao porto da Beira.

 

 

 

Euroatlantic Passa A Ter Dois Voos Semanais Diretos Entre Lisboa E Bissau

21 de Fevereiro, 2015 – Lusa

 

A companhia Euroatlantic vai aumentar para dois o número de voos diretos semanais entre Lisboa e Bissau a partir de 17 de março, disse à agência Lusa fonte ligada à operação aeroportuária.

 

A operação da Euroatlantic na Guiné-Bissau começou a 14 de novembro no âmbito de um contrato suportado pelo Governo guineense que permitiu ao país voltar a ter uma ligação direta para a Europa, todas as sextas-feiras.

 

A companhia vai agora acrescentar à oferta uma nova ligação semanal às terças-feiras, referiu a mesma fonte.

 

O horário será semelhante ao já existente: partida do Aeroporto de Lisboa às 09:00 com chegada a Bissau às 13:25 e descolagem para a capital portuguesa às 16:00 para chegar às 20:00.

 

Os dois países têm a mesma hora legal até ao último domingo de março (dia 22), altura em que Portugal entra na hora de verão (mais 60 minutos), enquanto a Guiné-Bissau mantém o fuso inalterado ao longo de todo ano.

 

A Euroatlantic é uma companhia aérea privada portuguesa.

 

A TAP Air Portugal deixou de voar para a Guiné-Bissau em dezembro de 2013, depois de uma tripulação ter sido forçada pelas autoridades guineenses (que chegaram ao poder após um golpe de Estado) a transportar cerca de 70 passageiros em situação ilegal para Portugal.

 

Apesar de já ter anunciado que retomaria a ligação, depois de novas autoridades terem sido eleitas na Guiné-Bissau e de receber garantias de segurança, a TAP não voltou a voar para território guineense.

 

 

 

Ministério Da Saúde Apresenta Aos Hospitais Nova Estratégia De Tratamento Da Hepatite C

FOTO: Mario Cruz/Lusa

 

18 Fevereiro 2015 – Nuno Noronha – Notícias – Lusa
O Ministério da Saúde apresenta esta quarta-feira aos hospitais a nova estratégia de tratamento da hepatite C, que inclui os medicamentos inovadores comparticipados a 100% pelo Estado.

 

Também a partir de hoje os hospitais que tratam doentes com hepatite C podem iniciar o plano de tratamento com os medicamentos do laboratório Gilead, tendo sido já assinada a portaria que determina a comparticipação dos fármacos na totalidade.
Segundo a mesma fonte oficial, na terça-feira foi assinado o contrato entre a Autoridade do Medicamento (Infarmed) e a Gilead que formaliza o acordo feito com o Ministério da Saúde e que estabelece um plano para tratamento dos doentes com hepatite C, determinando que a farmacêutica é paga quando o doente fica tratado.
O objetivo da reunião de hoje, segundo fonte do Ministério, é “dar a conhecer o novo circuito de tratamento, o modelo de financiamento e desencadear o dispositivo nacional para o tratamento imediato da doença”.
Depois será ainda publicado o despacho com as regras do circuito do tratamento, diploma que vai definir os organismos que irão tutelar a aplicação da nova estratégia de tratamento da hepatite C.
Quanto ao modelo de financiamento, a mesma fonte refere que deverá ser assegurado através de “uma linha vertical gerida pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS)”.
Este despacho com as regras do circuito do tratamento visa também, segundo o Ministério, assegurar que todos os doentes recebem o tratamento dentro do tempo adequado.
Prevê-se que as Comissões de Farmácia e Terapêutica de cada hospital devam pronunciar-se com rapidez (até cinco dias), de forma a assegurar respostas mais curtas aos pedidos de tratamento.
O Ministério da Saúde vinca que esta estratégia para a hepatite C permite trazer para o país o melhor tratamento disponível a nível mundial para todos os doentes e não apenas para os estadios mais avançados da doença.
Até ao momento encontram-se em tratamento em Portugal 605 doentes com hepatite C em tratamento hospitalar, submetidos a diferentes terapêuticas.
Ao abrigo do programa que permite o acesso aos medicamentos inovadores de forma gratuita encontram-se autorizados 161 tratamentos.

 

 

 

Smartphones Estão A Alterar A Postura Dos Seres Humanos

20 de Fevereiro 2015 –  Nuno Noronha – Saponotícias

 
E a prejudicá-la. Se havia estudos a defender que os smartphones já eram prejudiciais devido às ondas sonoras, fique agora a saber que existe mais uma razão para consultar menos o seu telemóvel: ele pode estar a prejudicar a sua coluna.

 
Um novo estudo sugere que os famosos smartphones estão a acabar com as costas e a alterar a postura correta dos seres humanos.
De acordo com uma investigação publicada na revista científica Surgery Technology International, consultar o telemóvel diariamente pode criar nas suas costas o mesmo que 27 quilos, dependendo se apenas consulta o telemóvel por alguns minutos ou se lê textos e passa horas em aplicações que o absorvem.

 
A cabeça humana não é leve e ao incliná-la está a exercer-se pressão sobre a coluna vertebral, que não se destina a ser puxada com tanta frequência.
Segundo o médico cirugião Kenneth Hansraj, responsável pelo estudo e citado pela imprensa internacional, “à medida que a cabeça é inclinada para a frente a força gravitacional gerada na coluna sobe para 12 kg se estiver a 15 graus, 18 kg a 30 graus, 22 kg a 45 graus e 27 kg a 60 graus”.

 
Essa posição de stress para a coluna pode danificar seriamente os músculos das costas e do pescoço a ponto de ser necessária uma intervenção cirúrgica para minimizar os efeitos e a dor, alerta o especialista.

 

 

 

 

Sopa é uma Aposta Saudável para toda a Família

As sopas são pouco calóricas mas são um verdadeiro cocktail de vitaminas e minerais

 
Apesar das várias pragas, doenças e invasões que têm ocorrido ao longo dos séculos no nosso planeta, a sopa perdurou e atravessou gerações, existindo até centenas de receitas associadas.

 

 

Este cruzar de várias gerações não aconteceu por acaso, mas sim devido aos inúmeros benefícios nutricionais associados à sopa, que é, até hoje, uma maneira fácil e económica de consumir vários vegetais, um elemento essencial para qualquer dieta.

 

 

De facto, as sopas são pouco calóricas mas são um verdadeiro cocktail de vitaminas e de minerais. Têm a grande vantagem de guardarem a qualidade nutricional dos seus ingredientes, porque, mesmo que se percam vitaminas e minerais, estas ficam sempre no caldo.

 

 

Segundo alguns investigadores que se dedicam ao estudo sobre o impacto que os métodos de confeção tem sobre a saúde humana, a sopa é confecionada através de um método culinário que não gera substâncias cancerígenas, porque nunca atinge temperaturas muito elevadas. Por outro lado, a cozedura dos vegetais pode até ajudar a melhorar a sua digestibilidade melhorando a sua absorção.

 

 

A sopa fornece também uma quantidade generosa de fibras alimentares. Estas são fundamentais ao funcionamento do aparelho digestivo, prevenindo o aparecimento ou o desenvolvimento de algumas doenças intestinais. Além disso, as fibras têm ainda a capacidade de bloquear a absorção de alguns açúcares e de gorduras, sendo, por isso, aliadas indispensáveis na alimentação diária.

 

 

Existe outra grande vantagem: permite camuflar os legumes ou produtos hortícolas que têm um sabor mais agressivo ou que não são tão apreciados. Assim, consegue-se consumir uma panóplia de vegetais que de outra forma não seriam consumidos – este facto torna-se especialmente importante quando falamos de alimentação de crianças, que, na sua esmagadora maioria, costuma não gostar de legumes.

 

 

As hortaliças, os legumes e as ervas aromáticas que colocamos na sopa fornecem uma excelente dose de substâncias com propriedades antioxidantes. Alguns estudos científicos mostram que estas propriedades podem ajudar a neutralizar várias substâncias tóxicas ou nefastas ao organismo.

 

 

Mas os benefícios da sopa não se ficam pelo campo da nutrição: pesquisas recentes referem que o consumo de sopa modifica o comportamento alimentar ao longo da refeição. Comer sopa no início da refeição contribui decisivamente para uma sensação de saciedade precoce, diminuindo a ingestão no(s) prato(s) seguinte(s).

 

 

Por outro lado, esta sensação de saciedade precoce também ajuda a controlar a seleção dos alimentos a ingerir, mostrando que as escolhas focam-se mais em alimentos mais saudáveis. Os consumidores diários de sopa conseguem fazer uma gestão calórica mais equilibrada e eficaz da sua alimentação.

 

 

Revistos que estão os benefícios, deixo uma regra importante a ter em conta: para fazer uma sopa é necessário utilizar pelo menos cinco vegetais diferentes, isto é, legumes, hortícolas e, por vezes, leguminosas. Experimente também adicionar ervas aromáticas e especiarias, uma vez que não só melhoram o sabor como permitem reduzir a quantidade de sal utilizada.

 

 

Helena Cid

 

Nutricionista

 

Doenças das Novas Tecnologias

Juntamente com os benefícios, as novas tecnologias trazem também … algumas patologias!

 

 

A oferta é muita e cada vez passamos mais tempo imersos neste novo mundo. Porém, ao que parece, não trazem apenas acesso quase imediato a tudo aquilo que precisamos/desejamos. Começam a surgir doenças “filhas” da utilização abusiva dos smartphones, tablets e até “simples” computadores portáteis. A forma de preveni-las? Muito simples. Reduza ao essencial o tempo de exposição ao smartphone, tablet e computador. Sempre que possível, fale com as pessoas em vez de comunicar por sms, email ou chat. Vai ver a mudança de hábitos fará toda a diferença para a sua saúde e, provavelmente, para a sua vida social.

 

Privação de sono – Já é conhecido que ver televisão na cama ou estar ao computador adiam a chegada natural do sono. Não são os únicos. Especialistas da Mayo Clinic referem que utilizarmos o smartphone ou tablet antes de irmos dormir vai interferir com os ciclos de sono, já que as luzes perto do nosso rosto inibem a libertação de melatonina e impedem-nos de entrar no estado que antecede o momento de adormecermos.

 

 

Tendinite do polegar – O uso excessivo do polegar para escrever mensagens no telemóvel/ smartphone, utilizar o tablet ou jogar em consolas pode originar o denominado texting thumb, que pode originar dor, dormência ou sensação de dedo a latejar. Segundo um estudo publicado no Canadian Medical Association Journal, a hiperextensão e o posicionamento estranho que forçamos o polegar a ter podem fazer que os tendões na base do dedo fiquem inflamados.

 

 

Cervicalgia – iPosture é o nome dado a esta doença pelas razões óbvias. Uma pesquisa de 2012 conduzida pela Simplyhealth, empresa prestadora de cuidados de saúde britânica, apurou que cerca de 84% de jovens entre os 18 e os 24 anos queixavam-se de dores no pescoço (“text neck”) e nas costas (especialmente na zona inferior das coluna), dado passarem muito tempo sentados, de costas curvadas, a usar o smartphone, tablet ou computador. Este tipo de dores podem ser prevenidas através de uma postura correta quando estamos sentado e para a qual contribui a prática regular de exercício físico.

 

 

Hipertermia escrotal – Afeta especificamente os homens que se sentam com o portátil ao colo. Se a parte inferior do aparelho ficar muito quente, os testículos sobreaquecem e a produção de espermatozoides faz paragens – este efeito poderá ter a duração de alguns meses.

 

 

Nomophobia – Esta designação é uma abreviatura para no-mobile-phone phobia ou, em português, fobia de não ter o telemóvel. Segundo um estudo recente, 66% das pessoas sofrem deste problema, que pode causar ansiedade que se manifesta a através de suores, tremores e náusea.

 

Cyberdoença – Cybersickness, no original, é um problema provocado pela tecnologia que permite aos smartphones e tablets proporcionar a ilusão de terem três dimensões – em que os objetos se vão movendo mais devagar quanto maior for o grau de “profundidade” em que estão no ecrã. O efeito secundário desta tecnologia nos utilizadores, que estão parados, é provocar enxaquecas, vertigens e náuseas.

 

 

Síndrome de vibração fantasma – Também chamada ring-xiety, afeta sete em dez utilizadores de telemóvel e consiste na crença de que o telemóvel está a vibrar ou a tocar… quando não está. Embora não existam muitos dados sobre este problema, crê-se que o stresse pode agravar a incidência desta síndrome.

 

 

Eritema ab igne (EAI) – Trata-se de uma reação cutânea provocada pela exposição prolongada ao calor. Originalmente era um problema notado com frequência em idosos que se sentavam muito perto de lareiras ou aquecedores elétricos.

 

Hoje em dia, este problema afeta as pessoas que se sentam com o computador portátil ao colo durante algumas horas. Quando a parte inferior do portátil atinge temperaturas elevadas, pode surgir o eritema ab igne (em latim significa «do fogo», que pode provocar vermelhidão e manchas na zona das coxas.

 

 

Não se esqueça
Faça pausas regulares quando estiver a usar o computador (fixo ou portátil), tablet ou telemóvel. Sente-se com as costas direitas e, de 20 em 20 minutos, levante-se e role os ombros e o pescoço ou caminhe um pouco para melhorar o fluxo sanguíneo.

 

 

 

 

Cansaço constante pode ser sinal de problema de saúde

São Paulo – 20-02-2015 – Chris Bueno – Do UOL

 

 

Você sente-se cansado mesmo após uma boa noite de sono? Não se sente relaxado nem depois de voltar do final de semana? Tem vontade de voltar para a cama logo depois de acordar? O cansaço é uma resposta natural do organismo à correria e ao stress do dia a dia. Mas quando ele se torna excessivo e constante, é melhor investigar: ele pode ser sinal de que algo não está muito bem com a sua saúde.

 

O excesso de tarefas e preocupações do dia a dia, a agenda lotada e corrida e a competitividade do mundo moderno deixam qualquer um cansado. No entanto, essa fadiga tende a ser pontual: ou seja, ela melhora após um bom período de descanso. Quando isso não acontece e a sensação de cansaço permanece por um longo tempo e se torna tão intensa que não há ânimo para fazer as tarefas mais simples, é importante buscar ajuda médica para avaliar adequadamente suas causas.

 

“O cansaço constante pode ser sintoma de várias doenças. As mais comuns são distúrbios de sono, stress, depressão, hipotireoidismo, anemia, carência de determinadas vitaminas, doenças cardiovasculares e pulmonares, infecções e até tumores”, aponta o neurologista Renato Anghinah, coordenador do Núcleo de Neurologia do Hospital Samaritano de São Paulo. “Por isso é importante procurar auxílio médico para encontrar as causas do problema e seguir com um tratamento adequado”, diz.

 

Sinal de alerta

 

A fadiga é um dos primeiros sinais de que algo não vai bem com o coração. Quando o coração está dilatado ou fraco, ele não bombeia o sangue com eficiência, causando a sensação de cansaço. Esse é o caso de doenças como angina, insuficiência cardíaca e arritmia.

 

 

O cansaço constante também é um dos sintomas de doenças pulmonares. Nas doenças pulmonares crônicas, como asma, hipertensão arterial pulmonar (HAP) e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), há problemas na troca de oxigênio no corpo. Com pouco oxigênio, a pessoa acaba se sentindo cansada mesmo após pequenos esforços.

 

 

O diabetes também pode causar a sensação de cansaço. Isso porque a doença, quando não está controlada, causa desequilíbrio no metabolismo, afetando a nutrição adequada e o controle de líquidos do corpo.

 

Se você já acorda cansado, pode ser que o problema esteja na hora de dormir. Distúrbios do sono, como apneia, síndrome das pernas inquietas ou insônia, prejudicam a qualidade do sono e o descanso apropriado. E as noites mal dormidas se refletem na sensação de cansaço durante o dia.

 

 

Má alimentação

 

 

Os alimentos são o combustível do corpo. Uma dieta rica em gordura e açúcar e pobre em vitamina e nutrientes não nutre o corpo adequadamente, não fornecendo energia suficiente para as atividades do dia a dia. Daí a sensação de fadiga.
A deficiência de vitaminas e a anemia ferropriva (deficiência de ferro no organismo) são umas das causas mais comuns da fadiga. Além disso, alguma dietas muito restritivas podem ter déficit de albumina, o que tira a força do organismo e, consequentemente, causa a sensação de cansaço.

 

 

Fadiga crônica

 

 

Sentir-se cansado constantemente também pode ser sinal da chamada síndrome da fadiga crônica. “É uma coleção de sintomas que se manifesta principalmente por meio de uma queixa persistente em torno do cansaço, da falta de força, mesmo para as atividades triviais do cotidiano”, explica o psicanalista Christian Ingo Lenz Dunker, professor do Instituto de Psicologia da USP.

 

 

A síndrome é ainda pouco conhecida. Embora seja classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença do sistema nervoso, pouco se sabe sobre suas causas. Ela geralmente aparece depois de alguma doença infecciosa, como gripe, resfriado ou sinusite. Porém, mesmo após a cura desses males, o cansaço e a indisposição persistem — às vezes por mais de seis meses.

 

 

Cansaço mental

 

 

No mundo moderno, em que uma grande parcela da população trabalha em frente a um computador, e em que cada vez mais se exige pensamento rápido, criatividade e empreendedorismo, é muito fácil deixar o cérebro “cansado”. E exigir que o cérebro trabalhe com energia total por períodos muito longos pode causar o esgotamento mental, causando a sensação de cansaço.

 

 

“Podemos dizer que o excesso de demanda da química necessária para manter o corpo e a mente ativados se ‘esgotam’ em algum momento”, afirma Sergio Klepacz, psiquiatra do Hospital Samaritano de São Paulo. Essa química é composta por hormônios e neurotransmissores como cortisol e noradrenalina. E essas substâncias sofrem uma queda durante períodos de estafa, causando falta de atenção, dificuldade de memória, perda de concentração, desânimo e, é claro, cansaço — excessivo e constante.

 

 

Buscando ajuda

 

 

Se o problema persistir ou se agravar, é fundamental procurar auxílio médico para seguir com um tratamento adequado. “É fundamental o auxílio de um médico para o correto diagnóstico da causa. Só conhecendo a causa é possível tratar o problema”, alerta Anghinah.

 

 

 

 

 

Quando o comboio serve para ir à praia

20/07/2014 – Carlos Ciprinao – Público

 
Não é algo que a CP saiba potenciar, mas a geografia ferroviária portuguesa faz com que, em alguns pontos, a linha férrea passe a escassas centenas de metros do mar e das praias. E isto não só na costa, mas também no interior, nas linhas do Douro e da Beira Baixa, onde o comboio é alternativa para aceder a algumas praias fluviais.
Comecemos pelo Minho e pela linha homónima. As praias em redor de Viana do Castelo estão muito próximas da linha do comboio. Afife, Âncora-Praia e Moledo do Minho distam muito pouco do mar e são apeadeiros muito utilizados por veraneantes. Em Âncora-Praia a CP chega a enviar revisores para o apeadeiro para vender os bilhetes em terra, dado que nos 13 minutos que demora a viagem até Viana não haveria tempo para efectuar a cobrança a bordo do comboio.

 
Desde 1 de Julho e até final de Agosto os comboios inter-regionais entre Porto e Valença efectuam naqueles apeadeiros paragens extraordinárias, tornando estas praias mais acessíveis a quem embarca nas estações da linha do Minho. Mas para quem vem do Porto os horários deixam muito a desejar: o potencial banhista terá de apanhar o comboio das 6h10 em Campanhã, ou então só tem outro que o leve directamente à praia às 13h10. Há mais opções, mas contemplam um incómodo transbordo em Nine e a viagem demora mais de duas horas.

 
Mais acima – e num registo de praia fluvial mais do que marítima – Caminha e Vila Nova de Cerveira também são facilmente acessíveis por caminho-de-ferro.

 
A linha do Douro só por si já merece uma viagem em jeito de passeio. O comboio circula quase sempre ao lado do rio e serve vários pontos com desportos náuticos e praias. Em Mosteirô, a poucos metros da estação, há um centro com desportos náuticos. Logo a seguir, em Caldas de Aregos há termas, praia fluvial e desportos náuticos.

 
Na Rede há outra praia à beira rio e Régua, Pinhão e Tua merecem também visitas pela proximidade ao Douro. Em Ferradosa é em torno de uma estação ferroviária antiga, agora recuperada, que se junta um complexo que oferece desportos náuticos, cais fluvial e gastronomia. Em Vargelas, a quinta homónima tem um cais fluvial e o fim da linha – a estação de Pocinho – tem também uma praia fluvial.

 
A CP não tem nenhuma oferta especial para esta linha (a não ser o comboio histórico do Douro entre Régua e Tua aos fins-de-semana), mas é possível, com os horários existentes, partir do Porto às 7h15 ou 9h15, passar o dia em qualquer um destes pontos e regressar ao fim da tarde. O último comboio sai do Pocinho às 19h07 e da Régua às 20h48.

 

Quando o comboio serve para ir à praia 1

 

Regressemos ao litoral e às praias de mar. Entre o Porto e Espinho a linha do Norte namora o Atlântico que se avista por vezes entre o casario. Francelos, Miramar, Aguda, Granja, Espinho e Silvalde são opções possíveis para ir da Invicta à praia, com a vantagem de ficar na zona suburbana da CP Porto e os bilhetes serem mais baratos. A pensar na oferta de Verão, a empresa criou o “Bilhete de Praia 7 Dias” que torna ainda mais económica a viagem de ida e volta para estes destinos.

 
Este título de transporte não contempla, porém, uma das cidades costeiras que tem a estação de caminho-de-ferro em pleno centro e a poucos metros da praia – Espinho.

 
Mais a sul a Figueira da Foz é uma praia de referência, mas o areal não fica muito perto da estação. Ainda assim, e tendo em conta o custo do combustível e as dificuldades de estacionamento, o comboio pode ser alternativa para quem vem de Coimbra.

 
Voltemos ao interior, agora à linha da Beira Baixa, onde a proximidade da via férrea com o Tejo permite também encontrar desportos náuticos e praias fluviais em Barragem de Belver, Barca da Amieira, Fratel e Ródão. Sem esquecer a estação de Abrantes que, na verdade, se situa em Rossio ao Sul do Tejo, perto das piscinas do complexo fluvial.

 
A linha do Oeste possui uma da estações onde é possível sair do comboio e logo a seguir molhar os pés no mar uma centena de metros à frente. S. Martinho do Porto é, a este nível, uma estância balnear bafejada pela sorte. Mas só na aparência.

 
A oferta da CP ignora o potencial que esta praia lhe poderia proporcionar em termos de passageiros – está apenas a oito minutos de comboio das Caldas da Rainha, mas a frequência é de apenas seis comboios em cada sentido. E os incautos (quase sempre turistas estrangeiros) que arriscam uma viagem desde Lisboa para esta praia, sofrem 2 horas e 37 minutos de viagem a bordo de velhas automotoras para chegar ao destino.

 
No lado sul da baía de S. Martinho, o apeadeiro de Salir do Porto serve a simpática localidade e praia homónima, distando mil metros do mar.

 
Mas é nos arredores da capital, na linha de Cascais, que se encontram mais praias por quilómetro de ferrovia. Não terá sido esse o objectivo da sua construção nos finais do séc. XIX (ficou concluída entre o Cais do Sodré e Cascais em 1895), numa altura em que o turismo de sol e mar estava longe da massificação. Nem foi também para ir à praia – mas sim para ir ao casino (do Estoril) – que esta foi a primeira linha férrea portuguesa a ser electrificada (em 1926).

 
Mas hoje é uma excelente alternativa para ir a banhos nos dias de Julho e Agosto sem se ter problemas de trânsito nem de estacionamento e com a vantagem de algumas das suas estações distarem escassas dezenas de metros do areal.

 
Atenta a esta oferta específica a CP, criou o Bilhete de Praia que dá acesso a viagens ilimitadas durante sete dias consecutivos em toda a linha de Cascais.

 
O comboio só volta a ver o mar no Algarve. Mas pouco. Quando, também nos finais do séc. XIX, os nossos avós construíram a linha algarvia entre Vila Real de Santo António e Lagos, estavam ainda longe de pensar na importância que o turismo teria para a região e no papel decisivo das suas praias para a sua economia.

 
O comboio rompeu a serra algarvia e chegou a Tunes, onde a linha bifurca para Lagos e Vila Real num traçado que faz desesperar os turistas que hoje gostariam de a ter mais perto do mar. A Barlavento, em rigor, só há uma estação ao pé do mar. Tem o nome emblemático de Meia Praia e fica mesmo no meio do areal. Logo a seguir, a estação de Lagos, outrora porta de entrada da cidade para quem vinha de Lisboa em comboios que eram directos desde o Barreiro, está hoje escondida, envergonhada, por detrás de uma marina. Ainda assim, em linha recta, fica a 500 metros da praia.

 
Depois só mesmo a Sotavento o comboio volta a beijar o mar. Fá-lo no apeadeiro de Fuzeta A, que fica também em cima da praia. E no apeadeiro da praia da Luz, que dista 500 metros dos carris. A praia da Conceição está a um quilómetro do apeadeiro de Cabanas, mas a Manta Rota já fica a 2500 metros da estação de Cacela. Monte Gordo fica também a 2000 metros da praia.

 
A CP não tem um horário de Verão específico para a linha do Algarve e a sua oferta é desencorajadora para quem quer viajar entre Sotavento e Barlavento porque a empresa, em vez de privilegiar as ligações directas, cria uma “fronteira” em Faro, obrigando a transbordos inúteis que penalizam o tempo de percurso.

 
Pior, porém, é a oferta para Algarve como um todo durante a época alta. São cinco os comboios de longo curso entre Lisboa e Faro durante todo o ano, apenas com um reforço em Agosto à sexta e ao domingo. O último comboio do Algarve para Lisboa sai da estação de Faro às 17h35. Um horário que inviabiliza uma tarde de praia.

 

D. Branca, a ‘Banqueira do Povo’, lembra-se? Foi há 25 anos

07 Fevereiro 2015 – por Rita Cipriano – Obervador

 

Branca ficou famosa pelo negócio bancário que desenvolveu num pacato bairro lisboeta. Acusada de burla (entre muitos outros crimes), foi condenada a 7 de fevereiro de 1990 a 10 anos de cadeia.

 

“Branca para os amigos, D. Branca para os conhecidos e reconhecido público”. Assim era conhecida Maria Branca dos Santos, a celebrada “Banqueira do Povo”. Burlona profissional, ficou conhecida durante a década de 1980, altura em que o esquema “bancário” em que estava envolvida foi descoberto pelo jornal Tal&Qual.

 

Desde cedo teve jeito para contar notas

 

Maria Branca dos Santos, mais conhecida por D. Branca, nasceu em Lisboa em 1911. Criada no seio de uma família muito pobre, nunca chegou a terminar a instrução primária. Apesar disso, mostrou desde cedo apetência para os negócios bancários e jeito para o negócio. Começou a atividade “bancária” ainda muito nova, guardando o dinheiro de varinas. Pelo trabalho realizado, recebia ao fim do dia uma compensação. À medida que foi ganhando fama pela sua honestidade, começou a ser contratada por outros comerciantes, nomeadamente por vendedores ambulantes.

 

Mas a verdadeira fama só viria mais tarde, no decorrer dos anos 70.

 

Com o 25 de abril e o fim do regime salazarista, Portugal caiu numa profunda crise económica, que a subida do preço do petróleo apenas veio agravar. O grande número de desempregados e a elevada dívida externa e interna, levou o então Governo – chefiado por Mário Soares – a adotar uma política de austeridade, que apenas serviu para agravar a situação. Com a subida do preço dos bens essenciais, dos impostos e com a inflação a atingir os 30% no inverno de 1983, muitas famílias portuguesas enfrentavam uma situação difícil. Não havia apenas fome em Setúbal, como exclamou na altura o Bispo da região. Havia fome no país inteiro.

 

“D. Branca foi a esperança, pois durante anos a fio cumpriu as suas obrigações com a sua fiel, tranquila e satisfeita clientela!”

 

Mendes Ferreira, ortopedista e médico do trabalho

 

Esta foi uma altura particularmente favorável para o aparecimento de negócios corruptos, como foi o caso da Dopa (Dragagens e Obras Públicas), uma empresa que comercializava divisas ilegalmente. Foi também nesta conjuntura que D. Branca expandiu o seu negócio – uma espécie de banco particular no qual, durante anos, milhares de pessoas depositaram as suas poupanças, contando ganhar mais dinheiro do que com os depósitos da banca tradicional.

 

Num país fustigado pela crise económica, o negócio de D. Branca não era apenas uma fonte de rendimento fácil – era uma fonte de esperança para quem acreditava que o futuro era cada vez mais incerto.

 

A “Banqueira do Povo”

 

A posição que assumiu face à banca tradicional ajudou a expandir rapidamente o negócio. A quem aplicasse as poupanças no banco de D. Branca, eram garantidos juros que chegavam a atingir os 120%. Este “El Dorado” da banca clandestina, depressa começou a atrair tanto ricos como pobres – com o passar do tempo, todos começaram a recorrer à “Banqueira do Povo”, como começou então a ser conhecida.

 

 

D. Branca, a ‘Banqueira do Povo’ 1

 

 

Mas, de onde é que vinha tanto dinheiro? O método usado por D. Branca era muito simples. Tudo estava dependente do aparecimento de novos clientes todos os dias, que garantiam o dinheiro necessário para a continuidade do negócio. As poupanças depositadas por uma determinada pessoa, garantiam os juros mensais do cliente do dia anterior. E assim sucessivamente.

 

Como a maioria dos clientes não procedia ao levantamento da totalidade do depósito, rapidamente se gerou um fundo sustentável, que foi aumentando consideravelmente com o passar dos anos

 

“Ao fim de dez meses estava garantido o capital inicial e, a partir dai, o investimento sem riscos. E sobre ele dez por cento mensais, o que quer dizer que duplicava em cada dez meses! Verdade de Mr. De La Palisse!”

 

Mendes Ferreira

 

Não é possível saber ao certo quantas pessoas lucraram com a “Banqueira do Povo”. Todos os dias, vindos de todos os cantos de país, dezenas de portugueses amontoavam-se à porta do escritório da senhora em Alvalade. Como refere Mendes Ferreira, “o esquema parecia uma escada para chegar ao céu, já que a honestidade da banqueira garantia o bom-nome do sistema”. Ninguém parecia resistir à banca de D. Branca.

 

O sistema é descoberto

 

Mas como quase tudo o que é bom acaba depressa…

 

Os problemas de D. Branca começaram quando decidiu dar uma entrevista ao jornal Tal&Qual, em fevereiro de 1984. Este foi o “pontapé de saída” de um longo processo, como refere o Público, que só terminou com “a sua condenação e morte”.

 

A entrevista, que pretendia servir para publicitar o seu negócio, descrevia em pormenor o sistema utilizado pela experiente banqueira. De acordo com Mendes Ferreira, “as zelosas autoridades” decidiram então perguntar “à senhora de cabelos brancos e Branca de nome pela sua carta de banqueira”. “Não sei se lhe pediram o registo criminal, mas nos dias que vão correndo, é documento importante a ter à mão”, aconselha.

 

 

D. Branca, a ‘Banqueira do Povo’ 2

 

 

Tudo isto causou o desconforto da clientela, que se apressou o mostrar o seu descontentamento em frente aos escritórios de D. Branca. Com a publicação da reportagem do Diário de Notícias em setembro do mesmo ano, o pânico instalou-se definitivamente. Nessa reportagem, um cliente do “falso banco” afirmava que, um dia, ao fazer “o seu depósito viu tanto dinheiro a monte que até se sentiu mal”.

 

“Ao fazer o meu depósito vi tanto dinheiro a monte que até me senti mal”.

 

Cliente de D. Branca em entrevista ao Diário de Notícias

 

Ao sentirem que estavam a ser enganados, centenas de clientes deslocaram-se a casa de D. Branca para reaverem o dinheiro depositado. O “sistema ruiu como um castelo de cartas”, refere Mendes Ferreira.

 

Assim, a 8 de outubro de 1984, D. Branca foi presa e teve início o processo jurídico, que atravessou grande parte da época de 80. A sete de fevereiro de 1990, foi condenada no tribunal da Boa Hora a dez anos de prisão pelos crimes de associação de malfeitores, burla agravada e emissão de cheques falsos. Ao todo, foram apresentadas duas mil queixas à Polícia Judiciária. O processo foi um dos mais mediáticos em Portugal e chegou mesmo a ganhar fama internacional.

 

Pouco tempo depois, devido à saúde frágil e à idade avançada, D. Branca viu a sua pena ser reduzida e acabou por sair em liberdade. Até à data da sua morte, viveu numa clínica lisboeta, cega e pobre.

 

Morreu a 3 de abril de 1992 abandonada por todos aqueles que protegia e a que carinhosamente chamava de “sobrinhos” ou “afilhados”. Para a história, para além das burlas, ficou a imagem de uma mulher simples. “Enfim, uma mulher do povo que chora com os que choram e ri com os que riem”, como costumava descrever-se.

 

 

 

 

Sócrates, Constâncio e Salgado: a queda do BCP segundo Jardim Gonçalves

29 Maio 2014 – por Eva Gaspar | Jornal de Negócios

 

“A certa altura, José Sócrates convence-se de que o BCP vai ser elevado para a esfera do Compromisso Portugal e alimentará uma espécie de novo PSD. E aí o raciocínio foi simples: temos de intervir”. Jardim Gonçalves n’ “O poder do silêncio” de Luís Osório, com prefácio de Eanes.

 

Centenas de horas de uma conversa que se prolongou por cinco anos são agora reveladas no livro do jornalista Luís Osório sobre a vida e a obra de Jorge Jardim Gonçalves, fundador do BCP.

 
Intitulada “O poder do silêncio”, a biografia conta com um prefácio de António Ramalho Eanes que poderia ser ele mesmo um pequeno livro. Nele, o antigo Presidente da República diz não se conformar com a “acção de cerco e destruição” do homem e do banqueiro que deveria ser combatida “por todos os que tinham tido a oportunidade, ou obrigação institucional, de o conhecer”, dando explicitamente os exemplos de Vítor Constâncio e de Teixeira dos Santos, antigo governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças, respectivamente, e de Carlos Tavares, o ainda presidente da CMVM.
Ao longo de mais de 600 páginas, Luís Osório discorre sobre as origens madeirenses de Jardim Gonçalves, as suas profundas raízes católicas e pertença à Opus Dei, passando pela família ancorada na aliança inabalável com Assunção, mãe dos seus cinco filhos.
Parte essencial do livro, que será lançado na quarta-feira, 4 de Junho, centra-se na ascensão e queda do BCP por si fundado em 1985 e cuja direcção deixou em 2005, então a favor de Paulo Teixeira Pinto, tendo-se mantido nas funções de presidente do Conselho Geral e de Supervisão e de presidente do Conselho Superior, até 2008.

 
Em 2 de Maio de 2014, Jardim Gonçalves foi condenado em tribunal a uma pena de dois anos de prisão, que fica suspensa mediante o pagamento de 600 mil euros, pelo crime de manipulação de mercados

 
Nesse processo de queda, acelerado pela OPA falhada lançada ao BPI em Março de 2006, surgem vários nomes: José Sócrates, António Mexia, Ricardo Salgado, Rafael Mora (da Ongoing), António de Sousa, Joe Berardo ou Pedro Teixeira Duarte. Jardim Gonçalves considera que o princípio do fim de um “império” que chegou a querer servir 60 milhões de potenciais clientes está no crédito concedido por bancos rivais – designadamente por Carlos Santos Ferreira (CGD), Ricardo Salgado BES e Horta Osório Santander – a novos accionistas do BCP que o usaram para destronar a “geografia” accionista e os propósitos originais do banco.

 
O livro de Luís Osório é uma viagem quase sempre na terceira pessoa, mas contém várias citações directas de Jardim Gonçalves.
Sobre a escolha de Paulo Teixeira Pinto:

 
“Percebo que a sua nomeação tenha provocado surpresa em alguns, mas escolhi-o por não me parecer que tivesse um calado de defeitos que o impedisse de ser presidente do banco. Sabe o que é um calado? (…) É a distância que vai do fundo do barco à linha de água. Se a pessoa possui um calado muito grande acaba por encalhar. Neste tipo de escolhas não podemos ir pelas qualidades porque estas esvoaçam, vamos pelos defeitos porque se agudizam quando se tem o poder. Pensei que Paulo tivesse menos defeitos, talvez não o conhecesse tão bem ou ganhou-os a seguir, não sei.”

 
“Bastava que Paulo tivesse sido um obstáculo a uma erosão que foi crescente para que nada disto tivesse acontecido. (…) Não fui eu quem lhe colocou entraves ou o pôs fora, quem o fez foram os que promoveram o conflito que dividiu a instituição. E ele sabe-o, seguramente sabe-o hoje muito bem.”

 
“Nunca tive uma relação de intimidade com Paulo (…) Mas o apreço era total. Quando leio algumas entrevistas revejo o homem que me fez ter poucas dúvidas no momento da escolha, um homem inteligente, com ética e moral, convicção e humanidade.”

 
Sobre a OPA ao BPI:

 
“A UBS [banco de investimento ligado aos catalães de La Caixa que possuíam 16,5% do BPI] é mercenária e o Paulo caiu no engodo. Nesse caso é evidente que foram uma banca de investimento no pior dos sentidos, foi operação por operação e é certo que ganharam muito dinheiro. Fiz o que me foi possível, mas os accionistas preferiram ser leais a Santos Silva e Ulrich do que a ganhar mais-valias. Encontrei-me em Washington com Roberto Setúbal, do Banco Itaú [banco brasileiro também accionista do BPI]. E falei uma única vez do assunto com Isidro Fainé, do La Caixa. Não quiseram trocar mais argumentos. Essa posição teve logo a simpatia das pessoas de bem, só que não me pareceu que fosse consequente porque logo a seguir, após o falhanço assumido pela administração do BCP, aconteceu a proposta de uma fusão amigável”.
“Ele [Teixeira Pinto] não desiste por um misto de obsessão e fixação. A OPA falhada custou mais de 100 milhões, uma catástrofe. Foi um capricho que custou caro e que o fragilizou fatalmente”.

 
Sobre o jornal Expresso:

 
“Sou convidado para dar uma entrevista ao Expresso, mas antes de aceitar promovi uma reunião entre o Conselho de Supervisão e a Administração. Perguntei aos administradores se tinha condições para governar, todos me disseram que sim. Comuniquei-o a Vítor Constâncio. O jornal garantiu-se que só seria publicada uma entrevista. A minha… Comprometi-me na ideia de que a Administração tinha condições para governar, o que ia ao encontro do que Teixeira Pinto e os seus colegas me haviam garantido. No entanto, na mesmo edição, o Expresso publicou uma notícia com declarações específicas de Paulo onde afirmava exactamente o contrário. Confessava que não tinha a confiança dos colegas, que não acreditava em alguns e que o terreno estava minado. E informou de que estava a ser preparada uma proposta para a destituição dos que não confiava por ser necessária uma clarificação”.

 
Sobre os novos accionistas:

 
“Esses novos accionistas entraram para dividir e destruir. E fizeram-no com dinheiro emprestado por outros bancos, o que transformou tudo isto numa espécie de jogo de casino. Não tenhamos ilusões: as coisas só podiam acabar muito mal. Bastaria os accionistas a crédito, mas ainda se abriu a porta à Sonangol a quem foi retirado o condicionamento dos estatutos” (…) Todos estavam interessados no que aconteceu. Uns porque desejavam alterar a geografia accionista, outros porque tinham o legítimo apetite de destruir o BCP e o Governo, através da Caixa Geral de Depósitos, na ideia de controlar o principal banco privado” .

 
Sobre José Sócrates:

 
“A certa altura, José Sócrates convence-se de que o BCP vai ser elevado para a esfera do Compromisso Portugal e alimentará uma espécie de novo PSD. E aí o raciocínio foi simples: temos de intervir antes que esta gente fique com o poder. Temos a Caixa, passamos a controlar o principal banco privado, influenciamos o BES pela ambição de Ricardo Salgado. Financiamos as empresas e os interesses que desejamos, a própria República poderá implementar uma política de juros ambiciosa e endividar-se com mais facilidade. Por motivos diferentes, tanto eu como o Teixeira Pinto éramos um embaraço.”

 

O Poder do Silencio

 

Sobre António Mexia:

 
Aqui não é Jardim Goncalves que fala em discurso directo, mas o autor da biografia, Luís Osório, que enquadra o papel que terá tido o presidente da EDP.

 
Escreve agora o autor do livro que, “para uns, é aí que José Sócrates explicitamente intervém; não faria qualquer sentido que desperdiçasse a oportunidade única de controlar um banco privado, seria oferecer de bandeja o controlo do BCP a empresários e gestores do partido da oposição”. “A lista de Teixeira Pinto não passara de um simulacro criado por António Mexia, a cortina de fumo escondia o objectivo de um governo que, desde o primeiro momento, sabia que a confusão no BCP acabaria por dar frutos a prazo. O presidente da EDP [cargo para o qual fora indicado por José Sócrates] jogava em vários tabuleiros e ficou numa posição privilegiada. Ganharia, acontecesse o que acontecesse. Se Sócrates deixasse passar o comboio, tornava-se a eminência do novo poder no banco e, a prazo, transportaria essa aura para um PSD órfão de liderança; se o Governo não deixasse escapar a oportunidade, faria cair Teixeira Pinto e continuaria a desempenhar as funções de cardeal do poder de José Sócrates (…) sendo aliado do poderoso Ricardo Salgado”.

 
Luís Osório prossegue: “Antigo conselheiro de Pina Moura na Economia, Mexia estivera no Governo de Santana Lopes, é certo. Fora um dos impulsionadores do Compromisso Portugal, movimento liberal, é certo. Mas a sua dimensão de intervenção política estava há muito ligada à conquista do poder e esta, na sua linha de acção, não se faz com lealdades eternas a partidos, ideologias ou pessoas”.

 
Sobre o que dizem de si:

 
Jardim Gonçalves de novo em discurso directo: “Interessava passar a imagem que eu não era o que aparentava – gastava o dinheiro dos accionistas, fazia e tinha conhecimento de coisas estranhas, era discricionário na distribuição de benefícios, gastava dinheiro com seguranças, aviões particulares. Passei a ser agredido diariamente nos jornais e televisões. (…) Mas enquanto as primeiras páginas se enchiam de mentiras a meu respeito, o BCP mudava de mãos. Tudo patrocinado por altas figuras do Estado e pelos bancos concorrentes que emprestaram dinheiro com o objectivo de alterar a estrutura accionista e permitir a mudança do poder. A opinião pública estava demasiado ocupada a falar de mim para perceber que, à frente do seu nariz, algo de mais importante acontecia”.

 
Sobre a prescrição das multas:

 
“Não me parece que a CMVM ou o Banco de Portugal estejam interessados nas multas, o que interessa aos que dominam o sistema financeiro é a nossa inibição. É uma vontade política que está em linha com a reunião promovida por Vítor Constâncio”.

 
Sobre Carlos Costa:

 
“[Escreveu-lhe uma carta a pedir um encontro. Carlos Costa remeteu-a para o vice-governador, Pedro Duarte Neves, que declinou]. Imaginou incrivelmente que eu desejava falar com ele por causa dos processos, nunca o faria. O tema era outro. Interessava-me falar do sistema financeiro português, dizer-lhe o que pensava, ajudá-lo com a minha experiência e distância em relação à acção. Como pode ter achado que seria para o influenciar?”

 
Sobre Cavaco Silva:
“Gosto do professor Cavaco Silva e mantive, em todas as circunstâncias, contacto com ele. Durante a polémica do BCP falámos algumas vezes”.

 

 

Sobre a justiça:

 

“Tenho de confiar na justiça, até porque não podemos ser a favor quando ela nos favorece e ser contra quando nos prejudica. Mas este julgamento da CMVM foi uma lástima, a ignorância da juíza magoou-me muito, magoou-nos muito.”

 

Sobre as pessoas:

 

“Sempre vi as pessoas como pessoas, sem mais nem menos. E sempre dei mais importância e valor aos que conquistam do que aos meninos que se limitam, sem qualquer esforço, a herdar terras e contas bancárias das famílias”.