21/02/2015 – Radio Renascença
Tumultos fizeram pelo menos dois mortos e vários feridos.
Oitenta garimpeiros, dos quais 56 zimbabueanos, foram detidos por suspeita de envolvimento na sexta-feira em tumultos em Manica, centro de Moçambique, e que se saldaram em pelo menos dois mortos e cinco polícias feridos, disse hoje fonte policial.
“A polícia foi às minas ilegais de Mavonde para travar a prática do garimpo, quando o grupo reagiu com violência”, disse à Lusa Belmiro Mutadiua, porta-voz do Comando da Polícia de Manica.
Fontes do grupo de garimpeiros disseram na sexta-feira à Lusa que os confrontos com a polícia moçambicana provocaram três mortos em Manica, na província com o mesmo nome no centro de Moçambique, embora a polícia só confirme dois e um ferido grave.
“Dois morreram nas minas e um perdeu a vida já no hospital e há muitos feridos”, declarou à Lusa Matthew Duke, um dos garimpeiros presentes no local.
Os agentes, disse o porta-voz, dispararam para dispersar os homens que mostraram resistência à operação da polícia ambiental para desactivar as minas ilegais na zona de Mavonde, uma vasta área numa região transfronteiriça fértil em recursos naturais.
Esta região é desde há alguns anos palco de conflitos entre garimpeiros moçambicanos e zimbabueanos e entre estes e as autoridades policiais, em torno da exploração de ouro, muitas vezes ilegal.
“Os garimpeiros empunhavam pedras, paus e catanas, daí que cinco agentes ficaram feridos”, descreveu Belmiro Mutadiua, acrescentando que estão fora de perigo de vida, mas que “enfrentaram uma situação difícil”.
Em declarações à Lusa na sexta-feira, Matthew Duke contou que, durante os confrontos nas minas, a polícia recuou sob a pressão dos garimpeiros, que seguiram as viaturas da patrulha até ao posto policial número um, no centro da cidade, e ameaçaram invadir o comando distrital local, em retaliação às mortes dos colegas.
A Lusa testemunhou o alvoroço durante a manhã de sexta-feira em Manica, que forçou o encerramento do comércio, serviços públicos e transportes.
Os garimpeiros colocaram barricadas na entrada e saída da cidade, com pedras de grandes dimensões, encerrando temporariamente o trânsito na estrada nacional número seis, que liga os países interiores da África Austral ao porto da Beira.