Mulheres raptadas pelo grupo Boko Haram contam história de horror

Mais de 700 mulheres e crianças foram libertadas nos últimos dias do reduto do grupo terrorista na Nigéria. Fome, morte e humilhação marcaram o período em que estiveram detidas pelos guerrilheiros.

 

 

As mulheres capturadas pelo grupo terrorista Boko Haram estão a contar pela primeira vez os horrores vividos durante o tempo que foram prisioneiras na floresta de Sambisa, reduto dos guerrilheiros. Presenciaram centenas de mortes, não só nas aldeias de onde foram raptadas, mas também no acampamento dos terroristas, onde ficavam sem comer durante semanas a fio.

 

 

Uma das histórias relatadas à Reuters é a de Cecilia Abel, que viu o filho mais velho e o marido a serem mortos à sua frente, antes de a milícia a levar a ela e aos seus oito filhos para a floresta. Cecilia diz que nas últimas duas semanas não havia comida no acampamento e que, antes disso, a única fonte de alimento para as centenas de mulheres e crianças era milho seco, impróprio para consumo.

 

 

As mulheres e as crianças estavam muito fracas e algumas dezenas não sobreviveram ao percurso entre a floresta e os campos de refugiados onde agora estão a ser tratadas e a receber apoio psicológico. Outra mulher relatou ainda que quando os militares nigerianos chegaram ao acampamento, muitas mulheres começaram a gritar por ajuda e os guerrilheiros as apedrejaram antes de fugirem.

 

 

Apesar de já terem sido retiradas da floresta mais de 700 mulheres e crianças ainda nenhuma foi identificada como pertencente ao grupo de 200 raparigas que foi sequestrado na escola de Chibok e que originou o movimento mundial #BringBackOurGirls e chamou a atenção para a tragédia humanitária que estava a acontecer na Nigéria.

 

 

Foto: AFP/Getty Images

 

Catarina Falcão

 

Observador

 
07/05/2015

 

Dez mil moldavos protestam por “desaparecimento” de 900 milhões de euros

Beneficiários de empréstimos feitos por três bancos não foram identificados.

 

 

Cerca de dez mil pessoas saíram neste domingo para as ruas de Chisinau, capital da Moldávia, para protestarem contra o alegado desaparecimento de 900 milhões de euros das contas de três entidades bancárias. Em abril, o Banco Central da Moldávia descobriu que três bancos fizeram empréstimos no total de 900 milhões de euros, o que representa 15% da produção de riqueza (Produto Interno Bruto) daquele país da ex-União Soviética, com 3,5 milhões de habitantes.

 

 

Os beneficiários daqueles empréstimos não foram ainda identificados, pelo que o dinheiro foi dado como “desaparecido”, rebentando um escândalo nacional que levou a população a protestar nas ruas e que coloca a Moldávia em cheque nas suas ambições de se tornar membro da União Europeia.

 

 
Na investigação já iniciada, duas pessoas foram detidas – mas cuja identidade não foi revelada – e outras terão visto as suas contas congeladas. Em causa estão os bancos Banca de Economii, Banca Sociala e Unibank, um terço das entidades bancárias existentes na Moldávia. De acordo com um relatório parlamentar, divulgado pela imprensa, acredita-se que parte do dinheiro em causa foi parar a bancos russos.

 

 
No protesto de hoje, os moldavos entoaram frases contra a corrupção e pediram a demissão de várias figuras da justiça, nomeadamente da Procuradoria-Geral e do Supremo Tribunal, e dos políticos envolvidos no escândalo.

 

 

 

Foto: DUMITRU DORU/EPA
LUSA/TPT
07/05/2015

 

FBI deteve suspeito de tentar vender segredos nucleares ao estrangeiro

O FBI deteve um antigo funcionário da Comissão Reguladora Nuclear dos Estados Unidos (NRC) por ter alegadamente tentado extrair informação sensível em matéria nuclear do departamento de Energia para a vender a países terceiros. Charles Harvey Eccleston, de 62 anos, foi detido nas Filipinas, onde vivia desde 2011, e extraditado para os Estados Unidos, para ser julgado.

 

 

 

O antigo funcionário da NRC enfrenta quatro acusações, incluindo fraude eletrónica, pelas quais, se considerado culpado, pode ser condenado a uma pena de até 50 anos de prisão. Eccleston terá tentado aceder a informação sensível por via de uma variação da técnica de ‘phishing’ (conhecida como ‘spear-phishing’), através da qual se envia uma mensagem de correio eletrónico a uma série de destinatários que aparece como proveniente de uma fonte segura, já que estes conhecem o emissor. Contudo, ao abrir o e-mail, o computador do destinatário acaba por ficar infetado por um vírus informático por via do qual se pode extrair informação que armazena.

 

 

 

Eccleston foi despedido da NRC em 2010 e após abandonar a agência governamental ter-se-á dirigido a uma embaixada – de um país não identificado – e proposto providenciar-lhes informação classificada que havia obtido da Administração dos Estados Unidos, levantando as suspeitas por parte do FBI.

 

 
A polícia federal enviou então agentes encobertos para se encontrassem com Eccleston, fazendo-se passar por representantes de um país e, segundo as autoridades, o ex-funcionário da NRC ofereceu-se para enviar mensagens de correio eletrónico fraudulentos para danificar os computadores do departamento de Energia e retirar a informação sensível em troca de dinheiro.

 

 

 

Eccleston enviou e-mails a mais de oito antigos colegas de trabalho em janeiro deste ano, mas o FBI garantiu que nenhum computador da agência foi infetado.

 

 
Lusa/TPT

 
09/05/2015

 

 

 

 

EUA reforçam segurança de bases militares face ameaça ‘jihadista’

A medida de precaução entrou em vigor após um alerta da polícia federal norte-americana (FBI).

 

 

Os Estados Unidos reforçaram o nível de segurança das bases militares em território norte-americano por precaução face uma eventual ameaça ‘jihadista’, informou um responsável do Departamento de Defesa norte-americano (Pentágono).

 

 

 

O chefe do Comando Norte (Northcom), o almirante William Gortney, ordenou o reforço do nível de alerta, para que as tropas tenham “uma maior consciência e vigilância no terreno” de potenciais riscos de segurança, segundo referiu a mesma fonte, citado pela agência francesa AFP.

 
A medida de precaução entrou em vigor após um alerta da polícia federal norte-americana (FBI).

 
“Queremos ter a certeza de que estamos a ter um cuidado extra na segurança das instalações e dos nossos elementos”, indicou a fonte oficial do Pentágono.

 
O nível de alerta subiu um grau, numa escala de cinco escalões, do quarto nível ‘Alfa’ para o terceiro nível ‘Bravo’.

 

 

Segundo vários responsáveis norte-americanos, as medidas adicionais de segurança não devem ser percetíveis ao público em geral, à exceção de um controlo mais apertado à entrada das bases militares.

 

 

Esta medida é tomada alguns dias depois de dois homens terem tentado atacar um concurso de caricaturas do profeta Maomé em Garland, nos subúrbios de Dallas (Texas).

 
Os dois homens, que estavam fortemente armados, acabaram por ser abatidos a tiro por um polícia local, antes de se aproximarem do Curtis Culwell Center, local onde estava a decorrer o evento.

 
O secretário da Defesa norte-americano, Ashton Carter, afirmou na quinta-feira que os dois atacantes tinham sido “inspirados” pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) no planeamento do ataque.

 
Segundo a agência AFP, o diretor do FBI, James Comey, indicou na quinta-feira que as autoridades norte-americanas estavam preocupadas pelas mensagens de propaganda ‘jihadista’ que circulam na Internet a encorajar e a incentivar ataques.

 
Existem “centenas, talvez milhares” de pessoas nos Estados Unidos que terão recebido mensagens de recrutamento por parte dos ‘jihadistas’, frisou, na mesma ocasião, James Comey.

 

 
Lusa
The Portugal Times
08/05/2015

 

As imagens alarmantes da seca na Califórnia

A seca da California vigora há quatro anos.

 

 

As imagens alarmantes da seca na Califórnia4

 

A aproximação do verão piorou a situação de seca no estado da Califórnia, Estados Unidos. Uma seca que se arrasta há quatro anos e que se agravou drasticamente no último mês. Sendo que o pior parece mesmo estar ainda para vir.

 

 

As imagens alarmantes da seca na Califórnia5

 

 

Segundo o Serviço de Florestas dos Estados Unidos, estima-se que seja necessário um investimento de mil milhões de dólares (cerca de 883 milhões de euros) em mecanismos de combate a incêndios.

 

 

As imagens alarmantes da seca na Califórnia3

 

 

Com as temperaturas a começarem a aumentar, o corpo de bombeiros reforça-se para apagar os 10 mil incêndios previstos.

 

 

As imagens alarmantes da seca na Califórnia6

 
Aquela que é considerada a maior seca na Califórnia dos últimos 1200 anos já secou 12,5 milhões de árvores.

 

 

 

As imagens alarmantes da seca na Califórnia10

 

A baixa quantidade de água em circulação no solo torna-os inférteis e a vegetação torna-se escassa. Como consequência, os animais que dependem de pasto vêm o alimento desaparecer e acabam também por morrer.

 

 

As imagens alarmantes da seca na Califórnia2

 

O setor agrícola é assim a área económica americana que mais sofre com os baixíssimos níveis de água armazenados nos reservatórios dos Estados Unidos.

 

 

 

 

Os reguladores da utilização de água já adoptaram regras rígidas sobre a utilização de água nos espaços urbanos. Nem já junto às casas dos famosos em Los Angeles é possível regar a relva.

 
Foto: AFP/Getty Images

 
The Portugal Times

 
08/05/2015

 

 

 

 

 

 

A vida de Carlos Santos Silva, cúmplice do Primeiro Ministro José Sócrates, na prisão

Já esteve 110 horas fechado na cela de 3,5 por 2,20 metros. Mas, com a sua “vozinha de padre” e modos simples, conquistou a simpatia geral, a ponto de o designarem responsável pela biblioteca da cadeia. E mantém-se irredutível: os €23 milhões da Suíça são seus e não de Sócrates…

 

 
A advogada Paula Lourenço seguia online, através de uma aplicação específica, o percurso de um envelope com documentos importantes, enviado de Genebra a 27 de janeiro último. Era correspondência com centenas de páginas, percebia-se que apenas se tratava de folhas de papel, e o remetente e o destinatário estavam identificados como advogados.

 

 

Mas à chegada a Lisboa, a 2 de fevereiro, o envelope foi desviado, verificou a advogada. Apurou depois que havia sido “selecionado”, para “averiguação”, pela Autoridade Tributária (AT), que tem uma equipa a trabalhar com o procurador Rosário Teixeira no inquérito da Operação Marquês, em lugar da PJ.

 

 

Paula Lourenço sobressaltou-se. Naquelas centenas de páginas estavam todos os movimentos bancários das contas no UBS (Union des Banques Suisses) tituladas até final de 2009 pelo seu constituinte Carlos Santos Silva, as quais tinham dominado o interrogatório do juiz de instrução Carlos Alexandre ao empresário, amigo de longa data de José Sócrates e que o Ministério Público (MP) alega ser o testa de ferro que geria milhões de euros arrecadados pelo ex-primeiro-ministro de forma ilícita.

 

 
A defensora de Santos Silva tinha toda a pressa em obter aqueles documentos, para sua própria análise e para os disponibilizar ao MP, procurando assim eliminar um dos motivos que levou o juiz Carlos Alexandre a determinar, em 24 de novembro passado, a prisão preventiva do seu cliente: o perigo de perturbação do inquérito.

 

 

Por isso, ao ficar na posse da necessária procuração de Santos Silva, viajou para Genebra. No UBS, quando esperava que a porta de um gabinete se abrisse para se reunir apenas com o gestor de conta, Paula Lourenço deparou-se, espantada, com um grupo de pessoas, entre as quais três juristas.

 

 
No decorrer do encontro, um obstáculo intransponível foi levantado – os termos da procuração não estavam corretos, de acordo com a lei suíça. A advogada saiu confusa e preocupada da reunião.

 

 

Era precisa uma segunda procuração de Santos Silva, feita com as indicações fornecidas, e Paula Lourenço teria de viajar outra vez para Genebra. Mas, à cautela, contratou um criminalista local para a coadjuvar no assunto.

 

 

A vida de Carlos Santos Silva, cúmplice do Primeiro Ministro José Sócrates, na prisão2

 

 

 
ESTRANHA CALMA

 
Santos Silva, esse, mostrava uma aparente e estranha calma na sua cela individual, de 3,50 por 2,20 metros, com casa de banho, água quente e TV (aparelho trazido pela família), na cadeia anexa à sede da PJ, na capital. Passou nova procuração e a sua advogada regressou a Genebra.

 

 

No entanto, quando julgava ter tudo resolvido e ia já a caminho do aeroporto, para voltar a Lisboa, Paula Lourenço recebeu um telefonema do criminalista suíço que contratara: faltava indicar ao MP local que Santos Silva não se oporia ao envio dos dados bancários para o MP português. Não se opunha, respondeu a advogada.

 

 

Depois, na primeira oportunidade, Paula Lourenço dirigiu-se ao n.º 60 da lisboeta Rua Alexandre Herculano, onde se situa o Departamento Central de Investigação a Ação Penal (DCIAP), do MP. Foi dizer ao procurador Rosário Teixeira que estava prestes a receber da Suíça os movimentos das contas de Santos Silva e que, se o magistrado quisesse, lhe disponibilizaria de imediato a documentação. Rosário Teixeira só pode ter ficado algo embaraçado, mas, procurador experimentado que é, por certo disfarçou bem.

 

 
O magistrado tinha no seu mail todos esses dados há mais de um ano (desde novembro de 2013), que lhe chegaram após o envio, à época, de uma carta rogatória ao MP suíço.

 

 

OFICIOSO NÃO É OFICIAL.

 

Nos interrogatórios feitos aos arguidos pelo juiz Carlos Alexandre, em novembro de 2014, as defesas não foram informadas por Rosário Teixeira de que o MP já possuía elementos sobre o assunto que dominou, quase na totalidade, as perguntas formuladas a Sócrates e, sobretudo, a Santos Silva: as contas na Suíça do empresário amigo do ex-primeiro-ministro.

 

 

Mais tarde, haveria protestos de advogados, que invocavam o dever de “verdade e lealdade” do MP para com as partes. O procurador tinha resposta pronta: a receção por correio eletrónico é “oficiosa”, e só se torna oficial com a chegada da documentação em papel.

 

 

Na verdade, Rosário Teixeira pediu ao colega de Genebra que retivesse o envio “oficial”, a que apenas deu luz verde em dezembro, por forma a municiar-se de “dados novos” nas contra-alegações aos recursos dos arguidos para o Tribunal da Relação de Lisboa, e na promoção do prolongamento das prisões preventivas de Sócrates e Santos Silva, quando em fevereiro o juiz Carlos Alexandre reviu os pressupostos da medida de coação, o que conseguiu.

 

 

Se há lição que Carlos Santos Silva agora aprendeu é a de que “este é o tempo do procurador”, que não permite estabelecer uma “estratégia de defesa”, mas só “gerir as circunstâncias”.

 

 

 

A vida de Carlos Santos Silva, cúmplice do Primeiro Ministro José Sócrates, na prisão3

 

 
ESCUTAS NA CELA?

 

 

Num pequeno salto à retaguarda, temos Paula Lourenço a verificar que a correspondência vinda de Genebra fora apreendida pela AT, culminando os protestos da advogada na apresentação de uma queixa-crime no MP contra incertos, ainda sem desfecho.

 

 
O desvio ocorreu a uma segunda-feira (o mencionado dia 2 de fevereiro) e a documentação chegaria ao escritório de Paula Lourenço na sexta-feira seguinte – hermeticamente fechada num invólucro de plástico e com o envelope ostensiva-mente rasgado. Assim se mantém, como prova preservada. A advogada requisitaria uma segunda via a Genebra.

 

 

Num outro salto à retaguarda, este maior, vemos Santos Silva surpreendido por, logo após o juiz Carlos Alexandre ter determinado a prisão preventiva e proibir o contacto entre arguidos, ficar na mesma cela que João Perna (atualmente em liberdade provisória), ex-motorista de Sócrates. “É para saberem do que falam, o que dizem”, foi o empresário avisado. Quer então dizer que havia escutas ambientais ali dissimuladas? A resposta de quem alertou Santos Silva limita-se a um revirar de olhos.

 

 
É abusivo relacionar estes factos entre si. Mas individualmente considerados não contribuem, por certo, para a saúde psicológica de quem está preso há já cinco meses, caso de Carlos Santos Silva, 56 anos, e logo indiciado por crimes tão graves como corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, num processo histórico da Justiça portuguesa.

 

 

Existem, porém, surpresas intramuros: “Se há dias em que possa estar mais em baixo”, relata um funcionário da cadeia, o empresário “não o deixa transparecer”. As situações complicadas, no entanto, acumulam-se – e assim vão continuar. Também ele disfarça bem.

 

 

CADEIA ‘NA MÃO’

 
Com a sua “vozinha de padre”, como até os amigos a caracterizam, de sotaque beirão nunca perdido, e os seus modos simples, Santos Silva conquistou, na prisão, a simpatia geral – de reclusos a guardas, funcionários administrativos e direção.

 

 

“É extremamente simpático, muito bem educado, não se isola, não há a mínima arrogância nele”, diz a fonte já citada. Isto numa cadeia sobrelotada, com capacidade para pouco mais de cem detidos, mas que tem hoje cerca de 140, quase todos preventivos. E onde a permissão de acesso a um minúsculo pátio a céu aberto limita-se a quatro horas diárias.

 

 

Muito há de ter custado a Santos Silva a trabalheira burocrática e notarial, feita na prisão, para se afastar de administrador do conjunto das suas empresas, indicando substitutos, de forma a que a sua situação as prejudique o menos possível.

 

 
No resto, o recurso da prisão preventiva (chumbado pela Relação de Lisboa), subscrito por Paula Lourenço (do escritório de Germano Marques da Silva), traz um parágrafo lapidar de resistência à tese do MP: Carlos Santos Silva, argumenta a advogada, “tem o direito de exigir que o modo como honra as suas amizades e ajuda os seus amigos seja pelo menos respeitado, mesmo que incompreendido, porque o ato de ajudar os amigos não está tipificado como crime na lei portuguesa e os tribunais estão ainda sujeitos ao princípio da legalidade”.

 

 

Acrescenta que auxiliar amigos, “com mais ou menos generosidade, não é contrário à lei e é um ato aprovado pela moral”.

 
Por altura de apresentação do recurso, o procurador Rosário Teixeira telefonou a Paula Lourenço, numa sexta-feira, 13 de fevereiro último, para marcar uma audição do arguido Santos Silva, no DCIAP, para a quinta-feira seguinte, 19. Mas a advogada encontrava-se adoentada naquela sexta, não compareceu no escritório e só respondeu ao telefonema do magistrado na segunda-feira, 16. Havia uma incompatibilidade na agenda de Paula Lourenço, que lá acabou por aceitar a marcação pretendida pelo procurador.

 

 

E, logo de seguida, a advogada recebeu um telefonema de Inês do Rosário, mulher de Santos Silva, que se mostrava alarmada. Tinham de falar rapidamente. Aconteceu que na véspera, domingo, 15, surgiu em cena António Morais, o controverso professor que passou Sócrates em cinco cadeiras na Universidade Independente, e amigo de longa data do empresário.

 

 

Nesse dia, diligenciou para se encontrar à noite, num centro comercial lisboeta, com um administrador de uma empresa de Santos Silva. Terá dito ao gestor que era crucial que o seu patrão dispensasse os serviços de Paula Lourenço, que só o estava a prejudicar. Ainda nesse domingo, António Morais convenceu Manuel Santos Silva, primo de Santos Silva e ex-reitor da Universidade da Beira Interior, a deslocar-se da Covilhã (onde reside) a Lisboa para um encontro “urgente” na manhã seguinte, na pastelaria Mexicana. .

 

 

Tinha informações (uma das quais a de que Santos Silva ia ser ouvido no DCIAP, na quinta-feira, 19, o que ainda não estava acertado entre Rosário Teixeira e Paula Lourenço) que podiam conduzir à libertação do empresário.

 

 

 

A vida de Carlos Santos Silva, cúmplice do Primeiro Ministro José Sócrates, na prisão4

 

 
SUSPEITAS DE COAÇÃO

 

 

Às 10 e 30, Manuel Santos Silva estava no local combinado quando, à sua mesa, se sentou um indivíduo não identificado. ?O homem foi agressivo: o MP, disse, possui escutas comprometedoras para Inês do Rosário, e se Santos Silva, na audição de quinta-feira no DCIAP, insistisse em não denunciar Sócrates, a filha menor do casal, de 13 anos, corria o risco de ver os dois pais na prisão.

 

 
Mas, se mudasse o seu depoimento, rapidamente sairia da cadeia para prisão domiciliária e, depois, já em liberdade provisória, ficava só obrigado a apresentações periódicas. Melhor ainda: na acusação a deduzir pelo MP, o crime de corrupção não lhe era atribuído, sendo-lhe apenas imputado o branqueamento de capitais – que, sem o ilícito antecedente, podia até levar a uma pena suspensa numa eventual condenação em tribunal.

 

 

Abruptamente, o indivíduo abandonou a mesa e, a seguir, um perturbado Manuel Santos Silva e António Morais, que chegara à Mexicana, conversariam na rua. O professor terá transmitido ao ex-reitor, quase na íntegra, a mesma mensagem.

 

 
BARRICADO NA ‘SUA’ VERDADE

 
Na tal quinta-feira, 19 de fevereiro, Santos Silva recusou-se a prestar declarações a Rosário Teixeira, em protesto pela “coação” protagonizada pelo indivíduo não identificado e por António Morais, contra o qual, aliás, Paula Lourenço apresentou no DCIAP uma queixa-crime. Será que na trincheira do empresário se acredita mesmo que o procurador é capaz de recorrer a expedientes tão obscuros? “Há mais gente a trabalhar na acusação”, responde-se, enigmaticamente.

 

 

Numa entrevista recente à CMTV, António Morais disse que se limitou a dar sequência a uma conversa que teve com Inês do Rosário, a pedido da própria, que “estava muito preocupada com a situação do marido” e lhe solicitou que tentasse ajudar Santos Silva a “ver estratégias de defesa”. Ao contrário do que se esperava, porém, não respondeu à queixa-crime apresentada por Paula Lourenço, em nome do seu constituinte, com uma participação por denúncia caluniosa.

 

 
O professor está, aliás, bastante mal visto pelo lado de Santos Silva: “Só fez o que fez porque receia ser envolvido no processo”, ouve-se. Já agora: sabe-se que a Mexicana tem um circuito interno de vídeo, pelo que haverá imagens do indivíduo não identificado. Não, não há. O equipamento encontrava-se avariado.

 

 

Na primeira semana do corrente mês, o empresário, mais magro, passou por uma experiência limite: esteve 110 horas fechado na cela, ao longo de cinco dias, por causa de uma greve dos guardas prisionais. Ou seja, em cada um daqueles dias esteve 22 horas enclausurado num espaço de 3,5 por 2,20 metros. Quem o visitou nessa altura impressionou-se com o seu olhar vítreo, opaco, e a dificuldade em responder às perguntas mais simples.

 

 
Mas, leitor compulsivo, recompor-se-ia com uma rara boa notícia – foi designado responsável pela biblioteca da cadeia, que possui mais de ?3 600 obras, substituindo um recluso com essas funções e que saiu da prisão.

 

 

Como se imagina, a rotina da cadeia é dura: alvorada às sete da manhã, com conto de reclusos; às oito é distribuído o pequeno-almoço, tomado na cela; às nove os calabouços são abertos; ao meio-dia regressa-se à cela, para o almoço; às duas da tarde os calabouços são outra vez abertos; às 17 e 30 volta-se à cela, para o jantar; às 18 e 30 há novo conto de detidos, a que se segue o “encerramento geral”.

 

 
Os reclusos têm direito a três visitas por semana, de uma hora cada uma. Mesmo neste ambiente, a que acresce o facto de a sua mulher ter sido, na semana passada, constituída arguida (embora sem medida de coação privativa da liberdade), Santos Silva mantém que os €23 milhões transferidos em 2010 da Suíça para Portugal, ao abrigo de uma amnistia fiscal, são seus e não, como alega o MP, de Sócrates. Mas amigos de ambos afirmam, sem pensar duas vezes, que Sócrates, após perder as Legislativas de junho de 2011, trabalhou como consultor para Santos Silva, enquanto “facilitador” para ajudar a abrir portas importantes.

 

 

E perguntam-se: porque não fizeram eles um contrato que normalizasse essa ligação empresarial, em vez de Sócrates, como se verifica em escutas, pedir dinheiro a Santos Silva usando palavras do género “fotocópias” ou “folhas de dossiê”? Em silêncio, procuram uma resposta, que não surge.

 

 

Mas, tenha o significado que tiver, o agora bibliotecário Santos Silva está a ler Kafka.

 

 

 

 

Ilustrações: Hélder Oliveira

 

José Plácido Júnior

 
VISÃO 1156

 

 

30/04/2015

 

 

 

Papa aprova realização de congresso internacional mariológico em Fátima

O papa aprovou a realização do 24.º Congresso Mariológico Mariano Internacional em Fátima, em setembro de 2016, informou hoje o santuário, citando o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos que fez o anúncio em Roma.

 

 
“O papa Francisco aprovou a celebração do 24.º Congresso Mariológico Mariano Internacional na cidade de Fátima, organizado pela Pontifícia Academia Mariana em colaboração com os responsáveis do santuário”, refere uma nota de imprensa do templo português, mencionando o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato, que hoje inaugurou o Fórum Internacional de Mariologia.

 

 
O congresso realiza-se de 06 a 11 de setembro e tem como tema “O acontecimento de Fátima, cem anos depois. História, mensagem e atualidade”, revelou o cardeal.

 

 
Segundo o santuário, Fátima, no distrito de Santarém, acolherá, assim, “a 24.ª edição do mais importante momento internacional de reflexão na área da Mariologia, com temática em específico a incidir no acontecimento de Fátima”.

 

 

 
Em 1967, por ocasião do cinquentenário dos acontecimentos de Fátima, “teve lugar em Portugal, com iniciativas em Lisboa e em Fátima, a 5.ª edição deste Congresso Mariológico Mariano Internacional, no caso sobre o tema ‘De Primordiis Cultus Mariani – Mariologia patrística’, adianta a instituição.

 

 

 
O Fórum Internacional de Mariologia sobre Fátima decorre até sábado em Roma, numa organização da Pontifícia Academia Mariana Internacional com a estreita colaboração do santuário.

 

 

 

A iniciativa “insere-se num esforço de parcerias internacionais que o Santuário de Fátima está a desenvolver, no sentido de levar a outros contextos alguma da reflexão que se faz sobre a Mensagem de Fátima”, anunciou a instituição.

 

 

 
Sob o título “A Mensagem de Fátima entre o carisma e a profecia”, o fórum “visa aprofundar a reflexão sobre a Mensagem de Fátima, dar a conhecer as diferentes congregações religiosas e movimentos ligados a Fátima e possibilitar um momento de troca de experiências entre os participantes”, adianta o santuário.

 

 

 

Entre os oradores estão o bispo de Leiria-Fátima, António Marto, e o bispo de Coimbra e antigo reitor do Santuário de Fátima, Virgílio Antunes, e o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas.

 

 

 

 
SR // SSS

 

Lusa
07/05/2015

 

 

 

 

Primeiro Ministro Passos Coelho diz ‘Ninguém tem direito de destruir o sacrifício’ dos portugueses

Primeiro-ministro diz que há “uma grande diferença” entre defender e concretizar “certas ideias”.

 

 

O primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje que existe “uma grande diferença entre propalar certas ideias ou concretizá-las” e que “ninguém tem o direito de destruir o sacrifício que os portugueses fizeram”.

 

 

“Ninguém tem o direito de destruir o sacrifício que os portugueses fizeram e de voltar a colocar em risco a possibilidade de podermos sonhar, com os pés na terra, com um futuro melhor”, afirmou.

 

 

Num discurso de cerca de 30 minutos, Pedro Passos Coelho fez uma distinção entre o executivo PSD/CDS-PP e a oposição, considerando que “há uma grande diferença entre propalar certas ideias ou concretizá-las”.

 

 
O chefe do Governo discursava na cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos distritais de Évora do PSD, que decorreu num pátio do fórum da Fundação Eugénio de Almeida, na cidade alentejana.

 

 

 

Lusa

 

09/05/2015

 

 

 

Descarrilamento de Comboio deixa 7 mortos e mais de 65 feridos na Filadélfia, nos EUA

Vagões da composição da Amtrak, que fazia o trajeto de Washington para Nova York com 243 a bordo, tombaram; FBI descartou hipotese de terrorismo.

 

 

FILADÉLFIA, EUA – Um comboio da Amtrak com 243 pessoas a bordo – 238 passageiros e 5 tripulantes -, que fazia o trajecto de Washington D.C. para Nova York, descarrilou na noite de terça-feira, 12, em Port Richmond, nos arredores de Filadélfia, no Estado da Pensilvânia. Segundo autoridades locais, sete vagões tombaram, 7 pessoas morreram e 65 ficaram feridas – 6 estão internadas em estado grave. A emissora CNN diz que mais de 100 pessoas foram hospitalizadas.

 

 

O acidente ocorreu às 21h20, horário local. Imediatamente após o descarrilamento, cerca de 200 policiais e 120 bombeiros foram para o local – pouco depois, o FBI descartou a hipótese de um ato terrorista. A polícia de Filadélfia isolou a área e bloqueou todas as estradas da região para que as equipes de resgate pudessem trabalhar com tranquilidade.

 
Descarrilamento de trem na Filadélfia deixa mortos e feridos

 

 

Descarrilamento de trem deixa 6 mortos e mais de 65 feridos na Filadélfia, nos EUA5

 

Alguns dos vagões do comboio da Amtrak que descarrilou na Filadélfia na noite de terça-feira, 12, ficaram completamente destruídos.

 

 

Descarrilamento de trem deixa 6 mortos e mais de 65 feridos na Filadélfia, nos EUA2

 

 

Policiais carregam passageiro que ficou ferido após comboio da Amtrak descarrilar na Filadélfia; acidente, que deixou 7 mortos e 65 feridos, é o 2º mais grave do ano nos EUA.

 

 

Descarrilamento de trem deixa 6 mortos e mais de 65 feridos na Filadélfia, nos EUA1

 

Equipes de resgate procuram por vítimas e sobreviventes nos destroços do trem da Amtrak, que seguia de Washington para Nova York e descarrilou na Filadélfia.

 

 

Descarrilamento de trem deixa 6 mortos e mais de 65 feridos na Filadélfia, nos EUA9

 

 

Imagens de TV mostraram vários passageiros, muitos sangrando em razão de ferimentos na cabeça, sendo atendidos no local pelas equipes de socorro. Em entrevista improvisada, no local do acidente, o prefeito de Filadélfia, Michael Nutter, comentou sobre a tragédia. “É um desastre monumental. Eu nunca vi nada parecido”, disse.

 

 

 

Descarrilamento de trem deixa 6 mortos e mais de 65 feridos na Filadélfia, nos EUA4

 

O National Transportation Safety Board (que atua em investigações de acidentes nos EUA) não deu detalhes imediatos sobre as possíveis causas do acidente, mas disse que instaurou um inquérito e começou a apurar o caso.

 

 

Descarrilamento de trem deixa 6 mortos e mais de 65 feridos na Filadélfia, nos EUA11

 

Muitos jornalistas estavam a bordo. Janelle Richards, produtora da rede NBC, viu pessoas “voando pelos vagões”. Paul Cheung, da agência Associated Press, disse que teve sorte de viajar na parte de trás do trem. De acordo com ele, os vagões da frente “haviam sido bastante danificados”.

 

 

Descarrilamento de trem deixa 6 mortos e mais de 65 feridos na Filadélfia, nos EUA61
“Viajávamos tranquilamente e, de repente, estávamos batendo contra a parede”, disse à emissora “NBC” Don Kelleher, um dos passageiros.

 

 

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Alguns dos passageiros escalaram até em cima dos vagões tombados e conseguiram deixar o trem antes mesmo da chegada dos profissionais de resgate. A maior parte deles, porém, teve que ser retirada pelos bombeiros.

 

 

 

Tom Wolf, governador da Pensilvânia (estado em que fica a Filadélfia), garantiu que está em contato com as autoridades locais e que está “acompanhando” a situação de perto.

 

 
Rotina. No domingo, outro trem da Amtrak com 171 passageiros, que ia de Chicago para New Orleans, se chocou contra uma caminhonete na cidade de Amite, no Estado da Louisiana. O motorista do veículo morreu na hora. Dois passageiros se feriram levemente. Em março, 55 pessoas ficaram feridas após outro trem da Amtrak bater em um trator na Carolina do Norte.

 

 

 

 

O acidente ferroviário de terça-feira na Filadélfia é o segundo mais grave ocorrido nos Estados Unidos neste ano. Em fevereiro, 7 pessoas morreram e outras 12 ficaram feridas quando uma composição colidiu com um carro em uma passagem de nível em Valhalla, localidade que fica ao norte de Nova York.

 

 

 

Espera-se que nesta quarta-feira, às 11h locais (12h de Brasília) as autoridades da Filadélfia ofereçam uma nova entrevista colectiva com as últimas informações sobre o acidente e sobre as investigações.

 

 

 

FOTO: AP, EFE e NYT
ESTADÃO
13/05/2015

 

 

 

Arábia Saudita Airlines cancela contrato com a portuguesa Hi Fly por ter levado um A330-300 à revisão em Israel

A Arábia Saudita Airlines anunciou o fim do contrato que tinha com a empresa portuguesa de aviação Hi Fly, que se dedica ao aluguer de aeronaves, com serviços de manutenção, tripulação e seguro incluídos, depois de um dos seus aviões, que não estava a realizar nenhuma rota, ter sido visto a receber manutenção no aeroporto de Ben Gurion, em Israel. A paragem em solo israelita, diz a companhia aérea estatal árabe, não estava autorizada.

 

 

A notícia, avançada pela imprensa saudita este domingo, dá conta de que o incidente diplomático aconteceu na quarta-feira, quando a companhia aérea sediada em Lisboa submeteu o avião ao habitual tratamento de manutenção mas no principal aeroporto israelita. De acordo com a Arábia Saudita Airlines, ao levar o avião a Tel Aviv, a Hi Fly cometeu uma“violação flagrante” do contrato, que diz que a empresa de aluguer de serviços de aviação tem de especificar para que aeroportos vai e em que aeroportos mantém os seus aparelhos, decisão que requer uma aprovação escrita prévia.

 

 
Segundo se lê no contrato, firmado entre a Arábia Saudita Airlines e a Hi Fly, e citado pela Arab News, “qualquer processo de aterragem ou operação de manutenção deve decorrer num país que partilhe relações diplomáticas com o Reino da Arábia Saudita, para permitir que a equipa técnica saudita e as autoridades de Aviação Civil possam acompanhar as operações de perto, sempre que for preciso”. A Arábia Saudita não tem ligações oficiais com Israel e faz inclusive parte dos países responsáveis pelo boicote árabe a Israel desde os anos 1970.

 

 

De acordo com a Arab News, a companhia aérea estatal saudita tomou a decisão de cancelar o contrato depois de a aeronave árabe ter despertado forte atenção dos media e dos curiosos junto ao aeroporto israelita. Em comunicado, reagindo ao incidente, a Arábia Saudita Airlines explica que o desvio para Tel Aviv não estava previsto, na medida em que a única informação que a companhia tinha era de que o aparelho ia sair do país no dia 3 de maio, domingo, rumo a Bruxelas, onde deveria receber manutenção.

 

 

“O avião estava fora de serviço, e sob a alçada da companhia que o detém [a Hi Fly], na altura em que deixou a Arábia Saudita no domingo, 3 de maio, para ir para Bruxelas, Bélgica, para uma operação de manutenção de rotina”, escreve a companhia aérea em comunicado. Tratava-se de um Airbus A330, que aterrou em Bruxelas, antes de ir, sem passageiros a bordo, para o aeroporto internacional de Ben Gurion, Isarel.

 

 

Do outro lado, o argumento é de que o avião foi para Israel para receber serviços de manutenção por parte de uma empresa contratada pela Industria de Aviação de Israel, que confirma a chegada do aparelho na quarta-feira e que garante que a operação se trata de rotina e integra um serviço habitualmente providenciado àquele fabricante de aeronaves.

 

 

 

 
Foto: Getty Images
Rita Dinis

Observador
10/05/2015