O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho recusou ser condecorado por Marcelo Rebelo de Sousa pela sua passagem por São Bento. De acordo com o semanário Expresso, e como o Observador já confirmou, o Presidente da República terá sondado a abertura de Passos para receber uma condecoração habitualmente atribuída a antigos chefes de Governo pelos serviços prestados ao país — ainda que haja exceções –, mas terá recebido a resposta de que este não seria o momento adequado para essa distinção, por ser demasiado cedo.
Passos, diz ao semanário uma fonte próxima do social-democrata, considera que é “novo para receber condecorações nacionais”. Uma posição interpretada como um sinal de que a saída do Governo, em 2015, com a formalização da “geringonça”, poderá não ter sido o fim da linha política para o ex-primeiro-ministro. ““Ele quer voltar à política”, escreve o Expresso, citando antigos colaboradores de Passos.
Se deseja esse regresso, também vai deixando claro que, a acontecer, ele não será imediato. Passos Coelho não será uma pedra no sapato de Rui Rio, da mesma forma que um desaire do atual presidente do PSD nas próximas eleições, europeias e legislativas, não o levará a dar o passo em frente e concretizar o regresso. Nesse momento, será “a vez deles”, os mais novos, a nova geração de sociais-democratas. O horizonte de Passos está além desse período, como se estivesse numa segunda linha de ação, num cenário em que nem esses novos protagonistas consigam reabilitar a relação do partido com os eleitores.
O artigo sugere, no entanto, outra explicação: o antigo primeiro-ministro ainda não dá a sua carreira política por encerrada. No médio prazo, Passos pode voltar ao activo, se — esgotada a solução de Rui Rio — a nova geração não for capaz de singrar, devolvendo o partido ao poder.
O possível regresso de Passos é um assunto no PSD. Recentemente, o comentador Pedro Marques Lopes disse, na TSF: “Passos Coelho quer voltar a ser presidente do PSD e já começou a fazer contactos”. A reacção de Marques Lopes no programa Bloco Central surgiu na sequência do artigo escrito pelo ex-governante no jornal Observador, no qual criticou a decisão do Governo e do Presidente da República de não reconduzir Joana Marques Vidal na Procuradoria-Geral da República.
Pedro Marques Lopes disse ainda que a ideia de Passos Coelho será “voltar a ser presidente do PSD. É por isso que considera extemporâneo ser agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo”, concluiu.
TPT com: AFP//Expresso//João Porfírio/Observador//Público// 29 de Setembro de 2018