Música e Vinho Madeira ‘brindaram’ no Liberty Hall Museum, estado de New Jersey, aos 241 anos da Independência dos EUA

Numa iniciativa do Cônsul Geral de Portugal em New Jersey,  Bethlehem e Pennsylvania, Dr. Pedro Soares de Oliveira, em parceria com o Presidente do Liberty Hall Museum, John Kean e o Director Bill Schroh Jr., cerca de duas centenas de convidados comemoraram com um brinde de “generoso” Vinho Madeira, os 241 anos da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América.

A recepção que decorreu nos jardins do Liberty Hall Museum, foi muito apreciada pela comunidade americana e luso-descendente de New Jersey, devido ao significado da celebração e da interessante oportunidade das pessoas confraternizarem entre si, discutindo história e desfrutarem de bons petiscos e degustarem alguns vinhos portugueses, com destaque para o Vinho Madeira,  naquele que é um dos mais emblemáticos espaços do Condado de Union.

 

Esta recepção, presidida pelo Cônsul Geral de Portugal Dr. Pedro Soares de Oliveira, proporcionou um espectacular encontro convívio entre portugueses, luso americanos e americanos.

 

Entre os convidados e para além de várias figuras ligadas à vida empresarial, cultural e associativa do estado de New Jersey, estava também o Dr. José Luís Fernandes (na foto à esquerda), o primeiro juíz português na história da cidade de Filadélfia, aqui acompanhado pelo Presidente do Liberty Hall Museum, John Kean, e pelo casal Cristina Pucarinho e Pedro Soares de Oliveira.

 

 

José Luís Fernandes elogiou a iniciativa que se reveste, segundo ele, de um significado histórico e comercial muito importante, “quer para a ilha da Madeira, quer na própria história dos EUA onde o Vinho da Madeira manteve um papel importante, integrando hábitos e costumes dos seus habitantes e fazendo parte de acontecimentos históricos relevantes para a História americana”, disse.

 

Destas celebrações do 4 de Julho no Liberty Hall Museum, faziam ainda parte um concerto musical com músicos madeirenses vindos prepositadamente da Ilha e uma mostra de garrafas Vinho Madeira e outros documentos históricos relacionados, encontrados por acaso há alguns anos quando no Museu se procedia a obras de restauro.

As garrafas encontradas datam de 1789 e delas constam algumas de Verdelho Madeira.

Há bastante tempo que se sabe que estes vinhos melhoram com o calor. Os chamados torna-viagem aqueles que iam para locais distante de navios, do tempo das viagens marítimas e quando os que não eram vendidos voltavam verificava-se que estavam muito melhores, eis que submetidos ao calor e abafamento dos porões.

 

O Vinho Madeira, que viajou pelas cortes europeias e fez parte das rotas da India e das Américas, o preferido de governantes e estadistas, amado por poetas, apreciado por exploradores e aventureiros e fonte de inspiração de artistas, marcou a sua história no Mundo e ainda hoje é relevante nos momentos históricos internacionais, bem como o será também no futuro.

 

Segundo alguns historiadores, os primeiros dados da presença do Vinho Madeira nos Estados Unidos recuam a 1640, quando chegou a New England, espalhando-se depois para Boston e outras cidades. Mas só em meados do século XVIII é que passa a ser muito procurado pelos americanos. Desde aí, o Vinho Madeira começou a marcar presença nos portos de Boston, Charleston, Nova Iorque e Fiiladélfia, Baltimore, Virginia, estados fundadores desta Nação, sendo usado como produto de troca por farinha ou madeira para pipas.

 

E passados duzentos e quarenta e um anos, portugueses e americanos continuam a desfrutar de uns petiscos portugueses e de um copo de vinho Madeira, em comunhão com a natureza, brindando em conjunto, à Independência dos Estados Unidos da América.

 

Ouvindo, o som de um interessante trio de cordas garantia estilo e requinte e trouxe ao  evento o clima perfeito para os convidados interagirem, interpretando obras consagradas escritas para violino e violoncelo.

 

 

Enquanto isto, o tempo de espera para os discursos e para o concerto musical de música popular portuguesa, era excelente, e beneficiava o convívio geral enquanto se bebericava um copo de vinho e se degustavam alguns petiscos do Restaurante Valênça, aproveitando também alguns para colocar alguma conversa em dia.

 

No exterior, os amantes da natureza reconhecem este local histórico como um interessante e diversificado espaço de cultura e lazer e também como, contendo bonitas zonas verdes.

 

É verdade, mas, para além disto, o  Liberty Hall Museum da Kean University narra mais de 241 anos de história americana.

 

E foi nesta tenda montada para o efeito que mais de duzentos convidados ouviram os discursos oficiais e o som da música e da voz que os madeirenses troxeram até aqui para alegrar o brinde comemorativo dos 241 anos da Declaração de Independência dos Estados Unidos.

 

Há hora marcada, Jennifer M. Costa, Director of the Elizabeth Destination Marketing Organization [EDMO], que foi a mestre de cerimónias, fez as apresentações da praxe, e cantou-se o hino nacional americano.

 

Após Jennifer M. Costa dar as boas vindas, iniciando desta forma o protocolo, foi a vez do Dr. Pedro Soares de Oliveira, Cônsul Geral de Portugal, subir ao palco para felicitar a presença dos convidados nas comemorações desta data tão especial para o povo americano e lembrar que “a nossa amizade com os Estados Unidos, remonta ao próprio nascimento dos Estados Unidos quando Portugal esteve entre os primeiros países a reconhecer a sua independência”.

 

Perante uma plateia atenta, o Dr. Pedro Soares de Oliveira lembrou também a memória do português Peter Francisco, herói da Guerra da Independência, e a quem George Washington considerava “um soldado excepcional” e o seu “Gigante da Virgínia”, sem esquecer de referir que “muitas foram as personalidades, estadistas e personagens míticas, que se deixaram deslumbrar por este vinho, de que são emblemáticos exemplos George Washington, Thomas Jefferson e Winston Churchil”, sem esquecer as referências ao vinho Madeira em obras literárias, tais como as de Shakespeare, Tolstoi e Dostoievski, assim como a paragem de Napoleão a caminho do exilio para levar um tonel para a ilha de Santa Helena.

 

 

O Cônsul Geral de Portugal Dr. Pedro Soares de Oliveira deixou claro que esta projecção vai ao encontro da estratégia do seu consulado em dinamizar a captação de eventos de animação que projectem a imagem de um Portugal moderno, culto, hospitaleiro e empreendedor, para além desta comemoração se revestir de uma considerável relevância histórica pois a associação do Vinho da Madeira à América do Norte é bastante estreita e antiga.

 

Depois da alocução de Pedro Soares de Oliveira, discursou o Presidente do Liberty Hall Museum, de New Jersey, John Kean, que depois de dar as boas-vindas a todos os presentes, realçou as fortes ligações históricas e culturais estabelecidas entre o Vinho Madeira e a Nação Norte Americana, há 241 anos e  enderessou palavras de elogio e incentivo aos portugueses e luso-americanos, “pela sua importância no enriquecimento social, económico e cultural do estado de New Jersey”.

 

Palavras de estímulo que receberam calorosos aplausos dos convidados presentes.

 

Depois dos discursos, ficou tudo a postos para de forma alegre e descontraída, receber os músicos Nuno Nicolau(esq/dir), Mário André e Paulo Esteireiro.

 

Do reportório destes músicos madeirenses fizeram parte temas de autores como Max, Zequinha Abreu, Mário André, Paulo Esteireiro, Cândido Drumond de Vasconcelos, com arranjos de Paulo Esteireiro e Mário André, o “Tico Tico” de Carmen Miranda, entre outros. Deslocaram-se prepositadamente da Ilha da Madeira a convite do cônsul-geral de Portugal em Newark, Pedro Soares de Oliveira.

 

“Para o consulado é uma oportunidade de promoção do vinho e da região da Madeira e genericamente do nosso país e dos laços com os Estados Unidos”, acreditam os músicos. Mas este espectáculo foi também uma oportunidade para aproximar o braguinha, instrumento tradicional madeirense, do seu parente ukulele.

 

Com uma plateia entusiasta, Mário André e Paulo Esteireiro, mostraram as suas mãos e arte no cavaquinho-braguinha ou ukelele, devolvendo a este instrumento a sua plena dignidade.

 

A ideia de Paulo Esteireiro é mostrá-lo precisamente em todo o seu potencial, “dando preferência ao reportório tradicional, mas mostrando também que o instrumento não se esgota aí”.

 

Tendo em consideração a qualidade dos músicos o concerto teve uma vertente de canto e harmonia forte devido à boa interpretação das músicas populares do repertório destes músicos de elite madeirenses, que transmitiram alegria e boa disposição a todos os presentes.

De referir as fortes chuvadas que se fizeram sentir durante grande parte do concerto e que ajudaram a tornar especial estas comemorações. O público, conhecedor e cativado, cobriu o grupo de aplausos, e este agradeceu, emocionado.

 

O espectáculo ‘Madeira, a Toast to America’, é o nome da iniciativa, que teve início no dia 22 de Junho em Washington, DC, e que terminou no dia 23 do mesmo mês no Liberty Hall Museum, no Condado de Union.  Este projecto que conta com o apoio do Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (IVBAM), é promovido desde 2016 numa parceria entre a Embaixada de Portugal em Washington e a Secretaria Regional de Economia, Turismo e Cultura.

 

 

O espectáculo destes três músicos madeirenses em New Jersey foi sem dúvida, um espectáculo especial devido ao facto de terem percorrido sonoridades de mundos com muitas latitudes e padrões acústicos, mas, se houve contextos locais e regionais de referência, neste espectáculo os sons cruzaram-se na universalidade sem lugar, da própria música, honrando desta forma Portugal e os Estados Unidos.

 

No final do espectáculo, Nuno Nicolau(foto esq/dir.), Mário André e Paulo Esteireiro, disseram ao The Portugal Times.com que gostaram de cá estar, agradeceram o convite e a hospitalidade com que foram recebidos nesta terra distante e lembraram à nossa equipa de reportagem quando em 1879 o navio Ravesnscrag chegou a Honolulu (Hawai) na tarde do dia 23 de Agosto transportando 419 madeirenses. João Fernandes pediu a um amigo o cavaquinho e saltou para a praia começando a tocar e a cantar músicas típicas da sua terra. Este instrumento, que causou alguma admiração entre os nativos, rapidamente se tornou um símbolo da sua identidade em termos internacionais através de uma divulgação que ultrapassou tudo o que se pode imaginar.
Rapidamente o ukelele passou a ser conhecido e associado às ilhas do Pacífico. É, no fim de contas, o símbolo da identidade de um povo que soube preservar e adoptar um instrumento sem, diga-se, nunca renunciar as suas origens: o “Portuguese Ukelele”.

 

John Kean, presidente do Liberty Hall, o lar ancestral das famílias Livingston e Kean, posou para o The Portugal Times e fez questão de lembrar com orgulho que o Liberty Hall foi um importante centro da política e da cultura americanas da era da revolução.

 

Construído em 1760 pelo primeiro governador de New Jersey, William Livingston, a mansão e os terrenos, no Kean’s Liberty Hall Campus, no Condado de Union, servem actualmente como um museu de história americano e um centro de pesquisa histórica.

No final do espectáculo, John Kean, elogiou esta iniciativa do Cônsul Geral de Portugal Dr. Pedro Soares de Oliveira e convidou a comunidade portuguesa a fazer uma visita ao Liberty Hall Museum.

 

Sobre a história das comemorações da Independência dos Estados Unidos da América o Cônsul Geral de Portugal em Newark, Dr. Pedro Soares de Oliveira  disse que “esta já foi contada muitas vezes, mas merece ser sempre repetida”!.

 

 

JM//The Portugal Times// 8 de Julho de 2017

 

 

 

 

 

One thought on “Música e Vinho Madeira ‘brindaram’ no Liberty Hall Museum, estado de New Jersey, aos 241 anos da Independência dos EUA”

  1. Parabéns pelo artigo! Gostei muito de estar presente nestas comemorações e foi um enorme prazer reviver este dia, através deste texto tão completo e pormenorizado.
    Grande abraço, Paulo Esteireiro

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