Aeroporto de Faro passa a designar-se Aeroporto Gago Coutinho

O Aeroporto Internacional de Faro vai passar a chamar-se Aeroporto Gago Coutinho em homenagem ao navegador e almirante nascido em São Brás de Alportel, no Algarve, foi hoje aprovado em Conselho de Ministros.

 

 

“O Governo presta, assim, homenagem ao almirante Gago Coutinho, natural de São Brás de Alportel, no distrito de Faro, quando se assinala o centenário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, uma das maiores proezas da história da navegação aérea”, disse o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas, em conferência de imprensa.

 

 

A proposta, aprovada em várias assembleias municipais de autarquias do Algarve, surgiu de um movimento de cidadãos que considerava que a estrutura, inaugurada em 1965, deveria ter o nome do almirante que, em 1922, em conjunto com o aviador Sacadura Cabral, fez a primeira travessia aérea do Atlântico Sul no hidroavião “Lusitânia”.

 

 

 

 

                            

UMA NOVA MOEDA DE 2€ PARA ASSINALAR UMA VIAGEM ÉPICA

 

 

 

 

 

 

A nova moeda é dedicada ao centenário da travessia do Atlântico Sul por Gago Coutinho e Sacadura Cabral.

 

 

A Casa da Moeda colocou em 2021 à venda uma nova moeda comemorativa, de 2 euros, dedicada ao centenário da travessia do Atlântico-Sul.

 

A nova moeda, desenhada pelo escultor José João de Brito, mostra o hidroavião “Lusitânia” e pretende evocar “o espírito de aventura e engenho que tem levado os portugueses mais longe”, segundo a descrição disponível no site da Casa da Moeda.

 

 

A épica viagem, levada a cabo por Sacadura Cabral e Gago Coutinho, ambos aviadores da marinha portuguesa, teve início a 30 de Março de 1922 em Lisboa e terminou a 17 de Junho, quando o hidroavião “Fairey3” chegou ao Rio de Janeiro, no Brasil.

 

 

A dupla precisou de três meses e de três aviões diferentes para superar sucessivos contratempos técnicos e de ordem meteorológica, ao longo das 4.500 milhas marítimas. No final, o tempo de voo foi de “apenas” 62 horas no ar. Coloca em perspetiva as 17 horas do atual voo comercial mais longo do mundo, anunciado ontem, precisamente.

 

 

A importância da travessia de 1922 não foi, todavia, meramente simbólica. O êxito da dupla de aviadores provou que era possível realizar voos de grande distância com precisão, utilizando um novo tipo de sextante inventado por Gago Coutinho (o sextante de horizonte artificial). Nas décadas seguintes, este instrumento de navegação viria a revelar-se indispensável ao desenvolvimento da tecnologia e indústria aeronáutica.

 

Em Lisboa, junto à Torre de Belém, é possível ver um monumento da autoria dos arquitectos Martins Bairrada e Leopoldo Soares Branco e do escultor Domingos Soares Branco. Inaugurado em 1991, trata-se de uma réplica exacta em inox de um dos hidroaviões que fez a viagem, o Santa Cruz.

 

 

Não foi só em Lisboa que a viagem deixou marcas. Em Cabo Verde, por exemplo, uma das etapas técnicas da viagem, a baía do Mindelo ficou mesmo conhecida como a “avenida dos aviadores”, tal foi a importância dada ao feito.

 

 

Em São Vicente, Gago Coutinho e Sacadura Cabral permaneceram mais de dez dias, em reparações do hidroavião “Lusitânia”. A etapa seguinte foi curta, até à Praia, ilha de Santiago, e aconteceu em 17 de abril, com 315 quilómetros percorridos em pouco mais de duas horas. Pouco mais do dobro do tempo das ligações aéreas atuais, praticamente cem anos depois.

 

 

“O avião esteve cá, aportou nesta zona, e ainda tentaram ir a Santo Antão [ilha vizinha de São Vicente]. Foram de barco analisar e chegaram à conclusão que não. Foram para a Praia”, recordou Carlos Monteiro que, aos 65 anos, já reformado, se tornou num entusiasta desta aventura. A mesma que conheceu pela primeira vez, na escola, sem então lhe passar pela cabeça que estaria na organização do centenário da viagem, quase seis décadas depois.

 

“Não imaginava. De facto, na escola, estudei, como todos nós, e na altura já achava um feito interessante, um feito único, que acabou por levar Cabo Verde à história, ao pontapé de saída da aviação. E agora estou cá, deste lado, abraçando este projeto”, brincou.

 

O 99.º aniversário da chegada dos aviadores ao Mindelo já foi assinalado na cidade em 05 de abril – e na Praia em 17 de abril – com a colocação de uma coroa de flores com as cores das bandeiras dos quatro países ligados pela viagem (Portugal, Espanha, Cabo Verde e Brasil) junto ao padrão na baía.

 

 

Contudo, foi apenas o “pontapé de saída” para a preparação das comemorações do centenário, em abril de 2022.

 

 

“Estamos a congregar esforços para fazer algo conjunto, Portugal e Cabo Verde, logicamente envolvendo as Canárias, Espanha, e o Brasil (…) Em Cabo Verde queremos envolver a população, a ideia é desenvolver várias atividades, essencialmente ao nível do mar, dos desportos náuticos, alguns espetáculos e cultura”, explicou Carlos Monteiro, que foi diretor de aviação na vertente de abastecimento, pelo que sempre se teve o “bichinho” dos aviões.

 

 

No arquipélago, o programa das comemorações do centenário, no Mindelo e na Praia, foi batizado de “Cabo Verde: Os caminhos da História” e tem três vertentes: Educação, cultura e cidadania, envolvendo entidades públicas e privadas locais, incluindo conferências internacionais a dinamizar conjuntamente com as universidades cabo-verdianas.

 

Os dois aviadores deixaram a ilha de Santiago em 18 de abril de 1922 para a o troço mais longo da viagem. Levaram 11 horas e 21 minutos para percorrer os 1.682 quilómetros até amarar no arquipélago de São Pedro e São Paulo, um conjunto de pequenos ilhéus rochosos do estado brasileiro de Pernambuco, mas ainda a quase 1.000 quilómetros da costa continental.

 

 

Ali trocaram para o Fairey N.º 16, batizado de “Pátria”, mas este sofreu uma avaria no motor em 04 de maio, na viagem a caminho do arquipélago de Fernão de Noronha, e os aviadores foram forçados a amarar de emergência.

 

 

Já no terceiro hidroavião, o Fairey N.º 17, batizado “Santa Cruz”, Gago Coutinho e Sacadura Cabral chegaram ao Rio de Janeiro em 17 de junho de 1922, o destino final.

 

 

“Teve grande impacto não só em termos de Portugal, mas também no mundo e logicamente em Cabo Verde (…) Acabou por nos introduzir no seio da aviação civil, teve uma grande importância para Cabo Verde”, reconheceu Carlos Monteiro.

 

 

A moeda posta em circulação pela Casa da Moeda custa 9,50€, numa edição comemorativa com 7.500 exemplares.

 

 

 

 

TPT com: MadreMedia/Lusa//Casa da Moeda//SapoViagens/Lusa// 15 de Junho de 2022

 

 

 

 

 

 

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