O município de Montalegre cria plano de contingência para este verão devido à seca

Montalegre está a delinear um plano de contingência perante o cenário de seca no concelho, onde o nível baixo da albufeira do Alto Rabagão cancelou eventos de natação e canoagem, mas criou um areal que atrai banhistas.

 

 

“Não temos nenhuma situação de falta de água, mas o nosso maior receio é que, com o aumento da população no mês de agosto, com a vinda dos estudantes e emigrantes, possamos começar a ter, de facto, alguma dificuldade de abastecimento”, afirmou hoje à agência Lusa o vice-presidente da Câmara de Montalegre, David Teixeira.

 

 

Por isso, acrescentou, o município está a trabalhar num plano de contingência para “resolver com qualidade aquilo que serão as dificuldades naturais de um ano invulgar como este”.

 

 

“A preocupação maior é sensibilizar as pessoas de que têm que alterar hábitos”, salientou.

 

 

E exemplificou que é preciso deixar de regar a horta com a água da torneira e, nas aldeias, onde há o hábito de ter sempre a água a correr nas fontes e bebedouros, estes têm de ser controlados.

 

 

Para o plano de contingência, que deverá ser implementado em julho, está a ser feito um levantamento das fontes de abastecimento de água, como as nascentes que “estão a diminuir substancialmente o caudal”.

 

 

Incluirá também, segundo David Teixeira, um “plano de abastecimento de água potável” para que, quando surgirem as dificuldades, haja uma “resposta validada” pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).

 

 

Parte do concelho é abastecido pela barragem do Alto Rabagão, localmente conhecida como Pisões, onde o nível da água desceu à volta de 30 metros e está com cerca de 20% da sua capacidade de armazenamento.

 

 

“Continuamos a fazer o apelo a que a EDP não ceda à tentação de produzir energia. Pela informação que temos não tem produzido”, referiu David Teixeira.

 

 

Esta foi uma das barragens abrangidas pela decisão do Governo de suspender a produção hidroelétrica, uma medida que ajudou a manter o nível da albufeira.

 

 

O baixo nível de água na albufeira levou já, segundo David Teixeira, à suspensão de eventos desportivos que estavam previstos para o mês de setembro, a nível natação e da canoagem, mas deixou a descoberto “um vasto areal”.

 

 

“A redução da água da barragem abre aqui uma possibilidade também de usufruto das áreas mais planas e dos areais durante os meses mais quentes, para que a população local e os turistas possam desfrutar desta albufeira”, referiu.

 

 

David Teixeira disse que tem sido “grande” o número de visitantes, principalmente aos fins de semana, perspetivando, no entanto, um aumento no período de férias que coincidirá com a última quinzena de julho e agosto.

 

 

“Vamos esperar que, durante o verão, os aviões de combate aos incêndios, continuem a encontrar condições nesta barragem para fazerem o reabastecimento de água”, observou também.

 

 

Devido à chuva que tem caído nos últimos dias, o número de incêndios verificados neste concelho do Norte do distrito de Vila Real, reduziu.

 

 

É uma chuva sem impacto no enchimento da barragem, mas que tem ajudado no crescimento do pasto que serve de alimento para os animais, bovinos ou caprinos, que têm uma grande importância económica no concelho.

 

 

Segundo previsões oficiais, 34% de Portugal continental está em seca severa e 66% em seca extrema.

 

 

Dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera indicam que este ano é o mais seco de que há registo (desde 1931) e que só o ano de 2005 se aproximou da situação atual, pelo que a seca meteorológica e agrometeorológica “obrigam a tomar medidas”.

 

 

 

Camiões vão transportar água para barragem que abastece Carrazeda de Ansiães

 

 

 

Também o presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães, João Gonçalves, comunicou que, a partir de julho, camiões-cisterna vão transportar água de outras fontes para a barragem que abastece a população deste concelho do distrito de Bragança.

 

A barragem de Fontelonga está com 30% da capacidade, menos de metade do volume habitual nesta altura do ano, segundo disse à Lusa o autarca, especificando que a água que existe “dá até outubro”.

 

 

O município está a trabalhar o plano de contingência que contempla, entre outras medidas, a outras fontes, nomeadamente o rio Tua, para transportar água em camiões-cisterna para a barragem.

 

 

O concelho de Carrazeda de Ansiães e todo o distrito de Bragança fazem parte das regiões que se encontram em “seca extrema”, segundo divulgou hoje o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

 

 

O presidente da Câmara disse que estão já a ser trabalhadas medidas, também com a empresa Águas de Carrazeda para que não falte água, no verão, à população.

 

 

Estas medidas fazem parte de um plano de contingência que contempla a sensibilização da população para a poupança e bom uso da água e a possibilidade de penalizar quem cometa abusos.

 

 

A Câmara Municipal já começou a adotar medidas como a rega de jardins com fontes alternativas e o encerramento dos balneários das piscinas municipais descobertas.

 

 

O autarca disse à Lusa que não tem conhecimento de que o mesmo cenário esteja a acontecer as aldeias do concelho que são abastecidas por outras reservas, nem a nível agrícola, embora os relatos confirmem que os níveis da água existente são também mais baixos do que o habitual.

 

Como se sabe o Governo anunciou recentemente que vai lançar a partir de julho campanhas de promoção do uso eficiente da água, dirigidas a todos os tipos de consumidores, com reuniões mensais de acompanhamento da situação até final de setembro.

 

 

 

TPT com: MadreMedia//Lusa// Sapo24// José Coelho/Lusa//  22 de Junho de 2022

 

 

 

 

 

 

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