10/02/2015
A chegada dos conquistadores espanhóis à América do Sul, no século XVI, provocou a destruição do império Inca e despoletou o aumento dos níveis de poluição atmosférica a um ponto apenas superado no século XX.
De acordo com um estudo da Universidade do Ohio, nos Estados Unidos, o gelo dos glaciares do Querlccaya, no Peru, demonstra a existência de uma grande variedade de elementos entre os anos de 793 e 1989, incluindo chumbo, bismuto e arsénico. Esta recolha foi feita para registar a história da indústria mineira e metalúrgica da América do Sul.
Estes elementos podem ser emitidos para a atmosfera durante a extracção de vários metais. Para verificar os dados do núcleo de gelo, os investigadores da Universidade de Ohio, liderados por Paolo Gabrielli, comparam-no com outros registos ambientais, tais como turfas recolhidas na Tierra del Fuego e neve da região de Coats Land, na Antárctida.
Os níveis destes elementos eram pequenos antes da ascensão do Império Inca, em meados do século XIII – havia algumas excepções, poucas, mas os investigadores atribuíram-nas às erupções vulcânicas do Andes.
Em 1480, de acordo com os registos do gelo, ocorreu a primeira alteração humana – um aumento dos níveis de bismuto. Nessa altura, os Incas estavam a expandir-se e começaram a utilizar depósitos de bismuto para produzir um novo tipo de liga de bronze – muitos destes artefactos foram encontrados em Machu Picchu.
Mas foi o final do Império Inca que trouxe o maior aumento da poluição atmosférica até à revolução industrial: após a conquista espanhola, em 1533, os níveis de crómio, molibdénio, antimónio e chumbo aumentaram bastante, provavelmente devido aos esforços espanhóis de procura por metais na região. A prata, por exemplo, foi extraída de um mineral chamado argentiferous galena, que também continha chumbo, e o processo de refinamento emitia pó metálico.
Os depósitos de metal cresceram até aos 1700 e permaneceram consistentes até 1830, quando começaram a decair. Durante as revoluções sul-americanas, os independentistas e os monárquicos destruíram maquinarias e infra-estruturas.
De acordo com o estudo, que foi publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, o começo da revolução industrial ditou um novo aumento na poluição atmosférica.
Foto: Miguel Vera León / Creative Commons
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