FMI diz que Angola não precisa de assistência financeira apesar da crise do petróleo

21/02/2015

 

 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) não vê necessidade de um apoio financeiro a Angola, devido à quebra na cotação do barril do petróleo, mas adverte que, para ultrapassar as dificuldades, é necessária uma distribuição dos sacrifícios.

 
A posição foi assumida pelo chefe da missão de assistência técnica do FMI a Angola, Ricardo Velloso, na conclusão de uma semana de reuniões de trabalho com o executivo angolano, no âmbito da supervisão financeira do país.

 

 

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Questionado pela Lusa, após a reunião final de hoje com vários membros do Governo, no Ministério das Finanças, o economista brasileiro afirmou que um apoio financeiro do FMI a Angola, como aconteceu depois da crise petrolífera de 2009, não foi abordada desta vez.

 
“Angola é um país muito importante para o FMI e, neste momento, o apoio, através deste diálogo e através do nosso programa de assistência técnica, está tendo efeitos muito positivos no país e não vemos, no momento, necessidade de um apoio financeiro”, disse.

 
Em menos de um ano, trata-se da quarta visita de técnicos do FMI a Angola, desta vez para preparar a consulta anual no âmbito do artigo IV do Acordo Constitutivo com aquele organismo internacional, a realizar no início do segundo semestre de 2015.

 

 

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Esta visita decorre em pleno processo de revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) angolano para este ano, motivado pela forte quebra na cotação internacional do barril de petróleo. O documento, que é votado na Assembleia Nacional, na generalidade, na quarta-feira, corta mais de 25 por cento da despesa corrente e revê a cotação prevista da exportação do barril de petróleo de 81 para 40 dólares.

 
“As nossas impressões são de que Angola vai realmente passar por um ano difícil e é preciso que todos os angolanos contribuam para o ajuste fiscal que está sendo feito. É muito importante para que isso dê certo. O Governo tomou medidas importantes nesse sentido”, assumiu o chefe da missão do FMI.

 
Referindo-se à revisão do OGE, Ricardo Velloso admitiu tratar-se de um documento “duro”, mas “positivo”.

 
“Infelizmente são as medidas necessárias”, apontou.

 
Sobre a nova estimativa do barril de petróleo – utilizada para calcular as receitas fiscais potenciais -, que está abaixo da cotação internacional atual (próxima dos 60 dólares por barril), Velloso disse tratar-se de uma “medida acertada”, dada a “volatilidade” do mercado.

 

 

Garantindo que Angola “tem um futuro brilhante à sua frente”, o chefe desta delegação do FMI apontou a necessidade da “melhoria do clima de negócios” no país e a conclusão dos investimentos nas infraestruturas do país, para que estes se tornem reprodutivos na economia.

 

 
A visita desta delegação a Angola, agora concluída, envolveu reuniões de trabalho para preparação das recomendações sobre a situação económica do país, na perspetiva do FMI, entre as quais o fim dos subsídios aos combustíveis, que em 2014 custaram três mil milhões de euros de dinheiros públicos.

 
“Era um gasto muito elevado que o país tinha e com benefícios muito mal distribuídos. Que beneficiava mais as camadas mais ricas da população”, disse, a propósito, o economista do FMI, perspetivando uma “redução muito forte” destes apoios do Estado, que servem para manter os preços dos combustíveis artificialmente baixos.

 

 
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, tendo o crude garantido 76% das receitas fiscais de 2013 e 98% do total das exportações.

 

 

Lusa

 

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