Com um Produto Interno Bruto (PIB) ‘per capita’ de 66 928 euros em 2013, Macau bateu a Suíça, num “ranking” liderado pelo Luxemburgo, Noruega e Qatar.
Apesar de os dados do Banco Mundial, citados hoje pelo Financial Times, diferirem dos publicados pelos Serviços de Estatística Censos de Macau – que fixa o PIB ‘per capita’ em 63 947 euros -, Macau ultrapassaria ainda assim a Suíça, cuja riqueza ‘per capita’ foi estimada em 58 982 euros.
Em 2012, Macau figurava no sexto posto da lista do Banco Mundial, a seguir às Bermudas e à Suíça. O crescimento da economia de Macau, com subidas a dois dígitos, tem sido impulsionado pelo cada vez maior fluxo de turistas oriundos do interior da China, também principal ‘fonte’ de jogadores dos atuais 35 casinos do território, cujo PIB ‘per capita’ registou um aumento de 7,4% face a 2012.
O setor do jogo em Macau encerrou 2013 com receitas brutas totais de 32 897 milhões de euros, ou seja, sete vezes mais do que Las Vegas, ano em que o pequeno território, com uma população estimada em 614 500 habitantes, recebeu aproximadamente 30 milhões de turistas.
Macau é uma Região Administrativa Especial da República Popular da China e o único local do país onde o jogo em casino é legal.
Embora com uma taxa de desemprego de 1,7% – um dos níveis mais baixo de sempre -, Macau tem manifestado a sua intenção de partilhar a riqueza, por via de mais diversos subsídios e de outras comparticipações pecuniárias, como da fatura da eletricidade, distribuindo, além disso, dinheiro pela população, independentemente dos rendimentos, numa medida lançada a título provisório, em 2008, mas que tem vindo a ser implementada numa base anual, havendo apenas uma diferença no valor atribuído relativamente aos residentes permanentes e aos não permanentes (que vivem há menos de sete anos no território).
Contudo, e não obstante os mais diversos apoios, seja para a criação do primeiro negócio ou de incentivo à formação contínua, nem toda a população tem a perceção de que realmente está a colher os frutos da riqueza. A falta de habitação pública, por exemplo, é tema recorrente nomeadamente na Assembleia Legislativa.
Segundo as previsões de analistas, a economia de Macau – que continua fortemente dependente do jogo não obstante o desejo de a diversificar – continuará a registar um firme crescimento, uma vez que no Cotai – zona de casinos entre as ilhas da Taipa e de Coloane – estão a ser construídos mais complexos com espaços de jogo.
Com as novas ou alargadas redes ferroviárias nas províncias vizinhas e a abertura, prevista para 2017, da ponte Macau-Zhuhai-Hong Kong, que será a mais extensa do mundo, a encurtar distâncias, as perspetivas são ainda mais animadoras, de acordo com analistas que também estão de olhos postos no desenvolvimento da vizinha Ilha da Montanha, com o triplo da área de Macau, considerada como a terceira área estratégica da China no âmbito da sua política de reforma e abertura, depois de Pudong, em Xangai, e Binhai, em Tianjin.
Mas, em paralelo, pairam no ar sinais apontando para um abrandamento, após as receitas dos casinos terem caído em junho, pela primeira vez em cinco anos, em termos anuais homólogos.
A descida (de 3,7%) foi atribuída à polémica em torno do controlo do uso dos cartões da Union Pay – o maior operador chinês – após a descoberta de transações ilegais, por via de um esquema que permite ultrapassar o limite de 20.000 yuan por dia (2.350 euros) que os visitantes da China continental podem transportar para a Região Administrativa Especial Macau, uma quantia considerada pequena para as apostas que se fazem nos casinos locais.
As informações de um maior controlo ao uso dos terminais da Union Pay levou, inclusive, a quedas nas acções das operadoras de jogo de Macau cotadas na Bolsa de Hong Kong, mas, de acordo com analistas, é difícil prever a evolução nos próximos meses.
Isto porque os analistas incluem no conjunto de fatores que poderão ter potenciado o recuo das receitas o Mundial 2014, considerando que as apostas em jogos de futebol desviaram as atenções dos jogadores, bem como ao abrandamento da economia na China e até à campanha anti-corrupção do Presidente chinês, Xi Jinping.
Lusa – 02/03/2015