Desde o final de fevereiro que os militantes do Estado Islâmico já destruíram pelo menos cinco monumentos históricos, no norte do Iraque. Alguns eram património mundial da Humanidade para a UNESCO.
Tudo germinou no extremismo e cedo irrompeu pelo lado da violência. O Estado Islâmico (EI) filmou decapitações e execuções, recrutou novos membros vindos um pouco de todo o mundo e foi reclamando territórios a norte da Síria e do Iraque. Pelo meio, milhares de vidas foram sendo perdidas, mas nem só pelas perdas humanas se conta a violência que tem sido perpetuada pelo grupo radical islâmico — também a herança cultural da humanidade tem sido dizimada pelas investidas do EI.
As miras do grupo extremista islâmico começaram a apontar-se para monumentos históricos no final de fevereiro, quando irromperam pela biblioteca pública de Mosul, cidade no norte do Iraque, controlada pelo EI desde junho de 2014, e queimaram milhares de livros — entre os quais manuscritos que constavam na lista de raridades da UNESCO.
Desde então que não têm parado os atentados contra locais considerados património mundial da Humanidade pela Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas. O mais recente aconteceu no domingo, 8 de março, às ruínas de Dur Sharrukin, no que hoje é a cidade de Jorsabad, também no Iraque. Eis a lista dos ataques a património cultural já efetuados pelo Estado Islâmico.
• A 25 de fevereiro, em Mosul, elementos do EI entraram na biblioteca pública da cidade iraquiana e começaram a queimar livros. Estima-se que 8 mil foram destruídos pelo fogo, entre os quais vários manuscritos que constavam na lista de raridades da UNESCO. Relatos de cidadãos revelaram ainda que milhares de livros foram depois acumulados em carrinhas e transportados pelos extremistas para local incerto.
• No dia seguinte foi noticiado que, também em Mosul, o Estado Islâmico forçou a entrada no museu da cidade. No interior acabou por destruir várias estátuas milenares, com origem entre os séculos VII e VIII a.C. Os extremistas empurraram as estátuas, fazendo-as tombar para o chão, para depois as partirem em pedaços com ferramentas, reduzindo até algumas a pó.
• A 6 de março foi a vez de Nimroud, a 60 quilómetros de Mosul, onde várias ruínas e vestígios arqueológicos da Assíria (um antigo reino, que aproximadamente entre 2500 e 600 a.C. existiu na antiga Mesopotâmia, no que hoje é o norte do Iraque) foram destruídos por bulldozers.
• Um dia depois a destruição chegou a Hatra, onde o Estado Islâmico utilizou bombas de gás para destruir ruínas com mais de 2 mil anos, consideradas património mundial da Humanidade pela UNESCO.
• A 8 de março, no domingo, aconteceu o mais recente episódio desta limpeza cultural: no que hoje é a cidade de Jorsabad, os militantes do EI destruíram os vestígios de Dur Sharrukin, que servira de capital da Assíria durante parte do século VIII a.C.
09/03/2015 – Observador
KARIM SAHIB/AFP/Getty Images
Autor: Diogo Pombo – Observador