Cinco tesouros culturais e as tragédias que os destruiram

Hung-li, o sexto imperador da dinastia chinesa Qing

 
Quer tenha sido por força das circunstâncias ou pela ação do homem, são vários os tesouros culturais que foram destruídos e cuja existência chega mesmo a ser lendária.

 

 

Durante a Segunda Guerra Mundial, as forças alemãs foram responsáveis pela destruição de inúmeras obras de arte. Esta não foi, porém, a primeira vez que algo do género aconteceu. Ao longo dos séculos (e até milénios), foram vários os tesouros culturais que foram desaparecendo — uns por culpa do homem, outros por culpa das forças da natureza — e cuja existência chega mesmo a ser lendária.
A Listverse fez uma lista de dez tragédias que causaram a perda de importantes tesouros históricos, na qual incluiu a destruição dos códices maias e o terramoto em Lisboa de 1755. O Observador selecionou quatro e acrescentou ainda o incêndio da biblioteca de Alexandria, uma das maiores perdas culturais da antiguidade. Fique a conhecê-las:

 
A censura literária do imperador Hung-li

 
Hung-li foi o sexto imperador da dinastia Qing (1644-1912), a última dinastia imperial da China. Durante o seu governo, Hung-li levou estabeleceu uma inquisição literária, de modo a garantir que todos os livros que o criticavam a ele ou a sua família eram banidos. Apesar de a censura literária ter sido uma presença mais ou menos constante durante o império chinês, as medidas tomadas por Hung-li foram particularmente duras. Durante os 61 anos em que governou a china, Hung-li foi responsável pela destruição de milhares de livros e pela morte de dezenas de pessoas.

 
Um homem em particular, Wang Hsi-hou, foi acusado de ter escrito um texto que criticava o avô do imperador. Wang Hsi-hou foi condenado à morte e a sua família, os seus filhos e os seus avós, vendidos como escravos.

 
O incêndio do palácio de Lauso

 
Lauso era um eunuco e camareiro da corte de Teodósio II, imperador do império romano do oriente. Conhecido por adquirir uma grande coleção peças de arte, diz-se que o seu enorme palácio continha algumas das obras mais importantes do mundo antigo. De acordo com um historiador do século VI, Lauso tinha em sua posse a estátua da Afrodite de Cnido, uma das mais famosas criações do escultor ático Praxíteles, que ficou conhecida pela sua grande beleza.

 
Para além disso, o palácio de Lauco guardava uma das obras de arte mais lendárias da antiguidade — a estátua de 13 metros de Zeus que se encontrava em Olímpia, na Grécia, considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo. Mas, infelizmente, as obras de Lauso perderam-se quando um grande incêndio destruiu o palácio..

 

 
A destruição da biblioteca de Alexandria

 
Fundada na cidade de Alexandria, capital do antigo Egito, a biblioteca de Alexandria é considerada uma das maiores e mais importantes bibliotecas do mundo antigo. Construída em honra das nove musas, patronas das artes, atingiu o seu apogeu durante a dinastia ptolemaica, a última dinastia de faraós do Egito. A biblioteca albergava alguns dos mais importantes textos da antiguidade, que incluíam manuscritos originais de autores como Ésquilo, Sófocles e Eurípides, os três grandes dramaturgos gregos. A sua destruição no século III a.C. constitui uma das maiores perdas culturais de toda a antiguidade.
Vários autores, como Plutarco, referem que a biblioteca foi destruída por um grande incêndio, causado por Júlio César. Porém, é possível que o edifício tenha sido alvo de vários ataques, que progressivamente causaram a completa destruição da biblioteca.

 
A queima dos códices maias

 
Diego de Landa, um missionário espanhol do século XVI encarregado de levar a fé cristã ao povo maia, acreditava que a melhor forma de converter o povo sul-americano era através da destruição da sua própria cultura. Durante o tempo que passou na América do Sul, Landa foi responsável pela destruição de centenas de manuscritos, obras de arte e ícones religiosos. Para além disso, mandou queimar os códices maias, uma importante fonte de informação sobre as práticas e rituais do povo sul-americano, e dos quais apenas sobreviveram três.

 

 
O terramoto de Lisboa de 1755

 
Em novembro de 1755, a cidade de Lisboa foi atingida por um violento terramoto. Acompanhado por um maremoto e por um devastador incêndio que, de acordo com algumas fontes, lavrou durante dias, o terramoto provocou a destruição de grande parte da cidade. A zona da Baixa foi a mais atingida e especula-se que a maioria das igrejas e conventos tenham sido destruídos, como é o caso do convento do Carmo, do qual apenas sobraram algumas ruínas. Alguns dos edifícios mais importantes da cidade, como a câmara municipal e o palácio real, sofreram também com a força do terramoto.

 
O palácio do marquês de Louriçal foi também fortemente atingido. No seu interior, encontravam-se cerca de 18 mil livros e mil manuscritos, que incluíam importantes documentos históricos. Calcula-se que entre dez e trinta mil pessoas tenham perdido a vida como consequência do terramoto de 1755.

 

 

15/1/2015

 

Foto: Wikimedia Commons

Autor: Rita Cipriano

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