Paulo Rangel. Críticas a Portugal e Espanha mostram Grécia à procura de ‘desculpas’ para falhar

O eurodeputado do PSD diz à Renascença que as críticas de Tsipras a Portugal e Espanha “são já uma espécie de desculpas antecipadas” para o caso de a Grécia não cumprir o acordo com a UE.

 

 

 

Há uma “estratégia de vitimização” em curso por parte do primeiro-ministro grego Alexis Tsipras. É o que diz à Renascença o eurodeputado do PSD Paulo Rangel, que considera que o líder do Syriza não devia ter criticado Portugal e Espanha.

 

 

 

Alexis Tsipras fez este sábado um discurso partidário no qual acusou Portugal e Espanha de liderarem um grupo de países que pretendeu minar as negociações do Eurogrupo sobre o programa de financiamento à Grécia. O objectivo ibérico, denunciou Tsipras, era derrubar o novo governo grego.

 

 

 

Paulo Rangel admite que as declarações de Tsipras e as posições do Syriza “são já uma espécie de desculpas antecipadas” e de “justificações” para o caso de a Grécia não querer ou conseguir cumprir o acordo alcançado no Eurogrupo.

 
“Receio que este tipo de declarações mais provocatórias tenha como principal desígnio tentar encontrar justificações para não cumprir o acordo”, reforça. “Faz parte das forças populistas, radicais e nacionalistas este tipo de retórica.

 

 

 

Há claramente uma tentativa de vitimização. Receio que isto seja o princípio dessa estratégia”.

 

 

 

Para o deputado, o importante agora é que a Grécia cumpra o acordo alcançado pelo Eurogrupo – cenário que encara com cepticismo.

 

 

 
Contra o pingue-pongue, mas sem calar

 

 

O social-democrata considera “muito negativo que o governo grego comece a individualizar, a lançar acusações a Estados ou a governos. Não está na tradição da União Europeia e mina a confiança mútua. É muito negativo”.

 

 
“A melhor forma de responder a este tipo de provocação, que é feita por razões de política interna e de política doméstica, é não dar relevância e não entrar neste tipo de pingue-pongue”. Porque “isso é o que os partidos populistas e nacionalistas, que é o caso do Syriza, pretendem. É minar a confiança europeia”.

 
O eurodeputado e também vice-presidente do Partido Popular Europeu concorda com o protesto dos governos ibéricos junto da Comissão Europeia. “Tem de haver um registo diplomático de que os Estados português e espanhol não fizeram aquilo de que se lhes acusa”, aponta.

 
Portugal e Espanha “em nada foram um obstáculo” ao acordo com a Grécia no Eurogrupo, acrescenta. “Tem de haver uma reacção, ainda que minimalista”, até para que não fique a ideia de que “quem cala consente”.

 

 
Foto: Lusa
02-03-2015 19:47 por Vasco Gandra, em Bruxelas
2/3/2015 / Renascença

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