Nova versão da morte do General Humberto Delgado

O General Humberto Delgado (à esq.) e o Capitão Henrique Galvão a bordo do paquete “Santa Maria” – que havia sido sequestrado pelo segundo em sinal de protesto contra o regime salazarista, em 22 de Janeiro 1961 numa tentativa de provocar uma crise política contra o regime de Salazar. Eram membros da Direcção Revolucionária Ibérica de Libertação, grupo que assumiria a responsabilidade pelo assalto.

 

 

Biografia sustenta espancamento.

 

 

Humberto Delgado foi espancado até à morte e não morto a tiro como se tem sustentado até agora, defende Frederico Delgado Rosa na primeira biografia do general, que será lançada a 7 de Maio na Assembleia da República.

 

 
‘Humberto Delgado – Biografia do General Sem Medo’ é o título do livro, um trabalho de sete anos de Frederico Delgado Rosa, neto do general.

 
‘A maneira como foi assassinado não fui eu que a inventei’, afirmou à Lusa o autor, que disse basear-se na autópsia feita pelas autoridades franquistas apontando ‘sucessivas contusões cranianas’ como a causa da morte de Humberto Delgado.

 

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Comício de Humberto Delgado, candidato à Presidência da República, no Palácio de Cristal, Porto, 1958.

 
A morte do general que desafiou Salazar ao garantir que o demitiria da chefia do Governo caso fosse eleito nas presidenciais de 1958 ocorreu a 13 de Fevereiro de 1963 perto da localidade espanhola de Villanueva del Fresno.

 
Segundo o autor, a ideia de que Delgado foi morto a tiro pela PIDE ‘foi uma mentira conveniente que permitiu ilibar muita gente’.

 
Depois do 25 de Abril, a justiça portuguesa começou a trabalhar no caso sem ter acesso ao processo espanhol, apontou Frederico Delgado.

 
‘O processo criminal ficou viciado à partida e quando chegaram tardiamente elementos do processo espanhol já estava construído um dogma em relação ao ‘como’ do crime’, disse o investigador, acrescentando que para isso contribuiram depoimentos dos próprios elementos da PIDE que foram detidos.

 

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Uma multidão recebe Humberto Delgado na Praça de Carlos Alberto, no Porto, em 1958.

 
A versão de que Humberto Delgado fora morto a tiro – ‘um tiro é rápido e repentino’ – permitiu que Casimiro Monteiro fosse o único elemento da brigada da PIDE envolvida neste caso a ser condenado, à revelia, e todos os outros ilibados (incluindo o chefe da brigada Rosa Casaco), acrescentou.

 
Esta é uma das revelações desta obra, que vai da infância de Humberto Delgado no Ribatejo à cilada de Badajoz.

 

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O livro, editado pela Esfera dos Livros, tem mais de 1300 páginas.

 
Frederico Delgado Rosa, filho de Iva Delgado, nasceu em Lisboa em 1969. É doutorado em Etnologia e nos últimos anos tem-se dedicado à investigação da carreira militar e política do avô.

 

 

Foto: Global Imagens
Lusa

 

19/04/2008

 

 

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