Henry Paulson
O antigo secretário de Estado norte-americano das Finanças Henry Paulson, que conduziu os Estados Unidos durante a recente crise financeira, considera que Washington devia ter garantido um lugar de observador no Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII).
Numa entrevista concedida à estação de televisão da agência Bloomberg, o antigo administrador da Goldman Sachs considerou que os Estados Unidos deviam ter tido um papel mais interventivo e admitiu que “não foi o melhor momento” do governo liderado por Barack Obama.
Apesar de sublinhar que concorda com muitas coisas que o Governo de Obama fez, Paulson defendeu que os EUA deviam, em vez de recusar fazer parte do banco e influenciar outros países a não aderirem, nomeadamente os parceiros ocidentais, procurar garantir o estatuto de observador “para defender padrões de funcionamento mais elevados” quando a instituição iniciar os trabalhos.
Na entrevista, Paulson também comentou as declarações de Larry Summers, que também teve o cargo equivalente a ministro das Finanças na Europa, segundo as quais “o último mês pode ser lembrado como o momento em que os Estados Unidos perderam o seu papel enquanto garante do sistema económico global”.
Na resposta, Paulson foi direto: “Isso são tretas”, exclamou o antigo governante, argumentando que ver a criação do banco como um momento fulcral no declínio económico norte-americano por oposição a uma predominância da China é “um grande exagero”.
A criação do Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas foi recebida com ceticismo por parte dos Estados Unidos, tendo sido visto como um desafio à ordem financeira internacional e uma espécie de concorrente do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, as tradicionais instituições de apoio financeiro ocidentais.
O BAII terá sede em Pequim e foi anunciado aí pela primeira vez em outubro, numa proposta subscrita por 21 países. O BAII “é uma iniciativa aberta à participação de todos os países” e irá “promover a complementaridade e coordenação com outras instituições financeiras multinacionais como o Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) e o Banco Mundial”, disse então o Presidente chinês, Xi Jinping.
Em meados de março, o Reino Unido anunciou a sua adesão ao BAII e, a seguir, Alemanha, França, Itália, Espanha, Suíça e Noruega e outros países europeus fizeram o mesmo, a que se juntaram também Austrália, Brasil, Egipto, Nova Zelândia e Rússia, para além de Portugal, que integra o grupo de países fundadores do novo banco.
Foto: YM YIK/EPA
Lusa
19/04/2015