O mistério do istmo do Panamá

Julgava-se que o canal tinha três milhões de anos. Afinal, tem 13 milhões e não foi essencial para a migração dos animais entre o norte e o sul americano.

 

 

Para os cientistas, o istmo do Panamá – a ponte de terra banhada por água de dois lados e que liga o norte ao sul da América – tinha um papel essencial para explicar a evolução do clima na Terra e para as migrações. Agora, uma equipa de investigadores colombianos diz que pode não ser bem assim. É o que noticia a BBC.

 

 

A teoria que vigorava era a de que esta faixa de terra se tinha formado há três milhões de anos, com o movimento das placas tectónicas da América do Sul e da América do Norte. Esse fenómeno permitiu o Grande Intercâmbio Americano – o fenómeno em que alguns animais migraram entre continentes. Esta hipótese era suportada pelo facto de ter ocorrido por essa altura o primeiro ciclo glaciar da era atual, explicando a divisão entre Mar do Caribe e o Oceano Pacífico.

 

 

Mas as evidências geológicas por trás desta teoria não eram tão claras quanto as oceanográficas. Nos primeiros estudos mais conclusivos sobre a formação do istmo, os cientistas analisaram os foramíferos, animais de pequena dimensão que desenvolvem uma concha que pode ser encontrada em rochas sedimentares. Pensava-se que os foramíferos deviam ter emergido há três milhões de anos, durante a formação do istmo.

 

 

No entanto, o estudo conduzido pelo Professor Camilo Montes da Universidade dos Andes em 2012, chegou a resultados diferentes. Quando analisaram as rochas que continham sedimentos dessas conchas, descobriram que esse seres tinham emergido no período de tempo compreendido entre os 12 e os 40 milhões de anos. Esta foi a primeira conclusão que refutava a teoria em vigor. E tornou-se mais consistente quando os investigadores decidiram estudar a idade das rochas do istmo e se depararam com muitas que tinham entre 40 e 65 milhões de anos.

 

 

 

Em busca de mais provas, os cientistas foram analisar amostras dos leitos dos rios no noroeste da Colômbia, na fronteira com o Panamá. Descobriram que os leitos, que tinham entre 13 e 15 milhões de anos, continham rochas sedimentares vindas do Panamá. Ou seja, encontraram-se provas suficientes para afirmar que, afinal, a faixa de terra é dez milhões de anos mais antiga do que se julgava até agora. E sendo assim, o aparecimento dessa ponte de terra não tinha sido essencial para as migrações dos mamíferos.

 

 
Mas levanta-se outra questão: se o istmo já existia há tanto tempo, porque é que os animais esperaram 10 milhões de anos para migrarem? O que aconteceu há três milhões de anos para motivar os mamíferos a moverem-se apenas nessa altura?

 

 

 

 

 

 

 

Imagem: Mapas Google

 
OBSERVADOR

 

21/04/2015

 

 

 

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