África tem “grandes responsabilidades” no “drama” que se vive no mar Mediterrâneo, com os milhares de africanos que procuram a Europa para melhorar a sua qualidade de vida, admitiu hoje o primeiro-ministro cabo-verdiano.
Segundo José Maria Neves, haverá sempre a necessidade de se intensificar o diálogo entre os dois continentes, mas os governantes africanos têm de combater as causas pelas quais milhares de africanos acabam também por morrer afogados a atravessar, em barcos sem condições e apinhados, o Mediterrâneo.
“África tem grandes responsabilidades. Para resolvermos o problema precisamos de um intenso diálogo entre os países africanos e a Europa. Mas temos de combater as causas. Este facto de os africanos estarem a afogar-se no mediterrâneo deve interpelar todos os africanos, todos os governantes, dirigentes e as forças vivas de África”, disse.
O chefe do executivo cabo-verdiano falava no final da abertura do simpósio “África e Desenvolvimento Sustentável”, um “think-tank” sobre o continente, promovido pela União Internacional Cristã de Dirigentes de Empresas (UNIAPAC), associação que reúne a nível mundial mais de 30.000 associações de empresários e gestores cristãos.
A situação trágica no Mediterrâneo, com a morte de 800 imigrantes no passado dia 19, levou os líderes da União Europeia (UE) a adotarem, quinta-feira, medidas de combate ao tráfico de imigrantes ilegais ainda em terra.
Entre as decisões saídas do Conselho Europeu figura a destruição das embarcações antes de os contrabandistas as poderem utilizar, o aumento da cooperação contra redes de contrabando, através da Europol e colocando agentes de imigração em países terceiros, e aumentar para 120 milhões de euros o orçamento da missão “Tritão”, para operações de patrulhamento e salvamento no Mediterrâneo.
O tema dos fluxos migratórios vai regressar à agenda da cimeira europeia a realizar em junho.
A reunião de Bruxelas surgiu depois de várias associações e líderes políticos terem apelado ao combate a nível europeu contra as “criminosas” redes de tráfico de imigrantes.
Só no ano passado, vários milhares de pessoas morreram a tentar chegar à Europa através do Mediterrâneo, naquela que as Nações Unidas descreveram como uma das rotas mais perigosas do mundo.
Cerca de 170 mil pessoas chegaram a Itália em 2014, depois de resgatadas pela marinha, guarda costeira ou navios mercantes.
JSD (MBA) // MAG
Agência Lusa
11/05/2015