O Ministério Público do Brasil abriu um procedimento preliminar para investigar se o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva está envolvido em casos de tráfico de influências no Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES).
O procedimento, chamado de “notícia de facto”, foi aberto pela procuradora Mirela Aguiar com base em acusações divulgadas por revistas brasileiras de que o ex-Presidente supostamente atuou para induzir o banco a investir em obras internacionais da construtora Odebrecht, inclusivamente em Angola, noticiou o jornal O Globo.
O Ministério Público Federal, a partir desse procedimento, irá decidir se abre ou não um inquérito para investigar Lula da Silva.
A revista Época divulgou, na sexta-feira, que o ex-Presidente fez viagens entre 2011 e 2014, financiadas pela construtora Odebrecht, para países como Angola, Cuba, Gana e República Dominicana. A empresa recebeu financiamentos de 1.600 milhões de dólares (1.428,50 milhões de euros) após viagens de Lula da Silva, já após o fim de seu mandato, segundo a publicação.
A Odebrecht, questionada pela revista, negou as acusações. O Instituto Lula divulgou, em nota, que as atividades do ex-Presidente no estrangeiro visam, sobretudo, a cooperação com o desenvolvimento em África e com a integração da América Latina.
“Luiz Inácio Lula da Silva recebe com frequência dezenas de convites para explicar o êxito económico e social do seu governo e opinar sobre temas regionais e globais”, diz a nota, que acrescenta que os convites tanto de entidades populares e empresariais como de governos e órgãos de imprensa.
Ainda de acordo com o Instituto, todas as viagens de Lula da Silva foram divulgadas para a imprensa na sua página na Internet, “mesmo sem ele ter obrigação de fazê-lo, por não ocupar cargo público desde janeiro de 2011″.
“No caso de atividades profissionais, palestras promovidas por empresas nacionais ou estrangeiras, o ex-Presidente é remunerado, como outros ex-Presidentes que fazem palestras”, diz a nota, que realça que as atividades de Lula da Silva contratadas pelas empresas se resumem às conferências, e não a outro tipo de prestação de serviços.
Agência Lusa
12/05/2015