A Câmara dos Representantes norte-americana aprovou terça-feira um orçamento que suspende a redução na base das Lajes até ficar provado que a infraestrutura não tem condições para acolher um novo complexo planeado para o Reino Unido.
O documento, que determina o orçamento dos serviços de informação dos EUA, teve forte oposição democrata, mas foi aprovado com os votos da maioria republicana. Para ser tornado lei, o documento precisa ainda de ser aprovado pelo Senado e ser ratificado pelo Presidente dos EUA, Barack Obama.
Este orçamento inclui uma alínea, introduzida pelo congressista luso-descendente Devin Nunes, que proíbe a construção do novo complexo e suspende a retirada norte-americana da base das Lajes até ficar provado que base açoriana não pode acolher este novo centro dos serviços de informação projetado para o Reino Unido.
Esta semana, Devin Nunes, que preside ao comité dos Serviços de Informação da Câmara dos Representantes, explicou os motivos da proposta.
“A Câmara dos Representantes já disse, de forma clara, que a base das Lajes deve ser reaproveitada. É alarmante que o Departamento de Defesa queira levar os contribuintes numa viagem louca, gastando centenas de milhões de dólares a construir em outros locais infraestruturas que já existem nas Lajes”, disse Devin Nunes.
O novo complexo está orçamentado em 317 milhões de dólares (cerca de 281 milhões de euros) e seria construído na Base de Croughton, em Inglaterra. Ao reunir várias agências e organismos dos serviços de informação dos EUA, seria o maior complexo deste género fora do território norte-americano.
“Este decreto é uma ferramenta fundamental para apoiar os esforços da nossa nação para enfrentar os desafios de hoje, ao mesmo tempo que dirige a comunidade dos serviços de informação para investimentos futuros estratégicos”, declarou Devin Nunes.
Mesmo que o orçamento passe no Senado, pode ainda ser vetado pelo Presidente Obama. “Se esta proposta fosse assim apresentada ao Presidente, os seus conselheiros seniores recomendar-lhe-iam que a vetasse”, adiantou a Casa Branca no domingo passado.
Vasco Cordeiro cauteloso
“São iniciativas que ainda estão numa fase muito inicial do processo”, reagiu o presidente do Governo regional dos Açores em Washington, depois de o congresso norte-americano ter aprovado a proposta. “É preciso não esquecer que [estas iniciativas] ainda não foram votadas no Senado e que ainda precisam passar pelo presidente Obama. Desse ponto de vista, apesar de reconhecer a sua importância, acho que devemos aguardar”, acrescentou.
Vasco Cordeiro mostrou-se, no entanto, satisfeito com a forma como o processo decorre nos órgãos legislativos norte-americanos. “São iniciativas que correspondem aquilo que sempre consideramos importante, que tem a ver com a valorização da importância estratégica da ilha Terceira em particular e dos Açores em geral”, disse.
O presidente açoriano esteve ontem em Washington para participar numa reunião extraordinária da Comissão Bilateral Permanente entre Portugal e EUA sobre as Lajes, que considerou muito positiva. “Foi um dia inteiro. Foram dados passos importantes, quer em termos de forma quer em termos de substância”, disse Vasco Cordeiro, à saída do encontro que durou mais de oito horas.
AFP/TPT/17/72015