Duarte Cordeiro (ao centro na foto), atual vice-presidente da Câmara de Lisboa e que foi diretor de campanha de Manuel Alegre para as Presidenciais de 2011, substitui Ascenso Simões na campanha do Partido Socialista para as legislativas.
A informação foi avançada pelo PS este domingo, minutos depois do anúncio do pedido de demissão de Ascenso Simões. Duarte Cordeiro será substituído na CML até ao final da campanha.
Duarte Cordeiro é um dos que se têm denominado como “jovens turcos” do PS, um grupo de militantes de uma nova geração que se tem imposto como influente nas estruturas do partido. Ex-deputado, Duarte Cordeiro integrou a última lista de candidatos do PS à autarquia da capital, substituindo Fernando Medina como vice-presidente depois da saída de Costa para a liderança do partido.
É visto como pragmático, ambicioso – e já tem experiência na coordenação do aparelho: é líder da concelhia do PS/ Lisboa, foi líder da JS e foi diretor de campanha da última eleição de Costa em Lisboa. Já Ascenso, é um dirigente dos velhos tempos da influência de Costa – mais precisamente, do tempo de António Guterres, quando chegou ao Governo como seu secretário de Estado.
A subida de Duarte Cordeiro, em substituição de Ascenso Simões, está a ser – sabe o Observador – bem recebida por muitos militantes, descontentes com a forma como estava a decorrer a campanha socialista. Os casos mais difíceis das últimas semanas envolvendo a campanha deoutdoors foi determinante, aliás, para a saída de Ascenso.
Começou com um que virava uma página em direção à esperança (criticado pela imagem), passou por um cartaz em que uma mulher dizia estar desempregada há cinco anos (desde o tempo de Sócrates, portanto) e terminou com a denúncia de que os jovens desses últimos cartazes trabalhavam na Junta de Arroios, não tinham as histórias que lá se contavam e nem deram autorização para utilização da sua imagem –como noticiou o Observador em primeira mão na sexta-feira.
Uma demissão (ainda) mal contada
Curiosamente, na noite de sábado, horas antes de anunciar a sua demissão, Ascenso Simões não dava sinais de que iria sair da coordenação da campanha.
Na sua página no Facebook, lembrava que, quando chegou ao Ministério da Administração Interna em 2005, estava descontrolada a situação dos incêndios. E fazia um paralelo com os dias de hoje, onde também era preciso enfrentar os desafios de cabeça erguida. Na caixa de comentários, Ascenso respondia a um socialista que lhe dizia que estava destinado a missões difíceis – e dizia que “se não fosse difícil”, não seria para ele.
Este domingo de manhã, porém, na mensagem seguinte, Ascenso fez um novo texto apresentando a sua demissão e explicando que “quem é responsável por uma máquina deve assumir todas as falhas que ela demonstra, deve tirar ilações de tudo o que, publicamente, se reconhece como erro.”
Recorde-se que, quando o Observador contactou o PS para comentar a última polémica dos cartazes, a resposta oficial era de naturalidade – dizendo que nos cartazes estavam modelos e não casos reais. Só passado algumas horas o PS emitiu um comunicado pedindo desculpa e dizendo que ia investigar o que se tinha passado.
Liliana Valente/OBS/9/8/2015