Aeroporto de Lisboa muda de nome em homenagem a Humberto Delgado

O Governo decidiu no dia 11 de Fevereiro, que o aeroporto de Lisboa vai passar a chamar-se Humberto Delgado, a partir de 15 de Maio, altura em que se comemora o aniversário do nascimento do militar. O Governo adoptou assim a proposta da Câmara Municipal de Lisboa de conferir a designação de Aeroporto Humberto Delgado ao Aeroporto da Portela, aprovada por unanimidade a 11 de Fevereiro de 2015, quando o actual primeiro-ministro, António Costa, liderava a autarquia.

 

 

Em conferência de imprensa, após o Conselho de Ministros, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, explicou que o Governo decidiu, a dois dias da data em que se assinalam os 51 anos sobre o seu assassinato, baptizar o aeroporto com o nome do general.

 

 

“Foi uma figura maior da oposição ao regime da ditadura (…) e teve um papel muito relevante na área da aviação civil”, declarou, realçando que foi Humberto Delgado que presidiu à fundação da TAP e que “por isso é muito justa esta atribuição do nome ao aeroporto”.

 

 

Este ano assinalam-se os 110 anos do nascimento do “General sem Medo”, homem disciplinado e disciplinador que, pelo seu peso político na história de Portugal, é geralmente esquecido como sendo um dos principais impulsionadores da aeronáutica civil portuguesa. Humberto Delgado era militar quase desde que era gente, entrando para o Colégio Militar com dez anos – e o rigor que exigia de si próprio e das suas missões foi o que lhe permitiu chegar onde chegou nas Forças Armadas do regime, depois na aeronáutica civil, e mais tarde na dissidência política.

 

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Fundou os Transportes Aéreos Portugueses (TAP) em 1945 e um ano depois inaugurava a Linha Aérea Imperial, que ligava Lisboa, Luanda e Lourenço Marques. O general viu-se a braços com a tarefa de aplicar uma metamorfose “civil” aos pilotos recrutados de urgência na Aeronáutica Militar e na Aeronáutica Naval para servirem nos Transportes Aéreos Portugueses.

 

 

Devido à sua proximidade com as democracias inglesa e americana, em meados da década de 50 começou a rejeitar alguns aspectos do regime. Mas é em 1958, como candidato presidencial, que conseguiu juntar a oposição antifascista em Portugal, na altura desorganizada e dispersa.

 

 

A ideia de muitos opositores foi a de eleger um dissidente que não estivesse claramente conotado com os movimentos de resistência. O mote da campanha do general surgiu, espontaneamente, numa conferência de imprensa quando um jornalista lhe perguntou qual seria o destino que daria a Salazar, se fosse eleito: “Obviamente, demito-o!”.

 

 

Foram a ousadia, a formação militar e o sentido de honra que permitiram ao General Humberto Delgado a sua ascensão dentro do regime – e foram as mesmas características que o consolidaram como candidato aceite por todos os espectros da oposição ao salazarismo. A mobilização da população portuguesa que apoiava a sua candidatura foi massiva. Tal foi o abanão provocado nos alicerces da ditadura pela sua acção política que a PIDE o assassinou em Espanha, em 1965. Mas o seu legado perdura.

 

 

José António Cerejo/Zita Moura/PUB/15 de Fevereiro de 2016

 

 

 

 

 

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