Charles Michel, primeiro-ministro belga, confirmou que deteve Salah Abdeslam, o principal suspeito dos atentados de Paris. A detenção aconteceu durante uma operação policial em Molenbeek, Bruxelas.
Salah Abdeslam, que era o terrorista mais procurado pelas autoridades desde 13 de novembro, dia em que os ataques na capital francesa causaram a morte a 130 pessoas, foi encontrado no bairro de Molenbeek, nos arredores de Bruxelas, fruto de uma operação realizada pela polícia belga. “Apanhámo-lo”, confirmou Theo Francken, secretário de Estado do Asilo e da Migração do país, citado pela agência Reuters.
Pouco depois das 19h30, em conferência de imprensa, Charles Michel, primeiro-ministro belga, confirmou a detenção de Salah Abdeslam e de outros dois suspeitos. “É um sucesso extremamente importante na luta contra o terrorismo e na luta pela democracia”, sublinhou. François Hollande, presidente francês, sentado ao lado do líder belga, também falou: “Apesar de esta detenção ser um marco, não representa o final das investigações. Certamente haverá mais detenções, pois sabemos que a rede é alargada e se estende pela França, Bélgica e Holanda”.
O Chefe de Estado gaulês disse ainda que não vai requerer a extradição de Salah Abdeslam para França, argumentando que essa função compete ao Ministério Público francês. Hollande não se pronunciou sobre a hipótese de o principal suspeito dos ataques a Paris ter sido transportado para um hospital.
Esta operação policial envolveu quatro suspeitos:
- Salah Abdeslam, a quem as autoridades atribuem um papel fulcral no planeamento dos atentados de 13 de novembro, em Paris, foi detido. O cidadão francês, nascido em Bruxelas, foi atingido na perna por um disparo durante a ação da polícia.
- Soufyane Kayal, que o L’Écho, um jornal belga, descreve como “comparsa” de Mohamed Bakaïd, homem que, na terça-feira, foi morto pelas autoridades em outro tiroteio, também ocorrido na zona de Molenbeek, quando as autoridades entraram num apartamento que julgavam estar vazio. Também foi detido.
- Um terceiro suspeito que, durante várias horas, esteve em fuga, foi capturado pelas autoridades.
- Um quarto suspeito terá sido morto durante a ação policial.
Ao final desta tarde foi conhecido que Salah Abdeslam já terá um advogado para o representar. A informação foi noticiada pela RTL, que ouviu Sven Mary, o jurista belga que, em janeiro, se mostrara disponível para defender o suspeito francês de origem belga. “Pessoas muito próximas de Salah Abdeslam contactaram-me e perguntaram-me se aceitava representá-lo. Confirmei-lhes que aceitaria se ele quiser que eu intervenha”, explicou o advogado à estação de rádio belga.
A operação da polícia belga já terminou. A ação terá começado por volta das 17 horas de Portugal Continental (mais uma hora em Bruxelas). Perto das 18h10, ouviram-se várias explosões no local onde o terrorista foi detido.
A ação policial terá envolvido quase uma dezena de disparos na Rue des Quatre Vents, no bairro de Molenbeek. Algumas granadas também terão sido utilizadas. Três suspeitos foram detidos.
A ação policial decorreu muito perto do edifício onde as autoridades acreditavam que Salah Abdeslam estava escondido desde perto de 13 de novembro, dia em que decorreram os atentados em Paris, que causaram a morte a 130 pessoas.
Esta operação decorreu quase à mesma altura em que o Ministério Público belga revelou que tinham sido encontradas impressões digitais de Salah Abdeslam, na terça-feira. Nesse dia, em Forest, outra operação policial deixou quatro agentes feridos, quando as autoridades entraram num apartamento que julgavam estar vazio. Essa ação realizou-se com o objetivo de procurar impressões digitais ou traços de ADN que ajudassem a investigação aos atentados de Paris a obter mais informações sobre o paradeiro de Salah Abdeslam.
Tal como acontecera na terça-feira, uma escola em Molenbeek, perto do prédio onde decorreu a operação, foi encerrada com cerca de 20 crianças no interior, por se encontrar abrangido pelo perímetro de segurança definido pelas autoridades.
O último fugitivo foi apanhado
Salah Abdeslam tem 26 anos e, apesar de ter nascido na Bélgica, tem nacionalidade francesa. O terrorista terá fugido de Paris para território belga de carro, horas depois dos atentados na capital francesa, suspeitam as autoridades. A investigação acredita que Abdeslam terá intervindo diretamente no ataque que levou três homens, munidos com explosivos a detonarem-se perto do Stade de France, no bairro de Saint-Denis, em Paris.
Antes da detenção do homem a quem a investigação reconheceu um papel fulcral na logística dos atentados, as autoridades já tinham matado quatro suspeitos que participaram nos ataques a Paris, segundo o L’Écho — Abdelhamid Abaaoud, Brahim Abdeslam (irmão de Salah), Chakib Akrouh e Bilal Hadfi.
França vai pedir extradição de Salah Abdeslam
Charles Michel confirmou a detenção de Salah Abdeslam, um dos principais responsáveis pelos atentados de Paris. Outros dois suspeitos foram detidos. Hollande confiante com extradição do suspeito.
O primeiro-ministro belga, Charles Michel, confirmou esta sexta-feira, numa conferência de imprensa conjunta com Fraçois Hollande, presidente francês, a detenção de Salah Abdeslam, um dos principais responsáveis pelos atentados de Paris, que continuava em fuga. Quanto a François Hollande, o Presidente francês anunciou que vai mesmo pedir a extradição do suspeito.
“Detivemos Salah Abdeslam”, assegurou o belga, antes de´revelar que foram ainda detidos outros dois suspeitos na operação policial que teve lugar ao início da tarde no bairro belga de Molenbeek, há muito considerado um ninho de terroristas.
O líder do Executivo belga sublinhou a importância desta operação conjunta de forças de segurança, polícia, investigadores e serviços secretos. Uma investigação que, reiterou Charles Michel, traz “resultados extremamente significativos na luta contra o terrorismo, na luta pela democracia e na luta contra esta forma abominável de obscurantismo”.
“Foram feitas mais de 100 buscas” e detidas 58 pessoas nas operações antiterroristas conduzidas nos últimos meses, revelou o belga.
Ao lado François Hollande, Presidente francês, agradeceu o empenho de todos as forças de investigação envolvidas, lembrou as vítimas e os familiares dos atentados de Paris, mas lembrou: “Estamos conscientes de que esta detenção não é o último passo. Vão acontecer mais detenções porque nós sabemos que a rede [de terrorismo] é muito mais alargada.”
O líder francês aproveitou a conferência de imprensa para anunciar que vai convocar o Conselho de Defesa no sábado de manhã. “Temos de continuar”, reiterou. Hollande disse ainda estar “confiante” de que a Bélgica vai aceitar a extradição de Salah Abdeslam. “As autoridades belgas responderão da forma mais favorável e rápida possível.”
Entretanto, tanto Charles Michel como a Presidência francesa revelaram nas respetivas redes sociais que Barack Obama ligou aos chefes de Governo e de Estado da Bélgica e da França para os felicitar pela operação conduzida esta sexta-feira e pelo êxito na sua “luta conjunta contra o terrorismo”.
Este é o advogado que vai defender o terrorista Salah Abdeslam
É oficial: o advogado belga Sven Mary vai defender em tribunal o único autor do atentado de Paris que escapou à polícia e que foi capturado esta tarde em Molenbeek.
Sven Mary foi contactado por conhecidos de Salah Abdeslam para defender em tribunal o terrorista envolvido nos ataques de Paris. A informação foi confirmada pelo próprio a vários meios de comunicação social, nomeadamente à agência de notícias Belga. “Depois da operação policial desta sexta-feira, perguntaram-me se estava disposto a defender Salah Abdeslam”, disse o advogado aos media belgas, avançando que iria responder ao convite em breve. E respondeu que sim.
Sven Mary sublinhou que nunca esteve em contacto com o terrorista, o único fugitivo dos atentados de Paris onde morreram 130 pessoas. “Tenho estado em contacto com pessoas próximas a Salah Abdeslam, mas nunca falei com ele”, esclarece o advogado. Sven Mary acrescenta que tem interesse em conhecer Abdeslam: “Quero falar pessoalmente com ele porque deve sempre ter-se algum tipo de contacto com aqueles que defendemos. Deve haver uma confiança mútua. Veremos nos próximos dias”.
Em meados de 2012, Sven Mary – conhecido dos belgas pelas entrevistas controversas – defendeu em tribunal o porta-voz do grupo “Sharia4Belgium”, uma organização salafista radical sediada na Bélgica que defendia a conversão do país numa nação islamita. Fouad Belkacem, cliente de Sven Mary há três anos, é um homem belga de origem marroquina e era suspeito de “incitar ao ódio e à violência contra um grupo de pessoas por causa das suas crenças”, isto é, contra os não-muçulmanos. Em 2015, os “Sharia4Belgium” foram considerados uma organização terrorista pelo tribunal e o cliente de Sven Mary foi condenado a 12 anos de prisão.
Reuters/AFP/TPT/OBS/ 19 de Março de 2016