Sindicatos não fazem greve?

23/12/2014

 

A greve é um direito há muito tempo conquistado por todos os trabalhadores. O trabalho é um direito há muito tempo negligenciado por alguns trabalhadores. O trabalho apenas é um dever para os desempregados. Esta é a sociedade que temos.

 

Existe actualmente uma grande confusão entre Direitos e Deveres dos trabalhadores. Para isto contribui fortemente a falta de valores cívicos que caracteriza a nossa sociedade. Muitos insistem em considerar os direitos de alguns trabalhadores como sendo mais importantes que os direitos de outros.

 

Alguns insistem que o direito à greve é mais importante que o direito ao trabalho.

 

A generalização e consequente banalização de greves por tudo e por nada, utilizada como arma de arremesso em todo e qualquer processo de negociação retiram poder negocial aos trabalhadores. A greve devia ser uma arma de último recurso, utilizada para fazer pressão negocial, e não um fim em si mesmo. E nunca um objectivo.

 

A utilidade da greve ao serviço dos trabalhadores é maximizada sempre que se consegue evitar. Quando a greve tem que ser cumprida é porque não foi bem utilizada e por isso nunca é bem sucedida.

 

A ameaça de greve é muito mais eficaz que a greve em si.
O cumprimento de qualquer greve leva necessariamente ao extremar de posições e nenhum acordo justo se atinge depois disso. A banalização da greve retirou aos trabalhadores a sua principal arma que funcionou durante anos de aquisição de direitos. Até agora.

 

A incompetência dos sindicatos e dos líderes sindicais em defender os reais interesses dos trabalhadores só é ultrapassada pelas suas aspirações políticas. Essas sim que justificam a utilização das greves e dos próprios trabalhadores como catapulta dos seus objectivos corporativos e pessoais.

 

O direito à greve não é mais importante que o direito ao trabalho.

 

A sociedade já não percebe os reais objectivos e justificações de tantas greves, por tanto tempo, sempre nas piores alturas do ano/mês/semana para prejudicar o maior número possível de clientes e utilizadores.
Clientes e utilizadores que tentam fazer cumprir o seu direito ao trabalho sem que apareçam grupos de sindicalistas para defendê-los. A si e aos seus direitos. Talvez porque os sindicatos não consideram a sua causa de direito ao trabalho tão nobre como o direito à greve. Ou porque tem menos exposição política.

 

Os direitos de alguém acabam onde os direitos de outrem começam. Tal como a liberdade.

 

Raras são as greves que actualmente são apoiadas pela sociedade e pelos trabalhadores que por elas são prejudicados no seu dia-a-dia de trabalho. Ao contrário do que acontecia no passado. Falta de solidariedade dos grevistas para com quem prejudicam, paga-se com falta de solidariedade para com os motivos da greve.

 

Seria bom termos um Natal e um Fim de Ano sem greves, numa altura já de si difícil pelo acumular de trabalho com as responsabilidades familiares de providenciar umas festas felizes aos seus, muitas vezes com esforço financeiro e pessoal.

 

Mas parece que só os sindicatos é que não fazem greve. Infelizmente para quem trabalha.

 

Paulo Barradas, Gestor

 

 

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