Pela primeira vez o restaurante Allegro em Newark recebeu uma das bandas portuguesas mais conceituadas ( Xutos & Pontapés), cujos elementos mostraram regozijo pela grande adesão de fãs que têm nos Estados Unidos e especialmente na Região Metropolitana de New York.
Numa sala cheia, os elementos da banda portuguesa após passeio guiado por New York e New Jersey, degustaram uma apurada selecção de “petiscos” que a equipa da cozinha do “Allegro” propõe, no restaurante, com sabores do mediterrâneo ou da cozinha tradicional portuguesa, acompanhada pela oferta de uma carta elaborada com muitos bons vinhos portugueses e sobremesas deliciosas.
Os elementos da banda “Xutos & Pontapés”usufruiram também das experiências de bem-estar e do ambiente informal e descontraído, que o restaurante “Allegro” oferece aos seus clientes, onde não falta uma seleção musical criteriosa da autoria do DJ Miguel Casimiro, que ama a sua profissão e recebe o reconhecimento do público pelo seu trabalho.
O objectivo da vinda dos “Xutos & Pontapés” aos Estados Unidos deveu-se, como sabem, ao facto de terem agendado, para o passado dia 9 de Abril, um concerto no Robert Treat Hotel em Newark, mas que devido a terem enfrentado alguns constrangimentos para a sua actuação em Newark por parte dos Serviços de Imigração norte-americanos, levou ao adiamento da data da sua actuação, para decepção de muitos dos seus fãs que residem neste país.
Comentando este assunto, “uma fonte” dos Serviços de Imigração dos Estados Unidos fez questão de referir ao “The Portugal Times” que, “em primeiro lugar, é importante que se saiba que o governo dos Estados Unidos encoraja os artistas profissionais portugueses a actuarem nos EUA. Contudo, é importante que eles e os seus agentes conheçam os procedimentos apropriados a fim de evitarem problemas com os Serviços de Imigração neste país”, referiu.
Como é sabido (ou devia ser), os cidadãos portugueses não necessitam de visto para viajar para os EUA. Mas se for artista profissional ou membro de um grupo de entretenimento profissional que aqui venha actuar, necessitará de um visto especial (mesmo que já possua um visto de turista “B1/B2” válido).
Diz ainda a lei de vistos dos EUA que, “membro do grupo de entretenimento profissional” não abrange unicamente artistas (tais como actores de palco e cinema, músicos, cantores, dançarinos); é também extensivo às pessoas que apoiam os artistas (pessoal do som, make-up dos artistas e membros do grupo).
Segundo informação que nos foi cedida pelos Serviços de Imigração dos Estados Unidos, “para se actuar profissionalmente nos EUA o seu potencial empregador ou agente deve entregar um formulário I-129, “Petition for Nonimmigrant Worker”, no “U.S. Citizenship and Immigration Services” do “Departament of Homeland Security”.
Neste contexto, é extremamente importante que o potencial empregador dê entrada da sua petição no serviço acima mencionado, o mais urgente possível a fim de haver tempo suficiente para o processamento da sua petição e do seu visto. Convêm ainda notar que o formulário I- 129 deverá ser submetido ao USCIS o mais tardar, seis meses antes da data prevista para a sua actuação nos EUA.
Logo que a petição for aprovada, o USCIS enviará o formulário I-797 “Notice of Approval” ao empregador ou ao agente. Nota: A aprovação da petição não garante que o visto seja emitido.
Assim, um plano de viagem feito tardiamente causa transtornos às pessoas que pretendem actuar nos EUA porque este tipo de visto requer que uma petição seja aprovada pelos Serviços de Imigração antes da emissão do visto na Embaixada dos EUA.
Apesar da tristeza de os não ver actuar conforme estava previsto, Paulo Marralheiro, proprietário do restaurante Allegro, partilha do sentimento de todos os fãs e faz votos para que os “Xutos & Pontapés” regressem o mais brevemente possível a Newark, no estado de New Jersey, para realizarem o tão esperado espectáculo, comemorativo dos seus 37 anos de carreira musical ao vivo.
O concerto vai ter lugar no salão nobre do Robert Treat Hotel, em Newark e mesmo depois deste contra-tempo, espera-se uma significativa homenagem à carreira dos rockeiros portugueses, onde segundo a organização do evento, o público vai ter a oportunidade de exultar com os temas emblemáticos da banda.
Com 37 anos de carreira os Xutos são o emblema do que significa rock & roll em português, por portugueses, para portugueses. Verdadeiros “animais de palco”, vivem para a festa dos concertos cimentando a ligação com um público sempre presente à chamada, de braços cruzados em X.
Tim, Zé Pedro, Kalú, João Cabeleira e Gui continuam a arrastar consigo uma legião de fãs e o concerto em Newark, não será excepção.
Trinta e sete anos de Xutos & Pontapés significam música e letras de fundo que fazem cruzar e entrecruzar várias gerações, unidas na mesma apreciação do seu talento, da sua vitalidade criativa e irreverente.
Os Xutos & Pontapés, desde que actuaram pela primeira vez ao vivo, a 13 de Janeiro de 1979, nos Alunos de Apolo, em Lisboa, são autores de êxitos de rock em português como “Homem do Leme”, “Contentores”, “Não Sou o Único”, “À Minha Maneira“, “Chuva Dissolvente”, “Barcos Negros”, “Gritos Mudos”, “Pr’a Ti Maria”, “Circo de Feras”, “Na América”, “Puro” e a versão do tema “A Minha Casinha”.
Assim, impossível será não ouvir os Xutos & Pontapés com um sorriso no rosto, impossível não saber a letra dos grandes êxitos e concordar que são intemporais. Com o seu estilo musical, esta banda já é um marco na história da música portuguesa.
Em entrevista ao “The Portugal Times”, Zé Pedro comenta o percurso de 37 anos dos “Xutos & Pontapés” e fala-nos do último álbum, “Puro”, que continua entre os primeiros lugares do top português.
À pergunta “37 anos ao vivo, em Portugal não se torna cansativo? Às vezes não estão fartos dos Xutos & Pontapés?”
Zé Pedro: “Se calhar já houve alturas em que todos nós estivemos fartos dos Xutos & Pontapés. Agora, acho que arranjámos uma maneira muito saudável de estarmos juntos, quer seja a fazer e a gravar canções, a tocar no palco, a viajar, ou, simplesmente, em convívio”.
TPT: Com tantos discos lançados, tem como destacar algum álbum ou música?
Zé Pedro: Um dos meus álbuns preferidos dos Xutos é o chamado Xutos&Pontapés, editado em 2009. A música que mais identifica os Xutos acho que é “Remar Remar”, editado em 1985, pois fala da força que temos que ter para alcançar os nossos sonhos.
TPT: Continuam a celebrar estes 37 anos de carreira com último trabalho, “Puro”. Quer dizer que o Xutos estão mais refinados com a idade?
Zé Pedro: Quer dizer isso e quer dizer que é um disco puro de Xutos, com o nosso som e com a nossa maneira de tocar. Foi o Tim que escolheu o nome e acho que é perfeito. Para mim, este é um dos grandes discos da carreira dos Xutos & Pontapés.
TPT- Há mais crítica social e política neste disco do que é costume nos álbuns dos Xutos?
Zé Pedro: Acho que não. O que acho é que as pessoas estão mais atentas aos sinais que nos rodeiam. – Os Xutos sempre souberam ultrapassar os maus momentos ao longo destes 37 anos.
TPT – O que é que poderia ditar o fim da banda?
Zé Pedro: Não sei. Acho que só um motivo muito forte de saúde é que poderia determinar o fim dos Xutos.
TPT – Veriam a viabilidade de prosseguir sem qualquer um dos cinco elementos?
Zé Pedro: Isso não me parece possível. A única substituição que aconteceu foi quando fiz o transplante do fígado e ainda assim foi pouco tempo.
TPT – Olhando para trás, valeu a pena?
Zé Pedro: Ui! (risos) Não trocávamos isto por nada deste Mundo.
TPT: Com uma trajetória de sucesso e uma carreira sólida. Como vê o futuro da banda?
Zé Pedro: O futuro está sempre a surpreender quando estamos abertos ao que ele tem para nos dar.
TPT: E aos jovens luso americanos, querem dedicar-lhes algumas palavras?
Zé Pedro: A juventude hoje em dia tem um futuro bastante complicado pela frente e então tem de estar muito bem preparada e alerta. Eu aconselho-os a aprender cada vez mais, a consumir cultura e que se mantenham afastados de intrigas, corrupções e dos caminhos demasiado fáceis.
Xutos & Pontapés, significa 37 anos de carreira e de sucessos, a reinar nos palcos portugueses e a marcar o rock. Com mais de 18 álbuns editados, os Xutos são uma banda que continua a arrastar multidões e a provocar a euforia do público. Os concertos e as digressões pelo País marcam o sucesso da carreira do grupo, com legiões de fãs a aplaudirem músicas e letras que se tornaram uma herança da história da nossa música e que são hoje verdadeiros hinos.
JM/The Portugal Times 12 de Abril de 2016