Hillary Clinton (democratas) e Donald Trump (republicanos) são os vencedores das eleições primárias no estado de Nova Iorque que decorreram esta terça-feira nos Estados Unidos.
A projeção das estação de televisão MSNBC poucas horas após o fecho das urnas (início da madrugada em Lisboa) apontavam para, no campo dos democratas, uma vitória da ex-senadora com cerca de 60% sobre o seu adversário Bernie Sanders, que se fica pelos 35%.
Para Clinton é um resultado que ganha importância por interromper uma série de três vitórias consecutivas.
Do lado republicano, voltou a refletir-se a vantagem de Donald Trump sobre os seus rivais, com a CNN a prever que conquistará 68,6% dos votos. Ted Cruz, o segundo classificado e principal adversário, não passará dos 13,6%, abaixo de John Kasich, governador do Ohio (obterá 17,8%).
Trump e Clinton lideram em Nova Iorque, Sanders promete luta
“Se ganharmos em Nova Iorque, vamos chegar à Casa Branca.” A declaração não pertence nem à líder da corrida democrata, Hillary Clinton, nem ao líder da corrida republicana, Donald Trump, que estão à frente nas intenções de voto para as primárias do estado de Nova Iorque, esta terça-feira.
A declaração foi proferida por Bernie Sanders, o senador pelo Vermont nascido e criado em Brooklyn que, nas últimas semanas, ganhou em sete dos oito estados que levaram a cabo primárias democratas, num inesperado golpe à vitória pré-anunciada de Clinton.
A ex-secretária de Estado que foi senadora por Nova Iorque sempre acreditou que a vitória desta noite estava garantida e os inquéritos de opinião sempre apontaram que seria mesmo ela a chamar a si a maioria dos 291 delegados democratas em disputa.
Se assim for, irá cimentar a liderança da corrida e ficar um passo mais perto da nomeação do partido na convenção de julho. Mas se esta corrida presidencial tem provado alguma coisa é que há sempre espaço para novas surpresas e uma vitória inesperada de Sanders, apesar de mantê-lo atrás da rival em número de delegados, galvanizaria a sua campanha e abriria a fase mais renhida da corrida democrata.
O mesmo se passa do lado republicano com o incendiário Donald Trump, nascido em Nova Iorque, onde criou o império de imobiliário e hóteis que fez dele um multimilionário. Só que no caso do populista, uma derrota inesperada terá um sabor mais amargo do que para Clinton, afastando-o ainda mais do mínimo necessário de 1237 delegados para garantir a nomeação republicana.
Esta terça-feira, Trump disputou com o senador Ted Cruz e com o governador do Ohio, John Kasich, 95 dos 769 delegados que ainda estão por atribuir até à convenção nacional de julho. Neste momento, Trump conta com 743, contra 543 para Cruz e 144 para Kasich (para além dos 171 que tinham sido escolhidos para apoiar o candidato Marco Rubio, que desistiu da corrida, e que ainda não foram redistribuídos).
Se, ao contrário do que previam as sondagens, Trump não vencesse, seria possível que a 26 de abril, na próxima etapa da corrida à nomeação do partido, perderia de vez todas as esperanças em disputar a Casa Branca pelo Partido Republicano.
Nesse dia, vão a votos os estados do Connecticut, Delaware, Maryland, Pensilvânia e Rhode Island — estando em disputa um total de 172 delegados republicanos (os 16 de Delaware serão atribuídos ao primeiro classificado e os 109 de Maryland e Pensilvânia quase todos a quem sair a ganhar nesses estados). Do lado democrata haverá 462 delegados a serem disputados entre Clinton e Sanders.
Entre o magnata, a senadora ou o socialista com sotaque, quem teve a melhor noite em Nova Iorque?
Em Manhattan, é difícil não reparar nos imponentes edifícios de Donald Trump, alguns até com o seu apelido disposto em letras douradas à porta. Ali perto, com uma ponte pelo meio, está Brooklyn, o borough [subúrbio] onde Bernie Sanders nasceu e cresceu, numa altura em que os afro-americanos lá ainda eram poucos, os hipsters ainda nem sequer tinham sido inventados e em que a maior parte da população ainda era composta por imigrantes e operários. E foi para o estado de Nova Iorque que os Clinton se mudaram depois de Bill sair da Casa Branca acossado por um escândalo sexual — e, pouco depois, dando início ao projeto de poder da sua mulher, Hillary, que foi senadora por aquele estado entre 2001 e 2009.
Cada um à sua maneira, Trump, Hillary e Bernie jogam em casa nas eleições primárias no estado de Nova Iorque, nesta terça-feira. No Partido Republicano, disputam-se 95 delegados (de um total nacional de 2 472) , sendo que quem tiver mais de 50% dos votos pode ficar com (quase) todos. No Partido Democrata, disputam-se 291 delegados (entre 4 765 no plano nacional). Tanto de um lado, como do outro, Nova Iorque pode ser um estado crucial. Desde que os democratas começaram a realizar primárias neste estado, em 1972, o vencedor em Nova Iorque ganhou mais tarde a nomeação do partido 67% das vezes. E, do lado dos republicanos, desde 1976, ganhar em Nova Iorque tem sido sempresinónimo de vencer a nomeação do partido.
Trump pode ter maioria absoluta contra Cruz, o candidato anti-Nova-Iorque
Ainda assim, olhando para as sondagens, há algumas coisas que parecem claras como água — nalguns casos, bem mais clara do que a água do poluído rio Hudson, que banha o estado de Nova Iorque em quase toda a sua extensão.
O mais evidente é que esta foi uma noite muito boa para Trump — algo de que bem precisa, depois de três derrotas consecutivas contra Ted Cruz no Utah, Wisconsin e Colorado.
“Olhemos bem para ele! Ele é uma celebridade, nasceu em Queens [outroborough da cidade de Nova Iorque], há prédios com o nome dele por todo o lado”, aponta Keena Lipsitz, professora de ciência política e especialista em comportamento eleitoral da City University of New York. O tom é de graça, mas mesmo assim carrega alguma verdade. Mas existem outros fatores que permitiram uma vitória retumbante a Trump no seu estado, como explica aquela académica, ao telefone com o Observador. “Os republicanos do estado de Nova Iorque têm uma tendência para serem menos conservadores do que a média dos republicanos, e isso encaixa que nem uma luva no perfil de Trump”, diz Lipsitz.
No lado oposto está Cruz, o texano ultraconservador, estudioso da Constituição e maior adversário de Trump nesta fase. Em janeiro, quando a procissão ainda ia no adro — ou, mais propriamente, as eleições primárias ainda não tinham começado — o senador do Texas decidiu criticar Trump num debate, evocando, de forma negativa, os “valores de Nova Iorque”. “Toda a gente percebe que os valores da cidade de Nova Iorque são socialmente liberais, são a favor do aborto e do casamento gay, e andam em torno do dinheiro e dos media”, disse Cruz, que também não tem coisas simpáticas a dizer sobre Washington DC. Dúvidas houvesse de que o alvo era Trump, Cruz tratou de dissipá-las: “Não há muitos conservadores que saem de Manhattan”.
A jogada correu mal a Cruz. Trump respondeu, evocando os bombeiros e polícias que responderam aos atentados de 11 de setembro de 2001. “Esta afirmação de Ted foi muito insultuosa”, respondeu o magnata nova-iorquino. No dia seguinte, o New York Daily News, um tablóide liberal, fez capa com a Estátua da Liberdade a dedicar um gesto obsceno ao texano e a dizer-lhe: “Morre, Ted”. E, mais abaixo, uma referência ao facto de Cruz ter nascido fora dos EUA: “Hey, Cruz, não gostas dos valores de Nova Iorque? Volta para o Canadá!”.
Se é verdade que a afirmação podia cair bem no eleitorado conservador rural (duas semanas mais tarde, Cruz venceria a primeira eleição no Iowa), também era certo que tinha de chegar o dia em que Cruz teria de justificar aquelas palavras. Tentou fazê-lo, explicando que não quis atacar os nova-iorquinos em geral, mas antes Trump. Segundo explicou na CNN, a sua tirada teve como base uma entrevista que Trump deu em 1999, onde terá usado a expressão “valores de Nova Iorque”, para defender uma causa à qual hoje em dia se opõe — a despenalização do aborto.
Não é líquido — e até é algo improvável — que a justificação de Cruz tenha surtido o efeito que este desejaria. Mas, para Lipsitz, isso pouco importa. “Cruz nunca se daria bem no estado de Nova Iorque, mesmo se não tivesse feito esses comentários”, diz. “Simplesmente, conservadores deste tipo não apelam ao eleitorado republicano de Nova Iorque.”
Sobra ainda Kasich, o governador do Ohio que, apesar de aparecer em segundo lugar nas sondagens de Nova Iorque, está consideravelmente atrás de Cruz e Trump na contagem de delegados. Ainda assim, não deixa de ser irónico que um republicano moderado como Kasich não se dê bem no estado de Nova Iorque. “À partida, os republicanos de Nova Iorque poderiam votar em alguém com as ideias de Kasich, mas a verdade é que ele, pessoalmente, tem muitas dificuldades em ganhar eleitores. As pessoas nem conhecem o nome dele”, diz Lipstiz. Ao contrário da “celebridade” Trump. Além disso, também não terá ajudado o facto de Kasich ter sido apanhado pelas câmaras a comer uma pizza com um garfo — pecado capital em Nova Iorque, mesmo que a fatia estivesse “a escaldar”, como o candidato mais tarde explicou.
Assim sendo, o que é que aconteceu aos “republicanos moderados” de Nova Iorque? Segundo Lipsitz, foram ofuscados. Por quem? Trump, claro. E os seus apoiantes. “A questão aqui é que Trump não está a receber os votos de republicanos que outrora ajudaram a nomear republicanos mais moderados”, como foi, por exemplo, o caso de John McCain em 2008, alguém que está nos antípodas do magnata nova-iorquino. “Trump está a apelar a novas pessoas, gente que nunca votava ou que não ligava a política. Estas não são as mesmas pessoas que votaram em McCain”, diz. A verdade é que o “fenómeno Trump” levou a que a participação nas primárias republicanas deste ano atingissem valores recorde — mas, como já escrevemos anteriormente, isso não é sinónimo de vida fácil para o Partido Republicano nas eleições de 8 de novembro.
“Quem disser que tem uma bola de cristal está a vender banha da cobra”
Mas, antes dessa data, o Partido Republicano terá ainda de ultrapassar os três dias da convenção nacional, entre 18 e 21 de julho. Isto porque, neste momento, torna-se cada vez mais provável o cenário em que nenhum dos três candidatos republicanos consegue obter 1 237 delegados até à convenção — o mínimo necessário para ter maioria absoluta e ganhar a nomeação. Para já, de acordo com o The New York Times, Trump tem 743, Cruz tem 543 e por fim Kasich está com 144. Além disso, Marco Rubio, que desistiu depois de perder no seu estado da Florida, ainda tem 171 delegados e ainda não disse a qual candidato é que pretende cedê-los.
Neste momento, de acordo com as previsões do site FiveThirtyEight, Trump deverá ficar em primeiro lugar, mas aquém dos 1 237 delegados necessários para uma nomeação direta. Se assim for, o jogo fica completamente aberto — e passará a haver uma batalha para conquistar delegados de maneira informal. De repente, Cruz ou até Kasich podem juntar os delegados necessários para serem nomeados após uma primeira votação inconclusiva. E existe também a hipótese de uma quarta personalidade surgir na convenção e assumir-se como um candidato consensual, mesmo que não tenha disputado as eleições primárias. Falou-se na hipótese de Paul Ryan, speaker dos republicanos na Câmara dos Representantes, poder ser esse dark horse em julho, mas ele já negou: “Deixem-me ser claro. Eu não quero, e não vou aceitar, a nomeação do nosso partido”.
Uma coisa é certa: no que toca ao lado dos republicanos, reina a incerteza. Quando lhe pedimos para apostar numa nomeação de Trump ou de Cruz, Lipsitz recusou amigavelmente o convite. “Quem quer que esteja a dizer neste momento que sabe ao certo o que vai acontecer e que tem uma bola de cristal está a vender banha da cobra”, disse. “A maneira como tudo isto tem acontecido, tem sido uma lição de humildade para todos os cientistas políticos que têm tentado fazer previsões.”
Hillary e Bernie: proximidade vs. sotaque
Do lado dos democratas, as coisas parecem bem mais simples do que no campo dos republicanos.
“Vai ser uma batalha decisiva entre Sanders e Clinton”, diz a professora de ciência política Keena Lipsitz. “Ele precisa de uma grande vitória em Nova Iorque e as sondagens dizem-nos que isso não é muito provável. Eu acho que as coisas vão correr muito bem a Hillary Clinton. Ela é muito conhecida e já foi eleita pelos nova-iorquinos como senadora duas vezes. Ela conhece o estado de uma ponta à outra, conhece os problemas políticos locais. E, mesmo que Sanders venha de Brooklyn, a verdade é que ele saiu de cá e foi para Chicago estudar aos 18 anos e depois nunca mais voltou”, explica a académica. Hillary Clinton, que nasceu em Chicago, escolheu viver no estado de Nova Iorque e a partir dali lançar a sua carreira política. Bernie Sanders saiu e afirmou-se como político socialista no Vermont. “A única coisa que ainda lhe resta de Nova Iorque é o sotaque“, graceja Lipsitz.
A desfavor do socialista está o facto de a votação dos democratas no estado de Nova Iorque não estar a aberta a todos os eleitores, mas apenas àqueles que estão registados no partido. Aqueles que estavam registados como independentes tinham de se registar como democratas, em outubro, para poderem, agora, mais de meio ano depois, votar nas primárias — algo que está mais próximo do perfil do eleitor típico de Bernie Sanders (jovem, primeiras eleições) do que o de Hillary Clinton (mais de 40 anos).
Com a vitória de Clinton na noite de terça-feira, Bernie Sanders vê a sua missão ainda mais dificultada. Segundo escreveu o FiveThirtyEight, a 30 de março, naquela altura o senador do Vermont precisava de 57% dos delegados a disputar doravante para conseguir a nomeação em julho. Com o passar do tempo, e apesar de entretanto ter vencido no Wisconsin e no Wyoming, a tendência deverá ser para este número crescer — e, assim, diminuírem as possibilidades de Bernie vingar.
Mas não é por isso que o entusiasmo em torno do candidato socialista tenha esmorecido — no fim-de-semana, atraiu um recorde de 28 mil pessoas para um comício no Prospect Park, em Brooklyn. “Sanders persiste, porque há um espaço à esquerda dos democratas que tem estado vazio até há pouco tempo e que ele conseguiu ocupar, aproveitando-se do crescimento do sentimento anti-establishment, contra os banqueiros e Wall Street”, diz Lipsitz. “Finalmente há alguém que consegue levar esta mensagem à política mainstream e isso é algo que é notório e não desaparece da noite para o dia.”
Tanto que, segundo uma sondagem de 6 de abril, 1 em cada 4 dos apoiantes de Bernie Sanders disseram que não votariam em Hillary Clinton, caso ela fosse a candidata do Partido Democrata nas eleições de 8 de novembro. Mesmo assim, Lipsitz desvaloriza esse número: “Mesmo que muita gente diga agora que não vai votar na Hillary Clinton, eles vão. O que vai acontecer é que, quando ela ganhar, já depois de o partido ter sarado as suas feridas, Sanders vai declarar-lhe o seu apoio e os fãs dele irão atrás”. Até porque ainda falta muito tempo para essa altura, garante. “Estamos a mais de seis meses das eleições. Em tempo político, seis meses é uma enormidade. Até lá, a raiva destas pessoas, que muitas vezes é pessoalmente dirigida diretamente contra Hillary Clinton, vai descer. Vão ficar mais racionais.”
Sanders precisa de ganhar em Nova Iorque. Trump lidera sondagens no estado
Os partidos Democrata e Republicano realizaram esta terça-feira primárias para as presidenciais norte-americanas de 8 de novembro, com o democrata Bernie Sanders a precisar de vencer para ter hipótese relativamente a Hillary Clinton, enquanto do lado republicano Donald Trump reúne favoritismo.
O Estado de Nova Iorque foi a votos para as duas primárias, processo pelo qual os membros de um partido designam os seus candidatos presidenciais.
Com 291 delegados dos quais 44 são super-delegados, Nova Iorque representa para os democratas um grande desafio, sendo o segundo Estado com mais representantes atrás do da Califórnia.
O senador do Vermont, que se diz “muito orgulhoso em ser de Nova Iorque”, acredita numa vitória depois de ter juntado milhares de pessoas – 20.000 segundo as contas de Sanders – durante um comício no Prospect Park, da sua Brooklyn natal.
Segundo as intenções de voto divulgadas pelo portal na Internet RealclearPolitics.com, Hillary Clinton, antiga senadora de Nova Iorque, lidera com 53,5% contra os 41% de Bernie Sanders.
Clinton que já conseguiu eleger cerca de 1.700 delegados nas primárias anteriores lidera com vantagem relativamente aos cerca de 1.100 delegados eleitos por Sanders.
Para se ser designado candidato presidencial pelo partido Democrata são precisos 2.383 delegados.
No lado dos Republicanos, Donald Trump esteve confiante, seguro de ganhar em Nova Iorque, que elege 95 delegados.
As sondagens apontam igualmente para um êxito de Trump, que tem uma intenção de voto de 52,2%. Os seus adversários, John Kasich e Ted Cruz recolhem, respetivamente, 23,2% e 17,8% das intenções de voto.
Donald Trump está no topo da corrida às primárias republicanas mas ficou, desde a vitória de Ted Cruz no Estado do Wisconsin, preocupado em não conseguir a maioria absoluta que lhe permitiria uma investidura automática do partido, para o que são necessários 1.237 delegados.
O milionário republicano acusa nomeadamente o partido de querer bloquear a sua nomeação, e denuncia a existência de regras intencionalmente deturpadas de atribuição de delegados que variam consoante o Estado.
Para travar Cruz Trump reorganizou a sua equipa de campanha e está a conseguir aparentemente controlar melhor a sua mensagem, tendo passado a falar com auxílio de apontamentos e mais contido nos ‘tweets’ que publica na sua conta da rede social Twitter.
A eleição dos delegados pelos dois partidos começou no passado dia 1 de fevereiro e acaba, no caso dos republicanos, a 7 de junho, e no dos democratas a 14 de junho.
As eleições presidenciais realizam-se no dia 8 de novembro.
Giuliani apoia Trump: “a melhor escolha”
No dia das primárias em Nova Iorque, o favorito à nomeação republicana recebeu o apoio do antigo presidente da câmara. Mesmo depois de ter cometido uma gafe e trocado a data dos atentados terroristas do 11 de setembro de 2001.
Em vez de nine-eleven, Donald Trump disse seven-eleven. Mas o facto de o milionário ter trocado a data dos atentados do 11 de Setembro de 2001 nos EUA com o nome de uma loja de conveniência deverá ficar apenas como uma nota de rodapé na sua previsível vitória nas primárias republicanas de Nova Iorque, onde estavam 95 delegados em jogo. As sondagens colocavam-no 30 pontos percentuais à frente dos adversários, Ted Cruz e John Kasich. E isto ainda antes de ter conseguido o apoio do ex-presidente da câmara Rudolph Giuliani, que disse que ele era “a melhor escolha”.
O republicano Giuliani, que foi mayor de Nova Iorque entre 1994 e 2001, confirmou o apoio a Trump numa entrevista à CNN, explicando contudo que não se envolverá na campanha. “Não me chamam para dar conselhos, exceto algumas vezes quando me ofereci para os dar. Não faço parte do aparelho da campanha. Não quero que as pessoas pensem que faço”, disse.
“Ele é a melhor escolha para Nova Iorque. Ele é a melhor escolha para o país. Ele é o único que consegue derrotar Hillary Clinton”, acrescentou Giuliani. Nas primárias democratas havia 291 delegados em jogo e a ex-secretária de Estado surgia dez pontos à frente do senador Bernie Sanders nas sondagens.
A vitória parecia certa para Trump em Nova Iorque (os resultados eram esperados durante a madrugada em Lisboa). A preocupação para o milionário no seu estado natal era outra: o processo por difamação que deu entrada nos tribunais, interposto pela consultora de comunicação Cheri Jacobus.
Tudo terá começado no final de janeiro, com uma crítica dela à campanha de Trump. Em declarações à CNN, Jacobus disse que, nos debates e entrevistas, o candidato republicano “parece um aluno da terceira classe a fingir que sabe de temas de atualidade numa prova oral”.
Em resposta, o diretor de campanha de Trump, Corey Lewandowski, e o próprio candidato alegaram que ela estava chateada por não ter sido contratada. Jacobus “implorou-nos por um trabalho. Dissemos que não e ela tornou-se hostil. Muito estúpida!”, disse Trump no Twitter, alegando que ela tinha “zero credibilidade”.
Jacobus alega que as acusações são falsas (terá sido Trump que a quis contratar e ela recusou) e que causaram “enorme prejuízo” à sua “carreira e reputação”. Por isso, pede um indemnização de quatro milhões de dólares (3,5 milhões de euros). “Este é só mais um processo frívolo e uma tentativa de ganhar notoriedade às custas de Donald Trump”, respondeu uma porta-voz do candidato republicano, Hope Hicks. Um advogado de Jacobus admite que é difícil provar estes casos de difamação, mas está confiante. “Trump excedeu claramente os limites legítimos da liberdade de expressão”, indicou Jay Butterman, citado pelo The New York Times.
TPT com: JUSTIN LANE/EPA/João de Almeida Dias/Obs/ AEP/ Reuters/ Lucas Jackson/ REUTERS/ EPA/ORLANDO BARRIA /Joana Azevedo Viana/Expresso/ 19 de Abril de 2016