A cidade da arte, que é também o expoente máximo da Itália Renascentista, num roteiro elaborado e testado por uma jornalista especialista em viagens e turismo.
Passear por Florença é entrar num livro de história e viver a época dourada do Renascimento Italiano. Os palácios continuam intactos, as grandes praças têm o mesmo charme do passado, a imponência das igrejas mantém-se e as pontes continuam a ligar de forma elegante as duas margens do rio Arno. A jornalista Rita Caetano esteve lá e elaborou um roteiro de dois dias com o melhor da cidade. Este é o percurso que deve fazer para ficar a conhecer a capital da região da Toscânia.
Dia 1
Não é fácil encontrar uma cidade que tenha uma concentração de história e arte num perímetro tão pequeno como acontece em Florença. E ambas são visíveis não só nas obras de arte espalhadas por toda a cidade mas também na arquitetura. Visitá-la é como abrir um livro de história e a primeira página pode ser pincelada a branco, verde e vermelho do mármore da catedral gótica de Santa Maria del Fiore, do Campanile e do Battisterio di San Giovanni, na Piazza del Duomo. Um conselho, entre nos dois primeiros. Na catedral, observe os frescos e suba à cúpula.
No Campanile não se deixe assustar pelos 414 degraus que separam o piso térreo do topo. Lá em cima, a vista é espantosa e terá outra perspetiva da bonita cúpula de Brunelleschi. Se for como nós, apaixonar-se-à nesse segundo pela capital da Toscana e ficará cheia de vontade de percorrer as ruas e ruelas da cidade que ligam as várias praças. Nas proximidades do Duomo, o comércio chama a atenção, sobretudo as lojas das grandes marcas italianas. Se gosta de moda, está no sítio certo mas se gosta de comer também.
Recomendamos que comece pela bisteca alla florentina, uma costeleta de vaca assada na brasa, na tradicional e afamada Trattoria Mario, perto do Mercado de San Lorenzo. Depois do almoço, siga para a Piazza della S.S. Annunziata, onde se ergue o elegante Ospedale degli Innocenti, construído para albergar os órfãos da cidade que, hoje, é mais um dos polos culturais da cidade.
A paragem seguinte é a Galleria dell’Accademia, residência da magnífica estátua de Michelangelo, David, para a qual todos os corredores da galeria estão direcionados. Impressiona pela sua perfeição e as suas mãos são assustadoramente reais.
Quando sair, adoce a boca na Carabé com um gelado ou um granizado siciliano. No final do dia, há uma tradição italiana que deve ser mantida, o aperitivo. O conceito é simples, paga apenas a bebida e pode petiscar nos buffets que os bares preparam. Le Murate Caffé Letterario é um dos nossos sítios de eleição pois tem sempre uma programação cultural. Se gosta de locais mais calmos, vá à enoteca Le Volpe e L’Uva, não há aperitivo mas há os melhores vinhos da Toscana para provar. Acabe a noite ao pé da Galleria degli Uffizi, onde artistas de ruas dão concertos.
Dia 2
Comece o segundo dia na Loggia del Porcelino, também conhecida como mercado novo, onde pode comprar artesanato, carteiras e sapatos de pele.
Se for dada a superstições tem de passar uma moeda pelo focinho da estátua do javali e esperar que aquela caía nas grades para ter sorte.
Siga para Piazza della Signoria, onde se situa o Palazzo Vecchio, a famosa estátua de Neptuno, uma réplica de David e a Loggia della Signoria, com inúmeras estátuas renascentistas.
Entre na Galleria degli Uffizi, um dos maiores museus do mundo e, para evitar filas, compre antecipadamente o bilhete em Uffizi.org.
É o paraíso para quem gosta de pintura. «O Nascimento de Vénus», de Boticelli, é a sua obra mais famosa. Vale a pena sentar-se à sua frente e reparar na riqueza de pormenores.
E depois desta imersão nos trabalhos de pintores como Giotto, Caravaggio, Piero della Francesca, Michelangelo, dirija-se à famosa Ponte Vecchio, com as suas ourivesarias seculares.
Passe para a outra margem do Arno para descobrir o Bairro de Santo Spirito onde artesões da cidade continuam a trabalhar de porta aberta.
O paraíso das pizzas que não pode perder
Se gosta de pizza, pare no Gusta Pizza antes de entrar no Palazzo Pitti. Este é composto por vários museus, atrás dos quais nasceu o jardim de Boboli, desenhado geometricamente, repleto de recantos com grutas, estátuas e fontes e um dos mais belos da cidade.
A próxima etapa é chegar à Piazzale Michelangelo, mas a caminho ainda pode visitar o jardim Bardini e apreciar a vista para a Piazza di Santa Croce e preparar-se para a vista que terá lá em cima, que é só a melhor da cidade (só Fiesole, uma pequena vila nos arredores de Florença, tem uma vista para a cidade tão impactante) e o melhor local para ver o sol a pôr-se.
Lembra-se de lhe termos falado de paixão? O mais provável é que, chegada à piazzale, o sentimento já tenha evoluído para amor. À noite, dirija-se à Piazza di Sto. Spirito para sentir o espírito boémio deste bairro, que se sente todo o dia, até mesmo de manhã quando esta praça se transforma num mercado de fruta e vegetais. No Cabiria Lounge Bar, pode voltar a experimentar o apperitivo alla’italiana e, se se sentar na esplanada, repare numa das mais bonitas criações renascentistas, a Igreja de Santo Spirito. Neste momento, pode até fechar o livro mas ficará ainda com muitas páginas de Florença para ler.
Como ir
Não há voos diretos para Florença, mas há ligações de Lisboa pela TAP, Vueling, Air France e Lufthansa, com preços a partir de 190 €. Há um autocarro que faz a ligação do aeroporto para a cidade (Stazione di Santa Maria Novella) e demora 25 minutos.
Onde ficar:
– Room Mate Isabella
Design hotel no centro da cidade, a cinco minutos das principais atrações e situado num edifício do século XIX, numa rua repleta de lojas. Preços a partir de 89 €.
– 16 Gallery Hotel Art
Com vista para a Ponte Vecchio, é um elegante hotel que mistura o estilo arquitectónico florentino e asiático. O seu lounge é palco de várias exposições. Preços a partir de 162 €.
Sapo Noticias – 25/02/2015