“O presidente Trump está certo. Eu construí um muro ao longo da fronteira sul de Israel. Parou toda a imigração ilegal. Grande sucesso. Grande ideia”, escreveu o político de forma telegráfica na rede social Twitter, adicionando as bandeiras de Israel e dos Estados Unidos.
Donald Trump assinou na quarta-feira um decreto para o início da construção de um muro ao longo da fronteira entre os Estados Unidos e o México — que tem uma extensão total de cerca de 3.000 quilómetros — para travar a entrada de imigrantes ilegais no território norte-americano.
O magnata deu assim o primeiro passo para concretizar uma das mais polémicas promessas da campanha eleitoral para as presidenciais.
“O muro é necessário porque o povo quer proteção e o muro protege. Basta perguntar a Israel. Tinham um absoluto desastre atravessando para o outro lado”, afirmou Donald Trump na quinta-feira, numa conversa com um apresentador do canal conservador Fox News.
O Presidente dos Estados Unidos planeia financiar a construção do muro impondo um imposto de 20 por cento sobre todos os bens provenientes daquele país.
Irão reage a decisão “insultuosa” de Trump e proíbe entrada de norte-americanos
O Irão vai proibir a entrada de norte-americanos, reagindo à decisão “insultuosa” do Presidente dos EUA de restringir chegadas com origem em território iraniano e mais seis Estados muçulmanos, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros.
O Irão optou responder à letra “depois da decisão insultuosa dos EUA respeitante aos cidadãos iranianos”, disse o ministro Mohamad Javad Zarif numa intervenção transmitida pela televisão pública.
Na sexta-feira, Donald Trump assinou uma ordem para suspender a chegada de refugiados e impor controlos aos passageiros vindos do Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen.
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano considerou a decisão “ilegal, ilógica e contrária às regras internacionais”. E acrescentou que a sua decisão vai manter-se enquanto a medida dos EUA estiver em vigor.
O governante ordenou aos serviços diplomáticos iranianos que ajudem os cidadãos do Irão que foram “impedidos de regressar às suas casas e aos seus locais de trabalho e de estudo” nos EUA.
Os agentes de viagens em Teerão disseram que as companhias aéreas estrangeiras começaram a vedar o acesso dos iranianos aos voos para os EUA.
António Guterres diz que “esta não é a maneira de proteger os EUA ou qualquer outro país”
O secretário-geral da ONU disse esta quarta-feira que as restrições às entradas de sete países e o congelamento do programa de refugiados, medidas do presidente Donald Trump, devem ser levantados “quanto antes”.
“Esta não é a maneira de proteger os EUA ou qualquer outro país em relação às preocupações sérias que existem sobre a possível infiltração de terroristas”, disse António Guterres aos jornalistas na sede da ONU.
“Não me parece que estas medidas sejam uma forma eficaz de fazê-lo. Acho que estas medidas devem ser removidas quanto antes”, disse o secretário-geral da ONU, citado pela Reuters.
“Se uma organização terrorista vai tentar atacar qualquer país, como os Estados Unidos, provavelmente não virá com pessoas com passaportes de países que já são zonas de conflito”, considerou o diplomata português, que recordou a sofisticação com que operam estes grupos. “Podem vir com passaportes dos países mais desenvolvidos do mundo ou podem utilizar as pessoas que já estão dentro do país e que podem estar aí há décadas”, acrescentou.
Guterres apelou a que sejam evitadas “medidas que alimentem a ansiedade e a ira” porque “ajudam a desencadear os mecanismos de recrutamento que estas organizações estão a efetuar em todo o mundo”.
“Por isso estamos a advogar com determinação a capacidade para adotar medidas muito firmes em relação à gestão das fronteiras, mas ao mesmo tempo que não sejam baseadas em nenhuma discriminação vinculada com nacionalidade, religião ou etnia”, explicou.
O dirigente da ONU, que já tinha reagido às medidas de Washington no decurso de sua deslocação à Etiópia, para a cimeira da União Africana, exprimiu-se hoje, e um dia após o seu porta-voz ter emitido um comunicado que criticava este género de decisões apesar de não mencionar explicitamente os Estados Unidos.
Na passada sexta-feira Donald Trump assinou uma ordem executiva que suspende durante 120 dias o programa de acolhimento de refugiados nos Estados Unidos e congela durante 90 dias a emissão de vistos para os cidadãos de sete países de maioria muçulmana: Líbia, Sudão, Somália, Síria, Iraque, Irão e Iémen.
Guterres disse que considera “importante” deixar clara a “doutrina” da ONU, quer em relação ao veto a determinados países, quer às medidas sobre refugiados.
Ex-Alto comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres recordou que a recolocação é a “única solução” para muitas destas pessoas”, tendo destacado a situação da população síria.
Guterres referiu ainda que os EUA foram um dos países na vanguarda destes esforços para proteger refugiados e manifestou confiança no “restabelecimento” desta política que “não exclua os sírios”.
Theresa May diz que decreto anti-imigração dos EUA é “fraturante e errado”
A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse hoje que a proibição temporária de entrada nos Estados Unidos de imigrantes e refugiados de sete países muçulmanos é “fraturante e errada”, cinco dias depois de ter recusado criticar o decreto.
“Sobre o decreto que o presidente [norte-americano, Donald] Trump apresentou, este governo pensa ser claro que essa política é errada”, disse May aos deputados britânicos, em resposta ao líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn.
“Pensamos que é fraturante e errada”, acrescentou.
O decreto assinado na sexta-feira por Trump proíbe a entrada de refugiados por 120 dias e suspende a emissão de vistos por 90 dias aos cidadãos de sete países de maioria muçulmana: Iémen, Irão, Iraque, Líbia, Síria, Somália e Sudão.
Theresa May fez questão de sublinhar que não soube da intenção de Trump antes do anúncio oficial, feito no mesmo dia em que a primeira-ministra britânica foi recebida na Casa Branca.
“Se [Corbyn] me pergunta se tive conhecimento prévio da proibição de refugiados, a resposta é não. Se me pergunta se tive conhecimento prévio de que o decreto podia afetar cidadãos britânicos, a resposta é não”.
A proibição suscitou críticas em todo o mundo, incluindo das Nações Unidas, União Europeia e vários países aliados, mas, no sábado, Theresa May não criticou a medida, quando foi questionada, por três vezes, durante uma visita à Turquia, afirmando tratar-se de uma questão interna.
Horas mais tarde, a primeira-ministra afirmou não concordar com a medida, ao saber-se que afeta cidadãos britânicos com dupla nacionalidade, britânica e de um dos países visados.
Restrições à imigração estão a “funcionar muito bem”, diz Trump
O Presidente norte-americano considerou hoje que o decreto de restrição à imigração e entrada de refugiados nos Estados Unido “está a funcionar muito bem”.
“Está a funcionar muito bem. Vê-se nos aeroportos, por todo o lado”, declarou Donald Trump, durante uma breve cerimónia de assinatura de novos decretos.
Numa ordem executiva assinada na sexta-feira, Trump suspendeu a entrada de refugiados nos Estados Unidos por pelo menos 120 dias e impos um controlo mais severo aos viajantes oriundos do Irão, Iraque, Líbia, Somália, Síria e Iémen durante os próximos três meses.
“Vamos ter uma proibição muito, muito severa e vamos ter verificações completas, o que já devíamos ter neste país há muitos anos”, sublinhou.
Desde sexta-feira que viajantes oriundos daqueles países foram impedidos de entrar em aviões com destino aos Estados Unidos, desencadeando protestos em vários aeroportos.
Canadá vai receber refugiados com entrada proibida nos EUA
O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, afirmou hoje que o Canadá “vai receber” os refugiados rejeitados pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Numa mensagem na rede social Twitter, Trudeau escreveu: “Para aqueles que fogem de perseguições, terrorismo e guerra, os canadianos vão receber-vos, independentemente da vossa fé. A diversidade é a nossa força! BemVindos ao Canadá”.
Trudeau difundiu, também no Twitter, uma fotografia do momento em que recebe uma criança síria, no aeroporto de Toronto.
Depois de ser eleito, no final de 2015, o primeiro-ministro canadiano supervisionou a chegada de mais de 39 mil refugiados sírios.
O governo liberal canadiano tem tentado equilibrar a sua visão do mundo e as relações com a nova administração norte-americana.
Mais de 75% das exportações do Canadá são destinadas aos Estados Unidos.
Um milhão assinam petição para travar visita de Estado de Donald Trump à Inglaterra
Os deputados têm que se pronunciar sobre todas as petições que tenham mais de cem mil assinaturas. Governo já disse que visita é para manter.
Um milhão de pessoas já assinaram uma petição que pede para o Reino Unido retirar o convite ao presidente norte-americano, Donald Trump, para visitar Londres e jantar com a rainha Isabel II.
A petição foi criada antes de a primeira-ministra britânica, Theresa May, convidar Trump para uma visita de Estado, que implica um convite da monarca. Trump deverá visitar o Reino Unido ainda este ano.
Mas a campanha para travar a visita ganhou apoios depois de Trump ter suspendido a entrada de refugiados nos EUA e travar temporariamente os visitantes da Síria e de outros seis países muçulmanos.
“Donald Trump deve poder entrar no Reino Unido na sua capacidade de chefe do governo norte-americano, mas não deve ser convidado para uma visita de Estado porque isso iria causar embaraço para a rainha”, lê-se na petição.
“A bem documentada misoginia e vulgaridade de Donald Trump inabilitam-no para ser recebido pela rainha e pelo príncipe de Gales”, acrescenta, pedindo para que durante a sua presidência não seja convidado para uma visita de Estado.
Todas as petições que passem as cem mil assinaturas têm que ser debativas e votadas no Parlamento (mesmo o voto não sendo vinculativo). Parlamentares tanto do partido conservador (de Theresa May) como do Labour criticaram a decisão de Trump, o líder do Labour, Jeremy Corbyn a dizer que a visita de Estado devia ser suspensa.
Mas Downing Street já confirmou que a visita é mesmo para manter. “Um convite foi feito e aceite”, disse o gabinete de Theresa May, segundo a AP. Não é conhecida ainda a data da viagem de Trump ao Reino Unido.
TPT com: AFP// REUTERS/Tiksa Negeri// Amir Cohen//EPA/Olivier Douliery//Lusa//REUTERS/Lucas Jackson//CNN//AP//FOX//2 de Fevereiro de 2017