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Nova Iorque regista recorde de mortes nos Estados Unidos mas dizem as autoridades de saúde que a situação está a ficar estabilizada

 

O estado de Nova Iorque, epicentro da pandemia da covid-19 nos Estados Unidos, registou 872 mortes nas últimas 24 horas, um novo recorde diário, mas as autoridades dizem que a situação está a estabilizar.

 

 

“Estamos a achatar a curva. Tivemos um aumento de hospitalizações de apenas 200″, disse hoje o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, referindo que este é o número mais baixo desde o início da pandemia naquele estado, onde já morreram mais de 7.000 pessoas.

 

 

Os últimos três dias foram marcados por recordes nos números de mortes, mas as autoridades dizem que talvez se esteja a chegar a um ponto de viragem na propagação do vírus.

 

 

O número de novos internados e de novos doentes em cuidados intensivos foi hoje o mais baixo desde o início da crise no estado, o que deve achatar a curva de mortos nas próximas semanas.

 

 

A escassez de camas hospitalares prevista por vários modelos matemáticos foi evitada, admitiu hoje Andrew Cuomo, que, contudo, deixa um alerta para a possibilidade de o estado ser atingido por uma segunda vaga da pandemia.

“Não saímos da floresta”, disse o governador, dizendo que as medidas de contenção que foram aplicadas há 18 dias vão manter-se.

 

 

O estado mudará de alerta vermelho para laranja, antes de ir para a situação verde, explicou Cuomo, acrescentando que a partir de agora as autoridades irão testar milhões de trabalhadores para decidir quem estará imune ao novo coronavírus.

 

 

No estado de Nova Iorque há 151.000 casos confirmados de covid-19 (cerca de 35% dos casos nos Estados Unidos), incluindo 81.000 apenas na cidade de Nova Iorque, tendo morrido mais de 7.000 pessoas. No estado de New Jersey contam-se mais de 51 mil contagiados e cerca de 2.000 mortes.

 

 

Nos Estados Unidos há mais de 17 milhões de desempregados e 434.000 casos da covid-19 confirmados e morreram cerca de 15.000 pessoas, desde o início da crise sanitária.

 

 

O novo coronavírus, responsável pela pandemia, já infectou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 90 mil.

Dos casos de infeção, mais de 312 mil são considerados curados.

 

 

 

Governador de Nova Iorque prolonga medidas de confinamento

 

 

 

O governador de Nova Iorque prolongou as medidas de “quarentena” até ao dia 29 de Abril, que impõem o encerramento das escolas e de todas as actividades não essenciais.

 

“Se a curva infletir” e a “taxa de infeção baixar”, “é porque o distanciamento social funciona”, disse Andrew Cuomo na conferência de imprensa diária sobre a pandemia.

 

 

“Mas é necessário continuar (com o distanciamento social), pelo que as actividades não essenciais ficarão encerradas até 29 de abril”, acrescentou Cuomo, advertindo que “não pode haver um relaxamento”, mesmo depois de o número de novas mortes diárias ter estabilizado durante dois dias no estado de Nova Iorque, concluiu.

 

 

 

TPT com: Reuters//AFP//NYT//WP//NYP//MadreMedia / Lusa// 9 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

O “hacker” português Rui Pinto que estava em prisão preventiva desde 22 de Março de 2019, foi hoje libertado e colocado em prisão domiciliária

Rui Pinto, criador do Football Leaks e autor das revelações do caso Luanda Leaks, que estava em prisão preventiva desde 22 de março de 2019, foi hoje colocado em prisão domiciliária, indicaram os advogados à agência Lusa.

 

 

“Na presente data, foi revogada a medida de coação de prisão preventiva aplicada a Rui Pinto, tendo o mesmo abandonado já as instalações do estabelecimento prisional anexo à PJ [Policia Judiciária]. Rui pinto encontra-se agora sujeito à medida de obrigação de permanência na habitação, cumulada com a proibição de acesso à internet, sob responsabilidade da Polícia Judiciária”, refere um comunicado enviado à Lusa pelos advogados William Bourdon, Francisco Teixeira da Mota e Luísa Teixeira da Mota.

 

 

Em 17 de janeiro, o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decidiu levar a julgamento Rui Pinto por 90 crimes de acesso ilegítimo, acesso indevido, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão, mas deixou cair 57 dos 147 crimes pelos quais o arguido havia sido acusado pelo Ministério Público (MP).

 

 

 

Quem é Rui Pinto?

 

 

 

 

Rui Pinto assumiu publicamente em 2019 ser colaborador do ‘site’ Football Leaks e, sob o pseudónimo ‘John’, divulgou informações a partir de Budapeste, na Hungria, país onde foi detido em 16 de janeiro deste ano, no âmbito de um mandado de detenção europeu. O português vivia na capital húngara desde fevereiro de 2015, após uma primeira passagem pela cidade, entre 2012 e 2013, enquanto estudante de História da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, ao abrigo do Programa Erasmus.

 

 

Natural de Mafamude, Vila Nova de Gaia, cidade onde nasceu em 20 de outubro de 1988, Rui Pinto, confesso adepto do FC Porto e “fanático por futebol desde criança”, cresceu na zona da Praia de Lavadores, na freguesia de Canidelo, tornando-se num autodidata ao nível dos conhecimentos de informática.

 

 

Em 2013, foi o único suspeito de desviar cerca de 264 mil euros do Caledonian Bank após aceder ao sistema informático da instituição bancária sediada nas Ilhas Caimão. O inquérito-crime foi arquivado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto, em outubro de 2014, na sequência de um acordo extrajudicial entre o jovem e o banco.

 

 

Em abril do ano passado, foi um dos vencedores de um prémio europeu para denunciantes promovido pela Esquerda Unitária Europeia (GUE/NGL).

 

 

Os vencedores foram anunciados durante uma sessão plenária do Parlamento Europeu e incluíram também o fundador da organização Wikileaks, Julian Assange, e Yasmine Motarjemi, denunciante dos lapsos de segurança alimentar da Nestlé.

 

 

 

 

As origens do ‘Football Leaks’ e o papel de Rui Pinto

 

 

                                                               

 

O ‘Football Leaks’ foi criado em 29 de setembro de 2015 no domínio http://football-leaks.livejournal.com por Rui Pinto, único responsável que assumiu publicamente, até hoje, a revelação de documentos polémicos que agitaram o futebol português e mundial.

 

 

Em diversas entrevistas, primeiro sob o pseudónimo ‘John’ e mais tarde já como Rui Pinto, a justificação para a criação desta plataforma eletrónica surgiu em maio de 2015, com a divulgação do escândalo de corrupção na FIFA, que levou à detenção de vários dirigentes e à posterior saída do suíço Joseph Blatter da presidência do organismo que tutela o futebol mundial.

 

 

“Este projeto visa divulgar a parte oculta do futebol. Infelizmente, o desporto que tanto amamos está podre e é altura de dizer basta. Fundos, comissões, negociatas, tudo serve para enriquecer certos parasitas que se aproveitam do futebol, sugando totalmente clubes e jogadores”, referia a publicação de abertura do ‘site’. A primeira grande polémica veio com a divulgação do contrato do então treinador Jorge Jesus com o Sporting.

 

 

 

 

 

Quais os crimes pelos quais Rui Pinto foi pronunciado?

 

 

 

 

O Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decidiu, em 19 de janeiro, levar Rui Pinto a julgamento, por 90 crimes de acesso ilegítimo, acesso indevido, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão, deixando cair 57 crimes.

 

 

Em setembro de 2019, o Ministério Público (MP) acusou Rui Pinto de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, sete deles agravados, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, da Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol e da Procuradoria-Geral da República, e posterior divulgação de dezenas de documentos confidenciais destas entidades.

Também em 19 de janeiro, o tribunal decidiu manter Rui Pinto em prisão preventiva, situação em que se encontra desde 22 de março de 2019.

 

 

 

 

Ana Gomes pedia a libertação de Rui Pinto

 

 

 

 

Ana Gomes voltou, ainda há dois dias, a sair em defesa de Rui Pinto, ao fazer uma comparação entre a detenção do hacker português e colaborador do Football Leaks, e o facto de inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) suspeitos de agredir um cidadão ucraniano até à morte estarem em casa.

 

 

“Não compreendo que Rui Pinto seja mantido em prisão preventiva, enquanto agentes do SEF acusados de assassinar imigrante ucraniano são mantidos em casa”, escreveu a ex-eurodeputada na sua conta de Twitter.

 

 

Em prisão preventiva desde 22 de março deste ano, Rui Pinto, de 30 anos, foi detido na Hungria e entregue às autoridades portuguesas, com base num mandado de detenção europeu (MDE).

 

 

 

 

A diretiva europeia sobre ‘whistleblowers’

 

 

 

 

O Parlamento Europeu aprovou por maioria, em 16 de abril de 2019, a lei para proteger denunciantes que agem em prol do interesse público na União Europeia (UE), sendo a primeira diretiva comunitária para este tipo de casos.

 

 

Naquela que é a primeira lei europeia para os ‘whistleblowers’ (em português, denunciantes), impulsionada pelas revelações do caso ‘Football Leaks’ e pelo papel do português Rui Pinto, o objetivo é criar um enquadramento legal de proteção uniforme em toda a UE, já que, atualmente, isso varia consoante o Estado-membro.

 

 

Rui Pinto, o único rosto conhecido até agora do ‘Football Leaks’, está a colaborar com Estados-membros como França, Bélgica e Holanda em investigações dos respetivos países com origem em documentos obtidos ou divulgados por esta plataforma eletrónica, lançada em setembro de 2015, e da qual o português é confesso colaborador.

 

 

 

O que diz a diretiva europeia sobre a proteção de denunciantes?

 

 

 

 

Esta legislação aplica-se às pessoas que pretendam alertar para eventuais violações do direito da União Europeia em vários domínios, incluindo o branqueamento de capitais, a fraude fiscal, a contratação pública, a segurança dos produtos e dos transportes, a proteção do ambiente, a saúde pública, a proteção dos consumidores e a proteção dos dados pessoais.

 

 

Os legisladores europeus introduziram uma maior flexibilidade na diretiva, permitindo que o autor da denúncia possa escolher o canal mais adequado para alertar para as violações, quer seja a nível interno (dentro da organização onde trabalha) ou externo (junto das autoridades públicas).

Além dos denunciantes, os jornalistas que divulguem as denúncias também serão protegidos.

A nova lei prevê ainda que os Estados-membros forneçam apoio jurídico, financeiro e psicológico aos denunciantes.

 

 

Uma das regras centra-se na criação de canais de comunicação internos em entidades públicas e privadas com mais de 50 funcionários, para que se possa denunciar dentro da própria organização.

Também as autoridades nacionais e europeias terão de ter canais de comunicação externos independentes.

 

 

Outra das possibilidades para os denunciantes passa a ser o recurso aos meios de comunicação social, isto em situações em que, por exemplo, não seja dada a devida atenção à sua denúncia ou haja perigo iminente para o interesse público ou risco de retaliação.

Estas formas de retaliação – como a despromoção, a suspensão ou o despedimento – passam, inclusive, a estar proibidas com a nova diretiva.

 

 

 

 

 

Qual é o enquadramento jurídico do estatuto de denunciante (‘whistleblower’) em Portugal?

 

 

 

 

 

Portugal, à semelhança de outros países, não prevê este estatuto. A lei portuguesa apenas regula a aplicação de medidas para proteção de testemunhas em processo penal quando a sua vida, integridade física ou psíquica, liberdade ou bens patrimoniais de valor consideravelmente elevado, sejam postos em perigo por causa do seu contributo para a prova dos factos que constituem objeto do processo.

 

 

 

 

A diretiva europeia pode ser aplicada de imediato nos Estados-membros?

 

 

 

 

Sendo uma diretiva europeia, entra em vigor ao fim de 20 dias, mas depois os Estados-membros terão até dois anos para a transpor para a legislação nacional. Dependerá, pois, da vontade política a rapidez com que Portugal irá transpor esta diretiva.

 

 

Atualmente, a proteção oferecida aos denunciantes na UE é fragmentada e desigual. Apenas 10 países garantem plena proteção aos denunciantes (França, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia, Malta, Holanda, Eslováquia, Suécia e Reino Unido). Nos restantes, a proteção concedida é parcial e apenas se aplica a setores específicos (como no domínio dos serviços financeiros) ou a determinadas categorias de trabalhadores por conta de outrem.

 

 

 

TPT com: AEP//JN//Sportinforma/Lusa// 8 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

São mais de quatro mil milhões de pessoas em quase 100 países que estão neste momento a cumprir medidas de confinamento

 

As populações em questão representavam hoje 52% da população mundial actual, estimada pelas Nações Unidas em 7,8 mil milhões de pessoas.

 

 

Ao longo das últimas semanas, o número de pessoas confinadas por causa do novo coronavírus (SARS-CoV-2) tem vindo sempre a progredir.

 

 

A 18 de março, o número rondava os 500 milhões de pessoas, tendo aumentado em poucos dias, em 23 de março, para mais de mil milhões de pessoas.

 

 

Num período de apenas um dia, em 24 de março, as informações recolhidas já apontavam para mais de dois mil milhões de pessoas confinadas a nível global.

 

 

O número ia continuar a crescer e, num espaço de 24 horas, passaram a ser mais de três mil milhões de pessoas confinadas por causa da pandemia da covid-19. Hoje, o número aponta para pelo menos 4,06 mil milhões de pessoas confinadas em pelo menos 97 países e territórios.

 

 

A província chinesa de Hubei (centro da China) e a sua capital Wuhan, onde foram detetados em dezembro os primeiros casos de covid-19, foram as primeiras a decretar o confinamento da população no final de janeiro.

 

 

Neste momento, e após cerca de dois meses de confinamento, estas zonas estão gradualmente a regressar a um ritmo normal. Em contrapartida, as medidas de contenção têm vindo a espalhar-se pelo mundo desde meados de março.

 

 

Nenhuma zona do mundo é exceção: Europa (Portugal, Reino Unido, França, Itália, Espanha), Ásia (Índia, Nepal, Sri Lanka), Médio Oriente (Israel, Iraque, Arábia Saudita, Jordânia, Líbano), África (África do Sul, Marrocos, Zimbabué, Ruanda), América (uma grande parte dos Estados Unidos, Colômbia, Argentina, Peru, Bolívia) e Oceânia (Nova Zelândia).

 

 

Na maioria dos casos, ainda é possível sair de casa para trabalhar, comprar bens de primeira necessidade ou cuidar de pessoas que precisam de assistência.

 

 

Em outros territórios (pelo menos 13 representativos de 669 milhões de habitantes) é pedido que a população fique em casa, sem, no entanto, tomar medidas coercivas. É o caso do México, dos principais Estados do Brasil, do Irão, da Turquia, da Alemanha, do Uganda e do Canadá.

 

 

Sete regiões japonesas, incluindo a capital Tóquio e os seus subúrbios, entraram hoje nesta lista.

 

Em pelo menos 24 países ou territórios (cerca de 495 milhões de habitantes) foi decretado um recolher obrigatório, ou seja, as pessoas estão proibidas de sair à rua a partir do fim da tarde até à manhã do dia seguinte.

 

 

Esta medida foi imposta em muitos países africanos, como Egito, Quénia, Costa do Marfim, Senegal ou Gabão, e da América Latina (Chile, Guatemala, Equador, República Dominicana, Panamá e Porto Rico). Em outras regiões do mundo a medida também foi decretada, como é o caso da Tailândia, Síria, Sérvia ou do Koweit.

 

 

Outra medida avançada por alguns países, pelo menos sete segundo a contagem da AFP, foi colocar em quarentena as suas principais cidades, o que significa que ninguém entra ou sai destas localidades. É o caso de Kinshasa (na República Democrática do Congo), Helsínquia (Finlândia) e Baku (Azerbaijão). Estes aglomerados populacionais em particular representam um total de 30 milhões de pessoas.

 

 

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 75 mil. Dos casos de infeção, mais de 290 mil são considerados curados.

 

 

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

 

 

 

TPT com: Reuters// France Presse (AFP)//Sapo24//  7 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

Comandante do navio porta-aviões Theodore Roosevelt demitido por denunciar a existência do coronavírus a bordo

 

O comandante do porta-aviões nuclear dos Estados Unidos Theodore Roosevelt, que pediu a retirada de parte significativa da tripulação devido à propagação do novo coronavírus, foi demitido, anunciou hoje o secretário da Marinha, Thomas Modly.

 

 

O governante, que falava em conferência de imprensa realizada no Pentágono, considerou que o capitão Brett Crozier, que redigiu uma carta de quatro páginas publicada pelo jornal San Francisco Chronicle, “mostrou um péssimo julgamento em tempos de crise”.

 

 

Na missiva, Brett Crozier explicou que depois de terem sido identificados três militares infetados com o novo coronavírus e, apesar de o porta-aviões ter atracado no porto de Guam, a doença continuou a espalhar-se pela tripulação.

 

 

A ilha de Guam é um território insular dos Estados Unidos da América (EUA), na Micronésia, no meio do Oceano Pacífico.

 

 

O comandante acrescentou que o “espaço limitado” de uma embarcação de guerra, que transporta mais de 4.000 tripulantes, dificultava a contenção da covid-19 a bordo.

 

 

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 51 mil.

 

 

Dos casos de infeção, cerca de 190.000 são considerados curados.

 

 

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

 

 

 

Comandante de porta-aviões dos EUA pede desembarque por descontrolo da pandemia

 

 

 

 

O comandante do porta-aviões norte-americano USS Theodore Roosevelt pediu autorização ao Pentágono para desembarcar a tripulação na ilha de Guam, na Micronésia, na sequência da propagação da covid-19 dentro do navio, noticiaram hoje dois jornais dos Estados Unidos.

 

“Não estamos em guerra. Não há razão para os militares morrerem”, disse o capitão Brett E. Crozier, através de uma carta enviada à Marinha norte-americana, citada pela agência France-Presse (AFP), que cita os diários San Francisco Chronicle e New York Times.

 

 

O comandante do USS Theodore Roosevelt explica nesta missiva que depois da descoberta de três militares contagiados pelo novo coronavírus e, apesar de o porta-aviões ter atracado no porto de Guam, a doença continuou a espalhar-se pela tripulação.

 

 

A ilha de Guam é um território insular dos Estados Unidos da América (EUA), na Micronésia, no meio do Oceano Pacífico.

 

 

Brett E. Crozier acrescentou que o “espaço limitado” de uma embarcação de guerra que transporta mais de 4.000 tripulantes está a dificultar a contenção da covid-19 a bordo.

 

 

Por isso, o comandante quer deixar desembarcar uma parte dos militares, para mitigar a propagação da covid-19.

 

 

“Retirar a maioria da tripulação de um porta-aviões nuclear norte-americano (…) e isolá-los durante duas semanas pode parecer uma medida extraordinária”, referiu, sublinhando, no entanto, que “é um risco necessário”.

 

 

O Pentágono não confirmou a totalidade das alegações feitas na carta, mas admitiu que o comandante do USS Theodore Roosevelt “alertou, no domingo à noite, a frota do Pacífico das dificuldades que tinha em isolar” o SARS-CoV-2.

 

 

Contudo, um oficial da Marinha dos EUA esclareceu que Brett E. Crozier pediu “para abrigar vários tripulantes em instalações” militares, para “uma melhor separação” dos militares infetados.

 

 

“A Marinha vai tomar, rapidamente, todas as medidas para garantir a saúde e a segurança da tripulação do USS Theodore Roosevelt e está à procura de soluções para responder às preocupações do comandante”, prosseguiu este oficial.

 

 

A pandemia SARS-CoV-2 já matou mais de 52 mil pessoas em todo o mundo, das quais quase três quartos na Europa, segundo um balanço da agência AFP, atualizado às 16:20 de hoje, baseado em fontes oficiais.

 

 

Desde a eclosão da pandemia em dezembro passado, na China, 803.645 casos foram oficialmente declarados em todo o mundo, mais da metade deles na Europa (440.928), incluindo 29.305 mortes na Europa, o continente mais afetado.

 

Os Estados Unidos têm, segundo os mais recentes números, 243.229 pessoas infectadas, 5.900 mortes e, 10.520 recuperados. A cidade de New York é o pior caso com mais de 84 mil casos confirmados, 2.457 mortos e 6.157 recuperados. O estado de New Jersey tem 23.400 casos confirmados e 355 mortos. O estado de Connecticut conta 4.221 casos confirmados e 117 mortos.

 

 

Com 17.428 mortes, a Itália é o país com mais mortes no mundo, seguida pela Espanha (9.189).

 

 

A AFP alerta, no entanto, que o número de casos diagnosticados reflete apenas uma fração do total real de infeções, já que um grande número de países está actualmente a testar apenas os casos que requerem atendimento hospitalar.

 

 

 

TPT com: agência France-Presse (AFP)//San Francisco Chronicle//New York Times//MadreMedia/Lusa// 2 de Abril de 2020

 

 

 

 

 

 

Virgínia, a enfermeira lusa em New York que não comemora a cura de um doente covid-19 porque “estão a morrer muitos” pacientes infectados

 

Uma enfermeira portuguesa num dos maiores hospitais de New York, diz que a sua equipa não celebra a cura de um doente de covid-19, porque “estão a morrer demasiados” pacientes infectados.

 

 

Virgínia Ferreira, paramédica durante mais de oito anos e enfermeira há seis, foi treinada em três dias para cuidar de doentes internados para o tratamento do novo coronavírus num campo universitário, um dos maiores sistemas hospitalares de New York, que está a tratar centenas de pacientes por dia.

 

 

Os Estados Unidos tornaram-se na quinta-feira no país com maior número de infetados do mundo: atualmente, mais de 124 mil infetados com o novo coronavírus e 2.190 mortos, segundo a universidade Johns Hopkins. O número de pessoas curadas é de 2.612.

 

 

Segundo a mesma fonte, New York concentra, no seu Estado, quase metade dos casos de covid-19 nos EUA. Por sua vez, a cidade conta mais de 30.000 casos confirmados e 672 mortes.

 

 

O local de trabalho de Virgínia criou mais uma unidade de internamento na semana passada, para novos doentes de covid-19. Era um espaço pediátrico, de onde tiveram de se retirar crianças. Virgínia foi treinada em três dias.

 

 

A primeira reação da enfermeira, quando descobriu que ia passar a prestar funções no hospital do ‘campus’ universitário, foi falar com o advogado e saber se esse pedido era legítimo. Virgínia rapidamente concordou em ir trabalhar, pelos pacientes e colegas que precisavam de ajuda, com a mentalidade de “apenas se preocupar pelos outros”.

 

 

“Enquanto isto acontecia, eu tive de treinar outras oito pessoas. Alguns colegas, em ‘outpatient setting’ nunca tinham tratado pacientes dentro do hospital”, acrescenta. Nos Estados Unidos, chama-se ‘outpatient’ aos tratamentos que requerem visitas pontuais ao médico e ‘inpatient’ quando os doentes ficam internados pelo menos uma noite.

 

 

A enfermeira portuguesa resume que o hospital universitário se depara com a necessidade de praticar “medicina de desastre”.

 

 

“Por trabalhar e viver em New York, estás sempre preparado para grandes acontecimentos”, declara Virgínia.

 

 

“O 11 de setembro aconteceu aqui [em 2001] ou o furacão Sandy [em 2012], que paralisaram a cidade. Estás sempre preparado para os desastres. Mas os desastres externos são muito diferentes e a principal diferença é que esses têm um fim”, considera a enfermeira.

 

 

“O desafio com a covid-19 é que não existe uma linha temporal” acrescenta Virgínia, referindo que as estimativas apontam que o pico das infeções em New York aconteça entre meados e fim de abril.

 

 

Nas salas de internamento, o medo e a solidão são os maiores problemas, considera a profissional portuguesa.

 

 

“Um dos maiores problemas que temos é que os pacientes estão isolados e estão a passar por algo que pode ser extremamente assustador. O paciente e a família estão muito assustados. Os doentes críticos estão lá sozinhos e morrem sozinhos”, conta.

 

 

Virgínia trabalhou com uma enfermeira que contraiu o vírus enquanto cuidava de um doente. A infectada teve de receber muito oxigénio antes da incubação e “o que acontece a estes pacientes é que eles estão bem até não estar; não há uma alteração gradual na sua condição de saúde”.

 

 

Segundo a profissional, a dificuldade para os enfermeiros é ajudar os doentes sem poder fazer uma avaliação visual, na tentativa de reduzir o tempo de exposição ao coronavírus.

 

 

“Estamos a confiar em monitores para saber se há pressão sanguínea ou se a frequência cardíaca é alta”, conta a enfermeira, enquanto lembra que não existe um monitor para cada paciente internado.

 

 

“No outro dia, depois de uma senhora ser compensada [com oxigénio], recebemos mais quatro doentes, dos quais dois tinham de seguir para incubação e requeriam oxigénio especializado. Nós não tínhamos monitores suficientes e acabámos por tirá-los aos pacientes que achámos que não estavam tão doentes”.

 

 

Sendo um hospital de grandes dimensões, a enfermeira diz que existem, para já, equipamentos de proteção individual suficientes, no entanto o mesmo não acontece para hospitais menores.

 

 

Virgínia diz que, no seu hospital, já está a ser pedido que as máscaras N95 – material de uma só utilização –, sejam utilizadas durante uma semana inteira, antes de serem recolhidas e esterilizadas novamente.

 

 

A enfermeira considera que o hospital universitário localizado numa das cidades mais afetadas do mundo é diferente de outros sistemas de saúde vigentes: um hospital académico que pode tratar uma grande parte da população, com hospitais comunitários afiliados em diferentes áreas da cidade, e que recebe muito suporte do Estado, ao contrário de outros centros médicos.

 

 

A portuguesa reforça o pedido de todos os profissionais de saúde nesta altura: que as pessoas fiquem em casa, prestem atenção às precauções indicadas pelos seus governos, lavem as mãos, não levem as mãos à cara e pratiquem distanciamento social.

 

 

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 667 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 31.000.

 

 

Dos casos de infeção, pelo menos 134.700 são considerados curados.

 

 

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

 

 

 

TPT com: Sapo24//MadreMedia / Lusa//  29 de Março de 2020

 

 

 

 

 

 

 

Março é um mês que os Estados Unidos não irão esquecer. Os dados para entender que América é esta, que está no epicentro da pandemia

“Os Estados Unidos têm chegado tarde às grandes guerras, mas, em regra, quando entram a sério, resolvem”. Esta é uma frase que tem sido usada para espelhar, ao mesmo tempo, a resposta tardia do país à pandemia e a esperança numa resposta futura que seja parte da solução global. Na semana em que os EUA se tornaram o novo epicentro do surto de Covid-19, vamos olhar mais de perto para a realidade norte-americana.

 

 

Dia 26 de março é uma data que os Estados Unidos irão lembrar. Foi o dia em que o país se tornou o n.º 1 num ranking indesejado: maior número de casos de Covid-19 confirmados no mundo. Dois dias depois, a 28 de março, são 105.470 pessoas infectadas e 1.710 mortes registadas, sendo Nova Iorque o local mais duramente atingido, com 450 mortes (dados da Johns Hopkins University & Medicine, às 15h45 de 28 de março).

 

Os números dos últimos dois dias desviaram muitos olhares da Europa para os Estados Unidos, que são agora apontados como o próximo epicentro da pandemia. A verdade é que os números absolutos, por agora, impressionam pela escala: a dimensão dos EUA, o terceiro país mais populoso do mundo, ultrapassa em muito a de Itália ou Espanha. O mesmo não se poderá dizer em relação ao país onde tudo começou, a China, que, estando ao que tudo indica na fase descendente da curva, regista 81.997 casos e 3.299 mortes (dados da Johns Hopkins University & Medicine, às 15h45 de 28 de março).

 

 

Alguns dados para entender a situação:

 

 

Como referido, os EUA são o terceiro país com mais população no mundo e por isso importa não só olhar para números absolutos, mas também para racios comparativos. Por exemplo, Itália tem 1 caso de Covid-19 por cada 750 habitantes, os EUA têm 1 por 4000 – sendo que este racio é de 1 por 400 em Nova Iorque.

 

Ainda nos termos comparativos: Itália fechou todas as escolas a 4 de março e declarou emergência em todo o país quando ultrapassou os 10 mil casos.

 

Os EUA passaram os 10 mil casos a 19 de março, os 20 mil a 21 de março e os 50 mil a 24 de março – e tudo aconteceu sem que fosse dada ordem ao nível federal para reduzir as atividades não essenciais.

 

Ainda assim, os governos estaduais anteciparam decisões e, no dia 15 de março, 50 estados já tinham declarado estado de emergência – ainda que com níveis diferentes de restrições.

 

A lógica muitas vezes usada ao nível de Governo federal nos EUA de que estados não afectados ajudam estados afectados funciona para desastres naturais como incêndios ou tempestades – mas não para um vírus.

 

Um estudo do Harvard Global Health Institute mostra realidades bastante distintas consoante a percentagem de norte-americanos que sejam infetados por Covid-19, projeções que a Propublica traduziu em três cenários em que o mapa dos EUA vai de verde (o melhor cenário) a vermelho (o pior).

 

Segundo o Global Health Security Index, um ranking que avalia as capacidades dos sistemas de saúde em 195 países, nomeadamente no que respeita à capacidade de resposta em caso de pandemia, os Estados Unidos estão entre os “melhor preparados”.

 

 

Indicadores que explicam as razões de preocupação com a situação nos Estados Unidos:

 

 

Segundo um estudo do Imperial College (a mesma instituição que assustou Boris Johnson com previsões de que 250 mil pessoas poderiam vir a morrer de Covid-19 no Reino Unido), se não forem tomadas medidas de controlo ou se não houver mudanças espontâneas no comportamento individual, o pico de mortalidade é esperado três meses depois do início da pandemia; o mesmo estudo prevê, neste âmbito, uma taxa de infeção de 81% nos EUA e um cenário de 2,2 milhões de mortes.

 

A Universidade da Pensilvânia estima que o distanciamento social pode reduzir a taxa de infeção em 95% mas que, ainda assim, 960 mil americanos venham a precisar de cuidados intensivos.

 

 

Com todos os problemas de testagem iniciais e a demora a encontrar um rumo eficiente, o país esteve várias semanas sem dados reais sobre a propagação do vírus. O sistema de saúde já sobrecarregado não teve planos de preparação e agora os materiais de proteção começam a escassear.

 

Trump disse esta semana que os Estados Unidos estão a recuperar o ritmo de testagem, o que é verdade, embora não seja suficiente. Nos últimos dias, o número total aumentou em larga escala e o país contabiliza já mais de 670 mil testes feitos, segundo a plataforma COVID Tracking, que monitoriza os números relativos ao novo coronavírus nos Estados Unidos. A 26 de março, o The New York Times referia que estavam a ser realizados 65 mil testes por dia. No entanto, o país ainda se encontrava muito atrás da Coreia do Sul (uma referência pela testagem intensiva da população) e de Itália, em termos de número de testes per capita, com menos de 200 por cada 100 mil pessoas.

 

 

A 28 de fevereiro, o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) reportava 15 americanos infetados, dos quais 12 em pessoas que tinham viajado, sendo o total de pessoas testadas 459. O número de testes, a esta data, é considerado irrelevante quando comparado com o número de americanos que viajam (número de fevereiro de 2019 apontavam para que nesse mês 6,3 milhões de americanos tivessem viajado).

 

 

 

O que pode ser feito:

 

 

Para já o que vai ser feito: uma abordagem “laser-focused”. A explicação foi dada na quinta-feira numa conferência de imprensa na Casa Branca. A ideia é aplicar medidas de combate ao surto diferentes de condado para condado (divisão administrativa dentro dos estados), de forma a evitar uma estratégia que paralize todo o país. As medidas, mais ou menos restritivas, serão definidas de acordo com o nível de risco em que o condado se encontre: alto, médio ou baixo. A classificação será atribuída em função dos resultados dos testes realizados em cada local.

 

Esta abordagem traz algumas dúvidas: haverá capacidade de testagem suficiente? Os resultados poderão induzir em erro e levar condados a implementar medidas desajustadas? Como se fará o controlo da mobilização entre condados? A Administração de Trump já enviou uma carta aos governadores dos estados a explicar que serão consideradas novas linhas de orientação na atuação contra a Covid-19, embora estas não tenham sido definidas no documento.

 

 

O que precisa de ser feito: uma das principais recomendações é que o país produza rapidamente mais equipamento de proteção. Uma decisão que pode ajudar é através do chamado Defense Production Act – uma lei aprovada em 1950 na presidência de Harry Truman em resposta à Guerra na Coreia – e que permite convocar um esforço de produção equiparável ao do estado de guerra.

 

Depois de muita pressão, Donald Trump só hoje, 28 de março, invocou o uso desta lei pedindo à General Motors que produza ventiladores.

 

 

Por curiosidade, o Defense Production Act foi utilizado em vários contextos, como por exemplo em 2001 por Clinton e depois por George W. Bush para garantir gás natural e eletricidade na Califórnia, que estava em crise energética. Bush voltou a usá-lo também em 2003 para que fosse dada prioridade à produção de GPS para as tropas britânicas no Iraque.

 

Uma das possibilidades é também associar a Defense Logistics Agency, uma estrutura com 26 mil pessoas que prepara as tropas norte-americanas no estrangeiro e que esteve por exemplo no combate ao surto de ébola em 2014.

 

 

Há responsabilidades políticas da Administração Trump nesta pandemia?

 

 

O tema tem sido debatido devido a algumas decisões que hoje se conhecem e que, na opinião de alguns analistas, contribuíram para uma menor preparação ou antecipação da pandemia.

 

Por exemplo, a agência Reuters noticiou esta semana que a equipa norte-americana no Centro de Prevenção e Controlo de Doenças na China passou de 47 para 14 pessoas desde 2017 e que várias agências científicas foram reduzidas.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, embora não tenha respondido sobre os cortes que ocorreram na sua sede em Pequim, afirmou, no entanto, que as medidas relativas aos seus colaboradores não dificultaram a resposta norte-americana à Covid-19. “O problema era a China, não o facto de não se ter pessoal na China”, diz um antigo epidemiologista da organização, que agora é investigador e professor na Universidade Emory.

 

Outro tema que veio a lume foi a extinção, em 2018, da equipa de resposta a pandemias que fazia parte do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos.

 

A 28 de janeiro, Luciana Borio, que fazia parte dessa equipa apelou ao governo para “agir agora e prevenir uma epidemia na América”, cooperando com o setor privado e sobretudo investindo em testes.

 

Um nome emerge como símbolo de segurança: Anthony Fauci, director do National Institute of Allergy and Infectious Diseases, conselheiro da Casa Branca desde Reagan, e agora parte da equipa de combate ao Covid-19.

 

 

 

E na economia, o que está a ser feito?

 

 

 

O Senado dos Estados Unidos da América aprovou, com apoio de democratas e republicanos, um plano de apoio económico de 1,8 biliões de euros (ou seja, dois biliões de dólares), o maior de sempre na história dos Estados Unidos da América.

 

Este investimento é igual à metade do orçamento anual federal, ou seja, do orçamento que suporta os serviços do governo norte-americano em todo o território nacional.

 

Dentro deste plano, será providenciado um apoio que vai até 1.200 dólares (1,093 euros, sensivelmente) para os cidadãos norte-americanos com rendimentos até 75 mil dólares/ano que necessitem de apoio financeiro. Para quem ganhe acima deste valor, o apoio desce cinco dólares por cada 100 dólares a mais de salário. Quem ganhe acima de 99 mil dólares por ano, deixa de ter direito a apoio.

 

A Tax Foundation estima que 93,6% dos norte-americanos sejam elegíveis para um apoio.

 

As famílias receberão ainda mais 500 dólares por cada criança no agregado familiar.

 

Os desempregados irão receber 600 dólares além do subsídio que já tenham atribuído pelo estado a que pertencem, e o apoio tem duração de 13 semanas. A medida é extensível aos trabalhadores independentes.

 

Foi também aprovado um programa para negócios, cidades e estados, que corresponde a 500 mil milhões de dólares (no valor de cerca de 455 mil milhões de euros).

 

E um fundo de 367 mil milhões de dólares (cerca de 334 mil milhões de euros) para as pequenas empresas.

 

Os estados de New Jersey, New York e Connecticut aguardam ainda com esperança a vinda do bem equipado navio hospital Comfort, para ajudar nesta batalha contra o Covid-19.

 

 

É provável que o novo coronavírus se torne sazonal. É a opinião de Anthony Fauci, consultor científico da Casa Branca

 

 

 

O principal consultor científico do presidente dos Estados Unidos sobre a pandemia em curso insistiu na necessidade de encontrar uma vacina e tratamento eficazes.

 

O novo coronavírus pode tornar-se sazonal, na opinião de Anthony Fauci, um especialista conceituado que dirige investigações sobre doenças infecciosas nos Institutos Nacionais de Saúde e consultor de Donald Trump. Fauci justificou a sua alegação destacando que o vírus está a espalhar-se com mais intensidade no hemisfério sul, a região do planeta que se aproxima do inverno.

 

 

“O que estamos a começar a ver agora … no sul da África e nos países do hemisfério sul é que estamos a começar a ter casos que aparecem à medida que se aproxima a temporada de inverno”, disse em conferência de imprensa.

 

 

“E se, de verdade, sofrerem uma grande epidemia, será inevitável que tenhamos que estar preparados para a possibilidade de um ciclo repetido”, explicou.

 

 

“Isso destaca a necessidade de fazer o que estamos a fazer para encontrar uma vacina, testá-la rapidamente e tentar ter uma vacina pronta para o próximo ciclo”, acrescentou.

 

Duas vacinas estão a ser testadas em seres humanos, uma nos Estados Unidos e uma na China, mas, mesmo que bem-sucedidas, é improvável que estejam disponíveis dentro de um ano.

 

Os tratamentos também estão a ser investigados, incluindo novos medicamentos ou alguns que já são usados para outras doenças, como a cloroquina, usada contra a malária.

 

“Sei que seremos capazes de parar isto agora, mas realmente precisamos estar prontos para outro ciclo”, insistiu Fauci.

 

 

 

 

O que fez a China para conter o vírus (e que lições podem ser retiradas)

 

 

 

Após um início caótico, a China reverteu a curva de contágio do novo coronavírus em poucas semanas e desde quinta-feira não regista nenhum novo caso de origem local, de acordo com o balanço oficial.

 

A epidemia é agora mais mortal no resto do mundo, mas a experiência da China não é necessariamente aplicável em todos os lugares, e a sua eficácia a longo prazo ainda precisa deser demonstrada. Mas, numa altura em que o resto do mundo se debate com a pandemia, vale a pena revisitar a estratégia seguida por Pequim.

Estas foram as medidas postas em prática no país onde tudo começou.

 

 

Quarentena em Wuhan

 

 

Em 23 de janeiro, Wuhan, onde o novo coronavírus apareceu no final de 2019, foi colocada em quarentena, bem como quase toda a província de Hubei – da qual é a capital. Mais de 50 milhões de habitantes foram isolados do mundo.

 

 

Mas o isolamento de Wuhan apenas atrasou em quatro dias a propagação do vírus no país, de acordo com um estudo publicado a 6 de março na revista americana Science.

 

 

No resto do mundo, a interrupção dos voos daquela cidade reduziu a contaminação em duas a três semanas.

 

 

Transportes reduzidos

 

 

Desde o início da crise, a circulação de comboios e o tráfego interregional de autocarros foram reduzidos para atrasar o regresso dos trabalhadores migrantes que viajaram para passar as férias do Ano Novo Chinês nos seus locais de origem. Viajar para o exterior também foi proibido.

 

 

 

Confinamento em casa

 

Em todo o país, os moradores foram fortemente incentivados a ficar em casa. Isto foi facilitado pelo facto de centenas de milhões de chineses viverem em complexos residenciais fechados, podendo os comités de bairro limitar as saídas ao mínimo.

Escolas, universidades e locais turísticos foram fechados.

 

 

“O confinamento funciona. Duas semanas após o fechamento de Wuhan, exatamente o período de incubação, os números (de contaminação) começaram a cair”, disse à AFP Sharon Lewin, professora de medicina da Universidade de Melbourne.

 

 

 

“Face a essas medidas, os especialistas estimaram que cada pessoa infectada transmitia o coronavírus a mais de duas pessoas. Entre 16 e 30 de janeiro, durante os primeiros sete dias de confinamento, essa proporção caiu para 1,05”, de acordo com o revista britânica Nature.

 

 

 

Entregas

 

Confinados, os chineses aumentaram seus pedidos de comida em casa. Os funcionários de entregas, na maioria dos casos, deixam a comida na porta do condomínio, reduzindo assim as saídas para o supermercado.

 

 

 

Controles de temperatura

 

 

A temperatura dos cidadãos na entrada de edifícios, empresas ou locais públicos é monitorizada várias vezes ao dia.

 

 

“Se ultrapassar os 37,3 ºC, será isolado”, alerta o guarda de um parque em Pequim. Mas uma febre simples não distingue uma infecção por coronavírus de uma constipação.

 

 

 

Uso de máscara

 

 

A máscara foi rapidamente imposta nas grandes cidades e obrigatória em vários locais.

 

Pode ser necessária, “especialmente quando tantos portadores assintomáticos do vírus correm o risco de infectar outras pessoas”, explica o professor Zheng Zhijie, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Pequim.

 

Segundo a agência Xinhua, a produção diária de máscaras N95, considerada a mais eficaz, subiu de 200.000 para 1,6 milhão de unidades durante a crise. Mas é difícil verificar se as máscaras são trocadas regularmente e se ainda são eficazes.

 

 

 

Detecção

 

 

 

A detecção é considerada crucial pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas o governo chinês não fornece dados sobre os testes realizados.

 

Como indicativo, de acordo com a cidade de Wuhan, em fevereiro, no auge da epidemia, cerca de 20.000 pessoas eram testadas todos os dias.

 

O número caiu para metade nos últimos dias. Em meados de fevereiro, o número de infecções aumentou acentuadamente em 15.000 após uma expansão do método de detecção.

 

 

 

Mobilização de pessoal médico

 

 

 

Segundo a Xinhua, mais de 42.000 médicos e profissionais de saúde foram enviados para Hubei. “Importante e necessário, tendo em vista do colapso do sistema de saúde local”, segundo Zheng.

 

De acordo com as autoridades, 3.300 funcionários da saúde foram infectados em todo o país até o início de março e 13 morreram.

 

 

 

Hospitais de campanha

 

 

Em dez dias, dois hospitais com um total de 2.300 camas foram construídos em Wuhan.

A cidade transformou fábricas, estádios e centros de conferências em 16 hospitais de campanha.

 

 

 

Desinfecção

 

 

Camiões-tanque lavavam as ruas de Wuhan com desinfetante. Mas essa limpeza “pode não ser necessária porque não há provas de sua eficácia”, disse Zheng Zhijie, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Pequim.

 

 

A desinfecção de locais públicos fechados e meios de transporte foram, segundo o professor, “mais importantes e necessárias”.

 

 

 

Campanhas de propaganda

 

 

O regime comunista colocou a propaganda ao serviço da luta contra o vírus. As mensagens nos medida apelam aos chineses que respeitem as medidas de higiene, a sair o menos possível e a ventilar as casas.

 

Segundo um porta-voz da OMS, um critério “essencial” é “convencer as pessoas a tomar as medidas necessárias”.

 

 

Códigos QR

 

 

 

Um software permite saber se o utilizador de um telefone móvel passou ou viajou por uma área de risco ou perto de um portador do vírus. Cada cidadão tem um código QR colorido no seu telefone que pode ser apresentado às autoridades: laranja indica sete dias em quarentena e o vermelho 14 dias.

 

 

Balanço

 

Por fim, a detecção, o confinamento e a limitação do transporte impediram um aumento de 17 vezes nos casos de contaminação que chegaria a cerca de oito milhões até o final de fevereiro, de acordo com um estudo citado pela Nature.

 

Resta saber se estas medidas são aplicáveis a longo prazo, enfatiza o Imperial College London, num estudo de 16 de março, destacando os “enormes custos sociais e económicos”, alertando porém que se antecipa que “a transmissão recomece rapidamente se as medidas forem retiradas”.

 

 

 

 

TPT com: Centers for Disease Control and Prevention//Global Health Security Index//Johns Hopkins University & Medicine// Margarida Alpuin//Rute Sousa Vasco//24Sapo//MadreMedia/AFP// 28 de Março de 2020

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O navio que se tornou um “laboratório flutuante” da transmissão do Covid-19

 

Os passageiros e tripulantes do navio de cruzeiro Diamond Princess ficaram em quarentena devido ao novo coronavírus. Agora, o surto que aconteceu nesta embarcação é alvo de diferentes investigações científicas.

 

 

Durante largos dias, o navio de cruzeiro Diamond Princess prendeu a  nossa atenção. Atracada no Japão, esta embarcação teve mais de 700 passageiros e tripulantes infectados com o novo coronavírus, incluindo o português Adriano Maranhão.

 

Este cruzeiro continua a ter a atenção de cientistas, que já publicaram alguns trabalhos sobre o coronavírus no interior no navio desde a forma como se propaga até estimativas sobre as pessoas infectadas sem sintomas. Neste “laboratório flutuante”, como já lhe chamam, investigadores esperam usar estas informações para aprender mais sobre o vírus.

 

 

Mais de 20 navios de cruzeiro confirmaram casos de passageiros ou tripulantes que com covid-19 (a doença causada pelo coronavírus SARS-Cov-2). O Diamond Princess tornou-se um dos mais mediáticos. A embarcação entrou em quarentena no início de Fevereiro, depois do teste a um passageiro que desembarcou em Hong Kong ter dado positivo. A bordo estavam mais de 3700 passageiros e tripulantes.

 

 

 

O regresso ao “normal” (e ao exterior) da província de Hubei, onde tudo começou

 

 

Ao longo desse mês, confirmou-se que mais de 700 passageiros e membros da tripulação estavam infectados através dos testes efectuados pelas autoridades japonesas e vieram a registar-se sete mortes relacionadas com este surto, segundo o site da revista Nature. Este navio atracado no Japão era assim um foco de transmissão fora da China, o epicentro da epidemia naquela altura.

 

 

Agora, a embarcação tornou-se um caso de estudo para cientistas. Num artigo no site da Nature, que compilou algumas investigações já feitas sobre o surto no Diamond Princess, aponta-se que os “surtos se espalham com facilidade nos navios [de cruzeiros] porque são espaços confinados e com elevadas proporções de idosos, que tendem a ser mais vulneráveis à doença”. Além disso, no Diamond Princess alguns passeiros foram testados mais do que uma vez, o que permite observar como o vírus se dispersa ao longo do tempo.

 

Comecemos pelos estudos publicados sobre a eficácia da quarentena no navio. Dois epidemiologistas do Japão e dos Estados Unidos analisaram a eficácia das medidas de contenção na transmissão do vírus. Concluíram num artigo publicado na revista Infectious Disease Modelling que no dia em que a quarentena começou, uma pessoa podia infectar mais de sete outros indivíduos. “A taxa de infecção até foi provavelmente mais elevada porque as pessoas viviam em cabines próximas e tocavam em superfícies contaminadas com o vírus”, disse à Nature Gerardo Chowell, investigador da Universidade Estadual da Georgia, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.

 

 

Mas, depois de as pessoas terem ficado resguardadas nas suas cabines, a média de pessoas que cada indivíduo podia infectar era abaixo de uma. “Isto mostra que a quarentena evita muitas infecções”, refere ainda. Mesmo assim, faz questão de salientar que as condições não eram “perfeitas”, visto que os passageiros podiam infectar os seus colegas de quarto e tripulantes.

 

 

 

Quatro portugueses da tripulação do Diamond Princess sem coronavírus

 

 

 

Já um relatório do Centro de Controlo de Doenças do Japão analisou os casos de covid-19 nos tripulantes durante a quarentena. No documento exemplifica-se que oito de 20 membros do navio confirmados com a doença partilhavam as suas cabines com outros tripulantes. Veio a confirmar-se que cinco companheiros desses oito tripulantes acabaram também por ficar infectados, o que mostra como o SARS-Cov-2 é contagioso.

 

Os dados recolhidos do Diamond Princess também permitem estudar os casos de pessoas infectadas sem sintomas da doença. Por um lado, um relatório publicado na revista médica Eurosurveillance, a 20 de Fevereiro 18% das pessoas infectadas na embarcação não tinham sintomas. “É um número substancial”, afirmou à Nature Gerardo Chowell, que também participou neste estudo.

 

 

Por outro lado, num estudo publicado na revista Radiology: Cardiothoracic Imaging teve-se em conta tomografias computorizadas de 112 pessoas com covid-19. Viu-se que 73% dos 112 doentes (ou seja, 82) não tinham qualquer sintoma óbvio da doença, mas que metade tinha algumas alterações nos pulmões, o que indicava algum nível de pneumonia. “Os casos sintomáticos mostraram opacidades pulmonares e anomalias nas tomografias computorizadas de forma mais frequente do que os casos assintomáticos”, destaca-se no artigo.

 

Este tipo de informações pode dar assim um contributo na tomada de decisões sobre a pandemia. “Os navios de cruzeiro são como uma experiência ideal de uma população isolada. Sabe-se exactamente quem é que está lá e quem está em risco, e todos podem ser analisados”, explicou à Nature John Ioannidis, epidemiologista da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

 

O cientista sugere ainda que se devia juntar o historial médico das pessoas a bordo, como se são fumadoras ou têm uma doença crónica, aos dados recolhidos durante o surto para que se possam obter mais resultados.

 

 

Mesmo que as informações recolhidas no Diamond Princess sejam “valiosas”, John Ioannidis alerta que é difícil estabelecer medidas para um país com base nas que foram aplicadas numa embarcação: “Um país inteiro não é um navio.”

 

 

 

TPT com: Nature//Turu Hanai//Lusa//Teresa Sofia Serafim//Público// Carl Court/Getty//  28 de Março de 2020

 

 

 

 

 

 

Republicanos da América do Norte absolvem Trump, Nancy Pelosi não

O Senado dos Estados Unidos encerrou esta quarta-feira, com a previsível absolvição, o processo de destituição de Donald Trump, a nove meses das eleições presidenciais de novembro e numa altura de crispação tão rara que o Congresso viveu um episódio inédito: enquanto congressistas republicanos e convidados o aplaudiam de pé, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, rasgava uma cópia do discurso sobre o estado da nação, na terça-feira.

 

 

“Foi o gesto mais cortês, face às alternativas”, explicou a líder democrata, à saída do tradicional ato que Trump fez questão de manter na véspera do desfecho do julgamento político, no qual era acusado de abuso de poder e obstrução ao Congresso, por ter pressionado o presidente da Ucrânia a mandar investigar a família do seu adversário Joe Biden. A maioria republicana, que tem 53 senadores (contra 47 democratas), votou contra, mas um deles, Mitt Rommey, pronunciou-se pela condenação: “O presidente é culpado de um abuso terrível da confiança pública”.

 

O gesto de Pelosi foi também uma resposta à grosseria de Trump. À chegada ao púlpito, e após entregar-lhe a cópia do discurso, voltou ostensivamente as costas à presidente da “Casa” quando ela lhe estendeu a mão para o cumprimentar. Quando, após uma hora e 18 minutos, a intervenção terminou e ele era aplaudido de pé, a “speaker” levantou-se e foi rasgando o conjunto de páginas do texto.

 

 

Alguns democratas apressaram-se a sair; outros tinham abandonado a sala durante a intervenção, protestando contra as “mentiras” de Trump. Durante o discurso, houve vaias e risos. Mas também pelo menos um aplauso comum, de pé, até de Pelosi, quando Trump saudou um convidado na galeria – o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, que apresentou como “o presidente legítimo da Venezuela”.

 

 

A presença de Guaidó servia para ilustrar a promessa reiterada por Trump de que o mandato do presidente Nicolás Maduro “será esmagado e destruído” e mantido o apoio aos opositores cubanos e venezuelanos “para restaurar a democracia”. De passagem, gabou-se das sanções “severas” impostas às ditaduras comunistas e socialistas” e de ter “revogado as políticas falidas da Administração anterior (Barack Obama) com Cuba”.

 

 

 

um “entertainer” em ação

 

 

 

Antigo “entertainer” de televisão, o presidente valeu-se de técnicas do espetáculo para levar ao moinho da campanha a água das suas mensagens. Na galeria, estava um agente de patrulha de fronteira e a irmã de um homem assassinado por um imigrante ilegal. Trump carregou forte, anunciando que dentro de um ano terá mais 805 quilómetros de muro feitos na fronteira com o México e que imigrantes ilegais perderão o apoio na saúde e serão expulsos.

 

 

Apontou ainda uma mulher na galeria: tinha “uma surpresa muito especial”. Então, um militar, que estaria há meses em missão, começou a descer as escadas. Era o mote para renovar a promessa de “trazer de regresso a casa” os soldados no Afeganistão: “Não é nossa função ser agência de segurança de outros países”. No entanto…

 

 

“Peço ao Congresso que termine o perigoso sequestro da Defesa e financie plenamente o nosso grande Exército”, para enfrentar “regimes desonestos, grupos terroristas e rivais como a China e a Rússia”, declarou. As sanções contra a economia iraniana vão continuar em vigor “até que Teerão abandone a sua política de armas nucleares e de difundir a morte e o terror”.

 

 

Ainda no plano externo, autoelogiou a sua estratégia para forçar o México e o Canadá a celebrar novos acordos de comércio e das taxas alfandegárias extraordinárias impostas à China. No plano interno, manteve o tom eufórico. “A economia está melhor do que nunca” e “os anos de decadência acabaram”.

 

 

 

Tantas Trump fez e de tantas escapou, desde que foi eleito, há três anos…

 

 

A destituição do Presidente dos Estados Unidos é uma provisão constitucional expressa logo no Artigo 1.º do documento, na sua forma original, de 1776, mas que só foi aplicada quatro vezes até à semana passada. É um processo político baseado em certas situações jurídicas: traição, corrupção e “outros grandes crimes e contravenções”. As situações podem ser da alçada dos tribunais – no caso, o tribunal designado é o Senado –, mas as motivações têm sido sempre políticas.

 

 

Os quatro casos são os de James Buchanan, em 1860, que foi absolvido por falta de matéria destituível, embora reconhecido como “o governo mais corrupto desde 1776″; Andrew Johnson, em 1868, ilibado por um voto de diferença; Richard Nixon, em 1974, que se demitiu quando se tornou evidente que a destituição era inevitável; e Bill Clinton, em 1998. Como se vê, não é um processo frequente nem fácil; dos quatro indiciados, apenas um foi destituído, embora se possa ter a certeza que outro, Nixon, o seria inevitavelmente.

 

Agora, é claro que nenhum presidente é suspeito de ter praticado tantos actos ilegais, ou pelo menos imorais, como o actual. Desde denegrir publicamente mulheres, deficientes, minorias raciais e supostos “inimigos”, até enganar a mulher e pagar para calar as envolvidas, passando por afirmações racistas, mentiras grandes e pequenas, incitamento à violência, e insultos às forças armadas e à administração, em geral e em particular, e ainda a líderes estrangeiros e países aliados vários. Não faltam razões para considerar a terminação prematura da sua presidência. No entanto, por mais que haja provas destes delitos e suspeitas fortes de outros, nenhum deles cai claramente no tal Artigo 1.º, que tem uma redacção propositadamente vaga; os autores da Constituição, querendo garantir essa segurança contra desmandos do Presidente, não podiam prever quais seriam os casos específicos. O que podem ser “outros grandes crimes e contravenções?”

 

 

Por outro lado, a destituição passou por trâmites que, no caso presente, a tornaram praticamente impossível. O processo começou na Câmara dos Representantes, mas depois o julgamento foi feito no Senado. Ora, o Senado, com maioria republicana e dirigido por uma figura desabridamente politiqueira, Mitch McConnel, jamais condenaria Donald Trump. Provavelmente usaria o mesmo sistema processual que lhe permite nem sequer submeter um caso a apreciação; neste momento há mais de 200 peças de legislação paradas no Senado porque McConnel não as coloca a votação – porque não lhe interessa, não interessa aos seus amigos, ou prejudica os lóbis.

 

 

Por outro lado, ainda, os democratas, cientes das implicações que um processo de “impeachment” pode ter – geralmente prejudica quem o move, vitimizando o Presidente junto da opinião pública – e sabendo da dificuldade de fazer prova em situações complicadas, tinham afastado essa possibilidade para derrubar Trump. Nancy Pelosi, a líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes, e efectivamente a líder do Partido, sempre achou que era melhor bater Trump nas próximas eleições do que num processo inexoravelmente travado no Senado.

 

 

Houve um período em que parecia que surgiriam provas suficientes para a destituição, quando o Procurador Especial Robert Mueller preparava um dossier sobre a interferência russa nas eleições de 2016 e que incluiria o conluio de Trump com os russos na conspiração para derrotar Hillary Clinton. Mas Mueller, apesar de ter conseguido indiciar mais de uma dezena de próximos de Trump – e condenar alguns – em processos acessórios ao cerne da investigação, não se atreveu a tocar no Presidente. O seu relatório é enviesado: não há provas de que ele prevaricou, mas também não há provas de que não tenha prevaricado. Esta falta de coragem – diz-se que por excesso de respeito institucional do Procurador – levou a que Trump imediatamente afirmasse que o relatório o ilibava, enquanto o seu Attorney General (Ministro da Justiça) diluía as conclusões de Mueller ao publicar um sumário enganador das investigações. Os democratas, desiludidos com as conclusões inconclusivas, não sentiram que houvesse provas suficientes para começar uma investigação de “impeachment”. O próprio Mueller contribuiu para esta situação difusa nas declarações que fez depois do relatório fechado, ao contar as suas diligências duma forma demasiado restrita e legalista. Seis meses depois, a história que tanto prometia desapareceu no historial convulso da era Trump.

 

 

Eis se não quando, vindo do nada, chegou à comunicação social o relatório de um denunciante anónimo sobre um telefonema entre o Donald Trump e o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Segundo esse relatório, no dia 25 de Julho, o Presidente dos Estados Unidos teria pedido a Zelensky “um favor”; que investigasse o papel de Hunter Biden, filho do ex-vice-Presidente e actual candidato democrata às eleições de 2020, numa empresa ucraniana, Burisma, que estaria a ser investigada por corrupção. Esse “pedido” condicionava a entrega dos Estados Unidos de material militar essencial para a Ucrânia enfrentar a ocupação russa do sul do país.

 

 

A acusação é grave, uma vez que pedir ajuda a país estrangeiro para interferir na campanha presidencial é um crime claro e claramente definível. Uma simplesmente verificação de datas indicava que antes do telefonema Trump tinha suspendido um fornecimento de 391 milhões de dólares já aprovado pelo Congresso.

 

 

Perante esta suspeita, Nancy Pelosi, viu-se praticamente obrigada a iniciar uma investigação, dirigida pelo presidente da Comissão de Espionagem (“Inteligence Commitee”) da Câmara dos Representantes, Adam Schiff.

 

 

Dois anos antes, Putin tinha invadido a Ucrânia e anexado a Crimeia. O ataque foi condenado internacionalmente e provocou sanções contra a Rússia, além de uma substancial ajuda americana. Em Abril, os ucranianos elegeram um Presidente improvável, o actor Zelensky, que fazia precisamente o papel de presidente numa comédia de televisão. Nesse papel, Zelensky queixava-se amiúde da corrupção que grassava no país e foi a esperança de mudar a situação que levou à sua eleição.

 

 

Surrealmente, no telefonema, Trump disse-lhe “Realmente acredito que o Presidente Putin gostaria de fazer alguma coisa. Espero que o senhor e o Presidente Putin se unam para resolver o seu problema (com a Rússia)”. Ora, como comentou o jornalista Jeffrey Toobyn no “The New Yorker”, “a Ucrânia não tem um problema com Putin; tem uma invasão de Putin”.

 

A transcrição do telefonema, que foi ocultada pela Casa Branca, mas que acabou por ser conhecida, é constrangedora. O ucraniano rebaixa-se entusiasticamente perante o americano, chamando-o de “grande mestre”, diz que já se hospedou num dos seus hotéis, concorda com afirmações muito negativas em relação aos líderes europeus e corrobora insinuações sobre a embaixadora americana que Trump tinha despedido em Maio, Marie Yovanovitch.

 

 

Ficou-se então a saber, pouco a pouco, porém rapidamente, uma situação que tinha passado despercebida; o advogado pessoal de Trump, Rudolph Giuliani, andava pela Ucrânia a fazer uma espécie e diplomacia paralela – Giuliani não tem nenhum cargo oficial –, angariando cúmplices e movendo influências para conseguir informações danosas sobre Hunter Biden. Foi ele que conferenciou com Yuriy Lutsenko, procurador-geral da Ucrânia desde 2016 e despedido por corrupção em 2019 – escolhia os processos conforme as ajudas que recebia. Marie Yovanovitch foi afastada porque não aceitou a pressão de Giuliani para investigar Hunter Biden, conforme entretanto já testemunhou à Comissão dirigida por Adam Schiff. No famoso telefonema com Zelensky, Trump chama-a de “empecilho” e diz que “lhe vão acontecer coisas.”

 

 

Zelensky pode parecer fraco no telefonema com Trump, mas é preciso compreender que está a lutar várias guerras ao mesmo tempo; contra os russos, que lhe invadiram o país, e contra a corrupção endémica da Ucrânia. Não se pode permitir alienar os Estados Unidos, mas também não quis ceder ao “pedido” de Trump, que representa uma interferência no seu país. No entanto, este é também o homem que pode determinar o envio de precioso material militar.

 

 

Contrariamente ao que se diz no telefonema, a União Europeia tem ajudado a Ucrânia, financeira e diplomaticamente, mas só os Estados Unidos podem fornecer o equipamento militar indispensável para travar os russos, que fazem uma guerra de baixa intensidade através dos ucranianos de etnia russa na Abecássia e na Crimeia. Por outro lado, Zelensky sabe que Trump tem uma relação forte com Putin e decerto conhece as anteriores afirmações do americano: “Foram os ucranianos e não os russos que interferiram nas eleições de 2016, e fizeram-no a favor dos democratas. São terríveis, todos corruptos, e tentaram que eu perdesse.”

 

 

Inicialmente, a Casa Branca negou que o telefonema fosse comprometedor. Mas, à medida que os testemunhos confirmavam a chantagem – testemunhos feitos por funcionários americanos com credenciais impecáveis de serviço público e um longo historial de patriotismo –, os advogados do Presidente passaram a atacar a credibilidade dos depoentes. Um advogado, Pat Ciplollone, argumentou que a investigação não estava a dar a Trump o direito de defesa e em seguida foi anunciado que nenhum funcionário no activo estava autorizado a testemunhar na investigação para decidir se o Presidente podia ser destituído.

 

 

Contudo, os funcionários citados pela Comissão da Câmara dos Representantes decidiram por sua conta e risco contar o que sabiam, e a cada testemunho piora a situação do Presidente. Além de Marie Yovanovitch, apresentou-se Bill Taylor, Encarregado de Negócios (“chargé d’affaires”) para a Ucrânia e ex-embaixador. Foi ele que confirmou as conversas altamente comprometedoras entre Kurt Volker e Gordon Sondland, embaixador dos Estados Unidos para a União Europeia. E também Fiona Hill, conselheira de Trump no Conselho de Segurança Nacional, que se demitiu em Julho por não concordar com o que estava a acontecer na Ucrânia, e que forneceu pormenores da “operação” de Giulliani e dos seus contactos com Sondland. E o Tenente-Coronel Alexander Vindman, herói de guerra, de impecáveis credenciais, e que assistiu ao que se passava na Ucrânia e estava presente no famoso telefonema. E mais, Tim Morrison, conselheiro de Trump para a Rússia e Europa, que corroborou o testemunho de Bill Taylor, o embaixador que substituiu Marie Yovanovitch.

 

 

Sondland, um milionário que deu um milhão de dólares para a campanha de Trump e foi premiado com o posto de embaixador para a Europa, começou por negar mas, perante o quadro legal que o poderia levar à prisão por perjúrio, acabou por confirmar os seus contactos com Giulliani e que a ajuda militar estava condicionada à boa vontade de Zelensky na investigação a Hunter Biden.

 

 

Inicialmente feitas à porta fechada, as inquirições da Comissão da Câmara dos Representantes passaram a ser públicas esta semana. Para tal, a Comissão começou a publicar os testemunhos, que são realmente muito prejudiciais para o Presidente.

 

 

Seguiram-se as audiências públicas, abertas a uma plateia e à televisão. Foi um espectáculo mediático à vista de todo o país.

 

 

Como dissemos, a demissão foi impossível, porque o Senado nunca quiz fazer sequer um julgamento, e muito menos decidiu uma condenação. Mas será que as audiências públicas, que se prolongaram por alguns meses, farão algum estrago na campanha de Trump para as eleições de 2020?…

É o melhor que os seus desafectos podem esperar.

 

 

 

Pete Buttigieg, 38 anos, candidato democrata. Jovem ex-mayor faz frente aos veteranos

 

Mais de 48 horas depois, os resultados do “caucus” democrata no Iowa continuavam por fechar, dando a vitória provisória ao ex-“mayor” de South Bend, Indiana. Pete Buttigieg, 38 anos (o mais jovem candidato), ex-oficial da marinha, homossexual, centrista e reivindicando-se da moral e dos valores cristãos americanos, trepou de surpresa e assegurava 26,9% dos votos (estavam contados 75%) e 11 delegados. O senador Bernie Sanders, 78 anos, reunia 25,2% e 11 delegados.

 

 

TPT com: AF//Reuters//AFP//JN//Alfredo Maia//CNN//NYP//WP// Brendan Smialowski / AFP// 5 de Fevereiro de 2020

 

 

 

 

Morreu Kobe Bryant, um dos maiores jogadores de basquetebol de sempre

 

O antigo jogador de basquetebol morreu em Calabasas, no estado da Califórnia, nos EUA, na sequência da queda de um helicóptero. O acidente fez nove vítimas mortais, incluindo a sua filha Gianna Maria, de 13 anos. Bryant tinha 41 anos.

 

 

O ex-basquetebolista Kobe Bryant morreu este domingo, 26 de janeiro, na sequência da queda do seu helicóptero privado.

 

 

A notícia foi avançada pelo site TMZ e posteriormente confirmada pela Variety e por Adrian Wojnarowski, jornalista da ESPN e um dos mais reputados profissionais a trabalhar na indústria.

 

 

Segundo a mesma fonte, a filha do atleta, Gianna Maria, também seguiria a bordo. A informação foi posteriormente confirmada pelo mayor de Los Angeles, Eric Garcetti.

 

 

A xerife Alex Villanueva adiantou mais tarde que nove pessoas seguiam a bordo da aeronave. “Não houve sobreviventes… Estavam nove pessoas a bordo do avião. O piloto e oito pessoas”, disse Alex Villanueva em conferência de imprensa.

 

 

Informações iniciais confirmadas por autoridades locais davam conta de cinco mortos no acidente de helicóptero, que caiu após voar em condições de neblina no noroeste de Los Angeles.

 

 

Segundo a CNN, que cita um familiar, entre as vítimas mortais está o treinador de basebol John Altobelli do Orange Coast College, de 56 anos, a sua filha Alyssa Altobelli e a esposa Keri Altobelli.

 

 

Adiantou à CNN o treinador assistente Orange Coast College que Gianna e Alyssa eram colegas de equipa na Mamba Academy e estavam a caminho de Thousand Oaks para participar num jogo.

 

 

A polícia do condado de Los Angeles informou no Twitter que ocorreu um acidente de helicóptero em Calabasas. O acidente foi reportado às 10 horas locais (18 horas em Lisboa).

 

 

Os investigadores estão agora a tentar determinar as causas da queda. De acordo com o Los Angeles Times, a aeronave despenhou-se no nevoeiro e o fogo espalhou-se nos arbustos junto ao local da queda, tornando difícil o resgate.

 

 

A Federal Aviation Administration confirma que o modelo do helicóptero é um S-76B Sikorsky, construído em 1991, registado pela Island Express Holding Corp.

 

 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu no Twitter que a morte de Bryant “é uma notícia terrível”. Barack Obama também lamentou a perda na rede social: “Kobe era uma lenda em campo e estava só a começar o que teria sido um segundo ato tão significativo quanto (o primeiro)”.

Hoje, o Staples Center de Los Angeles passou de casa dos Lakers a santuário de Kobe Bryant.

 

 

Considerado um dos maiores jogadores de basquetebol de sempre, Kobe Bryant, conhecido por “Black Mamba”, foi o melhor marcador de sempre dos Los Angeles Lakers (33.643), clube a que esteve ligado durante toda a sua carreira de 20 anos, tendo conquistado cinco títulos de campeão e sido chamado 18 vezes ao ‘All-Star’.

 

 

Pelos préstimos do seu lendário jogador, os Los Angeles Lakers retiraram os números de Kobe Bryant, 8 e 24, das camisolas de jogo.

 

 

Bryant conquistou três títulos da NBA consecutivos, entre 2000 e 2002, fazendo uma dupla temível com Shaquille O’Neal, voltando às vitórias em 2009 e 2010, então em “colaboração” com Pau Gasol. O ex-jogador recebeu também duas medalhas de ouro pela prestação da equipa de Basquetebol dos EUA nos Jogos Olímpicos de 2008 e 2012.

 

 

O basquetebolista era também, até hoje de madrugada, o terceiro maior marcador na história da NBA — e um dos únicos sete atletas que ultrapassaram a marca dos 30.000 pontos — , com 33643 pontos, mas foi ultrapassado por LeBron James, que atingiu 33655 pontos na carreira.

 

 

Em jeito de homenagem à antiga estrela, James utilizou uns ténis especiais para o efeito (com a inscrição “Mamba 4 Life”). Bryant respondeu ao feito, escrevendo “Continua a levar o jogo para a frente King James. Muito respeito irmão #33644”, no Twitter.

 

 

Em abril de 2016, aos 38 anos, Kobe disputou a sua última partida na NBA, na qual marcou 60 pontos frente aos Utah Jazz, e tornou-se o jogador mais velho a anotar pelo menos 50 pontos num jogo na NBA. Após a reforma, lançou um fundo de capital de risco.

 

 

Essa não foi, porém, a sua única iniciativa pós-basquetebol. Em 2018, Bryant recebeu um Óscar da Academia por melhor Curta de Animação pelo filme “Dear Basketball”.

 

 

 

O percurso da lenda do basquetebol

 

 

 

Bryant nasceu em Filadélfia. O seu pai, Joe, jogou durante oito temporadas na NBA nos anos 1970/80 pelos Philadelphia 76ers, pelos San Diego Clippers e pelos Houston Rockets. Joe casou com Pam Cox e deram o nome de Kobe ao seu primeiro filho, inspirados por uma cidade japonesa.

 

 

Bryant destacou-se desde cedo, logo no liceu de Lower Merion, onde ganhou vários troféus nacionais, tendo depois anunciado que não pretendia seguir para a universidade e tentar a sua sorte dos drafts da NBA. Foi selecionado por Charlotte em 1996, mas os Lakers já tinham negociado um acordo com os Hornets para adquirir Bryant antes da seleção, recorda o Los Angeles Times.

 

 

Conta o jornal que o atleta impressionou o então diretor-geral dos Lakers, Jerry West, o que levou a equipa de Los Angeles a trocar Vlade Divac, que seguiu para os Hornets, pelos direitos desportivos de Kobe. À data, com apenas 17 anos, os pais do jovem atleta tiveram de assinar o contrato com ele.

 

 

A sua estreia foi na temporada de 1996-97 contra Minnesota, tendo sido na altura o jogador mais novo na NBA. Mas acabou por se destacar na temporada 1998-99, quando alinhou de início nos 50 jogos disputados pelos Lakers.

 

 

Kobe e Shaquille O’Neal, colegas de equipa, tornaram-se rapidamente numa das duplas mais temidas da NBA, tendo vencido juntos três campeonatos seguidos. Mas a tensão entre os dois acabou por aumentar nas temporadas 2002-03 e 2003-04, quando os Lakers falharam o título. O’Neal acabaria por sair dos Lakers.

 

 

Para piorar as coisas, Bryant foi acusado de assédio sexual em julho de 2003. Apesar do caso ter caído —o atleta chegou a acordo com a alegada vítima — a reputação do  jogador sofreu danos.

 

 

Bryant teve alguns dos seus melhores desempenhos nas três temporadas seguintes, mas a equipa viveu anos difíceis entre 2005 e 2007. A temporada de 2007-08 começou com tumultos, na sequência de relatos de que Kobe exigia mudar de equipa, descontente com o treinador e a gestão dos Lakers, mas acabou por recuar. Os títulos nacionais voltaram em 2009 e 2010.

 

 

Problemas no joelho e no tornozelo marcaram a temporada de 2011-12 de Kobe e dos Lakers, que dependiam em grande medida do jogador. As lesões marcaram também a época de 2013-14 e Bryant acabou por colocar um ponto final na carreira em 2016… tendo começado uma outra, em Hollywood.

 

 

 

Com a morte de Kobe Bryant, o mundo do desporto, e não só, está de luto

 

 

O falecimento súbito de Kobe Bryant apanhou o mundo de surpresa. O antigo jogador de basquetebol morreu em Calabasas, no estado da Califórnia, EUA, na sequência da queda do helicóptero que o transportava. Antigos colegas e adversários, atletas de outros desportos, várias celebridades e até o Presidente dos EUA já reagiram à morte.

 

Segundo avança o site norte-americano TMZ, citado pela agência de notícias francesa AFP, no helicóptero em que viajava Kobe Bryant seguiam mais quatro pessoas, e nenhuma resistiu à queda do aparelho.

 

 

O basquetebolista, conhecido como o ‘Black Mamba’ (cobra mamba negra), chegou à NBA aos 17 anos e atuou ao longo de 20 anos nos Los Angeles Lakers, tendo sido cinco vezes campeão norte-americano e duas vezes campeão olímpico (Pequim2008 e Londres2012). É um dos únicos sete atletas que ultrapassaram a marca dos 30.000 pontos na carreia.

 

 

Kobe era, até há um dia, o terceiro melhor marcador da história da NBA, com 33.643, apenas atrás de Kareem Abdul-Jabbar (38.387) e Karl Malone (36.928), tendo sido agora ultrapassado por LeBron James (33.655).

 

 

No sábado, depois de ser superado, o ex-jogador deu os parabéns a LeBron James através do Twitter: “Continua a levar o jogo para a frente King James. Muito respeito irmão”.

 

 

Em abril de 2016, Kobe disputou a sua última partida na NBA, na qual marcou 60 pontos frente aos Utah Jazz, e tornou-se o jogador mais velho a anotar pelo menos 50 pontos num jogo na NBA.

 

 

Entre as reações à sua morte constam as de outros basquetebolistas, no ativo e reformados, como Dwayne Wade, Paul Pierce, Kevin Love, Joel Embiid e Manu Ginobili. Neste grupo constam ainda ex-colegas de Bryant nos Lakers, como Shaquille O’Neal e Pau Gasol.

 

No entanto, o luto estende-se ao restante mundo do desporto. O jogador de futebol americano Tom Brady, o corredor Usain Bolt e Iker Casillas, guarda-redes do Futebol Clube do Porto, prestaram as suas condolências. Também clubes de futebol como o Sporting CP, o Paris Saint-Germain e o Borussia Dortmund assinalaram a morte através das suas contas oficiais de Twitter.

 

 

Em campo e nos pavilhões, o luto também foi feito, quer pelo futebolista Neymar depois de marcar um golo, quer pelas equipas de basquete dos Toronto Raptors e dos San Antonio Spurs, que deixaram o tempo limite do período de ataque, 24 segundos, esgotar em honra ao número da camisola de Bryant

 

O choque provocado pela morte de Bryant levou também a que várias figuras públicas lembrassem o jogador, desde os apresentadores Ellen DeGeneres e Trevor Noah, até aos atores Idris Elba e Reese Witherspoon, passando pelos cantores John Legend, Justin Bieber e Drake.

 

 

O presidente dos EUA, Donald Trump, também prestou condolências pela morte de Bryant através da sua conta de Twitter.

 

 

 

TPT com: Reuters//AFP//CNN//TNT//WashingtonPost//MadreMedia//Sapo24//Lusa//26 de Janeiro de 2020

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A segunda volta foi inédita e a margem curta. Os números da vitória de Rui Rio

 

Quando ainda estão 19 secções por apurar de acordo com o ‘site’ do PSD (embora 11 sejam da Madeira, onde não houve votação), Rio conseguiu 53,11% dos votos (17.009) contra 46,89% (15.018) de Montenegro, uma diferença de 6,12 pontos percentuais e 1.991 votos.

 

 

Até agora, a vitória mais estreita registava-se em 2008, quando Manuela Ferreira Leite venceu Pedro Passos Coelho por 37,9% contra 31,06%, uma diferença de 6,84 pontos percentuais e de cerca de 3.000 votos.

 

 

No entanto, nesta ocasião o PSD ficou quase ‘tripartido’, já que o terceiro candidato mais votado, Pedro Santana Lopes, obteve 29,6% dos votos, a apenas 1,46 pontos do segundo.

 

 

Nessas eleições, os estatutos ainda não obrigavam a uma segunda volta quando um dos candidatos não obtivesse a maioria absoluta dos votos validamente expressos, uma regra que só foi introduzida em 2012, mas que só foi necessária na atual eleição, depois de na primeira volta Rio ter vencido com 49,02% dos votos (com uma diferença de 2.409 votos para Montenegro).

 

 

Numa análise dos resultados por distrito, Rio teve no sábado uma vitória ainda mais expressiva do que na primeira volta no Porto, a maior distrital do PSD em número de militantes com quotas em dia, com 64% dos votos.

 

Se na primeira volta a cidade onde Rio foi presidente da Câmara durante 12 anos já lhe tinha dado uma vantagem de 1.456 votos, no sábado essa margem alargou-se para 1.734.

 

 

Já a maior vitória de Luís Montenegro foi alcançada na Área Metropolitana de Lisboa (a segunda maior distrital, mas onde votaram menos pessoas do que em Braga), conseguindo 65% dos votos.

 

 

Numa estrutura que na primeira volta tinha sido conquistada por Miguel Pinto Luz com 1.592 votos – o candidato menos votado e que ficou fora da segunda volta -, no sábado o antigo líder parlamentar do PSD conseguiu mais 985 votos na capital e alargou a vantagem sobre Rio de apenas 168 votos para 1.182.

 

 

Montenegro ‘herdou’ também a outra estrutura em que Pinto Luz tinha vencido, Setúbal, alcançando 67,6% dos votos, e uma vantagem de 289 votos sobre Rio.

 

 

Em Braga, a terceira maior distrital, Montenegro venceu com 52% dos votos, mas a vantagem sobre Rio encurtou-se em relação há uma semana, passando de 353 votos para 207.

 

 

A fechar o leque das quatro maiores distritais (que juntas representam mais de 57% dos votos no PSD), em Aveiro o líder do PSD reforçou a vantagem com 59,5% dos votos, conquistando mais 706 votos que o seu adversário (na primeira volta tinha tido mais 593 que Montenegro).

 

 

No total do país, Rio ficou à frente em 12 distritos e Montenegro em 10, quando na primeira volta o líder tinha vencido em 13 e o antigo deputado em seis.

 

 

Além das duas distritais que há uma semana tinham sido de Pinto Luz – Lisboa e Setúbal -, Montenegro recuperou Portalegre a Rio e conseguiu a unanimidade dos quatro militantes que votaram Fora da Europa (na primeira volta tinha dado empate) e voltou a vencer em Braga, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Lisboa Área Oeste e Viseu.

 

 

Já Rio voltou a vencer, além de Porto e Aveiro, nos Açores, Beja, Bragança, Évora, Europa, Faro, Guarda, Santarém, Viana do Castelo e Vila Real.

 

 

Nas cinco maiores concelhias do PSD em número de quotas pagas, Montenegro venceu três – Lisboa (63,6%), Famalicão (77,3%) e Barcelos (55,7%) – e Rio duas: Porto (68%) e Gaia (80%).

 

 

Na Madeira, o PSD regional recusou abrir as sedes para a realização da segunda volta na Região Autónoma, depois de o Conselho de Jurisdição Nacional ter anulado todos os votos da primeira volta por “desconformidades” com o caderno eleitoral, pelo que não foi contabilizado qualquer voto nesta estrutura.

 

 

Além das 11 secções da Madeira, continuam por apurar os dados de quatro secções de Portalegre, duas de Coimbra, uma de Viseu e outra de Viana do Castelo.

 

 

Quanto à participação, aumentou ligeiramente em relação à primeira volta: em 40.628 inscritos, votaram 32.368, de acordo com os dados provisórios do site do PSD, o que corresponde a 79,6% do total e mais quase 300 militantes em relação ao passado sábado.

 

 

 

 “Não vale a pena anunciarem a minha morte política, creio que essa notícia seria manifestamente exagerada”, disse Luís Montenegro

 

 

 

Em declarações aos militantes, Luís Montenegro, derrotado nas eleições para a presidência do PSD, congratulou Rui Rio pela vitória, apelou à “paz e à unidade do partido”, mas pediu também uma reflexão não apenas sobre os últimos resultados eleitorais, como sobre o que os militantes disseram nas urnas. A par, garantiu, não vale a pena anunciar para já a sua morte política.

 

O candidato à liderança do PSD Luís Montenegro reconheceu a derrota nas eleições diretas e disse que já telefonou ao presidente Rui Rio a saudá-lo pela vitória, pedindo-lhe que tenha “a capacidade de devolver a unidade ao partido”.

 

 

“Ele foi o vencedor, é credor naturalmente do nosso cumprimento, do nosso desejo de que possa ultrapassar com êxito os próximos combates que o partido vai travar”, disse Montenegro, referindo-se às eleições regionais dos Açores este ano e às autárquicas de 2021.

 

 

No entanto, disse também que, “não pondo em causa os resultados de hoje, mas com a responsabilidade e a legitimidade de representar cerca de 47% dos militantes”, é importante que a direção do partido interprete “os resultados eleitorais do último ano e aquilo que resulta da avaliação que os militantes hoje fizeram”.

 

 

Todavia, salientou, “é sobretudo importante que o PSD tenha paz e tenha unidade”.  “Todos temos de contribuir para acabar com a cultura de fação, com divisões insustentáveis, e com agressividades intoleráveis”, defendeu.

 

 

“Todos temos de colaborar para o desidrato de unir o PSD, mas também disse muitas vezes na campanha, com frontalidade e lealdade, que essa unidade começa na liderança e no líder. Desejo que o dr. Rui Rio tenha a capacidade de poder devolver esta unidade ao nosso PSD”, disse ainda.

 

 

Olhando para o que espera ao partido daqui para a frente, Luís Montenegro disse que “ultrapassada esta fase de eleições internas”, espera que o PSD “possa constituir-se como a oposição firme e exigente que o país precisa e possa também alicerçar as bases de uma alternativa política diferenciadora”.

 

“Não tenho dúvidas que o país precisa do PSD”, reiterou.

 

Sobre o seu futuro pessoal, Montenegro não se retira de cena: “Eu estarei no futuro, como estive no passado, disponível para ajudar o meu partido. Vou regressar à minha condição de militante de base, não tenciono nos próximos tempos desempenhar nenhum cargo, mas estarei disponível para os combates que o partido vai enfrentar na medida que o partido quiser e solicitar.”

 

 

Assim, avisou que “não vale a pena anunciarem” a sua morte política, considerando que essa notícia seria “manifestamente exagerada”.

 

 

Questionado se admite ser candidato nas autárquicas de 2021, o antigo deputado considerou que “esta questão não se coloca” de momento.

 

 

“Eu não sou político de profissão, sou político por missão, não tenho essa visão de preocupação em relação ao meu futuro político. Estou centrado em ser um militante ativo do PSD e continuar a contribuir e colaborar para que o partido tenha êxito nos seus diversos combates”, afirmou.

 

 

Quanto à sua participação no congresso de Viana do Castelo, Montenegro definiu-a como “uma participação no debate”.

 

 

“Não vou reivindicar no congresso nada que não seja o que me compete, que é dar a minha opinião, o meu contributo: participar nesse grande debate que é a reunião magna do PSD, esgoto aí a minha participação no congresso e creio que já não é pouco”, disse.

 

 

Montenegro foi recebido na sala do hotel onde acompanhou a noite eleitoral com demorados aplausos de pé pelos seus apoiantes, chegando acompanhado da mulher, da ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, da mandatária nacional Margarida Balseiro Lopes, do antigo líder parlamentar Hugo Soares e do diretor de campanha e deputado Pedro Alves.

 

 

O candidato e presidente do PSD, Rui Rio, foi ontem reeleito com 53,02% dos votos, derrotando o ex-líder parlamentar Luís Montenegro, que teve 46,98%, anunciou o conselho de jurisdição nacional do partido.

 

 

O anúncio foi feito pelo presidente do conselho de jurisdição, Nunes Liberato, na sede nacional dos sociais-democratas, em Lisboa, cerca das 23:20.

 

 

Esta eleição foi decidida numa segunda volta das diretas no PSD, o que aconteceu pela primeira vez na história do partido.

 

 

TPT com: MadreMedia//Sapo24//LUSA//António Cotrin//José Coelho//Lusa//19 de Janeiro de 2020