Quando ainda estão 19 secções por apurar de acordo com o ‘site’ do PSD (embora 11 sejam da Madeira, onde não houve votação), Rio conseguiu 53,11% dos votos (17.009) contra 46,89% (15.018) de Montenegro, uma diferença de 6,12 pontos percentuais e 1.991 votos.
Até agora, a vitória mais estreita registava-se em 2008, quando Manuela Ferreira Leite venceu Pedro Passos Coelho por 37,9% contra 31,06%, uma diferença de 6,84 pontos percentuais e de cerca de 3.000 votos.
No entanto, nesta ocasião o PSD ficou quase ‘tripartido’, já que o terceiro candidato mais votado, Pedro Santana Lopes, obteve 29,6% dos votos, a apenas 1,46 pontos do segundo.
Nessas eleições, os estatutos ainda não obrigavam a uma segunda volta quando um dos candidatos não obtivesse a maioria absoluta dos votos validamente expressos, uma regra que só foi introduzida em 2012, mas que só foi necessária na atual eleição, depois de na primeira volta Rio ter vencido com 49,02% dos votos (com uma diferença de 2.409 votos para Montenegro).
Numa análise dos resultados por distrito, Rio teve no sábado uma vitória ainda mais expressiva do que na primeira volta no Porto, a maior distrital do PSD em número de militantes com quotas em dia, com 64% dos votos.
Se na primeira volta a cidade onde Rio foi presidente da Câmara durante 12 anos já lhe tinha dado uma vantagem de 1.456 votos, no sábado essa margem alargou-se para 1.734.
Já a maior vitória de Luís Montenegro foi alcançada na Área Metropolitana de Lisboa (a segunda maior distrital, mas onde votaram menos pessoas do que em Braga), conseguindo 65% dos votos.
Numa estrutura que na primeira volta tinha sido conquistada por Miguel Pinto Luz com 1.592 votos – o candidato menos votado e que ficou fora da segunda volta -, no sábado o antigo líder parlamentar do PSD conseguiu mais 985 votos na capital e alargou a vantagem sobre Rio de apenas 168 votos para 1.182.
Montenegro ‘herdou’ também a outra estrutura em que Pinto Luz tinha vencido, Setúbal, alcançando 67,6% dos votos, e uma vantagem de 289 votos sobre Rio.
Em Braga, a terceira maior distrital, Montenegro venceu com 52% dos votos, mas a vantagem sobre Rio encurtou-se em relação há uma semana, passando de 353 votos para 207.
A fechar o leque das quatro maiores distritais (que juntas representam mais de 57% dos votos no PSD), em Aveiro o líder do PSD reforçou a vantagem com 59,5% dos votos, conquistando mais 706 votos que o seu adversário (na primeira volta tinha tido mais 593 que Montenegro).
No total do país, Rio ficou à frente em 12 distritos e Montenegro em 10, quando na primeira volta o líder tinha vencido em 13 e o antigo deputado em seis.
Além das duas distritais que há uma semana tinham sido de Pinto Luz – Lisboa e Setúbal -, Montenegro recuperou Portalegre a Rio e conseguiu a unanimidade dos quatro militantes que votaram Fora da Europa (na primeira volta tinha dado empate) e voltou a vencer em Braga, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Lisboa Área Oeste e Viseu.
Já Rio voltou a vencer, além de Porto e Aveiro, nos Açores, Beja, Bragança, Évora, Europa, Faro, Guarda, Santarém, Viana do Castelo e Vila Real.
Nas cinco maiores concelhias do PSD em número de quotas pagas, Montenegro venceu três – Lisboa (63,6%), Famalicão (77,3%) e Barcelos (55,7%) – e Rio duas: Porto (68%) e Gaia (80%).
Na Madeira, o PSD regional recusou abrir as sedes para a realização da segunda volta na Região Autónoma, depois de o Conselho de Jurisdição Nacional ter anulado todos os votos da primeira volta por “desconformidades” com o caderno eleitoral, pelo que não foi contabilizado qualquer voto nesta estrutura.
Além das 11 secções da Madeira, continuam por apurar os dados de quatro secções de Portalegre, duas de Coimbra, uma de Viseu e outra de Viana do Castelo.
Quanto à participação, aumentou ligeiramente em relação à primeira volta: em 40.628 inscritos, votaram 32.368, de acordo com os dados provisórios do site do PSD, o que corresponde a 79,6% do total e mais quase 300 militantes em relação ao passado sábado.
“Não vale a pena anunciarem a minha morte política, creio que essa notícia seria manifestamente exagerada”, disse Luís Montenegro
Em declarações aos militantes, Luís Montenegro, derrotado nas eleições para a presidência do PSD, congratulou Rui Rio pela vitória, apelou à “paz e à unidade do partido”, mas pediu também uma reflexão não apenas sobre os últimos resultados eleitorais, como sobre o que os militantes disseram nas urnas. A par, garantiu, não vale a pena anunciar para já a sua morte política.
O candidato à liderança do PSD Luís Montenegro reconheceu a derrota nas eleições diretas e disse que já telefonou ao presidente Rui Rio a saudá-lo pela vitória, pedindo-lhe que tenha “a capacidade de devolver a unidade ao partido”.
“Ele foi o vencedor, é credor naturalmente do nosso cumprimento, do nosso desejo de que possa ultrapassar com êxito os próximos combates que o partido vai travar”, disse Montenegro, referindo-se às eleições regionais dos Açores este ano e às autárquicas de 2021.
No entanto, disse também que, “não pondo em causa os resultados de hoje, mas com a responsabilidade e a legitimidade de representar cerca de 47% dos militantes”, é importante que a direção do partido interprete “os resultados eleitorais do último ano e aquilo que resulta da avaliação que os militantes hoje fizeram”.
Todavia, salientou, “é sobretudo importante que o PSD tenha paz e tenha unidade”. “Todos temos de contribuir para acabar com a cultura de fação, com divisões insustentáveis, e com agressividades intoleráveis”, defendeu.
“Todos temos de colaborar para o desidrato de unir o PSD, mas também disse muitas vezes na campanha, com frontalidade e lealdade, que essa unidade começa na liderança e no líder. Desejo que o dr. Rui Rio tenha a capacidade de poder devolver esta unidade ao nosso PSD”, disse ainda.
Olhando para o que espera ao partido daqui para a frente, Luís Montenegro disse que “ultrapassada esta fase de eleições internas”, espera que o PSD “possa constituir-se como a oposição firme e exigente que o país precisa e possa também alicerçar as bases de uma alternativa política diferenciadora”.
“Não tenho dúvidas que o país precisa do PSD”, reiterou.
Sobre o seu futuro pessoal, Montenegro não se retira de cena: “Eu estarei no futuro, como estive no passado, disponível para ajudar o meu partido. Vou regressar à minha condição de militante de base, não tenciono nos próximos tempos desempenhar nenhum cargo, mas estarei disponível para os combates que o partido vai enfrentar na medida que o partido quiser e solicitar.”
Assim, avisou que “não vale a pena anunciarem” a sua morte política, considerando que essa notícia seria “manifestamente exagerada”.
Questionado se admite ser candidato nas autárquicas de 2021, o antigo deputado considerou que “esta questão não se coloca” de momento.
“Eu não sou político de profissão, sou político por missão, não tenho essa visão de preocupação em relação ao meu futuro político. Estou centrado em ser um militante ativo do PSD e continuar a contribuir e colaborar para que o partido tenha êxito nos seus diversos combates”, afirmou.
Quanto à sua participação no congresso de Viana do Castelo, Montenegro definiu-a como “uma participação no debate”.
“Não vou reivindicar no congresso nada que não seja o que me compete, que é dar a minha opinião, o meu contributo: participar nesse grande debate que é a reunião magna do PSD, esgoto aí a minha participação no congresso e creio que já não é pouco”, disse.
Montenegro foi recebido na sala do hotel onde acompanhou a noite eleitoral com demorados aplausos de pé pelos seus apoiantes, chegando acompanhado da mulher, da ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, da mandatária nacional Margarida Balseiro Lopes, do antigo líder parlamentar Hugo Soares e do diretor de campanha e deputado Pedro Alves.
O candidato e presidente do PSD, Rui Rio, foi ontem reeleito com 53,02% dos votos, derrotando o ex-líder parlamentar Luís Montenegro, que teve 46,98%, anunciou o conselho de jurisdição nacional do partido.
O anúncio foi feito pelo presidente do conselho de jurisdição, Nunes Liberato, na sede nacional dos sociais-democratas, em Lisboa, cerca das 23:20.
Esta eleição foi decidida numa segunda volta das diretas no PSD, o que aconteceu pela primeira vez na história do partido.
TPT com: MadreMedia//Sapo24//LUSA//António Cotrin//José Coelho//Lusa//19 de Janeiro de 2020