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Vladimir Putin – O novo czar dos russos

30/12/2014

 
Ao anexar a Crimeia, ao apoiar os separatistas ucranianos e ao desafiar os EUA e a União Europeia, apesar das duras sanções, o Presidente russo fez ressurgir, 25 anos após a queda do Muro de Berlim, o espetro da guerra fria. A Vladimir Putin só uma coisa parece meter-lhe medo: a queda do preço do petróleo.

 
Há 40 anos que não havia uma anexação na Europa. A tomada da parte norte da ilha de Chipre pelos turcos, em 1974 — criando a República Turca de Chipre do Norte, que só Ancara reconhece — foi a última apropriação de território alheio… até este ano. A Crimeia, uma república até agora pertencente à Ucrânia, passou a integrar a Federação Russa. A península fora cedida a Kiev em 1953, uma oferta da República Socialista Soviética Russa à sua congénere ucraniana, ainda no quadro da URSS, para celebrar os 300 anos da união entre ambas. O que Khrutschov deu, outro senhor do Kremlin volta a tirar: Vladimir Putin.

 

Há que recuar a 21 de novembro de 2013 para contar a história da primeira anexação europeia do século XXI. Nesse dia, o então Presidente ucraniano, Viktor Ianukovitch, rasgou o acordo de cooperação que negociara com a União Europeia, voltando a aproximar-se de Moscovo. Num país a precisar de dinheiro e dividido entre pró-ocidentais e pró-russos, os primeiros ocuparam a Praça Maidan (Independência), no centro da capital, e nasceu o movimento Euromaidan.

 
Se predominavam os manifestantes pacíficos, é verdade que a multidão incluía de tudo, incluindo ultras nacionalistas e militantes da extrema-direita que se envolveram em duros confrontos com a polícia de choque.

 
A 22 de fevereiro, após semanas de manifestações, o Parlamento ucraniano destituiu Ianukovitch. Entretanto, o Governo da Crimeia, pró-russo, tal como a maioria dos habitantes da península, avançou com um referendo sobre o eventual regresso à Mãe-Rússia. A 16 de março, 96,77% dos eleitores escolheram essa opção.

 

Passados dois dias, tropas não-identificadas (forças especiais russas e elementos da Marinha vindos das bases navais russas na Crimeia) tomaram a sede do Governo regional e nomearam primeiro-ministro Serguei Aksyonov, líder do partido minoritário Unidade Rússia. Putin reconheceu a independência da Crimeia, relativamente à Ucrânia, para logo a anexar. Em defesa do legado da URSS.

 
Foi o ato mais simbólico do ano por parte do Presidente russo, que já mostrara não ter contemplações para com a integridade das ex-repúblicas soviéticas. Putin considera a desintegração da União Soviética “a maior tragédia geopolítica do século XX” e assume uma postura de líder — “czar”, dizem as más-línguas — de todos os russos, vivam onde viverem. Protegê-los é, não raro, o pretexto para ações pouco edificantes à luz do direito internacional.

 

Em 2008, Putin liderou uma ação armada contra as tropas georgianas na Ossétia do Sul, legalmente território da Geórgia, mas “de facto” independente sob a égide do Kremlin. É, tal como a Abecásia (também georgiana no papel), reconhecida apenas pela Rússia, Nicarágua, Venezuela e Nauru. Também é useiro e vezeiro em aproveitar a dependência das exportações russas de energia para fins políticos, “fechando a torneira” quando os ventos não sopram de feição.

 
Vladimir Putin cumpriu o seu 10º ano como chefe de Estado. Presidente desde 2000, por nomeação do demissionário antecessor Boris Ieltsin, o ex-agente do KGB (serviços secretos) venceu as presidenciais desse ano com 53,4% dos votos e foi reeleito, em 2004 com 71%. Em 2008, e dado que a Constituição proibia um terceiro mandato, trocou de lugar com o primeiro-ministro, Dmitri Medvedev. Este assumiu a presidência, Putin a chefia do Governo.

 
NO KREMLIN ATÉ 2024?

 
Poucos tiveram dúvidas sobre quem mandava no país mais vasto do mundo. E ninguém abriu a boca de espanto quando a troca de chapéus se desfez em 2012, não sem antes medvedev ter feito alargar o mandato presidencial de quatro para seis anos. Ou seja, putin poderá, no limite, mandar sem interrupções até 2024.

 
Nada disto acontece à margem da propaganda e do culto da personalidade. Ficaram célebres as fotos de putin — que é cinturão negro de judo — em tronco nu ou a cavalo, mostrando a sua robustez. Quando, em 2007, fez aparecer o seu cão, koni, numa reunião com angela merkel, a chanceler alemã comentou: “eu percebo porque tem ele de fazer isto. Para provar que é homem. Tem medo das suas próprias fraquezas. A rússia não tem nada, não tem êxito na política nem na economia. Isto é tudo o que tem”.

 
Implacável face aos movimentos que contestaram o seu regresso ao kremlin, putin apoia o seu poder em organizações como o movimento juvenil nashi (que se declara “antifascista”, mas tem traços de milícia ultranacionalista).

 

No ocidente acusam-no de recriar a guerra fria, por saudosismo da grandeza soviética que se esforça por recuperar, em eventos como os jogos olímpicos de inverno, organizados este ano em sochi, perto da crimeia. A fatura de 41 mil milhões de euros bateu todos os recordes olímpicos.
Uma cadeia de operações de charme

 
Para conquistar simpatias, putin até libertou o seu arqui-inimigo mikhail khodorkovsky, ex-oligarca encarcerado há nove anos, cuja petrolífera yukos o presidente fez absorver pela estatal gazprom. Idem para elementos da banda contestatária pussy riot. Segue-se, no calendário dos eventos, o mundial de futebol de 2018.

 
Encolhendo os ombros às sanções impostas pelos estados unidos e a união europeia na sequência dos tumultos da ucrânia e da violência nas regiões separatistas pró-russas de donetsk e lugansk, putin ri-se — pelo menos para consumo externo — e não hesita em brincar com o espaço dos demais. Ainda este ano dois caças f-16 da força aérea portuguesa intercetaram, ao serviço da nato, dois aviões militares russos que tinham entrado no espaço aéreo vigiado por portugal.

 
Resta saber até quando durará o império de putin. Se é inegável que marcou o ano 2014, não é menos certo que a baixa do preço do petróleo (quase 50% entre junho e dezembro) representou um rude golpe na economia russa. Nas últimas semanas, juntou-se-lhe uma quebra abissal do valor da moeda nacional, o rublo, nos mercados cambiais. As bolsas russas caíram 30% na primeira quinzena deste mês, o que deixa adivinhar uma quadra natalícia pouco simpática. Os votos de “próspero ano novo” nunca devem ter sido tão desejados.

 

 

Expresso

Texto: Pedro Cordeiro

Vídeo: André de Atayde
Foto: REUTERS

 

 

 

EUA lamentam ‘comportamento extraordinariamente cobarde’ da Rússia

21/02/2015

 

A acusação é de John Kerry de visita a Londres.

 
Os Estados Unidos estão a discutir com os aliados a possibilidade de serem impostas sanções adicionais contra a Rússia.

 

Isso mesmo assumiu o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em Londres, onde se encontrou com o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros.

 

John Kerry acusou Moscovo de ter um “comportamento extraordinariamente cobarde” numa referência à intervenção e apoio a separatistas pró-Moscovo na Ucrânia.

 

O Kremlin ainda não respondeu a esta acusação.

 

A guerra na Ucrânia, que dura há cerca de 10 meses, já fez mais de cinco mil mortos. O cessar-fogo acordado não tem estado a ser respeitado.

 
RR – Radio Renascença

 

 

Ucrânia: Estados Unidos e Reino Unido analisam mais sanções contra Rússia – John Kerry

20/02/2015

 
Os Estados Unidos da América e o Reino Unido estão a analisar a possibilidade de «sanções adicionais» contra a Rússia, cujo comportamento na Ucrânia é considerado «extremamente cobarde», anunciou hoje em Londres o secretário de Estado norte-americano, John Kerry.

 

«Falamos de sanções adicionais, de esforços suplementares (…) Não vamos ficar sem fazer nada e caucionar este tipo de comportamento extremamente cobarde em detrimento da soberania e da integridade de uma nação», declarou o chefe da diplomacia norte-americana no final de uma reunião com o seu homólogo britânico, Philip Hammond.

 

As tréguas negociadas pela França e pela Alemanha e assinadas na semana passada em Minsk não impediram combates violentos no leste da Ucrânia, nomeadamente junto ao nó estratégico de Debaltseve, que caiu na quarta-feira nas mãos dos rebeldes separatistas pró-russos.

 
Diário Digital / Lusa

 

 

 

EUA acusam Rússia de minar a ordem internacional ao apoiar separatistas ucranianos

20/02/2015
O Governo dos EUA acusou hoje o de Moscovo de “minar a ordem internacional”, ao apoiar os rebeldes no leste da Ucrânia, na que foi uma das mais fortes das suas críticas ao regime do presidente Vladimir Putin.

 

A Alemanha e a França também exigiram o “respeito total” de uma trégua em desagregação na Ucrânia, mas aquela exigência parece irreal perante a celebração pelos rebeldes pró russos de uma vitória na batalha pela cidade estratégica de Debaltseve.

 

“O continuado apoio da Rússia aos permanentes ataques separatistas em violação do cessar-fogo no leste da Ucrânia está a minar a diplomacia internacional e as instituições multilaterais — a fundação da nossa ordem global moderna”, afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.

 

Esta dirigente insistiu que o acordo de cessar-fogo, conseguido na capital bielorrussa em setembro e renovado na semana passada, era “a base para uma resolução durável” sobre o leste da Ucrânia.

 

“Apelamos à Rússia que honre os seus compromissos imediatamente com ações decisivas, antes de vermos mais cidades destruídas e mais vidas perdidas no leste da Ucrânia”, adiantou Psaki.

 
A União Europeia, os EUA e a Ucrânia acusam os russos de estarem por trás das hostilidades. Moscovo nega qualquer apoio direto aos rebeldes.

 

Um cessar-fogo recente deveria ter entrado em vigor no domingo passado, mas a Ucrânia e os EUA denunciaram violações repetidas ao acordado, incluindo a conquista de Debaltseve.

 
“Ao não se comportarem conforme o acordo que assinaram, ao continuarem a apoiar e intervir ilegalmente na Ucrânia (…) eles estão a violar as normas internacionais e a lei internacional”, disse Psaki, referindo-se à Rússia.

 

Acrescentou que Washington estava em contacto com a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) — a entidade internacional encarregada da monitorização do cessar-fogo na Ucrânia — para ver que ajuda extra os EUA podem fornecer.

 

“O nosso objetivo é garantir que estão bem equipados para desempenharem as suas tarefas, incluindo a monitorização e aplicação do cessar-fogo, e monitorar a fronteira entre a Ucrânia e a Rússia”, adiantou Psaki.

 

O mandado da OSCE dura até março e a organização tem 500 monitores no terreno.

 
Mas Psaki renovou a expressão da frustração por os rebeldes terem impedido o acesso dos monitores a muitas áreas.

 

“Todos nós gostaríamos de ter mais visibilidade sobre o que se está a passar no terreno”, disse.

 

Diário Digital com Lusa

 

 

 

Ucrânia: Troca de prisioneiros decorre na linha da frente no Leste

21/02/2015

 

Os militares ucranianos e os separatistas pró-russos estavam a meio da tarde de hoje a trocar prisioneiros no leste da Ucrânia, devendo 139 soldados ucranianos ser trocados por 52 combatentes rebeldes, informaram jornalistas da agência France-Presse.

 
A troca, realizada na linha da frente, na cidade de Zholobok, 40 quilómetros a noroeste do reduto rebelde de Lugansk, constitui mais uma etapa da aplicação dos acordos de Minsk, que previam a libertação de «prisioneiros e reféns» retidos pelos dois lados.

 

Alguns dos soldados até agora prisioneiros dos rebeldes estavam feridos e uns poucos utilizavam muletas. Os separatistas disseram que entre os seus prisioneiros estavam soldados ucranianos capturados na ofensiva contra a cidade de Debaltseve esta semana.

 

As tréguas negociadas pela França e pela Alemanha e assinadas na semana passada em Minsk não impediram combates violentos no leste da Ucrânia, nomeadamente junto ao nó estratégico de Debaltseve, cidade que caiu na quarta-feira nas mãos dos rebeldes separatistas pró-russos.

 
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, confirmou a troca de prisioneiros através da rede social de mensagens curtas Twitter, referindo: «140 heróis ucranianos deixaram o cativeiro e estarão a caminho de suas casas».

 
Diário Digital com Lusa

 

 

Temporal Afeta Costa Leste dos Estados Unidos com Queda de Neve

21/02/2015

 

Um novo temporal afeta hoje a costa leste dos Estados Unidos, com queda de neve em latitudes pouco habituais, e que ameaça criar problemas em grandes cidades como Nova Iorque e Boston.

 

A neve caiu hoje no Estado de Nova Geórgia, e nos de Kentucky e Tennessee são esperadas inundações pela precipitação da chuva no terreno gelado, noticia a Efe.

 

Os maiores problemas são esperados mais a norte, nos estados de Massachusetts e Maine, onde se prevêm fortes quedas de neve.

 

Em Boston, no Massachusetts, acumularam-se nas últimas semanas mais de dois metros e meio de neve, devido a vários temporais consecutivos.

 

Em Nova Iorque, onde na sexta-feira se registaram algumas das temperaturas mais baixas registadas em décadas, a neve começou a cair ao meio dia de hoje e espera-se ainda a queda de granizo nas próximas horas.

 

Os meteorologistas advertem que quendo passar o temporal chegará a esta região norte-americana, uma nova frente fria, que fará as temperaturas descerem aos zero graus Celsius.

 

Lusa

 

 

 

Mais de Mil Pessoas concentram-se Solidariamente em Redor da Sinagoga de Oslo

21/02/2015

 
Mais de um milhar de pessoas participou hoje, numa iniciativa de jovens muçulmanos noruegueses, numa concentração pacífica, em redor da sinagoga de Oslo, como sinal de solidariedade com os judeus de Copenhaga.

 
Os participantes aplaudiram quando um grupo de jovens muçulmanos, entre eles, muitas raparigas envergando o tradicional véu, formaram uma simbólica cadeia humana, noticia a AFP.

 

 

Segundo um agente policial, Steiner Hausvik, cerca de 1.300 pessoas participaram na concentração que se desenrolou de forma calma sob o olhar da polícia.

 

 

“Esta concentração demonstra que são mais os artesãos da paz do que pessoas que vão para a guerra”, disse à AFP Atif Jamil, de 26 anos, um dos organizadores.

 

 

“Há ainda esperança para os sentimentos humanos de paz e amor, longe das diferenças religiosas”, acrescentou.

 

 

Numerosos participantes juntaram as suas vozes para entoar os cantos hebreus.

 

 

O líder da comunidade judia na Noruega, Ervin Kohn, realçou que foi a primeira cerimónia do ‘sabath’ realizada em frente de uma tão numerosa assistência.

 

No passado sábado a capital da Dinamarca foi cenário de dois atentados.

 

 

Um num centro cultural, onde se realizava um debate sobre a liberdade de expressão, com a participação do artista sueco Lars Vilks, que vive há anos sob proteção policial devido às ameaças de grupos islâmicos depois de desenhar Maomé com o corpo de um cão, tendo morrido um homem de 55 anos, o realizador Finn Norgaard, e três polícias ficaram feridos.

 

 

Posteriormente, deu-se novo tiroteio junto à sinagoga de Copenhaga e morreu um jovem judeu que fazia guarda ao edifício, tendo ficado ainda feridos dois polícias.

 
Lusa

 

 

 

Presidente do CaixaBank diz que oferta é um “passo em frente”

21/02/2015

 
O presidente executivo do CaixaBank, Gonzalo Gortázar, realçou hoje que a oferta pública de aquisição (OPA) lançada sobre o BPI é um “passo em frente” numa relação duradoura entre as partes e quer desblindagem decidida no segundo trimestre.

 
O responsável considerou que a oferta que o banco catalão concretizou para passar a controlar a maioria do capital do BPI, onde já é o maior acionista, com 44,1%, significa “dar um passo em frente numa relação que dura há 20 anos”.

 
Em entrevista ao semanário Expresso, Gortázar disse esperar que a assembleia geral de acionistas onde será decidida a desblindagem dos estatutos do banco português – etapa decisiva para o sucesso da operação – aconteça no segundo trimestre.

 
Admitindo a complexidade da operação, já que depende da vontade dos acionistas de referência do BPI, com destaque para os 18,6% detidos pela ‘holding’ da empresária angolana Isabel dos Santos, de aprovarem o fim dos limites aos direitos de voto (que estão limitados aos 20%), o líder do CaixaBank acena com uma “proposta atraente para os que quiserem sair do BPI, mas também para os que quiserem ficar”.

 
Até porque, bastam 6% para que o CaixaBank fique a deter a maioria do capital do banco liderado por Fernando Ulrich, uma posição de controlo que só será efetiva com a desblindagem dos estatutos do BPI.
“Estamos a pedir duas coisas aos acionistas: que removam os limites aos direitos de voto, o que permitirá a obtenção de sinergias, e que vendam – ou mantenham – as ações, condicionando a que consigamos mais cerca de 6% de capital para ter a maioria, de forma a levar a OPA por diante”, afirmou ao Expresso.

 
E realçou: “Este é um projeto em que todos ganham, mas temos que respeitar o tempo que os acionistas precisarão para decidir, tal como a administração do BPI”.

 
A redução de custos e a melhoria da eficiência do BPI são os dois grandes objetivos do CaixaBank neste negócio.

 
“O nosso objetivo é reduzir o rácio ‘cost to income’ [eficiência] do BPI em Portugal dos atuais 85% para 50% em três anos”, revelou.
Mesmo manifestando “esperança” num desfecho favorável da OPA, o responsável não dá o sucesso da operação por garantido.

 
“É preciso um apoio muito largo dos acionistas e não podemos antecipar o que vai ser decidido na assembleia geral. O tempo o dirá”, frisou.

 
Gortázar apoia o interesse manifestado pelo BPI no concurso de compra do Novo Bano, considerando que “é uma grande oportunidade de consolidação no mercado português”, e admitiu que a gestão de Ulrich foi encorajada pelo seu maior acionista a participar no processo.

 
“Não seria lógico que o BPI não analisasse esta operação”, salientou o líder do CaixaBank, que nos últimos anos participou, sem sucesso, nas privatizações da Catalunya Caixa e da Novagalicia, mas que conseguiu sair vencedor na compra do Banco de Valencia e dos ativos do Barclays em Espanha.

 
O responsável elogiou, ainda, a forte aposta feita pelo BPI no mercado angolano, considerando que tem sido um “investimento fantástico”, e vincou que o preço que oferece na OPA sobre o banco português é muito generosa.

 
O CaixaBank anunciou na terça-feira a intenção de adquirir a maioria do capital do BPI por 1,329 euros por ação, num total de 1,082 mil milhões de euros.

 
O banco catalão é o maior acionista do BPI, contando com quatro membros no Conselho de Administração do banco português, seguindo-se a empresária angolana Isabel dos Santos, através da Santoro, com 18,6%, e o Grupo Allianz, com 8,4%.

 
DN // JLG

 
Lusa

 

 

O acordo do Eurogrupo explicado parágrafo a parágrafo

21/02/2015
O comunicado divulgado pelo grupo dos 19 ministros das Finanças da zona euro está escrito com a habitual linguagem mais ou menos codificada da burocracia europeia. O Económico ajuda o leitor a navegar, em português corrente, pelos parágrafos do texto que define os termos do acordo entre a Grécia e os restantes 18 países do euro.

 

 

“The Eurogroup reiterates its appreciation for the remarkable adjustment efforts undertaken by Greece and the Greek people over the last years. During the last few weeks, we have, together with the institutions, engaged in an intensive and constructive dialogue with the new Greek authorities and reached common ground today.”

 
Tradução:  Nós ganhámos. Depois das últimas semanas de anúncios do novo governo grego de fim da ligação à troika, de medidas contrárias às do programa, de fim da austeridade, de renegociação da dívida pública (com obrigações perpétuas e títulos ligados ao crescimento) e de reivindicação de metas mais baixas para o excedente orçamental, nós, 18 dos 19 ministro das Finanças do euro, ganhámos o braço-de-ferro.

 

 

“The Eurogroup notes, in the framework of the existing arrangement, the request from the Greek authorities for an extension of the Master Financial Assistance Facility Agreement (MFFA), which is underpinned by a set of commitments. The purpose of the extension is the successful completion of the review on the basis of the conditions in the current arrangement, making best use of the given flexibility which will be considered jointly with the Greek authorities and the institutions. This extension would also bridge the time for discussions on a possible follow-up arrangement between the Eurogroup, the institutions and Greece”.

 

 

Tradução: A troika continua. Estendemos o empréstimo actual, mas sob condições: a avaliação do programa da troika tem de ser terminada com sucesso. A eventual flexibilidade para mudar as condições do actual programa será “considerada em conjunto” entre as autoridades gregas e as “instituições”. Na nossa linguagem de Bruxelas, este é um duplo eufemismo – “as instituições” são a troika (palavra que desapareceu do léxico do Eurogrupo) e o trabalho “conjunto” sempre foi a forma a troika e nós, ministros das Finanças do euro, vendemos publicamente o modelo de interacção com os governos nacionais (em Portugal, enquanto a troika limitava o raio de acção do Governo, os seus técnicos diziam que quem decidia e implementava as medidas era o Governo).

 
“The Greek authorities will present a first list of reform measures, based on the current arrangement, by the end of Monday February 23. The institutions will provide a first view whether this is sufficiently comprehensive to be a valid starting point for a successful conclusion of the review. This list will be further specified and then agreed with the institutions by the end of April.”

 

Tradução:  Nada está garantido. Nós, Eurogrupo, damos-vos só três dias para apresentarem uma lista de medidas de reforma baseadas nos compromissos do actual programa Será a troika a avaliar se a lista é convincente e só depois damos luz verde.

 

 

“Only approval of the conclusion of the review of the extended arrangement by the institutions in turn will allow for any disbursement of the outstanding tranche of the current EFSF programme and the transfer of the 2014 SMP profits. Both are again subject to approval by the Eurogroup.”

 

 

Tradução: Repetimos, agora mais alto: nada está garantido. Sem lista aprovada pela troika nós, o Eurogrupo, não aprovamos o envio do dinheiro da tranche, nem o repatriamento de lucros do Banco Central Europeu com obrigações gregas.

 

 

“In view of the assessment of the institutions the Eurogroup agrees that the funds, so far available in the HFSF buffer, should be held by the EFSF, free of third party rights for the duration of the MFFA extension. The funds continue to be available for the duration of the MFFA extension and can only be used for bank recapitalisation and resolution costs. They will only be released on request by the ECB/SSM.”

 

 

Tradução:O dinheiro da banca é para a banca. Não serve para outros fins, como vocês pediram. Por isso, o dinheiro vai passar do fundo helénico de estabilização financeira (designado por HFSF) e vai para o Fundo Europeu de Estabilização Europeia (o EFSF). Continua ao vosso dispor, mas só pode ser usado mediante pedido aprovado pelo Banco Central Europeu.

 

 

“In this light, we welcome the commitment by the Greek authorities to work in close agreement with European and international institutions and partners. Against this background we recall the independence of the European Central Bank. We also agreed that the IMF would continue to play its role.”

 

 

Tradução: A troika, agora com nomes. Estão aqui o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. A Comissão Europeia, do presidente Juncker que falou em acabar com a troika, está escondida no bolo das “European institutions”.

 

 

“The Greek authorities have expressed their strong commitment to a broader and deeper structural reform process aimed at durably improving growth and employment prospects, ensuring stability and resilience of the financial sector and enhancing social fairness. The authorities commit to implementing long overdue reforms to tackle corruption and tax evasion, and improving the efficiency of the public sector. In this context, the Greek authorities undertake to make best use of the continued provision of technical assistance.”

 

 

Tradução: Vocês, Governo grego, vão poder escolher alguma da vossa austeridade (“reformas estruturais” é eufemismo para medidas duras permanentes num determinado sector). Concordamos com a vossa intenção de combater a evasão fiscal e a corrupção, bem como reformar o Estado, algo que já deveria ter sido feito há muito. Mas atenção: os nossos técnicos vão estar de olho na forma como o vocês farão isto.

 

 
“The Greek authorities reiterate their unequivocal commitment to honour their financial obligations to all their creditors fully and timely.”

 

Tradução: A dívida pública é para pagar.

 

“The Greek authorities have also committed to ensure the appropriate primary fiscal surpluses or financing proceeds required to guarantee debt sustainability in line with the November 2012Eurogroup statement. The institutions will, for the 2015 primary surplus target, take the economic circumstances in 2015 into account.”

 

Tradução: Percebemos que estão aflitos. Este ano podem vir a contar com uma flexibilização da meta de excedente orçamental primário, que é de 3% do PIB. Mas será uma flexibilização ligeira, cedida pelatroika, que não corresponderá à vossa “linha vermelha” de 1,5%.

 

 

“In light of these commitments, we welcome that in a number of areas the Greek policy priorities can contribute to a strengthening and better implementation of the current arrangement. The Greek authorities commit to refrain from any rollback of measures and unilateral changes to the policies and structural reforms that would negatively impact fiscal targets, economic recovery or financial stability, as assessed by the institutions.”

 

 
Tradução: A troika manda. Vocês, governo grego, não vão inverter, nem alterar medidas do programa de ajustamento que tenham impacto na economia ou nas finanças públicas – e quem avalia esse impacto é a troika.

 

 

“On the basis of the request, the commitments by the Greek authorities, the advice of the institutions, and today’s agreement, we will launch the national procedures with a view to reaching a final decision on the extension of the current EFSF Master Financial Assistance Facility Agreement for up to four months by the EFSF Board of Directors. We also invite the institutions and the Greek authorities to resume immediately the work that would allow the successful conclusion of the review.”

 

 

Tradução:  Agora nós vamos aprovar isto nos nossos parlamentos. E vocês, a seguir, vão ter de trabalhar no duro. Com a troika.

 

“We remain committed to provide adequate support to Greece until it has regained full market access as long as it honours its commitments within the agreed framework.”

 

 

Tradução: Este acordo é para cumprir.

 

 

Bruno Faria Lopes / Económico

 

 

 

Presidente francês diz que foi alcançado um “bom compromisso” com Grécia

21/02/2015

 

 

O presidente francês, François Hollande, qualificou hoje o acordo alcançado na sexta-feira em Bruxelas entre a Grécia e os credores como um “bom compromisso”, que prolonga por mais quatro meses o financiamento ao país helénico.

 
“Para a Europa e para a Grécia é um bom compromisso aquele a que se chegou”, declarou o presidente socialista, citado pela agência de notícias francesa (AFP), à margem de uma visita a uma feira de agricultura, na Porte de Versailles, em Paris.

 
E reforçou: “Sobre o dossiê da Grécia, chegámos a uma boa solução, que passa por prolongar o financiamento necessário para que a Grécia assegure a sua transição e possa honrar as suas responsabilidades”.

 
François Hollande realçou que o acordo permite que o novo Governo helénico ganhe tempo para iniciar o processo de implementação de reformas, preservando o respeito pelos eleitores gregos.

 
A Europa comprometeu-se a estender o financiamento à Grécia por mais quatro meses, mas sob condições estritas que vão ser analisadas na próxima semana.

 
O acordo foi alcançado à custa de muitos compromissos estabelecidos com o Governo do Syriza, depois de um encontro chamado de “trabalhoso” pelo político francês, naquela que foi a terceira reunião em menos de dez dias para que os 19 ministros da zona euro finalizassem um compromisso.

 
Atenas deve apresentar até segunda-feira uma lista de reformas para ser aprovado pelos credores, agora referidas como “instituições” (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), porque os gregos não queriam ouvir mais falar da ‘troika’.

 

 

LUSA

 

Foto: STEPHANE DE SAKUTIN/EPA

 
Legenda: Hollande falou sobre a Grécia à margem de uma visita a uma feira de agricultura, na Porte de Versailles, em Paris