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A polémica sobre as opções na construção do Túnel do Marão continua a dividir PS e PSD

Oito anos, cinco governos, três primeiros-ministros, 398 milhões de euros e quase 6 quilómetros de túnel depois, o Túnel do Marão foi inaugurado este sábado. Para trás ficam acusações entre socialistas e sociais-democratas sobre o financiamento do projeto e a forma de realização da obra — como concessão ou empreitada. Uma polémica que culmina na inauguração, com um encontro entre Sócrates, que propôs e lançou esta obra, e António Costa, líder do executivo que a foi inaugurar, sem Passos Coelho, que a apanhou em fase crítica.

 

 

O Túnel do Marão, assim como outros acessos no interior do país, foi uma promessa de campanha de José Sócrates, se bem que o projeto já tinha sido defendido por Durão Barroso quando liderou o governo entre 2002 e junho de 2004.

 

 

Já depois de ganhar as eleições de 2005, quando o então primeiro-ministro anunciou os novos acessos àquela região, um grupo de autarcas foi recebê-lo dizendo que “estavam todos a ser enganados” e que “nada seria construído”. José Sócrates, conhecido pelos seus acessos de fúria, terá ficado incomodado com aquela receção, fazendo com que a viagem de Bragança a Lisboa não tivesse sido fácil para quem o acompanhou. Agora, volta ao Túnel do Marão, oito anos depois de ter assinado o contrato de adjudicação da concessão da obra.

 

A polémica sobre as opções na construção do Túnel do Marão continua a dividir PS e PSD 2

No entanto, o tema nunca caiu no esquecimento. Com a paragem das obras na transição do Governo socialista para o Governo de Passos Coelho e com uma Comissão de Inquérito às Parcerias Público Privadas (PPP) na Assembleia da República, o Túnel do Marão, pela sua envergadura, mas também pelo que significava para os dois governos serviu de arma de arremesso entre PS e PSD.

 

 

De um lado, Paulo de Campos, ex-secretário de Estado das Obras Públicas de José Sócrates, considera que “os interesses financeiros dos bancos” se sobrepuseram ao interesse do Estado, segundo referiu ao Observador, enquanto Pedro Passos Coelho insistiu em declarações à Lusa esta semana que, “apesar dos inconvenientes resultantes do atraso na conclusão da obra”, poupou “cerca de mil milhões de euros ao erário público“.

 

 

Entre o início das obras em 2009 e 2016, a empreitada esteve parada cerca de quatro anos, distribuídos por diferentes períodos. Começou por ser atribuída ao consórcio Auto-Estradas do Marão, liderado pela Somague, num contrato de concessão que previa a construção e exploração desta empresa durante os 30 anos seguintes à conclusão da obra — que se estimava que estivesse pronto a 1 de fevereiro de 2012.

 

 

Segundo Paulo Campos, o acordo com este consórcio era de “chave na mão” e o projeto iria custa 341 milhões de euros. Este foi o último grande contrato firmado antes da queda do Lehman Brothers (setembro de 2008) e o projeto conseguiu financiar-se com um spread muito baixo“, afirma o antigo governante socialista, indicando que a taxa de juro ficaria entre 0,7% e 1%. O empréstimo foi contraído junto do Banco Europeu de Investimento (42,5%), Caixa Geral de Depósitos (9,5%), Royal Bank of Scotland (9,5%), Bank of Scotland (9,5%), La Caixa (9,5%), Fortis (9,5%) e West LB (9,5%).

 

 

Uma sucessão de crises no Marão

 

Mas mesmo antes da crise dos mercados financeiros ter impacto no financiamento do Estado e dos bancos portugueses, começaram os problemas. Logo em 2009, a Águas do Marão interpôs uma providência cautelar contra a continuação da obra, alegando que esta poderia afetar a qualidade da água extraída daquela formação montanhosa. Conseguiu pará-la durante alguns meses. Esta empresa voltaria a fazer parar a obra algum tempo mais tarde, novamente durante alguns meses. A obra seria retomada em pleno no final de 2010, mas a data de fim da execução já tinha derrapado para outubro de 2012.

 

 

Nesta fase, Paulo Campos alega que o financiamento ao consórcio Auto-Estradas do Marão começou a ser pressionado pelos bancos, tendo em vista a subida da taxa de juro dos contratos. “Começaram a ser pedidos aumentos das taxas de juro e tenho e-mails de Sérgio Monteiro, que estava na Caixa Geral de Depósitos (Caixa BI) e depois se tornou secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, a dizer que só prosseguia se houvesse revisão das taxas, mas o Governo sempre resistiu“, afirmou Paulo Campos ao Observador.

 

 

Fonte do Governo de Passos Coelho disse ao Observador que é “incompreensível” e uma “vergonha” que se use o estatuto de técnico de Sérgio Monteiro na altura para justificar “o falhanço do Governo de Sócrates”.

 

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Com o acelerar da crise em Portugal e a chamada da troika, o Túnel do Marão ficaria perdido entre problemas mais urgentes. No entanto, e sem financiamento para continuar, o consórcio suspendeu a obra em junho de 2011, durante 90 dias alegando “problemas financeiros”. Paulo Campos insiste que foi o Governo de Passos Coelho que “atirou a toalha ao chão e enfiou o acordo no saco. Custou-me muito que os interesses financeiros dos bancos tenham custado um atraso de quase 1.300 dias na obra e que mais de 100 empresas fossem afetadas neste processo”, afirma o antigo secretário de Estado socialista.

 

 

Mas Sérgio Monteiro disse na Assembleia da República, em abril de 2013, que o financiamento já tinha terminado antes disso. “O financiamento não parou com este Governo. Estava parado desde fevereiro de 2010, declarou Sérgio Monteiro, indicando que Paulo Campos tinha também responsabilidade. “O senhor deputado não teve condições para conseguir que os bancos financiassem da mesma forma que eu não consegui”, acrescentou.

 

 

O relatório da Comissão de Inquérito às PPP — pedida pelo PSD, e que olhou para todas as parcerias público-privadas contratadas por José Sócrates entre 2012 e 2013 –, concluiu que “a utilização massiva de PPP em Portugal como forma de financiamento do Estado desvirtuou o seu objetivo fundamental: reduzir custos para o Estado e melhor satisfazer as necessidades públicas”. Uma conclusão que também encaixa na obra do Túnel do Marão.

 

 

Uma solução insólita para a finalização do túnel

 

“Temos uma montanha que divide dois distritos com um buraco no meio. Havia a necessidade de recuperar o investimento e, para isso, era preciso acabar a obra”, esclareceu fonte do anterior Governo ao Observador. A solução encontrada por Sérgio Monteiro — e insólita em Portugal — foi resgatar a concessão alegando justa causa devido ao incumprimento pela concessionária Autoestradas do Marão. O governo que privatizou quase tudo acabou por “nacionalizar” o Túnel do Marão.

 

 

A Somague partiu para os tribunais e contestou a decisão do Estado. E o tribunal arbitral, num primeiro acórdão, já reconheceu que o Estado pode ser obrigado a indemnizar a concessionária pelo valor investido antes do resgate da concessão. O montante de uma eventual concessão terá que entrar nas contas ao custo final da solução que veio a ser adotada pelo executivo PSD-CDS.

 

 

Uma parte importante dos encargos financeiros que o Estado teve de assumir à cabeça quando tomou conta da obra foi parar diretamente à Caixa Geral de Depósitos, o banco público que foi financiando a obra quando os bancos privados do sindicato bancário da concessão se recusaram a manter a torneira do financiamento aberta.

 

 

Em vez de lançar uma nova concessão, o Governo de Passos Coelho decidiu finalizar a obra através de empreitadas públicas. A supervisão do processo ficou a cargo das Estradas de Portugal (atual Infraestruturas de Portugal).

 

 

“O custo total da obra ficou em 398 milhões de euros, enquanto o contrato inicial dava um valor de 341 milhões de euros e vemos que as Estradas de Portugal se estão a financiar comspreads de 5%, ou seja, muito superiores àqueles que tínhamos conseguido em 2008″, argumenta Paulo Campos. No lado social-democrata, a justificação prende-se com os encargos da concessão de 30 anos à Somague. Em abril de 2015, Sérgio Monteiro afirmou que tinha havido “uma poupança que, comparada com o contrato de PPP anterior, representa cerca de mil milhões de euros a menos de despesa”.

 

 

Paulo Campos contesta estes números com um relatório da Ernst & Young, pedido pelo executivo de Passos Coelho, em que apenas os valores nominais se aproximam dos 800 milhões de euros, sem ter em conta a receita pública. “Passos Coelho está mais uma vez a enganar os portugueses”, diz.

 

 

Um túnel que traz mais segurança às estradas do interior

 

Um ponto em que tanto PS como PSD concordam são as vantagens que a construção deste túnel vem trazer às populações do interior. Apesar de apenas encurtar o percurso entre Porto-Bragança em 35 minutos, o túnel do Marão pode ser a solução para a elevada sinistralidade naquela zona, já que os condutores vão poder evitar zonas de curvas permanente e que no inverno se cobrem de neve, tornando a condução mais perigosa.

 

 

Apesar de se passar a pagar portagem — entre 1,90 e 4,5€, dependendo da classe do veículo –, as empresas e os condutores individuais estimam poupar já que o gasto em gasolina vai diminuir, passando-se de uma condução a pique, com subida da serra, a uma travessia em linha reta de 5,6 km. “Quando vejo a conclusão do túnel, tenho uma enorme alegria interior já que será possível ao interior disputar mais e melhor desenvolvimento para a região”, afirma Paulo Campos, dizendo que o túnel é marca dos executivos de Sócrates.

 

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As vantagens do túnel foram também indicadas pelo anterior primeiro-ministro, que apesar de não marcar presença na inauguração de sábado, está na sua terra natal de Vila Real. “Vai melhorar a vida das pessoas, facilitar o seu dia-a-dia e o das empresas, desbloquear constrangimentos diários e assim contribuir também para uma maior competitividade da região, ajudando a criar emprego e potenciando um maior dinamismo do tecido empresarial”, disse o antigo primeiro-ministro, afirmando ainda vai trazer “mais segurança rodoviária” à ligação no Marão.

 

 

Após a conclusão da construção civil, o túnel passou por uma fase de testes de segurança. “Temos um plano exaustivo de ensaios e é o que estamos a fazer agora. O objetivo é pôr o mais rapidamente possível esta infra-estrutura ao serviço, mas em totais condições de segurança”, disse André Oliveira, coordenador do empreendimento, à Lusa. Nesta última fase da construção chegaram a trabalhar 580 pessoas no túnel e durante todo o período da empreitada não houve nenhuma vítima mortal.

 

 

Passos defende que poupou mil milhões com resgate do túnel do Marão

 

 

O ex-primeiro-ministro, que se deparou com a suspensão da construção do túnel quando tinha acabado de tomar posse, não esteve na inauguração da infra-estrutura este sábado.

 

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O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho disse que o Túnel do Marão vai melhorar o dia-a-dia das pessoas e empresas e lembrou que o resgate da obra permitiu uma poupança de “cerca de mil milhões de euros”.

 

Pedro Passos Coelho tinha acabado de tomar posse como primeiro-ministro, em Junho de 2011, quando a construção da Autoestrada do Marão, que inclui um túnel rodoviário de 5,6 quilómetros, foi suspensa.

 

“Não por decisão do Governo, mas por razões relacionadas com processos judiciais envolvendo a obra já iniciada e com a incapacidade financeira do concessionário para prosseguir com o empreendimento”, afirmou.

 

Em respostas por escrito enviadas à agência Lusa, o antigo primeiro-ministro e presidente do PSD explicou que “foi possível ultrapassar essa situação grave e resgatar a concessão, o que permitiu, apesar dos inconvenientes resultantes do atraso na conclusão da obra, ainda assim poupar cerca de mil milhões de euros ao erário público”.

 

Este valor resulta de uma comparação com o contrato de parceria público privada (PPP) inicial do empreendimento e os custos que o Estado iria assumir com o pagamento até ao final da concessão.

 

A Autoestrada do Marão, que foi a primeira obra pública a ser resgatada no país, vai ser inaugurada sábado pelo actual primeiro-ministro, António Costa.

 

Pedro Passos Coelho acredita que a nova via vai “melhorar a vida das pessoas, facilitar o seu dia-a-dia e o das empresas, desbloquear constrangimentos diários e assim contribuir também para uma maior competitividade da região, ajudando a criar emprego e potenciando um maior dinamismo do tecido empresarial”.

 

“Isto além de trazer mais segurança rodoviária, o que é muito relevante dado o histórico de sinistrarias e mortalidade associado à ligação do Marão”, acrescentou.

 

Esta é, na sua opinião, “uma obra consensual” e considerou que “a maioria das pessoas partilha esta visão sobre os benefícios que ela traz”.

 

E a sua conclusão irá permitir, segundo frisou, “reforçar a competitividade de Trás-os-Montes e do Douro, ajudará a fixar empresas e permitirá criar mais emprego para a região”.

 

“Portanto espero que esta obra contribua para acelerar o desenvolvimento económico e social da região. E estou certo de que o país ganha com isso”, sublinhou.

 

 

Sócrates mostrou-se. Costa escondeu-se

 

Um aperto de mão no final do discurso de inauguração do Túnel do Marão, foi tudo o que se viu do encontro entre José Sócrates e António Costa, na tarde deste sábado, em Trás-os-Montes.

 

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A expectativa para assistir ao momento em que o antigo e atual primeiro ministro do Partido Socialista (PS) se reencontravam era grande mas tudo foi feito para evitar que esse contacto fosse público. O encontro aconteceu num autocarro de vidros fumados, longe dos jornalistas e das câmaras de televisão.

 

 

O antigo primeiro-ministro foi o primeiro a chegar, pouco depois das três da tarde, à entrada poente do Túnel do Marão. Sorridente, José Sócrates conversou com os jornalistas e explicou por que aceitou o convite para estar presente e criticou quem não veio.

 

 

Sócrates, tal como os restantes convidados, foi de imediato encaminhado para o interior do autocarro que haveria de fazer a viagem inaugural e aí esperou meia hora pela chegada de Costa.

 

 

Neste autocarro, de vidros escurecidos, só os membros do Governo e alguns convidados puderam entrar, deixando de fora os repórteres de imagem, ao contrário do que estava planeado, sem que se pudesse assistir ao encontro entre os dois.

 

 

Os jornalistas foram todos enviados para um segundo autocarro que, por sinal, avariou – não chegou sequer a arrancar tendo sido depois distribuídos pelos carros do Governo, enquanto o autocarro onde seguia o primeiro-ministro fazia um compasso de espera para reagrupar a caravana.

 

 

Tanto à chegada como à saída, António Costa recusou prestar declarações aos jornalistas, mas José Sócrates, que assistiu à cerimónia na primeira fila, nunca se escusou a responder uma e outra vez às mesmas perguntas. No entanto, António Costa fez questão de mencionar José Sócrates no seu discurso. “Querona pessoa do engenheiro José Sócrates, cumprimentar e saudar todos aqueles que de 2007 até hoje contribuíram, nos sucessivos governos, para que esta obra tenha sido concluída”, afirmou.

 

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Se a cerimónia de inauguração do Túnel do Marão fosse um casamento, poderia dizer-se que um dos convidados apareceu de branco para ofuscar a noiva, estragando a festa.

 

 

Em alguns momentos, ouviu-se “Viva o Sócrates!” e elogios rasgados como o que lhe deixou um transmontano: “O senhor desbravou Trás-os-Montes”. E Sócrates bebeu deste frenesim mediático que António Costa não foi capaz de gerar.

 

 

“Sou eu próprio que decido quando saio da política, não outros”, atirou o antigo primeiro-ministro, quando questionado sobre um eventual regresso à vida política.

 

 

A última vez que Sócrates e Costa estiveram juntos foi a 31 de dezembro de 2014 quando o líder do PS foi visitar o antigo governante â prisão de Évora. Estiveram juntos durante cerca de uma hora nesta “visita pessoal” e à saída António Costa pouco mais disso além de expressar o desejo de ver a “justiça funcionar com normalidade”. Não voltou a visitá-lo.

 

 

Costa sempre se recusou a comentar o processo judicial de Sócrates, que o manteve detido durante dez meses. E se a princípio se voluntariou a enfrentar sozinho o que considera ser uma “processo político”, Sócrates reconheceu mais tarde, em entrevista à TVI, em dezembro de 2015, que “ao fim de seis meses, esperava que o PS dissesse: ‘desculpem, não será o momento de apresentar as provas?’ A atuação do Ministério Público serviu para prejudicar o PS”, concluiu.

 

 

Finalmente, em abril deste ano, José Sócrates confessou que nunca faria o que Costa fez, de se propor a formar Governo sem que tivesse vencido as eleições. “Eu nunca teria sido primeiro-ministro sem ter ganho as eleições, mas esse é um problema meu, agora reconheço toda a legitimidade a este Governo e a António Costa”, criticou o antigo primeiro-ministro socialista.

 

 

TPT com: AFP// Miguel Baltazar//Negócios/Liliana Costa/Catarina Falcão//Observador// ESTELA SILVA//LUSA// 7 de Maio de 2016

 

 

 

 

 

 

Eduardo Cunha é afastado do Congresso brasileiro pelo Supremo Tribunal

A iminência do afastamento de Dilma fez o Supremo decidir com urgência. Enquanto presidente da Câmara dos Deputados, Cunha poderia vir a assumir a presidência do Brasil ocasionalmente.

 

 

Mas, o Supremo Tribunal do Brasil determinou esta quinta-feira a suspensão do mandato parlamentar de Eduardo Cunha, um dos mais poderosos políticos brasileiros e o principal adversário da Presidente Dilma Rousseff, e o seu afastamento do cargo de presidente da Câmara dos Deputados. Numa votação unânime, os juízes do Supremo Tribunal Federal confirmaram na quinta-feira, ao final do dia, a decisão do colega Teori Zavascki, formalizada na madrugada de quinta, de afastar Cunha dos seus cargos parlamentares, dando razão a um pedido apresentado pelo Ministério Público brasileiro em Dezembro sob o argumento de que o deputado usava o seu cargo e posição para atrapalhar as investigações contra ele no âmbito da Operação Lava Jato, na qual é arguido, e no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados encarregado de analisar o seu eventual afastamento do Congresso.

 

 

Em Março, Cunha foi constituído arduido da Operação Lava Jato pelo Supremo, sob a acusação de integrar o esquema de corrupção da empresa estatal Petrobras. Ele é alvo de mais quatro investigações naquele tribunal, todas relacionadas com suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro. Cunha goza de imunidade parlamentar e, segundo a legislação brasileira, só pode ser investigado e julgado pelo Supremo. No seu pedido apresentado em Dezembro, o procurador-geral da República Rodrigo Janot aponta várias situações em que o deputado terá usado o seu cargo e posição em benefício próprio e para fins ilícitos, intimidando empresários a pagarem subornos através de medidas legislativas, actuando directamente ou através de outros parlamentares aliados, ou frustrando e atrasando as investigações contra ele.

 

 

A decisão do Supremo foi celebrada no Brasil, mas também recebida como uma medida tardia. O pedido do procurador-geral da República estava há cinco meses parado no Supremo e o tribunal tem sido criticado pela sua inacção em relação a Cunha, que durante esse período liderou e acelerou o processo de impeachment (destituição) no Congresso contra a Presidente Dilma Rousseff, sua adversária política. A iminência do impeachment de Dilma Rousseff, que deverá ocorrer já na próxima semana, trouxe uma nova urgência ao Supremo porque, no caso de Michel Temer assumir a presidência, o número dois na linha de sucessão é o presidente da Câmara dos Deputados. Assim sendo, Eduardo Cunha poderia assumir a presidência ocasionalmente – mediante a indisponibilidade ou ausência temporária do ocupante natural.

 

 

“Não há a menor dúvida de que o investigado não possui condições pessoais mínimas para exercer, neste momento, na sua plenitude, as responsabilidades do cargo de presidente da Câmara dos Deputados, pois ele não se qualifica para o encargo de substituição da Presidência da República, já que figura na condição de arguido” no processo em curso no Supremo Tribunal, concluiu o juiz Teori Zavascki.

 

 

Cunha, que se manteve todo o dia reunido com advogados na sua residência oficial, mandou dizer, através da sua assessoria, que não irá demitir-se. A presidência da Câmara dos Deputados passou a ser ocupada, em regime interino, pelo deputado Waldir Maranhão, do conservador Partido Progressista (PP), que também é investigado por suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.

 

 

A decisão do Supremo Tribunal traz um novo grau de incerteza ao já caótico e imprevisível impasse político brasileiro. O Governo pretende usar a decisão como argumento para suspender o processo de impeachment contra a Presidente Dilma. Mas a decisão também é uma boa notícia para o vice-presidente Michel Temer, que se prepara para substituir Dilma na presidência. Cunha pertence ao mesmo partido de Temer, o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), e os dois são próximos, mas Cunha, um evangélico, líder de um dos Congressos brasileiros mais conservadores, tornou-se um dos políticos mais impopulares no Brasil – à esquerda e à direita – por causa da acumulação de suspeitas de corrupção e dos seus métodos pouco escrupulosos dentro da Câmara dos Deputados. Há um mês, uma sondagem do Instituto Datafolha mostrou que 77% dos brasileiros defendiam a expulsão de Cunha do Congresso. Se Cunha se mantivesse como presidente da Câmara dos Deputados, seria “um fardo” que Michel Temer teria de carregar e “pelo qual seria cobrado”, escreveu colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim. Dilma Rousseff acusou Temer e Cunha de serem “golpistas” que arquitectaram o impeachment em conjunto.

 

 

TPT com: UESLEI MARCELINO/REUTERS/Kathleen Gomes//Público /// 5 de Maio de 2016  

 

 

 

 

 

Saiba toda a história da detenção do diplomata português em Bruxelas

Era um dia como tantos outros, em Bruxelas. Rui Boavida, de 40 anos, diplomata da Reper – Representação Portuguesa naquela cidade, começava o dia de trabalho com uma reunião na sede do Conselho da Comissão Europeia. À entrada da Praça Schuman, aponta o smartphone para o edifício envidraçado e dispara uma fotografia. Em pano de fundo: o edíficio europeu com alguns carros à volta, incluindo um da polícia.

 

 

Sem qualquer aviso, depressa se envolve numa perseguição a pé para fugir a um agente que lhe pediu o telemóvel, sem mais explicações. “Dá-me o telemóvel!” O diplomata, especialista em questões internacionais da energia e segurança energética e que já viveu na China e em Singapura, só parou de correr quando o polícia o apanhou para o algemar.

 

Toda a história da detenção do diplomata português em Bruxelas 2

Encostado às traseiras de um carro, já sem carteira e sem telemóvel, o português continuou a gritar: “Estão a levar-me porque tirei uma fotografia. Então? Isto é a sério?” Mas, nessa altura, o agente, e outros seis que se juntaram, já tinha visto a sua identificação ao peito. Foi algemado, metido numa carrinha, filmado.

 

Toda a história da detenção do diplomata português em Bruxelas 3

A espectacularidade da cena fez com que o vídeo captado por transeuntes se tornasse viral nas redes sociais, a começar pelo Twitter. Foi o correspondente da Euronews James Franey que twitou as primeiras imagens. “Aconteceu um incidente bizarro esta manhã. A polícia de Bruxelas deteve este diplomata português. Reper diz que ele tirou foto a edifício da UE”, escreveu.

 

Toda a história da detenção do diplomata português em Bruxelas 4

Ao que a Reuters apurou, foi a própria Reper, depois de ter conhecimento do “bizarro incidente”, que tentou localizar Rui Boavida numa das esquadras da cidade. Encontrou-o 40 minutos depois e estabeleceu contactos de forma a resolver a questão com toda a celeridade. O português acabou por ser libertado, depois de um contacto do consulado.

 

 

A justificação da política belga para o caso é que “o alerta terrorista de nível amarelo proíbe tirar fotografias” aos edifícios públicos. Mas a questão não é consensual. Aliás, a brutalidade policial é um assunto na ordem do dia, na Bélgica. Em Março deste ano, centenas de pessoas participaram numa marcha contra a violência dos polícias, onde estiveram a União Sindical Estudantil, o Feminismo Libertário Bruxelas, a Leuven Anarchiste Groep, as Juventudes Libertárias da Bélgica e militantes antifascistas.

Para já, a Reper dá o caso como “sanado”.

 

 

TPT com: AFP/REUTERS/ Euronews /Sónia Sapage/Público/5 de Maio de 2016

 

 

 

 

 

 

 

O LAV luta para construir um monumento que irá “ajudar a perpectuar” a presença lusa nos EUA

Com o obectivo de angariar fundos para a construção e edificação do “Luso American Veterans Monument” teve lugar (17 de Abril) no salão nobre do Sport Clube Português de Newark(SCP) um “almoço cultural” que contou com a presença de centena e meia de convidados.

 

 

Este monumento que vai custar mais de 200 mil dólares visa manter viva e honrar a memória dos portugueses e luso-americanos que prestaram serviço nas Forças Armadas dos Estados Unidos da América, ao longo da sua história, nomeadamente daqueles que tombaram no “Campo da Honra”, dentro e fora das suas fronteiras.

 

O LAV luta para construir um monumento que irá ajudar a perpectuar a presença lusa nos EUA 2

Para além de alguns membros da Direcção do LAV, estiveram também o mayor de Kearny, Dr. Alberto Santos, o chanceler João Gouveia, em representação do Cônsul Geral de Portugal em Newark, Dr. Pedro Soares de Oliveira, que por motivos imprevistos não pôde estar presente, Jack Costa, presidente do Sport Clube Português, uma representação da Associação de ex-Marinheiros Portugueses –USA, uma delegação de militares da Associação de Veteranos do Estado de Massachusetts, os activistas João Crisóstomo e Renato Baptista, os escritores Baldomiro Soares, Fernando Santos e Glória de Melo, e ainda algumas representações associativas e culturais da cidade de Newark.

 

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Em ambiente acolhedor e descontraído, os convidados conversaram sobre o projecto, bem como sobre as suas aspirações e os seus afazeres do dia a dia.

 

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Seguiu-se depois o almoço confeccionado pela equipa de cozinha do SCP, que foi abençoado pelo padre Simão, da Igreja de Nossa Senhora de Fátima de Newark.

 

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Após o almoço, o comando Manny Cunha e João Machado fizeram as apresentações “da praxe” e lembraram o projecto do “Luso American Veterans Monument”, que foi saudado com uma forte salva de palmas.

 

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Durante o protocolo, foram tocados os hinos nacionais dos Estados Unidos e Portugal e foi observado um minuto de silêncio, em homenagem a todos os soldados portugueses e luso-americanos que morreram ao serviço deste país da América do Norte.

Após esta cerimónia seguiram-se os discursos.

 

 

O luso-americano Alberto Santos, mayor da cidade de Kearny, uma cidade de 40 mil habitantes, localizada a poucos minutos de New York, começou por elogiar a iniciativa dos membros do “Luso American Veterans Monument” e da importância que tem “para a lembrança dos nossos soldados que tombaram em todas as guerras ao serviço dos Estados Unidos, e que muitos insistem, em esquecer”, disse.

 

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O Dr. Alberto Santos, advogado, (1º na foto à esquerda, aqui acompanhado pelo jornalista e escritor Fernando Santos, e pelo Chanceler João Gouveia, à direita) tem defendido a importância de os luso-americanos se envolverem cada vez mais nos assuntos culturais, empresariais e políticos deste país, a fim de melhor enfrentarem os desafios que os novos tempos colocam, sem esquecer as novas gerações. Durante a sua alocução, desafiou a comunidade portuguesa e luso-descendente a apoiar este projecto “já que ele vai ser também uma forma de homenagear e honrar todos os nossos ante-queridos, que lutaram e morreram, por este país que nos acolhe. Eles deram o melhor de si, e nós também temos que dar o melhor de nós para ajudar a construir este memorial, que será, porventura, o melhor exemplo de gratidão que lhes podemos prestar”, concluiu o mayor Alberto Santos.

 

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O Chanceler João Gouveia, que falou em representação do Cônsul Geral de Portugal em Newark, Dr. Pedro Soares de Oliveira, elogiou a iniciativa e lembrou que  “homenagear todos esses combatentes é reconhecer a memória colectiva de uma comunidade que valoriza e tem orgulho no contributo dado para este grande país de emigrantes”.

 

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Pedro Belo, Presidente do Comité de Finanças e Angariação de Fundos, para a construção do monumento, começou  por agradecer a presença de todos neste evento e lembrou também aos vários orgãos de comunicação social presentes que “iniciamos agora uma fase crítica para o desenvolvimento do projecto de construção do monumento que irá reconhecer para a posteridade o contributo dos Portugueses e dos Luso-Americanos, ao serviço dos diversos ramos das Forças Armadas Americanas.

 

Até ao momento as actividades da organização têm sido concentradas nas tarefas menos visíveis de formalização da organização e de preparação do lançamento do concurso público de candidatura ao desenho e concepção, do monumento. A partir de agora o êxito deste projecto vai depender fundamentalmente da participação mais alargada da comunidade em geral, dos empresários Luso-Americanos, das Instituições e do contributo das várias organizações de veteranos. Não quero deixar passar esta oportunidade sem apelar à contribuição de todos para que participem activamente nas iniciativas de “fund raising” e que colaborem na divulgação mais geral do projecto”, concluiu o Dr. Pedro Belo.

 

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Jorge Ventura, Presidente do Comité Executivo do “Luso-American Veterans Monument”, recordou que “já há alguns anos que um grupo de portugueses residentes na comunidade portuguesa de New Jersey, sonhava ver na cidade de Newark, algo que testemunhasse no futuro a presença dos portugueses nesta cidade. Como parte da comissão organizadora deste mega projecto que vai custar mais de 200 mil dólares, tenho o prazer de informar que reunimos um conjunto de personalidades, desde representantes do Governo Português, Autoridades Estaduais e Comunitárias que de imediato acarinharam o projecto”.

 

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Para finalizar, Jorge Ventura que disse sentir-se honrado por “termos convidado individualidades que de braços abertos se juntaram a nós”, dirigiu-se também em termos de agradecimento “a todos aqueles que têm colaborado no desenvolvimento deste projecto, nomeadamente aos membros dos oito (8) comités que constituímos, por todo o empenho com que têm dinamizado este grande empreendimento que irá perpectuar a presença de mulheres e homens Portugueses e Luso-Americanos que estiveram e estão envolvidos nas Forças Armadas deste grande País”.

 

O LAV luta para construir um monumento que irá ajudar a perpectuar a presença lusa nos EUA 24

Depois dos discursos seguiu-se a apresentação do livro do jornalista e escritor Fernando dos Santos, que tem por título “Terra que é boa para viver é também boa para defender”, frase que o fuzileiro naval luso-americano Joaquim Vaz Rebelo escreveu à namorada, colocando-lhe a natural possibilidade de ali encontrar a morte, mas justificando o desafio que diariamente atirava à vida, poucos dias antes de morrer numa emboscada (dia 13 de Maio de 1967) no Vietname .

 

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Fernando dos Santos diz que “são largos milhares os luso-americanos que serviram e servem as forças armadas dos Estados Unidos. São menos os que morreram nos campos de batalha, mas aproximam-se do milhar. Neste livro, constam os nomes de 929 militares com apelidos portugueses que perderam a vida nas guerras dos Estados Unidos – desde a Guerra da Independência até à actual intervenção na Síria. Deste total, 428 têm a sua origem portuguesa perfeitamente confirmada e os restantes 501 têm elevada probabilidade de terem iguais raízes.

 

 

A confirmação da origem portuguesa das 428 baixas foi feita através de demorada consulta da imprensa luso-americana. A elevada probabilidade de as restantes 501 baixas serem de origem portuguesa foi aceite quando, partindo do apelido de tradição portuguesa, analisamos o nome próprio, o nome médio, o local de nascimento, o estado em que o militar cresceu, a fotografia confirmando a sua raça branca e outros factores que, por vezes, surgem nas breves biografias a que conseguimos acesso”.

 

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O comando Manny Cunha, que fez a apresentação do autor e da obra, referiu a todos os convidados que Fernando dos Santos “depois de ter sido em Portugal redactor da agência noticiosa France Press, continuou nos Estados Unidos a sua actividade jornalística ao serviço do bessemanário Luso Americano, agência Lusa e do extinto semanário Portuguese Post, onde escreveu e ajudou a escrever, alguns capítulos da história brilhante da emigração portuguesa nos Estados unidos”.

 

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Falar de Fernando dos Santos, considerado por muitos como um defensor de muitas causas nobres em prol das comunidades portuguesas dos Estados Unidos e Hawaii, é falar de um jornalista que vivia a profissão no que diz respeito às questões de ética e deontologia dos jornalistas.

 

 

“Era muito preocupado com o modo como os jornalistas desempenhavam a profissão e era também muito interessado pelas questões comunitárias, políticas locais e internacionais, factores que lhe davam uma visão muito própria das coisas e dos acontecimentos e, por esse prisma, foi sempre um jornalista empenhado e atento ao mundo”, disse ao The Portugal Times um dos seus antigos colaboradores presentes nesta festa de angariação de fundos para o LAV.

 

O LAV luta para construir um monumento que irá ajudar a perpectuar a presença lusa nos EUA 24

Reformado desde Agosto de 2010, Fernando dos Santos tem vindo a pôr em livros algumas das suas notas.

 

 

Depois das mais de 500 páginas do livro “Os Portugueses de New Jersey”, editado em 2014, Fernado dos Santos sai agora com este volume sobre os Luso Americanos que Morreram ao Serviço da Forças Armadas dos EUA. Anteriormente, Fernando dos Santos publicou “Os Portugueses do Hawaii” (1996), e “Por Quem Os Sinos Não Dobram” (1994) este, segundo o autor, “com o título a evocar outras missões suicidas, numa altura (início dos anos de 1990) em que os índios Ianomamis do Brasil pareciam viver para morrer, dada a ameaça da sua extinção pela intensidade do garimpo sem que em sua memória se ouvissem badaladas na torre de qualquer areópago”.

 

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Fernando dos Santos, aqui acompanhado por Baldomiro Soares, à esquerda e Renato Baptista, ao centro, ofereceu a receita da venda do livro para o “Luso-American Veterans Monument” e deixou-nos a nós mais uma fonte de conhecimento.

 

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O monumento que está previsto ser construído no Independence Parque, ou Parque dos Mosquitos, em frente ao East Side High School, pretende “simbolizar o silêncio deixado pelos nossos soldados que lutaram e caíram na guerra ao serviço dos Estados Unidos”, sendo por isso uma “homenagem ao silêncio da om-nipresença das pessoas, que deixaram o seu povo, as suas famílias, as suas raízes.

 

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Neste livro, Fernando dos Santos diz ainda que “a iniciativa de erguer em Newark um monumento aos militares de origem portuguesa que ao longo da história serviram as forças armads dos Estados Unidos e especialmente os que caíram com honra em combate por este país, fica a dever-se às associações luso-americanas de New Jersey que aderiram rapidamente à iniciativa a seu tempo lançada do interior da Associação de Comandos USA, com sede em Newark, New Jersey”.

 

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Glória de Melo, Presidente do Comité de Eventos e Informação (1ª à esquerda na foto, acompanhada por Anabela Martins), que tem colaborado ao longo dos anos em inúmeras causas culturais e sociais, fez questão de fazer uma “chamada de atenção” ao trabalho que se vai fazendo e ao muito que ainda falta fazer, e disse que para a conclusão deste projecto “todos são precisos”.

 

 

Na sua mensagem para a ocasião, Glória de Melo disse também que “tenho a honra de presidir à Comissão de Eventos, Informação e Pesquisa do LAV, com o jornalista João Machado, que é o Vice-Presidente, e ainda com Anabela Martins, Ricky Durães, Luís Lourenço, Carlos Brito, e João Matos. Mas em abono da verdade o elemento mais activo deste naipe, tem sido, sem dúvida alguma a Anabela Martins, a quem agradecemos a disponibilidade e o dinamismo.

 

 

De referir que as actividades desta comissão têm tido como objectivo principal a divulgação e a sensibilização da comunidade lusa e americana, nos Estados Unidos e Portugal, por todos os meios de comunicação social, e em eventos das várias associações, clubes, e instituições várias, a missão e os objectivos do LAV”, que podem ser consultados no site www.lav-monument.org

 

 

Entre os simpatizantes deste projecto estão também Dom Duarte de Bragança, e o Dr. José de Almeida Cesário, ex-Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas que deu o seu apoio a esta iniciativa e incentivou todos os Portugueses e Luso Americanos a ajudarem a escrever “mais este capítulo da história brilhante da emigração portuguesa nos EUA”, disse.

 

 

Por sua vez, o Senhor Dom Duarte de Bragança após ter conhecimento deste projecto, enviou uma mensagem aos membros do  “Luso-American Veterans Monument” onde diz que “nesta conformidade, não posso deixar de associar-me à vossa iniciativa e louvar o espírito patriótico e universal que preside à mesma e para a qual desejo o maior sucesso.  Permito-me sugerir que seria louvável que fossem também considerados artistas portugueses ou lusoamericanos para a elaboração de tão simbólico monumento”, disse o herdeiro da Corôa de Portugal.

 

 

Fazem parte do Comité Honorário, deste projecto, o Dr. Pedro de Oliveira, Cônsul Geral de Portugal em Newark; Joseph DiVincenzo, Chefe Executivo do Consado de Essex; Armando Fontoura, Xerife do Condado de Essex; Augusto Amador, Vereador da cidade de Newark; Tereza Ruiz, Senadora do estado de New Jersey; Dr. Manny Grova Jr., vereador geral da cidade de Elizabeth; e ainda os empresários António Seabra; Bernardino Coutinho; Jack Casimiro e António Matinho.

 

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Para animar este almoço de angariação de fundos para a causa LAV, estiveram os artistas consagrados Telmo Rosa e o cantor e actor Eduardo Marques.

Apesar da qualidade musical e da energia positiva distribuída por Telmo Rosa pelos quatro cantos do salão de festas do Sport Clube Português de Newark, foi Eduardo Marques que chamou mais a atenção dos presentes. Com um percurso artístico bastante sólido, Eduardo Marques mostrou parte do talento que o levou a participar, como actor e cantor nos musicais: Navio dos rebeldes ( nomeado para os Globos de Ouro), Peter Pan, Fame, High-School Musical, Phantom of the Opera e Les Miserables.
Para além disso, foi 2º classificado na Grande Noite do Fado, em Portugal, em 2007.
Participou como Actor/Cantor em teatros de revista, para as comunidades portuguesas nos Estados Unidos e Canadá, em 2007 e 2008.
Segundo classificado, na geral e primeiro entre os cantores, no programa: “ Portugal Got Talent”, em 2010, Eduardo Marques foi também o vencedor do festival RTP da Canção, em 2012, indo representar Portugal no festival Euro-visão desse ano que teve lugar no Azerbaijão.

 

 

A homenagem aqui prestada a todos os que tombaram em combate merece o maior respeito e dignidade. Recordamos também que para os elementos do LAV, um monumento evocativo tem que ser representativo do sacrifício dos que deixaram a vida na guerra logo no início das suas vidas activas e do sentimento e da dor dos familiares mais próximos.

 

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Coragem… pequeno soldado do imenso exército. “A alegria dos que regressam/ Não faz esquecer, os que morreram”!… O campo de batalha é a terra inteira e a vitória é, a civilização humana.

 

 

Como escreveu Charles M. Province – Capelão Militar do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, no poema “É o Soldado”:

 

– “É graças aos soldados, e não aos sacerdotes, que podemos ter a religião que desejamos.

 

– É graças aos soldados, e não aos jornalistas, que temos liberdade de imprensa.

 

– É graças aos soldados, e não aos poetas, que podemos falar em público.

 

– É graças aos soldados, e não aos professores, que existe liberdade de ensino.

 

– É graças aos soldados, e não aos advogados, que existe o direito a um julgamento justo.

 

– É graças aos soldados, e não aos políticos, que podemos votar.

 

– São os soldados -,  que reverenciam a bandeira, que servem sob a bandeira e cujos ataúdes são cobertos por ela -, que tornam possível e suportam que manifestantes, em seus protestos, a queimem…”.

 

E tú, és soldado?

 

 

CM/JM/The Portugal Times//fotos: Vera Reis/Brazilian Voice Newspaper//  4 de Maio de 2016

 

 

 

 

 

Cientistas portuguesas criam dispositivo que vai detetar o cancro através de gota de sangue

Investigadoras do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) estão a desenvolver dois dispositivos “autónomos e baratos” que vão permitir a deteção precoce do cancro, através de uma amostra composta por uma gota de sangue.

 

 

De acordo com Goreti Sales e Lúcia Brandão, responsáveis pelos projetos, o objetivo é criar dispositivos de fácil manuseamento, semelhantes aos utilizados para a leitura da glucose em pessoas com diabetes, mas que necessitam apenas da tira de glucose e não precisam da caixa de medida elétrica.

 

 

O projeto 3 P’s (plastic antibodies, photovoltaics, plasmonics), liderado pela investigadora Goreti Sales, do laboratório BioMark, pertencente ao ISEP, engloba três áreas do conhecimento que “nunca se encontraram antes”.

 

 

Nesta investigação, pretende-se juntar anticorpos plásticos a células fotovoltaicas (dispositivo elétrico em estado sólido, capaz de interagir com biomarcadores do cancro e de converter a luz em energia elétrica de forma interdependente) e, de seguida, a estruturas plasmónicas (que aumentam a eficiência da célula fotovoltaica).

 

 

“A leitura da amostra de sangue vai dar origem a uma cor, que vai permitir ao médico verificar se o paciente tem um biomarcador (biomolécula que circula no nosso organismo) alterado e indicar a necessidade de realizar análises aprofundadas e específicas”, explicou à Lusa a investigadora.

 

 

Este processo é “uma despistagem local muito mais intensa do que a que se faz atualmente, com uma taxa de erro muito inferior”, acrescentou.

 

 

“Com o desenvolvimento deste novo conceito de biossensor, vamos poder fazer testes em várias linhas de cancro, utilizando diferentes biomarcadores, podendo ainda estender-se a sua aplicação a outras doenças”.

 

 

Neste momento, a equipa de investigação já conseguiu associar os anticorpos plásticos às células fotovoltaicas, segundo indicou a investigadora, e estão a trabalhar num composto que seja capaz de mudar de cor de uma forma evidente, com o auxílio de materiais orgânicos.

 

 

O que se espera é que seja um produto, de utilização única, “barato e produzido a grande escala”.

 

 

Por seu lado, o projeto Symbiotic, liderado pela também investigadora do BioMark Lúcia Brandão, associa os anticorpos plásticos a um dispositivo autónomo que produz energia, mas não usa a célula fotovoltaica.

 

 

Neste caso, é utilizada uma célula de combustível – uma pilha – “que vai detetar a presença do biomarcador”, esclareceu a coordenadora.

 

 

“Se o sinal elétrico dessa célula combustível variar, vai dar indicação a um outro dispositivo agrupado, que muda de cor, indicando ao médico se o paciente tem indícios de cancro”.

 

 

No projeto 3P’s participam as investigadoras Alexandra Santos, Ana Moreira, Ana Margarida Piloto, Carolina Hora, Felismina Moreira e Manuela Frasco, bem como a responsável pelo Symbiotic, Lúcia Brandão.

 

 

Esta investigação teve início em fevereiro de 2013 e foi financiada através de uma “Starting Grant” da Europeran Research Council (ERC) em um milhão de euros.

 

 

O projeto finaliza em janeiro de 2018, contando com a colaboração do IPO-Porto para o teste do dispositivo em amostras de sangue, urina e saliva.

 

 

O Symbiotic é desenvolvido por um consórcio, composto pelo ISEP, pelo Imperial College, de Londres, pelo UNINOVA, da Universidade Nova de Lisboa, pela organização finlandesa de investigação VTT e pela Universidade Aarhus, da Dinamarca.

 

 

Neste projeto participam pelo ISEP as investigadoras Liliana Carneiro, Maria Helena Sá, e Nádia Ferreira.

 

 

Iniciado em junho de 2015, teve um financiamento de cerca de 3,4 milhões pelo Horizonte 2020 e tem a duração de três anos.

 

 

TPT com: Paulo Novais/Lusa/Nuno Noronha/SAPO// 1 de Maio de 2016

 

 

 

 

 

 

O tratamento de “lesões desportivas” com células estaminais é o futuro que começa hoje

Lesões no tendão de Aquiles, no menisco, nas cartilagens do joelho ou na anca são algumas das lesões desportivas mais comuns e que afetam todo o tipo de atletas, sejam amadores ou profissionais. A ciência, neste campo como em outros, vai desbravando caminho e descobrindo novas soluções e opções, para necessidades.

 

 

Um dos avanços mais recentes está relacionado com a utilização de células estaminais mesenquimais no tratamento deste tipo de situações desportivas. A sua aplicação, segundo investigações recentes, parece indicar benefício na reparação a nível celular, progressão no processo de cicatrização e criação de novos vasos sanguíneos nos membros afetados.

 

 

A cicatrização de um tendão ou a recuperação de uma cartilagem são, por norma, processos lentos, dolorosos, dispendiosos e, na grande maioria, não completos.

 

 

O processo de obtenção deste tipo de células pode ser realizado a partir da medula óssea, sangue periférico, gordura ou pele do próprio paciente. No entanto, estes procedimentos são extremamente invasivos e dolorosos, acarretando um elevado risco de infeção. Mais ainda, tratam-se de células mesenquimais adultas, isto é, com alguma limitação em termos da sua expansão e potência terapêutica.

 

 

A alternativa passa pelo isolamento das células estaminais a partir do tecido do cordão umbilical e a sua posterior criopreservação. Este processo, ao invés das outras opções, é não invasivo, indolor e não representa qualquer risco para as pessoas envolvidas (mãe e recém-nascido). O cordão umbilical é um tecido excendentário, considerado um resíduo cirúrgico, que é normalmente eliminado por incineração.

 

 

Num momento em que, cada vez mais, se fala da criopreservação e do potencial terapêutico das células estaminais no tratamento de diversas patologias e problemas de saúde, a discussão começa agora a ganhar maior consistência em torno da sua aplicabilidade na medicina desportiva, nomeadamente, na recuperação e regeneração de lesões musculares, ósseas e articulares. De todas estas condições, é sobre a cartilagem e articulações que se têm desenvolvido mais pesquisas e avanços e disso vão fazendo eco muitas notícias, nomeadamente, as que incidem sobre o universo futebolístico.

 

 

Apesar de nem todos sermos atletas de alta competição, seguramente todos os que praticamos alguma atividade física estamos expostos ao risco de desenvolvimento de lesões. Assim, é importante precaver o futuro e investir numa solução que permita vir a beneficiar de uma opção terapêutica, caso venha a ser necessária, para este tipo de situações.

 

 

Existem diversas empresas de criopreservação a operar em Portugal. No entanto, nem todas isolam e multiplicam as células no momento anterior à sua criopreservação, procedimento que permite que as mesmas fiquem imediatamente disponíveis caso seja necessária a sua utilização. A melhor solução é optar por uma empresa que garanta o processo de isolamento e multiplicação das células estaminais logo após a colheita, ao invés do simples congelamento do tecido do cordão umbilical (que não garante qualquer aplicabilidade terapêutica).

 

 

O simples processo de congelamento não permite identificar, na altura da colheita, a tipologia de células presente no cordão e se as mesmas apresentam as condições necessárias para serem multiplicadas e criopreservadas com sucesso. Sem esta separação e purificação de células, é possível que, quando for equacionada a sua utilização, se verifique não existirem células saudáveis em quantidade suficiente para garantirem uma aplicação terapêutica eficaz.

 

 

Outro fator essencial na escolha da empresa de criopreservação é a capacidade de investigação. A Cytothera, por exemplo, tem uma parceria com o laboratório de investigação ECBio, que se dedica ao estudo do potencial terapêutico das células estaminais. A ECBio patenteou uma tecnologia de isolamento e de criopreservação das células do tecido do cordão umbilical, designada por células UCX®, com o objetivo de encurtar o período de tempo entre a investigação e o desenvolvimento de métodos e novas aplicações terapêuticas com recurso a células estaminais. Afinal, o futuro não está assim tão longe. O futuro começa hoje.

 

 

Por: Patrícia Cruz, Diretora do Banco de Tecidos e Células do Laboratório Cytothera/Nuno Noronha/SapoSaúde//1 de Maio de 2016

 

 

 

 

Universidade espanhola anuncia nova terapia que pode melhorar tratamento contra a Sida

Uma nova imunoterapia, tendo em conta o comportamento das células “T”, que constituem um componente importante da luta contra a infeção pelo vírus HIV, poderá melhorar o tratamento contra a sida, indica hoje uma universidade espanhola.

 

 

A investigação foi feita pelo Grupo da Biologia de Infeções da Universidade Pompeu Fabra (UPF), em Barcelona, publicada na revista científica “PLOS Pathogens”.

 

 

Segundo o estudo, a investigação parte do princípio de que a infeção crónica pelo HIV dá lugar a uma exaustão do sistema imunitário, fenómeno caracterizado pela alteração do funcionamento das chamadas células “T”.

 

 

Nesse sentido, essas células exaustas mostram proteínas de inibição à superfície que poderão ser elementos chave na restauração da função imunitária.

 

 

Andreas Meyerhans, diretor do Grupo da Biologia de Infeções do Departamento de Ciências Experimentais e da Saúde (DCESX) da UPF, é quem dirige a investigação, que procura estabelecer as condições em que os sinais negativos transmitidos por estas proteínas melhoram o tratamento médico.

 

 

Segundo os investigadores, o sistema imunitário humano é formado por uma complexa rede de reguladores positivos e negativos que coordenam a resposta a ameaças patogénicas.

 

 

Uma pessoa infetada com HIV desenvolve uma resposta imunitária que evita a expansão do vírus, mas, ao mesmo tempo, as células “T”, reguladoras, mantêm a resposta sob controlo, evitando também uma sobre reação das células humanitárias, uma vez que, caso contrário, provocaria lesões nos órgãos e tecidos do infetado.

 

 

À medida que a infeção avança e que fica evidenciado que o vírus não será eliminado, muitas das células “T” “adormecem” face a um mecanismo denominado “exaustão”.

 

 

Desta forma, os investigadores concluíram que bloquear esta exaustão pressupõe uma resposta melhorada das células “T”, levando também uma melhoria no tratamento.

 

 

Na investigação, os cientistas isolaram células sanguíneas de indivíduos infetados com HIV e observaram a resposta depois de as acordarem mediante o uso de anticorpos “anti-PD-L1”.

 

 

“Os indivíduos que tinham a infeção controlada medicamente e que, por isso, mostravam poucos vírus no sangue, viram multiplicado o número de células «T»”, explicam, os investigadores.

 

 

“No entanto, nas amostras em que o vírus não estava controlado medicamente, as células reguladoras «T» multiplicavam-se muito, permitindo uma maior expansão do vírus e dando lugar a um efeito prejudicial”, assinalaram.

 

 

Estas observações podem trazer consequências importantes na altura de utilizar estes anticorpos como tratamento, uma vez que apenas os doentes com HIV que estejam sob tratamento médico obterão uma melhoria na resposta imunitária antivírica.

 

 

TPT com: AFP/ Reuteres /Susana Krauss/Sapo/ /1 de Maio de 2016

 

 

 

 

 

Cientistas portugueses na descoberta das “mães” das células estaminais do sangue

Uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra começou por transformar células da pele em células estaminais, mas as pistas que encontraram levaram-na à origem do processo, ainda no embrião.

 

 

As células estaminais hematopoiéticas – aquelas que darão origem a todos os tipos de células do sangue e do sistema imunitário – não aparecem do nada, mas até agora o processo não era bem conhecido. A equipa de Filipe Pereira, investigador no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, encontrou os precursores destas células (as que lhes deram origem) no embrião e na placenta. Os resultados foram apresentados esta segunda-feira na revista científica Developmental Cell.

 

Cientistas portugueses descobrem as “mães” das células estaminais do sangue 2

Seguiram uma nova forma de abordagem, como contou Filipe Pereira ao Observador. O trabalho começou em laboratório, numa caixa de petri, quando estudavam como transformar células da pele – fibroblastos – em células estaminais do sangue. Mas este processo deu-lhes pistas sobre como podiam procurar, nos embriões, as células precursoras que dão origem a este tipo de células estaminais. Passaram do in vitro para o in vivo, mas por enquanto só em ratos de laboratório.

 

 

Não obstante o grande investimento feito nesta área de investigação nos últimos 50-60 anos, têm continuado por estabelecer quer a origem destas células [estaminais hematopoiéticas] durante o desenvolvimento embrionário”, confirma ao Observador Perpetua Pinto-do-Ó, investigadora no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, que não fez parte do estudo.

 

 

Quando estavam a transformar fibroblastos em células estaminais do sangue, os investigadores perceberam que as células passavam por uma “célula transitória” com características próprias e marcadores próprios – moléculas específicas que as sinalizam como diferentes das restantes -, explicou o investigador. Depois foi só procurar estes marcadores nos embriões de ratos de laboratório e lá estavam eles – não só nos embriões, mas nas placentas também.

 

 

Filipe Pereira fala das portas que se vê abrirem com estes resultados. A sua equipa já se encontrava a testar se os fibroblastos humanos conseguiam originar células estaminais do sangue como nos ratos de laboratório. Tudo indica que sim e que o processo é equivalente. Agora que já sabem como é que as precursoras dão origem às células estaminais do sangue no embrião, invertem a investigação outra vez e podem tentar replicar o processo nos fibroblastos.

 

 

Na verdade, os investigadores conseguiram mapear todos os genes em termos individuais e da população de células e perceber quais os mais importantes na geração das células estaminais do sangue. Sabendo que “interruptores” se devem ligar para aumentar a produção e replicação destas células, os investigadores poderão no futuro ter mais facilidade em aumentar o número de células para transplante – uma das maiores limitações dos transplantes com células estaminais.

 

 

No organismo adulto a frequência de células estaminais do sangue na medula óssea é relativamente baixa e não conhecemos os fatores necessários à sua expansão [replicação]. Assim, um melhor conhecimento da origem e da geração destas células poderá constituir um avanço por permitir o acesso privilegiado a células que contem a informação que necessitamos descodificar”, explica Perpetua Pinto-do-Ó, presidente da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular.

 

 

Sabendo que as células precursoras podem ser encontradas tanto nos embriões como nas placentas de ratos de laboratório, Filipe Pereira já pensa num novo projeto que inclua células humanas, nomeadamente da placenta. O projeto vai contar com a colaboração de duas universidades britânicas (Oxford e Manchester) e neste momento procura um parceiro português que possa fornecer o material biológico – placentas resultantes de partos ou de interrupções voluntárias de gravidez.

 

 

O avanço desta investigação e dos vários caminhos aqui apresentados poderá vir a mostrar-se importante nos casos de transplante de medula óssea, como também nos casos dos doentes que precisem de ajuda na formação de novos vasos sanguíneos – é que as células precursoras, antes de originarem células estaminais sanguíneas, têm a capacidade para formar células dos vasos.

 

 

TPT com: Vera Novais/OBS/ 1 de Maio de 2016

 

 

 

 

 

Vai haver um colapso da Zona Euro, afirma o ex-governador do Banco de Inglaterra

Num livro que apresentou na London School of Economics, Mervyn King prevê que o peso da dívida soberana na zona euro se tornará excessivo para ser consistente com a estabilidade política

 

 

O nível das dívidas públicas na zona euro requer um processo de integração que passe por reduções significativas que exigiriam a vontade política de alguns países em resgatar outros, o que poderá não ser exequível. Esse fardo poderá tornar-se demasiado grande para ser consistente com a estabilidade política na zona. O resultado será um colapso.

 

 

Em suma, é uma das teses que Mervyn King, governador do Banco de Inglaterra durante uma década, até julho de 2013, discutiu em Londres, na London School of Economics. O tema faz parte do seu mais recente livro “The End of Alchemy: Money, Banking, and the Future of the Global Economy”, acabado de publicar pela editora Little, Brown, no Reino Unido, e que terá uma versão pela W. W. Norton que foi lançada nos Estados Unidos a 21 de março.

 

 

“A União Monetária gerou um conflito entre uma elite centralizada, por um lado, e as forças da democracia a nível nacional, por outro. Isto é extraordinariamente perigoso”, refere King, que vaticina que os periféricos do euro acabarão por se cansar dos sacrifícios que terão de fazer para a permanência no euro. “O contra-argumento – que uma saída do euro levaria ao caos, provocaria a queda dos padrões de vida e prolongaria a incerteza sobre a sobrevivência da união monetária – tem verdadeiramente peso”, escreve o autor, para depois explicar o que provoca a “fadiga”: “Mas se a alternativa é uma austeridade que esmaga, a continuação de desemprego em massa e a ausência de fim à vista para o fardo da dívida, então a saída do euro pode ser a única forma de traçar uma rota de regresso ao crescimento e ao pleno emprego. Os benefícios a longo prazo superam os custos de curto prazo [da saída]”.

 

 

O problema passa pela Alemanha. “A tentativa de encontrar um meio termo não está a resultar. Um dia, os eleitores alemães podem rebelar-se contra as perdas que lhes são impostas pela necessidade de apoiar os seus irmãos mais fracos, e sem dúvida, então, a maneira mais fácil de dividir a zona euro seria a própria Alemanha sair dela”, escreve King.

 

 

Semelhanças com os anos 30 do século XX

 

 

A obra do ex-governador, atualmente professor de Economia e Direito na Universidade de Nova Iorque e de Economia na London School of Economics, sobre o “fim da alquimia” não está focada na zona euro, aborda os desequilíbrios da economia e finança globais e o facto, na sua opinião, dos líderes mundiais não terem atacado as causas da última grande crise financeira de 2007 e 2008. King dirigiu o Banco de Inglaterra durante os anos da crise financeira.

 

 

O ex-governador encontra muitas semelhanças históricas com o período entre as duas guerras mundiais no século XX, quer no período da bolha anterior à Grande Depressão, quer depois, nos anos 1930, incluindo a dose de austeridade imposta em muitas partes da Europa para manter. agora, o euro, e, então, o padrão ouro.

 

 

“Se a próxima crise vai ser mais um colapso do nosso sistema económico e financeiro, ou se vai assumir a forma de um conflito político ou mesmo militar, é impossível dizer. Nem é inevitável. Mas só uma nova ordem mundial poderá impedir tal resultado. Esperemos que a pressão dos acontecimentos guie os estadistas”, conclui King.

 

 

O penhorista para todas as estações

 

 

Conclui, agora, que o dinheiro e a banca são as “partes mais defeituosas do sistema capitalista”, habituadas a uma dada “alquimia”. “Esta forma de alquimia não deve der banida, mas deve ser-lhe fixado um preço”, diz. Por isso, King avança com uma solução: “Os condutores têm de ter um seguro contra terceiros antes de poderem conduzir. Os bancos devem fazer o mesmo. Eles devem colocar uma boa parte dos seus ativos no Banco de Inglaterra, de modo a que, se as coisas derem para o torto, os depositantes possam ser pagos da noite para o dia. Deste modo, nenhuma corrida aos bancos ocorreria”.

 

 

Ele fala de uma função “casa de penhores” para os bancos centrais, da necessidade de um “penhorista para todas as estações” (usa o acrónimo em inglês PFAS). Escreve King: “A essência de uma casa de penhores de sucesso é a vontade de emprestar a qualquer um contra colaterais extremamente valiosos. Em 2008, os bancos tinham muito poucos ‘relógios de ouro’ e abundavam os estragados, e os bancos centrais foram obrigados a emprestar contra colaterais inadequados, de modo a salvar o sistema. Antes da próxima crise, seria sensato certificar-se que o sistema bancário tem suficientes garantias de colaterais, incluindo reservas no banco central, para poder rapidamente usar os fundos para satisfazer a procura de depositantes em fuga e de credores que tenham decido não renovar o financiamento”.

 

 

TPT com: AFP/POOL NEW / REUTERS/ JORGE NASCIMENTO RODRIGUES/Expresso/ 1 de Maio de  2016

 

 

 

 

Presidente da República voltou a afastar o cenário de eleições antecipadas

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta sexta-feira que a situação económica internacional pode ter efeitos negativos em Portugal, mas disse não ver qualquer risco de instabilidade política que leve a eleições antecipadas.

 

 

“Eu não vejo nenhuma razão para haver implosão da fórmula governativa ou qualquer risco de instabilidade ou de crise política ou de eleições, o que quer que seja”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no final de uma visita à Faculdade de Belas Artes, em Lisboa.

 

 

“As próximas eleições que estão no horizonte são as autárquicas do ano que vem”, acrescentou.

 

 

Antes, o chefe de Estado referiu que “a economia americana está a desacelerar e isso está a contaminar várias economias no mundo, o que significa que é muito difícil que a economia portuguesa não venha também a ter alguma desaceleração, e isso é preocupante”.

 

 

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “há problemas internacionais, há problemas de a evolução económica interna não ser tão boa quanto se esperava ou se previa”, mas no plano político a situação é estável.

 

 

Questionado sobre se a aprovação do Orçamento do Estado para 2017 não pode ser um momento crítico, o Presidente respondeu: “Eu acho que não. Acho que há todas as condições para irmos em velocidade cruzeiro, com as dificuldades económicas do mundo, da Europa e, portanto, também de Portugal. Não é um tempo de maravilhas ou de facilidades”.

 

 

“Mas irmos em velocidade cruzeiro – sendo necessário, naturalmente, acompanhando o que é preciso fazer em termos da evolução económica – realizar as eleições autárquicas, que têm uma incidência sobretudo local, sem estarmos a pensar em Governo que fica ou que cai, em eleições nacionais que há ou que não há”, completou.

 

Marcelo volta a afastar cenário de eleições antecipadas 2

O Presidente da República reafirmou que Portugal não pode estar em permanente campanha eleitoral: “Já chegou o ano de 2015 e o começo de 2016. Não podemos passar a vida a ter eleições dia sim dia não”.

 

 

Interrogado sobre a votação de hoje no parlamento, em que a maioria que suporta o Governo se uniu contra o projeto do CDS-PP de rejeição do Programa de Estabilidade, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que aconteceu “o que era esperado”.

 

 

O chefe de Estado reiterou a ideia de que existem neste momento “dois caminhos políticos de governação em Portugal, um caminho traduzido na fórmula governativa e um caminho traduzido na oposição”.

 

 

“Portanto, o que é normal é que a fórmula governativa funcione, e o facto de ter funcionado não é uma surpresa, é o que se devia esperar. Quer dizer, não fazia sentido nenhum que partidos que viabilizaram o Orçamento do Estado há um mês e tal viessem a criar condições de crise a propósito do Programa de Estabilidade ou do Plano Nacional de Reformas”, defendeu.

 

 

De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, existe atualmente “estabilidade financeira” em Portugal, o que “é bom para a estabilidade social e política portuguesa”.

 

 

“Eu já disse várias vezes: temos de viver agora os próximos tempos nesse clima de estabilidade, pensando que eleições próximas são em outubro do ano que vem as autárquicas”, reforçou

 

 

Governo tem pouca margem para cumprir metas difíceis

 

A DBRS considerou esta sexta-feira que a redução do défice prevista no Programa de Estabilidade até 2020 pode ser “difícil de alcançar”, até porque o Governo tem uma margem política reduzida para adotar mais medidas de consolidação orçamental, caso sejam necessárias.

 

Marcelo volta a afastar cenário de eleições antecipadas 3

A agência de notação financeira manteve esta sexta-feira o ‘rating’ atribuído à divida pública portuguesa em ‘BBB’ (baixo), com perspetiva estável, o último nível de investimento antes do ‘lixo’, decisão que garante que o país continue a ser contemplado no programa de compra de ativos do Banco Central Europeu (BCE).

 

 

Para a manutenção do ‘rating’, a DBRS teve em consideração o Programa de Estabilidade 2016-2020, um documento “ambicioso e com vários riscos”, considerou Adriana Alvarado, a analista da agência de ‘rating’ que acompanha Portugal, em declarações à agência Lusa.

 

 

“O Programa de Estabilidade mostra que há um compromisso de consolidação orçamental, mas há riscos na estratégia definida” pelo Governo, afirmou a analista da DBRS, admitindo que alcançar os objetivos de redução do défice “pode ser difícil”.

 

 

No documento, o Governo liderado por António Costa compromete-se com uma redução do défice para 2,2% do PIB este ano, para 1,4% em 2017, para 0,9% em 2018 e para 0,1% em 2019, prevendo alcançar um excedente orçamental de 0,4% do PIB [Produto Interno Bruto] em 2020.

 

 

“A vertente e as metas orçamentais são ambiciosas, embora continuemos a esperar que o défice orçamental desça gradualmente no horizonte. Mas a previsão de crescimento económico no médio prazo é otimista, os cortes previstos na despesa podem ser difíceis e, em cima disto, a capacidade de o Governo adotar medidas adicionais pode ser limitada devido à posição minoritária no parlamento”, alertou Adriana Alvarado.

 

 

No documento, o executivo compromete-se com uma redução da despesa pública a rondar os 1.800 milhões de euros até 2020, na grande maioria através do corte dos consumos intermédios e juros.

 

 

“Se estes riscos começarem a materializar-se, será importante perceber como é que o Governo vai lidar com isso”, disse Adriana Alvarado, admitindo que também existe o risco de “um potencial desacordo entre o Governo e os partidos que o suportam”, caso seja preciso implementar mais medidas de austeridade.

 

 

Por outro lado, a analista da DBRS também considera que a redução da dívida pública até perto de 110% do PIB em 2020, como estima o Programa de Estabilidade, é pouco plausível: “É um objetivo muito ambicioso e que exige um ajustamento orçamental muito restritivo. Pode ser alcançado, mas é muito difícil. Parece-nos mais provável um ritmo mais lento da redução da dívida pública”, disse.

 

 

Perante estes riscos, a DBRS — apesar de manter o ‘rating’ e a perspetiva associada — alerta que a nota atribuída pode ser pressionada para uma revisão em baixa se “houver um enfraquecimento do compromisso político” para a sustentabilidade das contas públicas ou se a economia crescer menos do que o previsto (o que também prejudicaria a dinâmica da dívida pública).

 

A agência deve voltar a avaliar a dívida pública portuguesa no final de outubro.

 

 

TPT com: TVI 24/AFP/Lusa/JN/ Rafael Marchante/REUTERS /Observador/1 de Maio de 2016