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Para a extrema-direita alemã, o islão não faz parte da Alemanha

O partido que começou por ser anti-euro e que cresceu ao afirma-se como anti-imigração apresentou-se definitivamente como anti-islão no congresso que reuniu 2400 dos seus membros em Estugarda este fim-de-semana. No manifesto aprovado no encontro da Alternativa para a Alemanha (AfD) há todo um capítulo intitulado “O islão não faz parte da Alemanha”.

 

 

A ideia era que a reunião em Estugarda, no Sul da Alemanha, permitisse ao movimento que já elegeu deputados em 16 parlamentos regionais alargar a sua plataforma, com discussões sobre economia e segurança social. Mas o debate foi marcado por tiradas antimuçulmanas, ainda que um dos participantes se tenha oposto ao capítulo dedicado à religião de 5% dos alemães.

 

 

Ernst-August Roettger, delegado da cidade de Lüneburg, sugeriu que a linguagem usada no programa se opõe à Constituição alemã e defendeu que é preciso distinguir entre islão e islamismo, apelando aos alemães “para iniciarem um diálogo com as suas comunidades muçulmanas locais”, intervenção apupada por muitos na assistência. Já a resposta foi muito aplaudida: “O islão é estrangeiro para nós e por isso não pode invocar o princípio da liberdade de expressão no mesmo grau que o cristianismo”, retorquiu Hans-Thomas Tillschneider, deputado no estado da Alta Saxónia.

 

 

O argumento usado por Tillschneider parece fazer tanto sentido como um manifesto de 1400 páginas onde se afirma que o partido respeita a liberdade religiosa mas se pede a proibição dos minaretes (torres das mesquitas), da burqa (túnica e véu que cobrem o corpo e todo o rosto) e niqab (véu que deixa apenas os olhos a descoberto). Os minaretes, escreve-se no texto, são “símbolos do poder islâmico”.

 

 

“O nosso programa é a estrada para uma Alemanha diferente”, afirmou aos participantes Jörg Meuthen, porta-voz e co-presidente do AfD com Frauke Petry. Isto é “apenas o início”, disse Meuthen no mesmo dia em que uma sondagem publicada no jornal Bild sobre as legislativas do próximo ano atribuía 13% de intenções de voto ao partido, que assim se tornaria na terceira força política alemã.

 

 

“No Verão de 2015 davam-nos como mortos”, afirmara Petry na abertura do congresso, sábado, sublinhando os sucessos surpreendentes dos últimos tempos, com os bons resultados nas regionais de Março. Nascido há três anos, o partido beneficiou do descontentamento face à decisão da chanceler Angela Merkel de abrir as portas à entrada de um milhão de refugiados e imigrantes ao longo do ano passado.

 

 

Família e História

 

 

O AfD apresenta-se como “conservador, livre e patriota” e entre as propostas já aprovadas para integrarem o programa consta o fim da moeda única, a defesa das fronteiras da Alemanha, a deportação de estrangeiros condenados por crimes, o regresso do serviço militar obrigatório e o reafirmar dos “valores familiares tradicionais e da cultura nacional”.

 

 

Meuthen, que descreve o partido como uma mistura entre “conservadorismo moderno” e “patriotismo são”, defendeu que é preciso valorizar “os aspectos positivos da História alemã”, lamentando que a memória oficial “se reduza” ao passado nazi. Não é certo o que sobrou da proposta inicial de manifesto (houve 1500 propostas de alterações e ainda se votava à hora a que o encontro deveria ter terminado), mas na versão original constava a ideia de “obrigar os professores a porem fim ao ‘excesso de ênfase’ na era nazi”.

 

 

Para contrabalançar o tom geral dos debates, o AfD aprovou uma moção para dissolver o seu ramo no estado de Sarre, depois de se saber que alguns dos seus membros têm laços a grupos neonazis.

 

 

TPT com: Philipp Guelland/AFP/Sofia Lourena/Público// 1 de Maio de 2016

 

 

 

 

“O Obama está no ir”. Quem se segue no jantar dos correspondentes?

Donald Trump não esteve presente no tradicionalmente bem-humorado evento da classe política e jornalística de Washington. Mas por lá andou a pairar. Barack Obama, Presidente-comediante cessante, não ignorou as polémicas em torno do candidato republicano. Mas também não poupou Hillary nem Sanders.

 

 

Foi o último jantar dos correspondentes na Casa Branca de Barack Obama e – o Presidente norte-americano assume o receio – “talvez o último jantar dos correspondentes”. Num ano de deboche na política norte-americana e com Donald Trump a ser o ausente mais presente, o chefe de Estado suspirou e brincou: “o fim da república nunca teve tão bom aspecto”. Este sábado, no tradicional e bem-humorado evento que reúne anualmente os jornalistas de Washington, boa parte da elite política e ainda caras conhecidas das artes e entretenimento, Obama mostrou de novo algo que provavelmente não voltaremos a ver tão cedo: um Presidente com piada. Ou com bons argumentistas por trás.

 

 

Em ano de eleições, a oposição republicana foi naturalmente o principal alvo do Presidente democrata. E Donald Trump o mais fácil. Obama ironizou sobre as credenciais políticas, e sobretudo diplomáticas, do candidato que lidera as primárias republicanas, como quando defendeu a experiência do milionário nas relações internacionais: “Passou anos a encontrar-se com líderes de todo o mundo: a Miss Suécia, a Miss Argentina, a Miss Azerbaijão…”

 

 

“E há outra área em que a experiência de Donald pode ser inestimável: fechar Guantánamo. Isto porque Trump sabe umas coisas sobre falir empreendimentos à beira-mar”, disse numa alusão aos repetidos investimentos falhados do magnata do imobiliário. Era também uma auto-crítica e o reconhecimento tácito do incumprimento de uma promessa com oito anos – o encerramento da prisão militar norte-americana nas Caraíbas, uma terra de ninguém do direito internacional onde suspeitos de terrorismo enfrentam violações de direitos humanos.

 

 

Outra alfinetada no Partido Republicano a propósito do desconforto em relação ao iminente apoio a Trump como candidato presidencial e à falta de alternativas sérias (Ted Cruz) ou mobilizadoras (John Kasich). “Perguntámos aos convidados se queriam carne ou peixe, e em vez disso muitos de vocês escreveram Paul Ryan”, disse sobre o speaker da Câmara dos Representantes, figura apontada como uma improvável solução de último recurso para travar Trump na convenção de Julho em Cleveland, no Ohio.

 

 

Mas também houve bocas para Hillary Clinton e Bernie Sanders, os democratas que ainda disputam a nomeação nas primárias do partido de Obama. “Hillary a tentar apelar aos jovens eleitores é um bocado como aquele vosso familiar que só agora chegou ao Facebook: ‘Querida América, não recebeste o meu poke? Não aparece no teu mural? Não sei usar esta coisa”, disse sobre o tom morno da campanha da antiga primeira-dama.

 

 

Para Sanders ficou reservada a tirada mais simpática: “Foi operado recentemente a uma hérnia. Os médicos dizem que a culpa é dele, que anda a tentar elevar a esperança dos excluídos. Tem de fazer alongamentos primeiro, senador”. Uma demonstração de respeito por um político veterano ou o reconhecimento do entusiasmo que, ao contrário de Hillary, o senador do Vermont gera naquele que também foi, em boa parte, o seu eleitorado?

 

 

Obama também se colocou à frente da mira. Pode dar-se ao luxo de fazê-lo, tendo em conta os elevados índices de popularidade após oito anos na Casa Branca. “A última vez que estive tão em altas (high – ‘pedrado’, numa tradução livre) foi quando estava a tentar escolher o curso”, brincou. Queixou-se de já não ser respeitado: “Na semana passada, o príncipe George chegou ao nosso encontro de roupão. Que chapada de luva branca…”. Nem ouvido: “Há oito anos, disse que era tempo de mudarmos o tom da nossa política. Em retrospectiva, claramente deveria ter sido mas específico”.

 

 

Foi aplaudido, pelo menos. Sai por cima e despede-se como se tivesse vencido uma batalha de rap. “O Obama está no ir”. E larga o microfone. Boom. Resta saber quem o pega em 2017.

 

 

TPT com: REUTERS/Yuri Gripas/AFP//Pedro Guerreiro/Público// 1 de Maio de 2016

 

 

 

 

 

OE 2017 em Portugal terá medidas para aumentar impostos indirectos em 210 milhões de euros

Para compensar o efeito do desaparecimento da sobretaxa do IRS e da redução do IVA na restauração, o Governo está a planear, para 2017, a adopção de medidas que garantam o aumento da receita de impostos indirectos em 210 milhões de euros. Para 2018 e 2019, o agravamento dos impostos indirectos continuará, com mais 90 milhões de euros de receita em cada um dos anos.

 

 

Numa tabela que não constava da primeira versão do Programa de Estabilidade, mas que o Governo decidiu fazer chegar à Assembleia da República e a outras entidades que fiscalizam as contas públicas portuguesas, incluindo a Comissão Europeia, o Executivo dá conta do impacto das medidas de consolidação orçamental que espera colocar em prática no período de 2017 a 2020.

 

 

O documento, a que o PÚBLICO teve acesso, mostra que o Governo prevê que as medidas que irão ser aplicadas (e em alguns casos já aplicadas) irão resultar numa redução da receita de 60 milhões de euros em 2017 e num corte da despesa de 406 milhões, o que representa um contributo positivo para o défice de 346 milhões de euros.

 

 

Isto significa que, da redução prevista para o défice de 2017 de cerca de 1500 milhões de euros (o equivalente a 0,8 pontos percentuais do PIB), apenas 346 milhões se devem a medidas de consolidação orçamental efectivamente tomadas. Há depois 450 milhões de euros relativos à receita extraordinária esperada com o acerto de contas no BPP, sobrando assim cerca de 700 milhões de euros de redução do défice que o Executivo está a contar obter por via do efeito orçamental positivo do crescimento económico.

 

 

A dificultar as contas do Governo está o facto de algumas medidas adoptadas já em 2016 prolongarem o seu efeito negativo nas finanças públicas para 2017. É o caso do desaparecimento da sobretaxa do IRS que, foi iniciado no ano passado, e que conduzirá a uma redução da receita fiscal em 2017 de 380 milhões de euros. De igual modo, a redução do IVA na restauração, irá reduzir as receitas em mais 175 milhões de euros no próximo ano (o primeiro em que a medida irá estar em vigor do princípio ao fim do ano).

 

 

Para compensar esta perda de receita fiscal, o Governo planeia adoptar medidas que resultem num aumento da receita de outros impostos indirectos (com excepção do IVA). Na tabela, não se especifica que impostos poderão estar em causa, mas o acréscimo de receita esperado com essas medidas é de 210 milhões de euros no próximo ano. Em 2018 e 2019, o aumento de receita previsto é de 90 milhões de euros em cada um dos anos.

 

 

O agravamento de outros impostos indirectos já foi a estratégia seguida em 2016, através do agravamento do imposto sobre os produtos petrolíferos, o imposto sobre o tabaco e o imposto de selo.

 

 

A medida com que o Governo conta ajudar mais na redução do défice está do lado da despesa. Está previsto um congelamento das despesas de consumo intermédio (excepto as PPP) que representa um contributo positivo para a melhoria do saldo orçamental de 300 milhões de euros em 2017.

 

 

Depois, o Governo conta poupar 186 milhões de euros, com medidas como a amortização antecipada dos empréstimos do FMI e 122 milhões de euros com a redução do número de funcionários públicos. É este tipo de medidas que compensa o efeito na despesa da reposição do nível salarial dos funcionários públicos, que será em 2017 de 257 milhões de euros.

 

 

Para os anos seguintes, o Governo espera que as medidas por si tomadas tenham um efeito directo mais forte na redução do défice.

 

 

Para 2018, um impacto positivo estimado é de 581 milhões de euros, um valor um pouco abaixo de 0,3 pontos percentuais, quando a redução total do défice prevista para esse ano é de 0,5 pontos percentuais.

 

 

Em 2019, o impacto positivo previsto das medidas ascende a 706 milhões de euros e, para 2020, as estimativas do Governo apontam para um efeito de 377 milhões de euros.

 

 

No período de 2018 a 2020, é o congelamento das despesas de consumo intermédio (as despesas de funcionamento dos serviços públicos) e a redução das despesas com juros que mais contribuem para a redução do défice.

 

“Sim, sim, é geringonça, mas funciona”, atira Costa à direita

 

 

 

 Sem perguntas difíceis por parte dos partidos à esquerda, António Costa permitiu-se esta quinta-feira uma tirada sobre o termo “geringonça” em resposta aos comentários ruidosos da direita durante o debate quinzenal.

 

OE 2017 em Portugal terá medidas para aumentar impostos indirectos em 210 milhões de euros 2

Estava o primeiro-ministro a responder a Catarina Martins e a dizer que os partidos à esquerda têm “conseguido resolver muitos problemas que à partida eram difíceis tendo em conta o ponto de partida de uns e de outros e temos surpreendido…” quando se levantaram algumas vozes na bancada mais à direita, partilhada por deputados do CDS e PSD.

 

 

António Costa começou ríspido: “Sim, sim, é geringonça, mas funciona. É uma grande vantagem, estão a ver? É geringonça mas funciona.” E continuou, depois das palmas da esquerda: “E até posso acrescentar mais: a nós não nos incomoda nada ser geringonça, mas a vocês incomoda-vos muito que funcione.”

 

 

Antes, a porta-voz do Bloco pegara na notícia do PÚBLICO, que refere que 10 milh~oes de euros sairam de Portugal para os paraísos fiscais entre 2010 e 2015, para desafiar António Costa a apoiar as propostas legislativas apresentadas pelos bloquistas no Parlamento sobre os offshores. “Podemos contar com a vontade do Governo e do PS para que alguma coisa mude e o assalto dos offshores ao nosso país não continue?”

 

 

Para responder, António Costa puxou prontamente de uma pequena folha onde trazia anotadas as medidas do orçamento que previam a troca de informação internacional sobre offshores e outras que o Conselho de Ministros vai esta quinta-feira à tarde aprovar em matéria de informação sobre paraísos fiscais, como o acordo com EUA sobre comunicação financeira. Disse também que o ministro das Finanças tomou medidas como a regulamentação da comunicação de pagamentos offshore, alargou as competências da unidade de grandes contribuintes para abarcar empresas e singulares, e decidiu pela disponibilização estatística das transferências, “escondidas há cinco anos” por a divulgação não ser até aqui autorizada.

 

 

“Este é num combate no qual o BE não está sozinho e no qual pode contar com o Governo para combater os offhores que são uma ameaça para a concorrência, transparência e combate à criminalidade organizada e transnacional”, assegurou António Costa.

 

 

Mudando a bitola para o Novo Banco, a dirigente bloquista voltou a insistir, como há 15 dias, na solução de nacionalizar aquele banco e exigiu de Costa a “garantia de que não será vendido se a venda for feita cm prejuízo”. Mas o primeiro-ministro não se desviou do que tem dito sobre o assunto: “Eu não fecho porta nenhuma (…) Entre a solução de manutenção do controlo público, a de nacionalização, a de fusão com outra entidade pública ou de alienação ou qualquer outra, não a devemos fechar antecipadamente. Eu não a fecho antecipadamente.”

 

 

Disse ter sido um “atrevimento ligeiro ter-se apresentado a resolução do Novo banco como uma solução sem custos para os contribuintes”. E acrescentou que a única coisa com que se compromete é não defender, “nunca, nada que não seja a melhor solução para o contribuinte”.

 

 

Costa promete ao PCP campanha de valorização da produção nacional

 

A Jerónimo de Sousa, que defendeu que a “solução para os problemas nacionais não é a submissão à União Europeia” e que é preciso “romper com os constrangimentos” ditados por Bruxelas – numa alusão indirecta aos programas de estabilidade e de reformas com que o PCP não concorda -, António Costa haveria de dizer que “nem sempre é possível compatibilizar” as várias mudanças necessárias.

 

 

O líder do PCP haveria depois de propor que o Governo invista numa grande campanha de valorização dos produtos portugueses e marcas nacionais junto dos consumidores e das grandes superfícies comerciais como forma de aumentar a produção do país e substituir as importações. E defendeu a necessidade de, em simultâneo, cortar nos custos da energia limitando os preços máximos e facilitar o acesso ao crédito. António Costa pegou novamente nos papelinhos para lembrar, por exemplo, que o preço do gás baixa em Julho, que a taxa de passagem por Espanha está a ser negociada e que o Governo vai relançar a campanha Portugal Sou Eu.

 

 

Regressando ao tema dos paraísos fiscais, Jerónimo de Sousa quis saber se o Governo PS arranjou forma de salvaguardar os processos à guarda do Banco de Portugal dos casos dos regimes especiais de regularização tributária (RERT) de 2005, 2010 e 2011 que o líder do PCP apelidou de “lavadouro público para dinheiro sujo de grandes capitalistas e banqueiros”. É que seria suposto os dossiers serem destruídos no final de 10 anos. “Há pessoas que beneficiaram do RERT e aparecem agora envolvidas nos Papéis do Panamá, e podem ser abertos processos pelo Ministério Públicos”, lembrou o secretário-geral comunista. O primeiro-ministro disse que as Finanças estão a “adoptar medidas para assegurar, nos termos da lei, que os documentos não serão destruídos”.

 

 

“A Europa precisa de nós”

 

 

Já no final do debate, o líder da bancada do PS, Carlos César, deixou um recado para as instâncias europeias. “Senhor primeiro-ministro quando levarem estes programas a Bruxelas apresente os nossos cumprimentos e diga-lhes que nós precisamos deles mas que a Europa também precisa de nós”, recomendou. Costa agarrou na deixa para sublinhar o recado e elogiar o programa nacional de reformas: “A Europa precisa de nós, de Portugal a crescer”.

 

 

O primeiro-ministro aproveitou a resposta à interpelação de Carlos César para rebater os argumentos do PSD e do CDS-PP. “A dificuldade que a oposição tem em atacar as medidas do Governo. E por isso é sempre amanhã que os mercados é que se vão assustar, que a Comissão Europeia não vai permitir, amanhã é que vai ser. Os amanhãs vão passando e vão transformando-se em ontem”, disse, passando depois a dirigir-se à bancada do CDS onde voltou a focar boa parte da sua intervenção. A bancada do PS aplaudiu de pé.

 

 

Já depois de todas as intervenções, o líder da bancada do PSD pediu para esclarecer o teor do quadro disponibilizado aos deputados por Costa. “Não é nenhum plano de contingência. Este documento é aquilo que disse que era. É um documento de trabalho, nem secreto nem escondido”, respondeu o primeiro-ministro, reiterando que se trata de uma discriminação, dos valores agregados do Plano de Estabilidade. Uma posição que deixou Luís Montenegro satisfeito.

 

 

TPT com: Sérgio Aníbal/Núno Ferreira Santos/MariaLopes/Público// 28 de Abril de 2016

 

 

 

 

Isabel dos Santos trava continuidade de Fernando Ulrich à frente do BPI

 À semelhança de outras assembleias gerais (AG), Isabel dos Santos voltou esta quinta-feira a travar várias decisões do BPI, com destaque para a alteração de estatutos que deveria permitir a continuação de Fernando Ulrich na presidência executiva do banco.

 

 

A blindagem de estatutos do BPI, que limita os direitos de voto ao máximo de 20%, trava assim a continuação de Ulrich, que tem sido apontado como aliado do maior accionista, o Caixabank.

 

 

Sem a blindagem de estatutos, a proposta seria aprovada por mais de 75% do capital presente na AG.

 

Isabel dos Santos trava continuidade de Fernando Ulrich à frente do BPI 2

Em conferência de imprensa, Fernando Ulrich fez questão de referir que o actual mandato só termina em Abril de 2017 e que a alteração dos estatutos não era dirigida a ele.

 

 

Os actuais estatutos impedem que Fernando Ulrich possa ser reconduzido para mais um mandato, por ter ultrapassado o limite de 62 anos. Com a alteração, que poderá avançar depois da desblindagem de estatutos, que se admite para breve, deixará de haver limite de idade para exercer esse cargo.

 

 

A posição de Isabel dos Santos acontece numa altura em que foram retomadas as negociaçõs com o Caixabank, com vista a ultrapassar o braço-de-ferro que mantém há longos meses por causa de várias decisões estratégicas, com destaque para a resolução da exposição a Angola, que o banco tem de reduzir por imposição do Banco Central Europeu ( BCE).

 

 

O impasse gerado sobre esta questão levou o Governo a avançar com um decreto-lei que vai facilitar a desblindagem de estatutos.

 

 

Entretanto, o Caixabank avançõu com uma oferta pública de aquisição de acções do BPI com vista a tentar obter o controlo da instituição. É a segunda tentativa, através de uma OPA, com que os espanhóis tentam garantir o domínio do banco, já que, devido aos estatutos, apesar de terem 44% do capital só votam com 20%.

 

 

O outro ponto travado foi o que permitiria ao conselho de administração deliberar sobre aumentos de capital até 500 milhões de euros.

 

 

Os accionistas aprovaram o relatório e contas de 2015 e a proposta de aplicação de resultados.

 

 

A habitual conferência de imprensa que se seguiu à AG já não contou com a presença do administrador António Domingues, entretanto escolhido para presidir à Caixa Geral de Depósitos.

 

Caixabank acredita em sucesso da OPA sobre BPI

 

O Caixabank acredita que a OPA sobre o BPI estará concluída no terceiro trimestre deste ano, uma vez que o novo decreto-lei que permite a desblindagem dos estatutos do banco português apenas entra em vigor a 1 de Julho.

 

Isabel dos Santos trava continuidade de Fernando Ulrich à frente do BPI 3

O Caixabank é o maior acionista do BPI, com 44,1% do capital, e lançou nas últimas semanas uma Oferta Pública de Venda (OPA) sobre o restante capital do banco português, condicionada à eliminação dos estatutos de bloqueio na entidade financeira portuguesa, que lhe limitam os direitos de voto a 20%. Entretanto, foi publicado a 20 de Abril em Diário da República um diploma que abre caminho à desblindagem dos estatutos no BPI.

 

 

Em conferência de imprensa de apresentação de resultados do primeiro trimestre, o administrador-delegado do Caixabank, Gonzalo Gortázar, considerou este novo decreto fundamental para toda a operação. “Em algum momento terá de haver uma assembleia-geral de accionistas do BPI para decidir se levanta ou não as limitações estatutárias. De acordo com o novo decreto-lei aprovado pelo Governo português, o Caixabank não estará limitado no nosso direito de voto, portanto será uma assembleia-geral diferente da do ano passado”, disse o responsável.

 

 

Em Fevereiro do ano passado, o banco catalão já tinha apresentado uma OPA com condições semelhantes, mas que falhou quando os restantes accionistas do BPI votaram contra o levantamento do bloqueio aos direitos de voto.

 
“Estamos confiantes de que [desta vez] o resultado será positivo. O decreto-lei entra em vigor a 1 de Julho, portanto estamos a falar de um processo que vai levar o seu tempo. O nosso objectivo é que a operação se possa concluir no terceiro trimestre [até Setembro], mas estas operações dependem de muitos factores pelo que não se pode ser taxativo”, ressalvou.

 

 

O caso de Angola

 

 

Questionado pela Lusa sobre se o Caixabank manteve negociações com representantes do Governo português sobre este novo decreto-lei, que os accionistas angolanos da Santoro Finance descrevem como um decreto “à medida” do banco espanhol, Gonzalo Gortázar preferiu não comentar. “Prefiro não responder”, disse o responsável, acrescentando que “tem o maior respeito pelo executivo português e por Portugal, também pelo de Angola”. O Caixabank assumiu hoje que “já não é tempo de negociar com outros acionistas do BPI sobre a estrutura de capital”, uma vez que apresentou uma OPA, admitindo apenas dialogar sobre o problema da exposição ao risco de Angola.

 

 

O BPI continua exposto ao risco de Angola, uma vez que detém mais de 50% do Banco Fomento e Angola, que Gonzalo Gortázar descreveu como “uma jóia”. Caso o BPI não reduzisse a exposição a Angola até 10 de Abril, arriscava-se a pagar uma multa diária de 160 mil euros. Essa sanção foi suspensa – mas ainda sem uma decisão definitiva – com o anúncio de um pré-acordo e com a apresentação da OPA.

 

 

PSD tem dúvidas sobre diploma “feito à medida” do BPI

 

 

O vice-presidente da bancada do PSD, António Leitão Amaro, expressou “estranheza” e “dúvidas” sobre o decreto.lei da desblindagem dos estatutos da banca que “serve aparentemente a resolução de um caso concreto”, ou seja, do BPI.

 

Isabel dos Santos trava continuidade de Fernando Ulrich à frente do BPI 4

“Estranhamos as palavras do primeiro-ministro sobre um acordo que não chegou a acontecer”, começou por dizer aos jornalistas Leitão Amaro, no Parlamento, referindo-se ao fracasso do entendimento entre a holding da empresária angolana Isabel dos Santos e o Caixabank, ambos accionistas do BPI.

 

 

O social-democrata disse ter as “maiores dúvidas” da situação em que o Governo “aprove uma lei para um caso concreto” e que a solução seja “suficiente” para a situação do BPI, que precisa de deixar de ter exposição a Angola.

 

 

Publicado em Diário da República esta quarta-feira, o diploma permite permite aos bancos a reavaliação periódica dos estatutos no que diz respeito a detenção e direitos de voto e entra em vigor a 1 de Julho. A lei estabelece um regime transitório que dá mais seis meses às entidades de crédito com limites de voto nos estatutos para realizarem assembleias-gerais e decidirem sobre a manutenção ou revogação desses limites.

 

 

O deputado nunca se referiu directamente ao BPI nem à empresária angolana, mas lembrou que têm vindo a ser colocadas dúvidas sobre a “imparcialidade” do Governo neste caso. Foi a própria Isabel dos Santos que acusou o executivo de ser “parcial” neste processo.

 

 

Leitão Amaro reiterou que o PSD condena a “interferência” do Governo na relação entre accionistas privados.

 

 

BPI e BCP têm até ao final do ano para decidir desblindagem de estatutos

 

 

O decreto-lei que permite uma solução para o BPI, mas que se aplica também ao Millennium bcp, foi publicado esta quarta-feira em Diário da República. O diploma que permite aos bancos a reavaliação periódica dos estatutos no que diz respeito à detenção e direitos de voto só entra em vigor a 1 de Julho e estabelece um regime transitório que dá mais seis meses às entidades de crédito, que tenham limites de voto nos estatutos, para realizarem assembleias gerais e decidirem sobre a manutenção ou revogação desses tectos. Assim, o BPI e o BCP têm de se pronunciar até ao dia 31 de Dezembro.

 

Isabel dos Santos trava continuidade de Fernando Ulrich à frente do BPI 5

Este novo decreto-lei, que, tal como o PÚBLICO noticiou, criou tensão no Governo, estabelece ainda que, caso não exista “uma deliberação válida e eficaz” em assembleia geral sobre a questão da blindagem dos direitos de voto até ao final deste ano “caducam automaticamente, nessa data, salvo decisão judicial, os limites à detenção ou ao exercício dos direitos de voto em vigor”. Ou seja, a desblindagem é aplicada por ausência de decisão.

 

 

Segundo o diploma, se a convocação da votação for feita pelo conselho de administração, a proposta deixa de estar sujeita às limitações de voto em vigor. Isto é, no momento de decisão sobre a desblindagem deixa de haver restrições, podendo cada accionista votar de acordo com o seu peso no capital. No caso do BPI, isso significa que o Caixabank iria votar com 44% do capital, deixando de estar limitado à blindagem de 20% que está em vigor. Actualmente, devido aos estatutos, o maior accionista tem tanto peso como a Santoro, de Isabel dos Santos, que controla 21% do banco, directa e indirectamente (18,6% via Santoro e 2,7% via BIC Angola).

 

 

O conselho de administração do BPI já tinha anunciado, a 4 de Fevereiro, que aprovara uma iniciativa da comissão executiva, liderada por Fernando Ulrich, de submeter à assembleia geral uma proposta de alteração dos estatutos do banco “com vista à eliminação do limite estatutário à contagem dos votos”. A referida reunião magna de accionistas ficou sem data marcada. Conforme explicou então o conselho de administração, liderado por Artur Santos Silva, “a existência de uma limitação estatutária à contagem de votos” poderia condicionar o “envolvimento de actuais ou futuros accionistas”.

 

 

Mesmo sem blindagem, uma decisão sobre alterações aos estatutos requer uma maioria qualificada, ou seja, de dois terços. Mas este universo refere-se ao capital presente na assembleia geral.

 

 

Nesta altura, e num momento em que está a lançar uma nova OPA sobre o BPI, bastava apenas ao Caixabank ter a Allianz do seu lado para somar 52,4% do total de votos que marcariam presença nessa assembleia geral.

 

 

O sucesso da operação do Caixabank depende de factores como a detenção da maioria do capital e a eliminação da limitação ao exercício dos direitos de voto “na data de encerramento da oferta”. De acordo com o calendário indicativo do Caixabank, a OPA deverá ter as devidas autorizações dos reguladores em Agosto e Setembro, para depois se proceder ao seu registo oficial. A expectativa do grupo catalão é de concluir a operação até ao final de Setembro.

 

 

A Santoro já se pronunciou sobre esta iniciativa do Governo (aprovada em Conselho de Ministros na passada quinta-feira, sem que tal fosse comunicado), que foi depois promulgada pelo Presidente da República. A nota da empresa de Isabel dos Santos, divulgada já depois do anúncio da ruptura nas negociações com o Caixabank sobre o futuro do BPI e a exposição a Angola (que o BCE diz ser excessiva), afirmava que o diploma era uma “medida historicamente sem precedentes e declaradamente parcial”.

 

 

Quanto ao caso do BCP, este também tem os estatutos blindados a 20%, mas nenhum accionista tem uma posição acima desse valor. O maior investidor é a Sonangol, com 17,8%. Esta quarta-feira, as acções do BPI continuaram com o preço abaixo do oferecido pelo Caixabank (1,113 euros) ao descer 0,45% para 1,095 euros. Já o BCP subiu 11,17% para 0,038 euros.

 

 

No diploma em causa, o Governo defende estar a tomar uma “solução de equilíbrio” que “atribui aos accionistas de instituições de crédito a possibilidade de periodicamente reavaliarem a justificação dos limites estatutários em matéria de detenção e exercício dos direitos de voto”. E estabelece um período de reavaliação “de cinco em cinco anos”. Esta proposta de revisão temporal já tinha sido feita pelo regulador do mercado de capitais, a CMVM, mas aplicava-se a todas as empresas e não apenas às sociedades financeiras.

 

 

Hoje, o vice-presidente da bancada do PSD, António Leitão Amaro, disse ter as “maiores dúvidas” da situação em que o Governo “aprove uma lei para um caso concreto” e que a solução seja “suficiente” para a situação do BPI.

 

 

Marcelo promulgou diploma que facilitará desblindagem de estatutos do BPI

 

 

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já deu luz “verde” ao diploma do Governo que vai facilitar as desblindagens de estatutos das empresas cotadas, uma iniciativa legislativa de âmbito abrangente, mas que pretende resolver a situação do BPI, depois da ruptura das negociações entre os dois maiores accionistas.

 

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A blindagem de estatutos limita os direitos de voto a uma determinada percentagem do capital social, que no caso do BPI é de 20%. Mesmo que um accionista tenha 44% do capital social do banco, como é o caso dos espanhóis do CaixaBank, só pode votar com os 20%. Já Isabel dos Santos, com uma participação de 18,6%, tem conseguido travar várias propostas do maior accionista e da gestão do banco.

 

 

Na falta de acordo, o Caixabank anunciou esta segunda-feira uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre as acções do BPI que ainda não controla, que está condicionada à desblindagem de estatutos.

 

 

O diploma aprovado no Conselho de Ministros da última quinta-feira seguiu em segredo (já não constava do comunicado oficial daquele órgão) para o Presidente da República, que não atrasou a sua aprovação, o que facilita a vida ao Governo, que quer a legislação em vigor a 1 de Julho. O decreto-lei deverá ser publicado em Diário da República nos próximos dias, permitindo conhecer melhor os contornos da alteração, designadamente o período em que tem de ocorrer a reavaliação dos accionistas.

 

 

Numa nota publicada no seu site, a Presidência da República justifica a promulgação do diploma atendendo à sua razão de ser, “em particular o reforço da solidez do sistema financeiro” e “ao facto de corresponder à solução defendida pelas duas entidades reguladoras”, o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

 

 

A nota acrescenta ainda que entre a última pronúncia dos reguladores e a concretização da iniciativa legislativa decorreu “tempo suficiente para não interferir em eventual operação em curso” e destaca a circunstância “de só entrar em vigor em 1 de Julho e a deliberação das assembleias gerais poder ocorrer até 31 de Dezembro”.

 

 

Assim, “tendo presente o interesse nacional”, Marcelo Rebelo de Sousa “acabou de promulgar o Decreto-lei que procede à 41.ª alteração do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (…), visando conferir aos accionistas de instituições de crédito a possibilidade de reavaliarem periodicamente a justificação dos limites estatutários em matéria de detenção e exercício dos direitos de voto”.

 

 

O Presidente da República, que tem acompanhado de perto a situação do BPI, ainda manifesta alguma esperança em novo entendimento entre os dois maiores accionistas. Segundo a Lusa, durante uma visita à Escola José Gomes Ferreira, em Lisboa, Marcelo afirmou aos jornalistas que o diploma “foi retido” durante um mês porque o Governo e a Presidência da República quiseram primeiro tentar que houvesse acordo entre accionistas. Acrescentando que esta legislação tem, ainda assim, uma vantagem, que é a de só entrar em vigor no dia 1 de Julho deste ano, o que “ainda dá um tempo” que pode ser aproveitado para “haver uma solução”.

 

 

O aspecto mais importante da reavaliação periódica dos limites, em assembleia geral de accionistas (AG), pende-se com o facto de, nessa votação, deixar de existir qualquer limitação de direitos. Ou seja, mesmo que os estatutos já se encontrem blindados, nessa AG cada acção corresponde a um voto. Será, ao contrário do que acontece agora, uma AG desblindada.

 

 

Com esta alteração, que já tinha sido proposta pela CMVM, os accionistas poderão continuar a manter a blindagem dos estatutos, se esse for o interesse de uma maioria qualificada.

 

 

No sector financeiro, e tal como o BPI, também o BCP tem os direitos de voto limitados a 20%.

 

 

A decisão de blindagem é normalmente acordada entre grandes accionistas para defenderem os seus interesses, designadamente o de poder travar Ofertas Públicas (OPA) hostis.

 

 

Em Portugal e para além dos dois bancos, há mais quatro empresas cotadas com estatutos blindados. Trata-se da Compta (10%), da Inapa (33%) e ainda da EDP (25%) e da REN (25%). Nestes dois últimos casos, as limitações decorrem de constrangimentos resultantes do quadro da privatização de empresas prestadoras de serviços públicos.

 

 

 

TPT com: Albert Gea/Reuters/Lusa/AFP/Rosa Soares/ Rui Gaudêncio/Sofia Rodrigues/ Liliana Valente e Sofia Rodrigues/ Público/Patrícia de Melo Nogueira/ Rosa Soares/Raquel Martins/Cristina Ferreira/AFP// 28 de Abril de 2016

 

 

 

 

 

Presidente da APREN prevê fim da era do carvão em Portugal em 2030

O presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), António Sá da Costa, defendeu na Cimeira do Clima (COP21) em Paris que em 2030 “de certeza” que não haverá centrais elétricas a carvão em Portugal.

 

 

António Sá da Costa disse durante a conferência de apresentação na COP21, do “Compromisso português para o Crescimento Verde”, que as duas centrais a carvão em Portugal, a de Sines e a do Pego, “não são eternas” e que, em média, “duram entre 30 a 40 anos”, apontando inicialmente a “ida para a reforma” das duas centrais para a década de 2020.

 

 

O também vice-presidente da Federação Europeia de Energias Renováveis sublinhou que Portugal tem “muito bons recursos renováveis” e que “é um desperdício” não se aproveitar “a matéria-prima que é de borla”, bastando construir os equipamentos, “ao passo que no carvão ou no gás natural” gasta-se dinheiro no equipamento e “ao longo da vida das centrais a comprar combustível”.

 

 

“Muitas vezes, diz-se: ‘Ah, mas somos pequeninos, não tem peso’. Se cada um dos pequeninos fizer o seu papel, ficamos bem na fotografia e o planeta melhora. Se continuarmos a pensar que o problema não é nosso então isto continua num processo que vai degenerar para quem vai sofrer mais com as alterações climáticas”, continuou, alertando que “na Europa, Portugal será dos mais afetados”.

 

 

António Sá da Costa defendeu ainda que é possível Portugal atingir “100% de eletricidade renovável na década de 40 deste século”, apontando que “se no ano 2000 a eletricidade tinha cerca de 30 por cento de renováveis, não é nada do outro mundo passar, em 20 anos, para 60%, nos dez anos seguintes para 80% e na década seguinte de 80 para 100%”.

 

 

O presidente da APREN criticou também “as metas indicativas” que se estão a esboçar na COP21 porque “quando não existe penalidade por não cumprir, ninguém cumpre”.

 

 

TPT com: AFP/OBS/Lusa/27 de Abril de 2016

 

 

 

 

 

O rei Felipe VI de Espanha vai convocar as eleições legislativas antecipadas para 26 de Junho

Sem surpresa, os espanhóis voltam às urnas. Foram quatro meses dominados pelo tacticismo num país onde se cruzam inúmeras crises. As sondagens não prevêem mudanças drásticas no tabuleiro político.

 

 

Felipe VI comunicou ao fim do dia que, à falta de um acordo entre os partidos, dissolverá as Cortes na terça-feira e convocará eleições antecipadas para 26 de Junho. É a primeira vez na Espanha democrática que tal acontece. O Rei constatou que, ao fim de quatro meses, nenhum partido reúne a maioria necessária para poder ser investido. O prazo para um acordo expirava a 2 de Maio mas a terceira ronda de consultas ontem realizada foi inútil. A decisão foi comunicada ao presidente do Congresso, Patxi López. A Casa do Rei informou também que Felipe VI não indicaria nenhum nome para tentar formar governo.

 

 

De manhã, e depois de uma iniciativa do Compromís valenciano (coligação de esquerda que se separou do Podemos e conta com 4 deputados), os socialistas apresentaram uma proposta de “última hora”, rapidamente anulada. Seria um governo de unidade de esquerda “à valenciana”, dirigido pelo PSOE e integrando independentes próximos dos vários partidos de esquerda. Prometia submeter-se a uma moção de confiança ao fim de dois anos. Mas isto implicava a adesão do Cidadãos, que imediatamente recusou a solução: “Podemos e Cidadãos já manifestaram a sua incompatibilidade”, respondeu o vice-presidente, José Manuel Villegas.

 

 

O líder socialista, Pedro Sánchez, recusava um executivo sem o apoio do Cidadãos, com quem fez um pacto de governo, que lhe é vital para poder afirmar que não quer um governo esquerdista mas de centro-esquerda.

 

 

Depois da audiência com o rei, também Albert Rivera, líder do Cidadãos, declarou-se convencido de que a Espanha estava “condenada a eleições”. Desvalorizou as propostas do Compromís: “Vi três páginas para governar a Espanha com seis partidos distintos.” Concluiu: “A Espanha é uma democracia sã e cabe aos espanhóis decidir como termina isto e o papel de cada um de nós.”

 

 

Seguiu-se Pablo Iglesias, que centrou as críticas no PSOE por ter dito “não” a um “governo à valenciana” para não romper com o Cidadãos. Atacou pessoalmente Sánchez: “A política não é um casino nem um jogo de póquer. Temos de ser sérios e coerentes.”

 

 

Sánchez e Mariano Rajoy foram os últimos a ser recebidos. O líder socialista leu no fim uma declaração. Reconheceu que haverá novas eleições e acusou dois adversários. “Sofremos um duplo bloqueio, o do senhor Rajoy e o do senhor Iglesias. O de Rajoy entendo-o, porque queremos mudar as suas políticas. O de Iglesias parece inexplicável. Os espanhóis exigiam-nos mudança que não fosse património de uma única formação política, mas agora vamos a uma repetição eleitoral, por falta de vontade do senhor Iglesias (…) que sobrepôs a ocupação de cargos à mudança. Nunca quis pactuar com o PSOE.”

 

 

Esta troca de galhardetes anuncia uma das faces da duríssima campamha eleitoral que se anuncia e em que o PSOE e o Podemos — talvez aliado à Esquerda Unida — disputarão a hegemonia da esquerda e da oposição ao PP. Sánchez e Iglesias jogam ambos as suas lideranças.

 

 

PP quer eleições

 

 

Rajoy repetiu o que disse ao rei em Fevereiro quando recusou o encargo de formar governo: “Fiz-lhe saber que não tenho apoios para ser candidato à Presidência do Governo.” Lamentou que o PSOE e o Cidadãos não tenham aceite a sua proposta de grande coligação “como na Alemanha. (….) Seria um governo apoiado por partidos em que pensam do mesmo modo sobre temas fundamentais, como a unidade de Espanha ou a política europeia. (…) O PSOE quis pactuar com dois ao mesmo tempo: com o Podemos e com o Cidadãos. Como era previsível não chegaram a parte nenhuma e os resultados estão à vista.”

 

 

O PP desejava as eleições. A sua estratégia, escreve Enric Juliana, director-adjunto do La Vanguardia, consistirá no apelo ao voto útil para recuperar sufrágios perdidos para o Cidadãos e para a abstenção. Tentará polarizar o debate contra a “ameaça” Podemos, “em detrimento dos desorientados socialistas”.

 

 

Confrontado com um elevado desgaste político decorrente dos escândalos de corrupção, não tem ilusões em obter uma grande votação. As sondagens não prevêem uma mudança drástica do tabuleiro político. O objectivo será obter uma vantagem negocial, colocando o PP “em melhores condições para pressionar o PSOE a favor de uma grande coligação” ou, se não for possível, forçá-lo à abstenção de modo a viabilizar um executivo PP-Cidadãos.

 

 

TPT com: AFP/ POOL/ANGEL DIAZ/El Mundo/Jorge Almeida Fernandes/Pub/ 27 de Abril de 2016 

 

 

 

 

 

Augusto e Mark Amador lançam “O Paredão” em Newark como ponto de referência no regresso à Murtosa

“Ter um destino é não caber no berço onde o corpo nasceu; é transpor as fronteiras, uma a uma, e morrer sem nenhuma”.

 

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Augusto e Mark Amador, residentes no estado de New Jersey, levaram a efeito o lançamento de um livro bilingue com o título “O Paredão”. O livro tem 150 páginas  constituídas por prosa, poesia, ilustração e… “histórias de vida”…

 

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O evento decorreu (9 de Abril) no Avenue A Club, em Newark e contou com mais de uma centena de convidados, entre eles várias personalidades políticas, empresariais, associativas, e culturais de Newark.

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O livro, da autoria de Augusto Amador, tem ilustrações de Mark Amador e prefácios de Maria Ascensão Rodrigues e João S. Martins.

 

 

Augusto Amador diz no seu livro que “visitar o paredão, como as gentes da terra lhe chamam, é obrigatório para quem regressa, ainda que por uns dias, à Murtosa e às suas casas fechadas. Entre memórias de gestos adiados e o rumor do mar, ergue-se a voz do meu “amigo americano” sem que alguém tenha a coragem de o interromper ou, até mesmo, contestar. De costas voltadas para o mar, recolhe lembranças e desprende a voz tentado, tanto quanto possível, falar acima das arquivoltas do grupo que se formou para o ouvir”.

 

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Maria da Ascensão Rodrigues que não pôde estar presente no lançamento do livro, escreveu no seu prefácio que esta obra de Augusto Amador “é uma narrrativa nostálgica, repleta de carinho e afeto pelas figuras que vivenciaram a sua infância e adolescência, “e se perpetuam no alvorecer daquela idade em que vamos caminhando pela vida com os vivos mas também com os mortos, que vão connosco”, como disse Jorge Amado.

 

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A terra da gente passa por estas páginas de palavras tranquilas nas quais Augusto Amador se mostra grato pelo que lhe transmitiram. E, se os anos despreocupados do autor deixaram por cá raízes profundas, transposto o Paredão, esperavam-no desafios adultos e sérios, que abraçou com denodo e sem hesitação, de forma responsável e solidária. Talvez, por isso, visto do paredão, o sol escorrega e segue viagem pelos caminhos do oceano, que lhe lança desafios num apêlo irrecusável”, diz Maria da Ascensão Rodrigues.

 

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João S. Martins, escritor e poeta, deu início ao protocolo do qual também fez  parte a entoação dos hinos dos Estados Unidos e Portugal, aqui interpretados pela jovem Alexandra Marques.

 

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Entre os ilustres convidados encontravam-se os vereadores da cidade de Newark, Anibal Ramos Jr. e Luis A. Quintana, o membro directivo do Partido Democrata, de New Jersey, Joseph Parlavechio, os escritores e poetas Glória de Melo, Baldomiro Soares, Luís Pires, os activistas comunitários Nancy Zake e Arnold Cohen, Doag Sarini, o jornalista e director do jornal Brasilian Voice, Roberto Lima e ainda o reitor (principal) do East Side High School de Newark, Dr. Mário Santos e esposa.

 

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Sintetizando a obra, João S. Martins fala ainda que “em cada visita ao Paredão há um encontro com os olhos da noite, com o tempo da ausência, há ânsias de caminhar de encontro às memórias, porque em cada visita há sempre uma distância, um partir e voltar, de onde para onde… “E volto sempre…”

 

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“Será Newark um outro Paredão? Paredão de silêncios e memórias, agora do lado de cá, depois de ver o mar e o sonho americano, ou será o próprio mar “aquele outro Paredão” das lamentações, afogadas, lavadas nas águas, também elas de cá e de lá… Constantemente divididos… saudade inquieta do coração partido…

 

Augusto e Mark Amador lançam “O Paredão” em Newark como ponto de referência no regresso a Portugal 29Augusto e Mark Amador lançam “O Paredão” em Newark como ponto de referência no regresso a Portugal 30Augusto e Mark Amador lançam “O Paredão” em Newark como ponto de referência no regresso a Portugal 31

A América é um sonho, uma herança adoptada… Há raízes, esperança, cicatrizes, solidão, resgate, acolhimento, música, diálogo civizacional, aspirações, utopia, mudança, comunidade que religa as raízes e mantém vivo o sonho…de ficar…e o do regresso”, escreve o autor do prefácio.

 

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Durante esta iniciativa houve também uma interpretação poética pela atriz brasileira Alana Rosa que declamou magistralmente os poemas “Na minha cidade” e “Poema de Amor”.

 

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Seguiram-se depois as actuações dos jovens cantores Alexandra Marques e Brian de Jesus, que mostraram o seu talento e a sua rendição a Leonard Cohen’s, entre outros autores.

 

Após o momento musical de Alexandra Marques e Brian de Jesus a animação ficou a cargo do Dj Luís Neves que proporcionou aos convidados um bom ambiente para que estes degustassem em clima de alegre convívio a lauta e variada refeição, onde não faltou o leitão assado à boa maneira portuguesa.

 

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Depois dos petiscos e do jantar seguiu-se a tradicional sessão de autógrafos que foi muito participada.

 

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Augusto Amador, lembra também no livro o motivo da sua aventura chamada América.

 

 

“A América era um sonho que herdei do meu pai e adotei dos meus irmãos. A inquietação que senti quando cheguei a Newark ainda hoje a sinto. Nesta nova realidade americana, aos poucos, fui-me afastando das manhãs claras feitas com flores de cores de tom azulado e a imobilidade do silêncio foi substituída pelo conflito áspero da negro do alcatrão…”

 

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O autor de “O Paredão”, fez questão de agradecer na sua obra a hospitalidade desta terra que escolheu para sua segunda Pátria. Escreve Augusto Amador na página 128 que  “no espaço da tua ambiguidade colorida encontrei a côr verde das ondas que deixei atrás. Na tua rigorosa mão, que me guia e me acolhe em dias de liberdade incompleta, sinto a força das manhãs de sol e esperança que despontam sempre que a tua voz se ergue. Na singeleza dos teus ombros descanso das viagens sem trégua e procuro refúgio quando a força do adeus me apoquenta como fogo lento. Aprendi a amar-te com violência cega entre uma dor flutuante e uma vontade de viver para lá da distância e da ausência. Sei que me acolheste no esplendor dos teus segredos e me ofereceste a possibilidade de criar novas raízes, com o tamanho e a força da ternura das tuas cidades incautas e estranhas. Obrigado!”

 

 

Augusto Amador “o vereador poeta”

 

 

Augusto Amador nasceu na Murtosa, onde fez a escola primária e secundária antes de emigrar para os Estados Unidos, em 1966, com apenas 16 anos de idade.

 

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Em Newark, onde ainda reside, frequentou o Universidade Rutgers, como estudante trabalhador.  É casado e tem dois filhos; o Mark e a Nicole. E tem também a genra Cathy, casada com o Mark.

 

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O seu envolvimento na vida comunitária passa por várias associações e clubes luso-americanos. Em 1992 participou e venceu as eleições para o Conselho Escolar de Newark, ganhando com uma percentagem de votos jamais alcançada por um candidato ao cargo. Esta vitória despertou-lhe o interesse para a vida pública e em 1998 concorreu e ganhou as eleições para vereador do Bairro Leste da cidade de Newark, cargo que ainda hoje ocupa.

 

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O seu gosto pelas letras levou-o a escrever o seu primeiro livro (re) “Cantos da Viagem”, composto por uma colectânia de poesia e prosa, obra esta ilustrada pelo pintor e ceramista Fernando da Silva. O livro retrata, acima de tudo, um amor à terra natal, a Murtosa, que nunca esqueceu.

 

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No epílogo do livro “O Paredão”, Augusto Amador recorda ainda que, “desde os tempos de menino, vividos na quieta proteção das mulheres que definiram a minha vida, até aos dias consumidos por esta obsessão de servir a comunidade onde vivo, muito foi contado. E muito ficou por contar. Para além das histórias que saltaram do baú das recordações, este livro deu-me a oportunidade de revelar a arte colorida do meu filho Mark e a forma como ele expressou na tela o que fui escrevendo ao longo do tempo. Obrigado Mark!”

 

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Em conversa com o The Portugal Times, Augusto Amador refere a saudável cumplicidade que existe entre ele e o seu filho Mark. “Ser pai não é apenas o simples acto da concepção. É muito mais. É dar-lhe os braços como guarida e o mundo como legado. É ser, o filho, para nós, uma extensão fora do corpo; e é ter alguém com quem multiplicar o presente e dividir a vida no porvir. Ser pai é um acto de amor, amizade, parceria fiel. E como recompensa, ganhar um companheiro para seguir a longa estrada da existência, até ao fim dos dias”.

 

 

Quem é Mark D. Amador?

 

 

Mark D. Amador, é filho do veredor Augusto Amador, e nasceu em Livingston, New Jersey, mas viveu em Newark durante a maior parte da sua vida.

 

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Frequentou a Universidade Rutgers onde se formou em Psicologia. O gosto pela pintura vem desde os seus anos de criança e esta colaboração no livro “O Paredão”, da autoria de seu pai, é o seu primeiro trabalho público.

 

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Mark é considerado um artista que de forma autodidata sabe levar para a tela as nuances dos seus traços e das suas colorações variadas, nunca atrapalhando a natureza, mas extraindo dela o que oferece de melhor em termos de possibilidades de criação artística.

 

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Casado com Cathy (1ª na foto à esq.), Mark e a esposa vivem actualmente em Cedar Grove, New Jersey, com dois cães e um gato.

 

Em conversa com o The Portugal Times, Mark Amador acredita que “a arte é muito importante para não ser compartilhada”,  e deixou bem claro que se sente muito honrado por ter participado na publicação de “O Paredão”.

 

 

Comentando o companheirismo que existe entre ele e o pai, Mark lembra antes de mais que “o meu herói de toda uma vida não é protagonista de nenhuma história em quadradinhos, filme de ação ou lenda antiga. Pelo contrário, ele é bem real e eu, entre muitos outros favores devo-lhe a minha vida!

 

Augusto e Mark Amador lançam “O Paredão” em Newark como ponto de referência no regresso a Portugal 52

Por isso, hoje, neste dia tão especial, não posso deixar de agradecer ao meu pai, mais uma vez, por diariamente me dar o seu exemplo de um grande homem, generoso, honesto, persistente e lutador, e por estar sempre presente e constante, quando preciso da sua força e estabilidade. Obrigado pai! És a minha inspiração e referência!”

 

 

Entre os convidados era notória a satisfação que reinava quer pela iniciativa de Augusto e Mark Amador, quer pelo significado do conteúdo da obra, cuja parte das receitas da venda desta edição, será doada ao “Ironbound Animal Rescue Organization”.

 

 

“Há uma terra para além do mar que me engole os olhos e me consome em dias de ausência. Há um país para lá do paredão…”, refere Augusto Amador.

 

 

A verdade é que eu também sinto que, às vezes, “bate aquela nostalgia”. Uma saudade do que fui, de momentos que não voltam, de pessoas que não estão mais aqui. Precisamos reviver, eu bem sei, mesmo que só na lembrança, voltar à nossa antiga casa, rever a nossa infância e todos os momentos felizes que lá passamos.

 

 

Só que “regressar é despertar do sonho, é voltar as costas ao Sésamo real; ficar é prolongar o martírio”. Por isso, consciente do desequilíbrio a que o espírito está sujeito, também eu quero regressar um dia ao meu “Paredão”!…

 

 

JM/The Portugal Times/24 de Abril de 2016

 

 

 

 

 

 

 

 

Secretário-geral da ONU Ban Ki-moon vai visitar Portugal em maio

O Presidente da República revelou, este sábado, que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, vai estar em Portugal “dentro de duas semanas”, ocasião que o chefe de Estado vai aproveitar para promover a candidatura “muito forte” de Guterres àquele organismo.

 

 

“Em princípio está prevista a vinda dentro de duas semanas” e “vai ser uma boa oportunidade para falar da candidatura nacional de António Guterres. É uma candidatura muito forte”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

 

 

Durante uma visita ao certame agropecuário Ovibeja, que está a decorrer até segunda-feira em Beja, o Presidente da República, questionado pelos jornalistas, confirmou que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, vai estar em Portugal, em maio.

 

 

“Vou receber várias visitas [em maio]. Uma delas, que vem a Portugal para estar também com o primeiro-ministro e com o Presidente da República, é Ban Ki-moon, que está numa visita de despedida como secretário-geral das Nações Unidas”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

 

 

Prometendo abordar a candidatura de Guterres a secretário-geral da ONU com o ainda titular do cargo, o Presidente da República elogiou o antigo primeiro-ministro português, que na última década foi Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.

 

 

António Guterres “esteve magnífico nas audições [na assembleia-geral da ONU, já este mês]. Penso que tem condições para, realmente, conseguir um apoio crescente e isso seria muito bom para Portugal” e “seria muito bom para as Nações Unidas”, argumentou Marcelo Rebelo de Sousa.

 

 

A deslocação de Ban Ki-moon a Portugal já tinha sido abordada pelo  chefe de Estado durante a visita à Ovibeja quando passou pelo “stand” da Câmara de Ourique, a “capital do porco alentejano”, onde lhe ofereceram um presunto e recebeu uma lição rápida sobre como o cortar.

 

 

“Isto vai dar para não sei quantos jantares em Belém”, disse, em jeito de brincadeira, Marcelo Rebelo de Sousa, referindo que vai acolher “agora vários chefes de Estado e o secretário-geral das Nações Unidas”, a quem vai dar a provar o presunto alentejano.

 

 

TPT com: REUTERS/Brendan McDermid/JN/ 24 de Abril de 2016

 

 

 

 

Obama mal recebido na Arábia Saudita seguiu para Londres onde deu a mão a David Cameron na campanha pela UE

Não foi preciso esperar que Barack Obama chegasse a Londres, com toda a sua comitiva e a aura de estrela que sempre o acompanha nas viagens ao estrangeiro, para que a comoção se instalasse perante aquela que promete ser a intervenção externa de maior peso na campanha para o referendo de 23 de Junho. Downing Street aguarda com ansiedade a injecção de adrenalina que representa o apoio do Presidente norte-americano à permanência do Reino Unido na União Europeia. Para os eurocépticos, tudo o que ele disser soará a “hipocrisia” e “ingerência” da superpotência na política interna britânica.

 

 

A visita a Londres – possivelmente a última antes de deixar a Casa Branca, em Janeiro de 2017 – coincide com as celebrações dos 90 anos da rainha Isabel II, com quem Obama almoça nesta sexta-feira no Castelo de Windsor. Mas, como escreveu o Financial Times, “a prenda que o Presidente dos EUA traz do outro lado do Atlântico é para David Cameron”, o primeiro-ministro com quem vai partilhar uma conferência de imprensa à porta do famoso n.º 10.

 

 

Ao responder aos jornalistas, e no artigo que escreveu para o eurocéptico jornal Daily Telegraph, Obama vai caminhar sobre gelo fino. Terá de evitar a imagem do “homem mais poderoso do mundo” que vai a Londres dar lições, mas não quer que restem dúvidas sobre a importância que, para Washington, representa a participação britânica na UE. É pouco provável que, em qualquer momento, coloque na equação a “relação especial” tão cara aos dois países – embora, em privado, responsáveis da Casa Branca avisem que a eventual saída teria consequências nesta íntima relação diplomática.

 

 

Obama deverá antes louvar a UE como garante da paz e da estabilidade europeia e alertar os britânicos que, fora dela, a perda de influência do país será inevitável. “O Reino Unido tem exercido uma enorme influência no mundo nos últimos séculos. Esperamos que essa influência se mantenha e acreditamos que, no mundo de hoje, a melhor maneira de o fazer é através do multilateralismo”, disse ao FT Charles Kupchan, conselheiro para os assuntos europeus da Casa Branca.

 

 

Outros antes dele usaram os mesmos argumentos – e ele próprio deixou-os claros na entrevista que deu no Verão à BBC. Mas ao ir a Londres, com a campanha já no terreno, Obama dá a Cameron um muito aguardado impulso, depois de semanas em que o primeiro-ministro viu a sua popularidade ser minada pelo escândalo dos “Panama Papers” e a corrida para o referendo abriu brechas no Governo que serão difíceis de fechar.

 

 

Em Downing Street, escreveu o Guardian, há a esperança de que a visita confirme uma viragem no rumo da campanha, depois de uma vaga de relatórios e tomadas de posição contrárias aos partidários do Brexit. “É cada vez mais claro que a campanha deles não tem recursos suficientes e é incapaz de explicar o que seria o Reino Unido fora da UE. Nós temos Obama do nosso lado e quem é que eles conseguiram? Marine de Le Pen”, disse ao jornal um responsável do Governo, citando a notícia de que a líder da Frente Nacional planeia participar na campanha.

 

 

Fúria eurocéptica

 

 

As seis sondagens divulgadas nesta semana apontam para uma subida nas intenções de voto no “sim” à permanência, mas a vantagem para o “não” é ainda insuficiente para confirmar a reclamada viragem. Mais uma razão para Cameron dar todo o palco possível a Obama, que continua a ser o mais popular dos presidentes americanos na Europa. “Ele é o homem certo para convencer os que não estão realmente mobilizados. Ele vai captar-lhes a atenção”, antecipa o antigo ministro trabalhista e comissário europeu Peter Mandelson.

 

 

A popularidade de Obama é uma das razões que explicam a indignação com que a campanha pelo “não” reagiu à notícia de que o Presidente democrata não iria abster-se de comentar os assuntos internos britânicos. Mais de uma centena de deputados, na maioria conservadores, assinaram uma petição dirigida ao embaixador norte-americano em Londres para denunciar a “ingerência” de Obama.

 

 

A reacção mais indignada partiu de Boris Johnson, o mayor de Londres que acusou a Casa Branca de “hipocrisia pura” quando argumenta que o Reino Unido perderia peso internacional fora da UE. “É bizarro estarmos a receber lições dos americanos sobre a perda de soberania quando eles nem sequer sonham em partilhar a sua.” Ian Duncan Smith, que deixou o Ministério da Segurança Social já com a campanha em andamento, ridicularizou também o entusiasmo de Cameron com a visita, dizendo que Obama só acedeu participar “porque o primeiro-ministro foi ajoelhar-se aos seus pés pedir-lhe que ‘viesse para o ajudar a intimidar os britânicos’”.

 

 

A ferocidade das críticas soaria menos estranha se viesse da ala esquerda dos trabalhistas – para quem Obama quer apenas garantir o apoio de Londres no TTIP, a parceria transatlântica em negociação entre os EUA e a UE. Ao invés, partem de políticos tradicionalmente pró-americanos, que defendem que, livres das amarras de Bruxelas, Londres seria livre para fazer acordos comerciais mais favoráveis, incluindo com Washington, apesar de a Administração americana ter dito não estar “particularmente interessada em acordos com países a nível individual”.

 

 

“É possível perceber porque é que a campanha pela saída está tão alarmada com as intervenções de Obama”, escreveu Philip Stephens, director adjunto do FT, afirmando que o Presidente vem a Londres “espetar uma adaga no coração do campanha do Brexit”, fazendo “explodir o falso argumento de que há uma escolha entre o outro lado do Canal [da Mancha] e o Atlântico”.

 

 

Arábia Saudita recebe Obama com frieza inédita

 

 

Um Presidente dos Estados Unidos está habituado a recepções fortes quando visita outros países, especialmente tratando-se de importantes aliados. Não foi isso que aconteceu quando Barack Obama aterrou em Riade. À sua espera estava uma pequena delegação chefiada pelo governador local e a chegada nem sequer teve direito a transmissão televisiva, como em 2015.

 

Obama mal recebido na Arábia Saudita foi a Londres dar a mão a Cameron na campanha pela UE 2

Em diplomacia, os pequenos gestos contam. O reino saudita quis deixar bem claro que não está contente com a recente conduta da Administração Obama, especialmente a aproximação ao Irão, grandes rivais pela hegemonia regional. A recepção do Presidente norte-americano contrastou com aquela que foi oferecida aos chefes de Estado dos membros do Conselho de Cooperação do Golfo Pérsico (CCG) — em Riade para uma cimeira com Obama esta quinta-feira —, que tiveram direito à presença do rei Salman no aeroporto. A Casa Branca disse não ter atribuído um carácter político à ausência do rei saudita e explicou que foi oferecido pelo palácio um almoço de boas-vindas, ao qual Obama não pôde comparecer por questões de agenda.

 

 

A tarefa do Presidente dos EUA nesta última deslocação à Arábia Saudita era tentar apaziguar o descontentamento dos seus aliados na região, assegurando que o levantamento das sanções ao Irão não significa uma viragem na política externa de Washington. A nota oficial da Casa Branca sobre o encontro entre os dois líderes tenta fazer a quadratura do círculo, ao qualificar como “provocatórias” as acções do Irão na região, mas sublinhando “a importância de uma abordagem inclusiva para o desanuviamento dos conflitos regionais”.

 

 

Entre os restantes temas discutidos no encontro entre o rei Salman e Obama esteve a campanha de bombardeamentos aéreos contra posições do autoproclamado Estado Islâmico no Iraque e na Síria e conflitos regionais como a guerra civil no Iémen, onde Arábia Saudita e Irão protagonizam um confronto por procuração. De uma forma geral, o mesmo memorando dá conta de “trocas de pontos de vista” entre os dois líderes, mas não há qualquer referência a acordos alcançados ou mesmo coincidência em abordagens.

 

 

A frieza da Arábia Saudita face a Washington é partilhada pelos restantes membros do bloco regional, que se reuniu esta quinta-feira com o terrorismo e as relações com o Irão no topo da agenda. “A segunda cimeira EUA-CCG chega numa altura em que os pontos de vista dos Estados Unidos e do Conselho de Cooperação do Golfo acerca da política regional são drasticamente diferentes”, escreve na Al-Jazira a analista Hala Aldosari.

 

 

“Nas questões centrais, há um acordo sobre onde queremos chegar”, disse Ben Rhodes, um dos conselheiros de Obama para a segurança nacional, antes do encontro do Presidente com os países do Golfo Pérsico. “Esta cimeira permite-nos alinhar as nossas abordagens e estratégias”, acrescentou o responsável, citado pela Reuters.

 

 

Nas palavras que dirigiu aos líderes regionais, Obama deixou uma mensagem clara contra as divisões tendo por base as diferenças religiosas, numa alusão à crescente tensão entre sunitas e xiitas – representada pela rivalidade Arábia Saudita-Irão. “Se as pessoas se vêem a si próprias não como cidadãs de um país, mas como membros de um particular ramo do islão, isso é uma receita para os países colapsarem.”

 

 

TPT com: AEP/ KEVIN LAMARQUE/Reuters/Ana Fonseca Peraira/Público/ 22 de Abril de 2016

 

 

 

 

Passos Coelho diz que a estratégia de crescimento de médio prazo se mostra demasiado modesta

O presidente do PSD considerou hoje que a estratégia de médio prazo que o Governo está a desenhar aponta para um crescimento “demasiado modesto” e defendeu a necessidade de um programa com objetivos “partilhado por todos”.

 

 

“A estratégia que está desenhada não nos permitirá crescer nos próximos anos mais do que 1 a 2% ao ano. Se isso acontecer, o crescimento será sempre demasiado modesto, não será o suficiente nem para pagar as nossas dívidas, nem para reabsorver o desemprego desde a crise”, afirmou o líder social-democrata, em declarações aos jornalistas à saída de uma conferência promovida pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).

 

 

Escusando-se a fazer comentários sobre o Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas hoje aprovados em Conselho de Ministros por não querer fazer apreciações apenas com base nas notícias que foram sendo avançadas, Passos Coelho admitiu, contudo, que “as perspetivas de crescimento para Portugal nos próximos anos precisavam de mudar de uma forma mais impressiva” porque são “muito modestas”.

 

 

“Estamos a falar de uma perspetiva que vai até 2020”, sublinhou, lamentando que a estratégia económica que tem sido apresentada seja apenas “uma extensão daquilo que o Governo tem apresentado nos últimos meses”.

 

 

“Ser cauteloso não tem nada a ver com ter uma estratégia económica arrojada”, acrescentou, reiterando a necessidade de cautela porque o país não tem “muita margem para errar do ponto de vista das contas públicas.

 

 

Antes, durante a conferência, o líder do PSD e antigo primeiro-ministro já tinha abordado a questão do crescimento económico, apresentando o exemplo da Irlanda, que cresceu 7% em 2015 porque conseguiu atrair investimento estrangeiro.

 

 

“Se os irlandeses foram bem-sucedidos nesse processo não há nenhuma razão para Portugal também não o ser”, vincou, ressalvando, contudo, que para isso acontecer são necessárias políticas consistentes com esse objetivo.

 

 

Considerando que isso não deve ser motivo de disputa entre governos e quem está na oposição, Passos Coelho argumentou que todos têm “a ganhar em que esse processo seja bem-sucedido”, quer aqueles que estão hoje a governar, quer “aqueles que têm a perspetiva de vir a estar no futuro”.

 

 

Desta forma, continuou, é necessário “ter um programa de médio prazo com objetivos que possam ser partilhados por todos e que não sejam tão genéricos que percam significado”.

 

 

“Isso pode ser decisivo para conseguirmos captar o investimento externo que precisamos para dar a oportunidade ao país de aliviar o fardo de anos anteriores em que dívidas foram contraídas sem que se tivesse gerado um retorno económico e social adequado”, declarou.

 

 

Na intervenção que fez na conferência da FLAD, perante políticos lusodescendentes, o líder do PSD falou ainda brevemente da questão da Base das Lajes, nos Açores, admitindo que “as coisas não correram manifestamente bem” e que “não foi um marco muito eloquente” do relacionamento entre Portugal e os Estados Unidos da América.

 

 

“O melhor que temos a fazer não é fazer de conta que não aconteceu nada, é aprendermos como é que aconteceu para melhorar daqui para a frente o relacionamento entre dois países, defendeu.

 

 

Observador com: Pedro Motrim/Lusa/21 de Abril de 2016