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O estádio de Alvalade custou mais 80 milhões de euros do que o valor inicialmente previsto para a obra

 

O valor estimado para a construção do novo estádio, a 27 de abril de 2000, foi de cerca de 106 milhões de euros (ME) e o custo total ascendeu a 184 ME, de acordo com os resultados da auditoria de gestão apresentados pelos atuais órgãos sociais em Assembleia-Geral do clube.

 

 

A auditoria, que vai das presidências de Santana Lopes e de José Roquette, em junho de 1995, até ao final do mandato de Godinho Lopes, em março de 2013, revela que a 20 de fevereiro de 2002 foi apresentada uma nova estimativa de custo de 137,750 ME, ou seja, um desvio de 31,756 ME, o que corresponde a um acréscimo de 30 por cento face ao valor apontado em abril de 2000.

 

 

“O valor final da obra representa um desvio de 75 por cento do investimento inicialmente previsto e um desvio de cerca de 35 por cento (48 ME) face ao valor de investimento revisto e apresentado em fevereiro de 2002”, pode ler-se no documento.

 

 

Em relação às empreitadas com os principais empreiteiros fornecedores, que representam cerca de 91 por cento do valor da obra, verifica-se, de acordo com as conclusões da auditoria, que “os valores dos contratos iniciais ascendiam a cerca de 125 ME e o valor final das empreitadas ascendeu a cerca de 155 ME, ou seja, um desvio de cerca de 24 ME”.

 

 

Ainda sobre o novo estádio de Alvalade, fica-se a saber que foi construído num terreno ao lado do velho estádio, mas que o projeto inicial era para ser edificado no mesmo local, mudança essa feita “em manifesta contradição com o PDM da cidade de Lisboa”, cuja justificação não é identificada, ao contrário das consequências que se traduziram em “significativos atrasos na alienação de património com o consequente impacto financeiro negativo”.

 

 

Outra conclusão da auditoria, que foi uma promessa eleitoral do atual presidente Bruno de Carvalho, revela que o Sporting “tinha um património imobiliário de 55 ME e uma dívida bancária quase inexistente, e em meados de 2013 o património imobiliário era quase inexistente e a dívida bancária ascendia a 331 ME”.

 

 

De 1995 a 2013 geraram-se receitas de negócios imobiliários no valor de 174,401 ME, mas as receitas “não permitiram, ao contrário do que foi anunciado de forma sucessiva nas Assembleias-Gerais, reduzir significativamente o passivo bancário do Grupo SCP nem financiar os avultados investimentos dos projetos de construção do novo estádio e do centro de estágio”.

 

 

Para isso contribuiu o facto de as receitas “terem sido canalizadas para a equipa de futebol, tendo sido investidos, naquele período, 261 ME”.

 

 

“Os financiamentos apresentaram uma tendência crescente e vertiginosa, passando de uma situação de endividamento quase inexistente (564 mil euros em 31 de dezembro de 1994) para uma dívida acumulada que ascende a 283 ME a 30 de junho de 2013”, revela, ainda, a auditoria.

 

 

 

JEC // VR//3/9/2015

 

 

 

 

China suspeita que CIA colaborou com os casinos Las Vegas Sands de Macau para espiar

O The Guardian divulgou hoje um relatório “altamente confidencial”, datado de junho de 2010, segundo o qual Pequim acreditava que os casinos da norte-americana Las Vegas Sands estariam a trabalhar em conluio com a CIA.

 

 

“Muitos dos funcionários [chineses] que contactámos eram da opinião de que agências de inteligência norte-americanas são muito ativas em Macau e que penetraram e utilizaram os casinos norte-americanos para apoiar as suas operações”, refere-se no relatório, elaborado por um investigador privado, divulgado no jornal britânico.

 

 

A investigação foi encomendada pela Sands China, subsidiária da norte-americana Las Vegas Sands, do magnata Sheldon Adelson, numa altura em que havia preocupações com a crescente hostilidade do Governo da Região Administrativa Especial de Macau relativamente à indústria do jogo em geral e, em particular, face à Sands, escreve o jornal.

 

 

O relatório, assinalado com uma advertência de que não podia chegar ao interior da China, foi revelado pelo Programa de Jornalismo de Investigação da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

 

 

Figura entre o rol de documentos apresentados a tribunal no caso da Las Vegas Sands, que está a ser ouvida no âmbito de uma ação civil interposta por um antigo dirigente seu em Macau, que processou a empresa por despedimento sem justa causa.

 

 

“Uma fonte credível reportou que funcionários do Governo central chinês acreditam firmemente que a Sands autorizou agentes do FBI/CIA que operassem a partir das suas instalações. Estes agentes aparentemente ‘monitorizam funcionários do Governo chinês que jogam nos casinos’”, indica o relatório.

 

 

“Esta fonte também informou que vários departamentos governamentais da RPC (República Popular da China) relataram haver ‘provas’ de ‘agentes norte-americanos’, a operar a partir da Sands, ‘atraindo’ e ludibriando oficiais do Governo chinês, envolvidos em atividades de jogo para depois os forçar a cooperar com os interesses do Governo dos Estados Unidos”.

 

 

O investigador, que não é identificado, afirmou que a sua informação tinha por base fontes influentes, incluindo três no gabinete de Pequim responsável pelos assuntos de Macau e de Hong Kong, duas fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros e um poderoso empresário chinês com relações próximas a Pequim.

 

 

O relatório não refere se a Sands foi cúmplice da alegada atividade dos serviços secretos norte-americanos, apenas que as autoridades chinesas acreditavam nisso.

 

 

A Sands descreveu o relatório como “uma coleção de especulação sem significado”, considerando que a narrativa de que figurava como uma “frente” para os esforços das agências de informação norte-americanas soa como “uma ideia para um guião de um filme”.

 

 

 

YM YIK/EPA/TPT/3/9/2015

 

 

 

Viagens aéreas para a Madeira mais baratas para os seus residentes

 

A portaria que regulamenta o subsídio de mobilidade nas deslocações aéreas para os residentes na Madeira, que entrou hoje em vigor, estabelece o reembolso em 60 dias e para viagens até 400 euros.

 

 

Os residentes na Madeira passam a pagar 86 euros nas ligações ida e volta para o território continental e 119 para os Açores, valor que pode ser acrescido se exceder o teto máximo de 400 euros, sendo de 65 euros para os estudantes.

 

 

Em termos de reembolso, este só pode ser pedido junto dos CTT passados 60 dias da data da fatura.

 

 

Estas são as principais diferenças em comparação com a portaria em vigor no arquipélago açoriano, no qual os residentes podem pedir o reembolso imediato e as viagens não têm teto máximo.

 

 

Na passada sexta-feira, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, revelou nos Açores que foi o Governo Regional da Madeira que quis introduzir um limite para os reembolsos para os residentes naquele arquipélago, ao contrário daquilo que aconteceu nos Açores.

 

 

“Foi uma precaução adicional do ponto de vista orçamental que a Madeira quis incluir e que os Açores não incluíram e, do meu ponto de vista, bem. Nós respeitamos obviamente as preocupações dos governos regionais e, por isso, aceitámos essa proposta no caso da Madeira”, afirmou.

 

 

A 25 de agosto, em conferência de imprensa para apresentação pública desta portaria, o secretário da Economia, Turismo e Cultura da Madeira, Eduardo Jesus, disse que “a grande aposta é na alteração dos hábitos de compra das viagens, por antecipação”.

 

 

“Queremos evitar a utilização abusiva de crédito para fomentar a compra de viagens mais caras e impedir a acumulação de milhas à custa do subsídio de mobilidade, que é dinheiro público”, argumentou o governante madeirense, referindo-se a alguns problemas que estão a ser apontados ao sistema em vigor nos Açores.

 

 

O responsável do governo madeirense informou que esta portaria será revista anualmente, estando prevista uma primeira análise dentro de seis meses e admitiu que possam ser corrigidas algumas situações.

 

 

Eduardo Jesus assegurou que a atual portaria é “sempre mais vantajosa” do que o modelo que estava em vigor, em que os residentes eram reembolsados em 60 euros nas viagens realizadas.

 

 

Também mencionou que estão previstos no Orçamento do Estado 11 milhões de euros para suportar este subsídio de mobilidade para os residentes na Madeira.

 

 

A portaria também introduz outra inovação, que é considerar como residentes os filhos de pais separados, desde que um dos progenitores resida na Madeira.

 

 

Na Madeira já começaram a surgir contestações devido às implicações para passageiros que tenham de efetuar viagens em cima da hora, para os estudantes que ainda nem sabem se ficarão colocados nas instituições de ensino superior, além dos prejuízos em termos de turismo nacional devido ao custo das viagens.

 

 

 

OBS/3/9/2015

 

 

 

 

Universidade de Vila Real quer minimizar o risco da saída prematura de alunos

Estão previstas ações de monitorização do abandono em situação de risco, aconselhamento e identificação de soluções para evitar o abandono.

 

 

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, anunciou a criação do Observatório Permanente do Abandono Escolar e da Promoção do Sucesso Escolar, um projeto que visa diminuir a saída prematura de estudantes.

 

 

Esta iniciativa conta com o apoio do Ministério da Educação e Ciência (MEC).

 

 

“Há na UTAD uma maior sensibilidade para as taxas de abandono e insucesso escolar face a metas europeias e nacionais. Para tal, este observatório será orientado para a sinalização, acompanhamento, elaboração de propostas de minimização dos riscos de abandono e promoção do sucesso escolar”, disse hoje à agência Lusa o reitor da instituição, António Fontainhas Fernandes.

 

 

O mesmo responsável salientou que o projeto tem como “objetivo minimizar o risco da saída prematura de alunos”.

 

 

Para o efeito, segundo explicou, estão previstas ações de monitorização do abandono, mediante a sinalização de alunos em situação de risco, aconselhamento e identificação de soluções para evitar o abandono.

 

 

Fontainhas Fernandes referiu que uma das medidas a implementar no ano letivo de 2015-2016 passa pelo envolvimento de alunos mais experientes, de docentes e dos diretores de curso na semana de integração dos novos estudantes, para acompanharem alunos e familiares, neste período.

 

 

Durante esta semana de integração, a academia vai oferecer aos novos estudantes um conjunto de iniciativas de natureza multidisciplinar, no sentido de valorizarem competências de comunicação, novas tecnologias, como intervir em público, de empreendedorismo e de boas práticas ambientais e culturais.

 

 

A ideia é ainda facilitar o acesso a informação como serviços de ação social, apoio médico e psicológico, modalidades desportivas e culturais ou saídas profissionais.

 

 

Será também privilegiada a proximidade entre professor e aluno, estando prevista a realização de sessões de apresentação do reitor, diretores de curso e professores e colegas.

 

 

Fontainhas Fernandes acrescentou que está previsto um “inovador programa de tutoria para novos alunos, com o objetivo de os ajudar a fazer face às dificuldades que a transição entre o ensino secundário e o ensino superior exige”.

 

 

Este programa será implementado nos dois primeiros anos letivos para promover a integração na vida académica e o sucesso escolar.

 

 

Neste âmbito, grupos de alunos serão acompanhados por professores que sinalizarão situações académicas em sinais de risco e que ajudarão a encontrar soluções.

 

 

O programa de tutoria inclui formação extracurricular para os estudantes.

 

 

O reitor disse ainda que a melhoria e a adequação da oferta formativa oferecida no primeiro ano passa a ter uma maior participação de alunos, através da avaliação obrigatória do funcionamento das unidades curriculares.

 

 

DN/3/9/2015

 

 

 

Mais de quatro mil incêndios rurais registados no mês de agosto em Portugal

Segundo as estatísticas divulgadas na página da internet daquele organismo, de 01 a 31 de agosto foram registados 4.265 incêndios rurais, que foram combatidos por 99.983 bombeiros, com o auxílio de 25.423 veículos e 1.947 meios aéreos.

 

Os dados da ANPC indicam que 09 de agosto foi o dia em que foi registado o maior número de incêndios (380), seguido de dia 10, em que ocorreram 304. Os incêndios registados no dia 09 de agosto ocorreram na sua maioria (123) no distrito do Porto, seguido de Braga (50), Aveiro (45), Viana do Castelo (33) e Viseu (32).

 

 

No mês de julho, foram registados 4.056 fogos, que foram combatidos por 84.845 operacionais, com o auxílio de 21.333 meios terrestres e 1.635 aéreos. Segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil, em julho o maior número de incêndios (189) ocorreu também no dia 09.

 

 

Portugal teve este ano quase 13 mil fogos, mais do que a média da última década, mas menos área ardida (quase 44 mil hectares), segundo um relatório do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas divulgado a 18 de agosto.

 

 

De acordo com o documento, entre 01 de janeiro e 15 de agosto registaram-se 12.810 ocorrências (com 2.655 incêndios florestais e 10.155 fogachos), das quais resultaram 43.844 hectares de área ardida (21.934 hectares de povoamentos e 21.910 hectares de matos).

 

 

Comparando com os dados da última década registaram-se mais quatro por cento de ocorrências relativamente à média dos anos entre 2005 e 2014 mas com menos área ardida, menos 22 por cento do que a média da última década. Segundo esses números, nos anos de 2005, 2006, 2010 e 2012 houve mais área ardida (contabilizando os mesmos períodos).

 

 

Quanto aos incêndios ocorridos este ano por distrito diz-se no documento que, em termos de número de ocorrências, o Porto foi o mais afetado, seguido de Braga. Nos dois casos, no entanto, trata-se maioritariamente de fogachos (fogos com menos de um hectare de área ardida).

 

 

Os distritos mais afetados em relação à área ardida foram os de Viana do Castelo (8.649 hectares), Guarda e Braga.

 

 

OBS/3/9/2015

 

 

 

 

Homem simula sequestro no rio Douro por receio dos patrões e após noite de copos

A Diretoria do Norte da Polícia Judiciária divulgou hoje ter constituído arguido um homem de 26 anos que alegadamente simulou o seu próprio sequestro numa rocha do rio Douro por receio da entidade patronal.

 

“As diligências de investigação realizadas permitiram esclarecer, sem qualquer dúvida, que a pretensa vítima simulou a privação da liberdade após ter passado a noite em bares e boates com diversas companhias femininas e, por ter receio da reação da entidade patronal, decidiu simular a privação da liberdade”, refere a PJ em comunicado.

 

Segundo a PJ, mediante a informação inicial comunicada tudo apontava para “um sequestro em execução, em que a vítima estaria amarrada de pés e mãos a uma árvore numa das margens do rio Douro”.

 

Perante tais dados, foram mobilizados “significativos recursos humanos logísticos, incluindo o apoio da Polícia Marítima” que acabaram por localizar o “alegado sequestrado numa rocha, em cima do rio Douro, num local recôndito, e acesso extremamente difícil, só possível de aceder pela via fluvial quando a maré está na fase preia-mar”.

 

“Apenas conseguiu chegar àquele local no momento da maré vazante e, por não saber nadar, não sabia como escapar da situação que criara”, refere ainda a PJ.

 

O inquérito foi remetido ao DIAP de Vila Nova de Gaia para “efeitos da respetiva tramitação processual”.

 

 

AFP/28/8/2015

 

 

 

 

Lex Paulson, membro da campanha de Obama à presidência, afirma que New York tem muito a aprender com Cascais

 

O ano de 2014 foi marcante na curta vida do Orçamento Participativo (OP) de Cascais. Pela primeira vez, os participantes tiveram direito a dois votos, um dos quais podia ser usado para votar contra um projeto e não a favor dele. E, talvez por causa disso, e pelo facto de a votação também poder ser feita por mensagem de texto (SMS), o OP Cascais do ano passado foi o mais concorrido de sempre em Portugal. Houve 41.005 votos que serviram para eleger dez projetos que a câmara municipal se compromete a cumprir no prazo de dois anos. São mais do que os 36.032 votos que o OP de Lisboa teve em 2014 e, na Europa, só em Paris é mais participado.

 

 

 

Os responsáveis da câmara e da Associação In Loco, que se dedica a acompanhar este tipo de processos em todo o país, afirmam que a grande participação se deve à elevada taxa de execução das obras propostas aos sucessivos orçamentos participativos, desde 2011. Embora em Lisboa a vereadora responsável pelo OP garanta taxas de execução na ordem dos 75%, o Observador percebeu, no início de junho, que alguns cidadãos e presidentes de junta estão descontentes com o tempo que os projetos demoram a arrancar. Em Cascais, isso parece não ser problema. “Temos cumprido sempre, à exceção de dois casos, mas os grupos promotores vão sendo informados das razões do atraso”, dizia o presidente da autarquia, Carlos Carreiras, em novembro, ao Público.

 

 

Talvez por isso, o orçamento participativo de Cascais chamou a atenção da plataforma internacional Democracia 2.1, criada por um matemático checo para mudar a forma como as pessoas votam e, assim, talvez mudar o mundo. Lex Paulson, organizador da campanha de Barack Obama em 2008, professor de Filosofia em Paris e um dos fundadores da Democracia 2.1, esteve em Cascais, no fim de junho, e deu uma entrevista ao Observador, onde afirma que Cascais vai servir de modelo para muitas cidades mundiais a curto prazo.

 

 

O que é a Democracia 2.1?

 

A Democracia 2.1 (D21) é um processo global para transformar a tomada de decisões. Foi fundada por um matemático checo e ativista anticorrupção, Karel Janecek, que estava a analisar o problema da corrupção na República Checa. Percebeu que o sistema de votação era tão mau e tão opaco para os eleitores que estava, na verdade, a incentivar a corrupção. Assim, o Karel inventou um novo sistema de votação no qual todos os eleitores têm direito a mais do que um voto e também a possibilidade de votar a favor ou contra os candidatos.

 

 

A ideia fundamental é a de que mudar a forma como se vota pode ter efeitos radicais nos resultados da votação. Há muita gente a pensar na democracia. A pensar sobre quem vota, em que é que se vota, quando se vota… Mas não tem sido dada suficiente atenção, achamos nós, à forma como se vota e ao número de votos que cada pessoa pode ter.

 

 

Como nasceu o interesse por Orçamentos Participativos?

 

A D21 é um sistema de votação que pode transformar a forma como se determina o poder e o consenso. Isto aplica-se tanto às decisões políticas, como à simples escolha de um restaurante, por parte de um grupo de cinco amigos que quer ir jantar, passando por tudo o resto. Os Orçamentos Participativos são algo que nós descobrimos como uma forma muito importante de os governos criarem confiança, diálogo e colaboração com a população a um nível local. E rapidamente ouvimos dizer que, se quiséssemos saber mais sobre orçamentos participativos, um dos melhores sítios do mundo para conhecer era Cascais.

 

 

Como é que isso aconteceu?

 

Eu estava a fazer pesquisa sobre este tema no Banco Mundial, em Washington D.C., e também através de uma associação americana que me pôs em contacto com um dos maiores especialistas na área, Giovanni Allegretti, que é professor na Universidade de Coimbra. Todos eles me disseram que o melhor processo de Orçamento Participativo na Europa é o de Cascais.

 

 

Na D21 estabelecemos uma parceria no ano passado com Nova Iorque – o maior Orçamento Participativo da América do Norte, com 32 milhões de dólares – e trabalhámos com uma equipa da Universidade de Stanford, na Califórnia, para criarmos a primeira urna de votação digital. A nossa ideia original era apenas um sistema de voto, que não requeria tecnologia. Pode usar-se o processo D21 com papel e caneta. Mas, à medida que íamos construindo o projeto, percebemos que a tecnologia desempenha um papel incrível no derrubar de barreiras, na expansão e aumento do acesso e do fluxo de informação, para que as pessoas percebam melhor o que é que estão a decidir e consigam ter um papel igual no processo. Que não seja apenas comunicação num só sentido, mas comunicação dialogante.

 

 

O que nos impressionou mais em Cascais foi eles usarem o Orçamento Participativo para criar confiança e participação, não apenas para um ano, mas por muitos anos. Há muitos processos de orçamentos participativos que oscilam e não duram mais que dois ou três anos. O que Cascais fez nos últimos dez anos foi mostrar que se pode sempre melhorar e criar cada vez mais confiança ao mostrar o impacto e os resultados, de modo a que os cidadãos fiquem cada vez mais empenhados, dedicados e motivados.

 

 

A forma como Cascais faz o seu marketing é incrivelmente impressionante. Essa foi a primeira das lições que aprendemos com Cascais e que levámos para os nossos parceiros em Nova Iorque.

 

Cascais já usava um sistema de voto semelhante ao do D21?

 

Sim. Pensamos que é bom o poder que os eleitores têm de votar várias vezes, de haver um sistema de escolha múltipla bem desenhado, que permita que cada votante, em vez de dizer “eu gosto de A, B, C ou D”, possa dizer “eu gosto de A e de C e não gosto de D”.

 

 

Cascais tem sido vítima do seu próprio sucesso devido ao número de pessoas na sala, as que tentam participar nas assembleias de Orçamento Participativo. Quando há vinte pessoas na sala podem colocar-se post-its na parede e controlar-se o processo de votação. Quando há 300 pessoas, é preciso adaptação, evolução.

 

 

Os responsáveis pelo Orçamento Participativo de Cascais contaram-nos esta grande história:

 

Estava uma sala cheia de gente. Havia um grupo grande que queria algo para uma escola e havia um grupo grande que queria algo para um parque. E estava lá um tipo sozinho, um professor primário apanhado no meio daquilo, cuja ideia era ligar diferentes vilas ao centro da cidade, não sei se através da Internet ou de transportes. A ideia era mesmo muito simples, mas ele apresentou-a muito bem. Se houvesse um sistema de um só voto, ele teria perdido, mas os dois grupos grandes gostaram dele e todas as pessoas deram o seu segundo voto ao projeto dele. Acabou por sair vencedor. Com uma simples mudança, dar mais um voto a cada pessoa, podem criar-se consensos.

 

 

Não existe um risco, nestes processos, de as pessoas mais pobres ou sem educação não terem tanta capacidade de mobilização ou de votação? Ou que nem sequer saibam que existe um Orçamento Participativo?

 

Isso é uma crítica muito razoável. Levada ao extremo, é o que todos os ditadores do mundo dizem: “Eu sou mais esperto, estou numa melhor posição para decidir e deixar-vos decidir é um risco demasiado grande”. A democracia é sempre arriscada. A democracia funciona com educação. Se vai sempre haver o risco de que um grande grupo de pessoas tome uma decisão estúpida, comparativamente a uma pessoa realmente inteligente? Claro. Mas, a longo prazo, uma população bem educada de cem pessoas, todas com ideias, pensamentos, idades e origens diferentes, vai sempre tomar uma decisão melhor do que qualquer uma delas sozinha.

 

 

O elemento fundamental é: informação independente e confiável com que a população possa contar. É absolutamente crítico ter boas escolas públicas, que ensinem matemática, leitura e economia básicas. E também precisamos de media em que possamos confiar a dizer-nos quanto dinheiro está a ser gasto e em quê, o que se passa com a nossa polícia e os nossos parques. Por fim, precisamos que o governo nos dê informação correta. Se estas três coisas funcionarem razoavelmente bem, não vejo grande risco na democratização deste tipo de decisões.

 

 

As pessoas que governam geralmente sentem que não são reconhecidas pelo trabalho que fazem, por isso é mesmo importante haver um diálogo de dois sentidos para que as pessoas percebam que governar não é fácil, que não podem ter tudo o que querem imediatamente. Fazer um orçamento, manter um jardim limpo, contratar professores para uma escola, organizar um festival… Quanto mais o governo e os cidadãos colaborarem e trabalharem juntos, mais confiança e paciência as pessoas terão.

 

 

As pessoas são impacientes por ver resultados?

 

Sim e é aqui que precisamos de usar a tecnologia de forma criativa, de uma forma que permita aos cidadãos ver os resultados nos seus smartphones ou no e-mail. Que não seja preciso eles esperarem por um qualquer relatório governamental que sai uma vez por ano, ou pelo que escrevem os jornais. Queremos ser capazes de dar resultados e impacto às pessoas em tempo real. E Portugal, nesse aspeto, está na vanguarda, está mesmo na linha da frente da participação cidadã.

 

 

Como se pode encontrar equilíbrio no Orçamento Participativo entre o que as pessoas nativas de uma cidade pensam e o que pensam os imigrantes ou turistas?

 

Não existe só uma reposta certa a estas perguntas, mas, pela minha experiência, sei que os imigrantes geralmente dão uma perspetiva que falta aos debates das comunidades. É uma população com uma visão única sobre os serviços e de como eles funcionam, porque estas pessoas trabalham na rua: vendem coisas, trabalham na construção, em jardinagem. Eles veem coisas que são muito válidas.

 

 

O que é que Nova Iorque pode aprender com Cascais?

 

Cascais dá lições não só na forma como recolhe os votos, não só como organiza as assembleias de discussão, mas também como mostra os resultados e o impacto no terreno. Nós estamos a aconselhá-los [Nova Iorque] a fazer o que Cascais faz.

 

 

Neste preciso momento estamos a discutir a possibilidade de fazer inquéritos ao longo do ano para perceber o impacto do nosso sistema de voto [no Orçamento Participativo de Cascais]. A Câmara de Nova Iorque está muito interessada nisto e se conseguirmos, daqui até ao fim do ano, mostrar os resultados de tudo o que Cascais já fez, Nova Iorque vai prestar atenção.

 

 

Um orçamento participativo não é uma ilha. É parte integrante de um diálogo ininterrupto entre os governos e os seus cidadãos. Penso que Cascais está a fazer coisas mais criativas do que qualquer outra cidade que eu já vi – e estamos a trabalhar em cidades de seis países, já. Cascais está a fazer coisas, já este ano, que cidades como Nova Iorque vão estar a fazer brevemente.

 

 

Um orçamento participativo pode ser replicado a nível nacional?

 

Sim, penso que sim. A maior experiência, até agora, penso que é a do Rio Grande do Sul, no Brasil, mas mesmo em sítios como a China, que não é conhecida pelo seu processo de decisão democrática, já há cidades e províncias inteiras a fazer experiências com orçamentos participativos. E nós estamos a levar ensinamentos de Cascais. Tudo o que Cascais está a fazer agora deve e vai ser levado a uma escala maior.

 

 

JOÃO PEDRO PINCHA/oBS/28/8/2015

 

 

 

 

A Casa Branca diz que não há perdão presidencial para Snowden que poderá incorrer numa pena de 30 anos de prisão

A Casa Branca rejeitou hoje uma petição assinada por 167.954 pessoas de perdão incondicional para Edward Snowden, ex-consultor da Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA) que desvendou as reais dimensões da rede de espionagem eletrónica dos Estados Unidos.

 

 

Edward Snowden “deve regressar aos Estados Unidos para ser julgado pelos seus pares, e não esconder-se por detrás de um regime autoritário. Até agora, está a fugir às consequências dos seus atos”, declarou Lisa Monaco, a conselheira do Presidente, Barack Obama, em matéria de segurança interna e luta contra o terrorismo, em resposta à petição.

 

 

Formalmente acusado de espionagem nos Estados Unidos, o informático, que se refugiou na Rússia, poderá incorrer numa pena de até 30 anos de prisão no seu país, depois de ter furtado um grande número de documentos secretos quando trabalhou na NSA, uma das agências de informações mais secretas dos Estados Unidos, especializada na interceção de comunicações eletrónicas.

 

 

Os documentos que Snowden enviou a alguns jornalistas revelavam programas de espionagem de uma dimensão até então totalmente desconhecida.

 

 

A recolha pela NSA de metadados das chamadas telefónicas, incluindo nos Estados Unidos, e sem qualquer controlo judicial, preocupou particularmente os defensores das liberdades individuais.

 

 

“O equilíbrio entre a nossa segurança e as liberdades civis que é exigido pelos nossos ideais e pela nossa Constituição merece um debate aprofundado, e que aqueles que desejam debatê-lo o façam aqui, no nosso país”, sublinhou a conselheira presidencial norte-americana.

 

 

REUTERS /The Portugal Times/22/8/2015

 

 

 

A Miss Pennsylvania USA foi detida pela Polícia, após fingir ter cancro para angariar dinheiro

Brandi Lee Weaver-Gater, de 23 anos e Miss Pensilvânia, é acusada de promover a recolha de fundos para custear tratamentos, que nunca aconteceram. A norte-americana dizia ter-lhe sido diagnosticado um cancro, em março de 2013, e assim prosseguiu com a história durante os dois anos seguintes. Até rapou o cabelo.

 

 

“Bingo for Brandi” foi uma das ações levadas a cabo e que rendeu muitos dólares. Para já, Brandi Lee foi multada em 135 mil euros pelo tribunal. O caso foi descoberto através de uma carta anónima, salientando que a Miss não era capaz de mencionar o nome de qualquer médico envolvido nos “tratamentos”.

 

 

O porta-voz da Polícia confirmou que o “esquema era elaborado” e que inclua familiares que a levavam ao hospital, em Baltimore, para as alegadas sessões. Aos familiares era-lhes dito para esperarem na entrada, enquanto Brandi Lee passava horas no interior do edifício, não para ser assistida, mas apenas para tornar verosímil a sua versão.

 

 

O hospital desmentiu que o seu nome tenha feito parte de qualquer lista, o mesmo se passando com outros dois centros médicos de Baltimore, o que contribuiu para desmascarar a norte-americana.

 

 

Segundo o porta-voz da Polícia, quando Brandi Lee foi confrontada com os resultados da investigação, disse que não queria incriminar-se e invocou o “direito de ser defendida por um advogado.”

 

 

The Portugal Times/22/8/2015

 

 

 

 

Com o PS tremido, os seguristas já pensam no que fazer se o PS perder as eleições

 

A ala segurista anda sossegada por fora, mas inquieta-se a pensar no dia a seguir às eleições. As sondagens, presidenciais, Sócrates e os cartazes, os críticos já pensam no que fazer se o PS perder.

As sondagens mostram a coligação a aproximar-se, o PS pede desculpa pelos cartazes e divide-se nas presidenciais – e José Sócrates sai a público acusando a Justiça de o usar para derrotar o partido nas urnas.

 

 

Os sucessivos obstáculos (e maus indicadores) da pré-campanha estão a ser recebidos pela ala segurista do partido com um sentimento misto: entre o “eu bem avisei” tardio, o sentimento de desforra e a preocupação com o futuro.

 

 

Nos bastidores, durante as últimas semanas, os telefonemas multiplicaram-se e as perguntas sucederam-se sobre o que pode acontecer caso o cenário em que ninguém acreditava se torne realidade – uma derrota do PS. “A pergunta que todos vão fazer é o que vai fazer o Seguro”, dizia um amigo do ex-líder ao Observador.

 

 

Ninguém sabe responder à dúvida – Seguro está de férias e tem-se mantido no mais rigoroso silêncio desde que perdeu as primárias para Costa. Mas todos estão afinados num ponto: durante o próximo mês, se as sondagens persistirem no empate técnico, os que não estiveram com António Costa vão ter de fazer uma cuidadosa (e discreta) reflexão, para estarem preparados para o pós-eleições.

 

 

Até lá, vão pondo bem alta a pressão sobre António Costa. Esta quinta-feira, Miguel Laranjeiro – um dos mais fiéis seguristas – mostrou-o de forma clara num artigo que escreveu no Diário de Notícias: lembrou o capital de vitórias do partido nos últimos anos, das europeias às autárquicas, para explicar que “só é possível esperar uma vitória esmagadora do PS no próximo 4 de outubro”, dia das eleições.

 

 

Laranjeiro até diz acreditar que “estão criadas todas as condições para que isso suceda” e deixa o desafio ao líder: “António Costa é um secretário-geral com desafios importantes. Os socialistas devem estar concentrados nas legislativas. O país espera muito do PS”, conclui.

 

 

Nas conversas entre os seguristas não estará só um cenário de uma eventual derrota – que a maioria desta ala ainda considera uma hipótese remota. Depois da polémica em torno dos cartazes do PS, um membro da anterior direção socialista contava que é preciso pensar também como agir, consoante a forma de governo que Costa adotar se ganhar. E, mais ainda, sobre o posicionamento do grupo face às presidenciais que se aproximam.

 

 

Depois de Maria de Belém ter entrado na corrida esta semana, os seguristas mantiveram cautelas públicas, para não deixar que a candidata seja colada a um setor do PS. Mas não têm dúvidas que será ela a candidata que apoiam. Se Costa apoiar Sampaio da Nóvoa, a discussão nos órgãos nacionais do partido promete ser acesa – e a divisão no terreno vai ser visível aos olhos de todos. O até onde irá esta divisão, é pergunta que só terá resposta no resultado que Costa conseguirá nas legislativas.

 

 

No cenário de derrota, sem a resposta à pergunta sobre o ex-líder, uma coisa é dada como certa nos bastidores seguristas: o atual líder – ou quem se apresente no lugar dele – vai ter adversário. Nas próximas semanas, a vigilância será apertada.

 

 

 

AFP/Liliana Valente/David Dinis/OBS/22/8/2015