Padre Sousa Lara. O maior exorcista português era um menino da Linha e recusou um alto cargo na banca

Aprendeu com o exorcista oficial do Vaticano. Durante dez anos seguiu-o para toda a parte, em Roma. Desde 2008 faz exorcismos todas as sextas-feiras em Lamego e já lhe passaram pelas mãos mais de 200 casos graves, alguns enviados por psiquiatras.

 

 

 

Quando conseguiu encontrar-se com o exorcista oficial de Roma, encheu-se de coragem. “Não me pode ensinar?”, perguntou-lhe. O padre Gabriele Amorth, que é de poucas conversas, olhou-o com estranheza. “Ó rapaz, tu és seminarista. Para te ensinar terias de ser, no mínimo, diácono.” Duarte Sousa Lara, acabado de chegar para estudar Teologia na Universidade de Santa Croce, da Opus Dei, insistiu. “Posso então ir consigo ver um exorcismo?”

 

 

 
Amorth, o mais famoso exorcista do mundo e que atendia 12 casos graves por semana, consentiu. E foi assim que o seminarista se juntou ao grupo de leigos que o acompanhavam e apoiavam nas sessões de expulsão do demónio. Sousa Lara passou a segui-lo para toda a parte.

 

 

Sete anos depois, tornou-se padre e teve de pedir autorização ao bispo da diocese de Lamego – que o tinha mandado para Roma para se formar – para continuar a acompanhar o exorcista. O bispo concordou e, enquanto dava aulas na universidade e preparava a tese de doutoramento, ajudava Amorth nos exorcismos. Passaram dez anos juntos. “Ele simpatizou comigo, senão não me deixava ficar tanto tempo, mas a verdade é que não me dava muita conversa. Eu era um miúdo que estava ali.

 

 

De vez em quando, lá explicava uma coisa ou outra, do género ‘agora vamos ter um caso em que toda a família está mal’, e pouco mais”, recorda.

 

 

 

Em 2008, a diocese pediu-lhe que regressasse a Portugal para trabalhar em três paróquias, mas Sousa Lara queria mesmo era continuar a fazer exorcismos. O bispo aceitou nomeá-lo exorcista oficial da diocese, ainda que com uma condição: teria de assegurar, ao mesmo tempo, o trabalho nas três igrejas que lhe destinara inicialmente.

 

 

 

Nos últimos oito anos, o padre Sousa Lara atendeu, numa casa nas traseiras do Santuário de Lamego, mais de 200 possessões graves – casos em que foram precisas várias sessões de exorcismo. Desses, cerca de 150 já estão resolvidos e 60 continuam a dar trabalho. Todas as semanas recebe mais de 50 pedidos de ajuda, que chegam por carta e email, mas só atende os seis mais graves.

 

 

No entanto, ninguém fica sem resposta: há uma equipa de ajudantes que contacta todas as pessoas, se inteira dos casos, aconselha soluções e acompanha os progressos. A maioria dos problemas, garante o exorcista, ficam resolvidos com uma simples confissão, idas à missa, comunhão e orações diárias.

 

 

Padre Sousa Lara - O maior exorcista português2
Todas as semanas, Duarte Sousa Lara recebe mais de 50 pedidos de ajuda, por carta e email.

 

 

 
Já os casos graves precisam, sobretudo, de paciência. “Há situações que demoram anos a resolver, mesmo com várias sessões e missas diárias.” Entre cada exorcismo, é preciso fazer trabalho de casa: “Confissão uma vez por mês, comunhão e missa diárias, terço e oração de libertação também todos os dias. Isto é o mínimo que se tem de fazer entre cada sessão e, se as pessoas não cumprirem isto, não continuo os exorcismos”, avisa.

 

 

 
Quase todas as pessoas que lhe escrevem, desesperadas e com sintomas estranhos, são católicas não praticantes. E a maioria andou em bruxos, adivinhos e videntes. Outras foram vítimas de bruxarias. Para perceber a origem dos distúrbios, o exorcista começa por conversar com os exorcizados. Há quanto tempo começaram os sintomas? Alguma coisa mudou, nessa altura? As respostas não costumam variar: “As pessoas recuam no tempo e percebem que ou se zangaram com alguém ou mudaram de emprego, e isso suscitou inveja, ou se casaram contra a vontade de um sogro ou de uma sogra e, pelo meio, apareceu um sapo com a boca cozida à porta de casa. Ouço destas histórias às dezenas.”

 

 

 

Os sintomas da possessão Sousa Lara trabalha de perto com um psiquiatra e um psicólogo, com quem discute os casos. E que lhe enviam pacientes que não conseguem tratar. “Pessoas que, mesmo debaixo de medicação fortíssima, continuam a desmaiar ou a ter distúrbios muito graves”, conta. Com o avançar das sessões, os sintomas começam a desaparecer porque o demónio vai enfraquecendo, até decidir ir-se embora.

 

 

 

Os sintomas da influência e da possessão diabólica são, por vezes, difíceis de identificar: distúrbios fisiológicos e psicológicos que a medicina não consegue explicar. Muitas vezes, os possessos começam a adivinhar coisas, falam em línguas estranhas, desmaiam sem ter doenças diagnosticadas, têm alucinações. O demónio, conta Sousa Lara, “age muito sobre os sentidos”. São comuns os casos de pessoas que ouvem estalos e barulhos de noite, vêem vultos, sentem cheiros anormais e têm dores de cabeça persistentes e incapacitantes que não passam com nenhum tipo de medicação. Depois, há os distúrbios ligados à casa: ouvir o som de torneiras abertas sem que haja água a correr, electrodomésticos que se ligam e desligam sozinhos.

 

 

 
Atende os graves, mas ninguém fica sem resposta. A confissão resolve a maioria dos casos.

 

 

 

Nos casos mais graves, os exorcizados entram em transe e não se recordam de nada do que aconteceu ou do que disseram nas sessões. Há quem precise de ser amarrado (Sousa Lara tem uma cama de hospital para as situações mais delicadas) e que, mesmo assim, tenha de ser segurado por várias pessoas. “Ganham uma força inexplicável”, descreve. No exorcismo, é o diabo quem fala pela pessoa. Grita, ameaça, cospe, morde, goza. “Alguns até cantam.”

 

 

 
Há oito anos, quando começou a fazer os exorcismos, as freiras que vivem na parte de cima do edifício queixaram-se. Aquilo não podia continuar: todos os dias, um aparelho eléctrico diferente rebentava: ora era o microondas, ora a máquina de lavar. Até que o quadro eléctrico da casa pura e simplesmente ardeu. “Fui lá, rezei com elas e nunca mais voltou a haver problemas”, conta o exorcista.

 

 

 
Sousa Lara garante, aliás, que nunca teve questões de maior com o diabo. “O demónio é como aqueles cães muito pequeninos que ladram muito, mas depois fogem a correr”, garante. Uma vez, num exorcismo, foi ameaçado de morte: “Vou-te fazer cair da mota”, disse-lhe o demónio. Ignorou-o completamente e continuou a andar à vontade pelos montes em redor de Lamego: “Continuei a cair, como já tinha caído antes.” Nenhum católico praticante deve, aliás, ter medo. “O demónio tem muito receio das pessoas que andam com Deus”, garante o exorcista. Talvez por isso, Sousa Lara nunca passou por nenhum episódio digno de filme de terror fora dos exorcismos. “É muito cansativo. Isto suga, consome muitíssimo, como se fosse um desporto violento.”

 

 

 
De beto da Linha a padre Duarte Sousa Lara está prestes a fazer 40 anos e, até aos 20 e poucos, nunca tinha pensado em ser padre. Muito menos imaginava tornar-se exorcista. Era um menino da Linha de Cascais e o mais velho de cinco irmãos de uma família rica. Cresceu no Estoril, ao pé da praia, e quando acabou o curso de Gestão na Universidade Católica, o pai arranjou-lhe um lugar na administração de um grande banco. Por essa altura, pensava casar, queria ter dez filhos e comprar uma quinta com uma pista de motocrosse.

 

 

 

 

Nas férias entretinha-se com o bodyboard no Guincho, as namoradas e as motas. E enquanto os irmãos iam para acampamentos católicos, ele fazia-se à estrada rumo ao Alentejo, onde uns tios tinham um monte.

 

 

 

Desmontava peças da mota, voltava a montá-las, participava em provas de todo-o–terreno e não perdia uma edição da Baja Portalegre. Aos 19 anos, a irmã perguntou-lhe se queria ser animador num acampamento na zona de Santarém. Eram 60 miúdos, com idades entre os 14 e os 16, 15 monitores pouco mais velhos e católicos “à séria”, um padre e alguns casais.

 

 

Ele também ia à missa todos os domingos, mas os outros tinham uma caminhada “mais forte”: estavam, por exemplo, ligados a movimentos da Igreja. “Percebi que havia pessoas da minha idade para quem a fé era uma coisa muito importante.” Gostou da ideia e até com o padre – que foi de mota para o acampamento – simpatizou. Mas o clique deu-se em Fátima, visita obrigatória no acampamento.

 

 

 

A mensagem mariana mexeu com ele: o céu existe, o inferno também, é preciso rezar, muita gente vai para o inferno porque ninguém faz nada e a coisa não está famosa.

 

 

 

 

A partir desse Verão, começou a rezar o terço e a ir à missa todos os dias e passou por vários movimentos católicos. Meteu na cabeça que havia de ser santo, mas um santo moderno: havia de casar, ter os dez filhos e comprar a quinta com a pista de motocrosse. Sempre que ganhasse uma prova nas motas – o sonho era aparecer na revista favorita, a “Motojornal” –, falaria ao mundo sobre as coisas de Deus. Seria, portanto, um santo de mota que bebia Coca-Cola, comia gelados Santini e ia à praia do Guincho.

 

 

 

Ainda hoje pensa assim: “As pessoas têm uma imagem da santidade um bocado deformada. Pensa-se que ser santo é fazer penitência e rezar muitas horas, mas ser-se santo é amar em tudo o que se faz, a única coisa incompatível com o amor é o pecado. Quem ama não mata, não rouba, não mente. Tudo aquilo que é honesto é matéria–prima para me santificar e eu percebi que Deus precisava e precisa de santos normais no meio do mundo.”

 

 

 

O projecto de vida estava desenhado. Só não contava com o chamamento para o sacerdócio. “Fiquei muito triste quando senti a necessidade desse caminho porque, se eu fosse para padre, não poderia fazer nada do que tinha planeado para a minha vida. Quem é que iria ser santo a ganhar provas de mota? Quem iria ser santo a comer pastéis de Belém e a ir para o Guincho? Eu tinha construído um plano que achava perfeito.”

 

 

 
Nessa altura, estava a meio do curso de Gestão na Católica e começou a perder horas de sono, até porque a pressão intensificava-se. Quando abria a Bíblia ao acaso, calhava-lhe sempre a passagem do jovem rico – a história, repetida em três evangelhos, do rapaz rico que pergunta o que é preciso para ir para o céu. “Cumprir os mandamentos”, responde-lhe Jesus. “Mas isso eu já faço.” Jesus manda-o, então, desfazer-se todos os bens e segui-lo. Aquilo era um sinal: Duarte Sousa Lara era o jovem rico, mas dos tempos modernos.

 

 

 
Duarte Sousa Lara tem fama de austero e acorda todos os dias às seis da manhã. Meia hora depois, já está a rezar. Todos os dias reza quatro terços e celebra missa.

 

 

 

 

Decidiu que, quando acabasse o curso, experimentaria o seminário durante um ano. Com a esperança e a certeza de que não daria certo. Mas, assim, ficava de consciência tranquila. “Ninguém me podia culpar por não ter tentado: ia para o seminário, eles percebiam que eu não tinha jeito para aquilo, mandavam–me para casa e ficava tudo bem.” À medida que o curso ia chegando ao fim, a vontade de ser padre aumentou e, antes de embarcar para São Paulo, no Brasil, para estagiar num grande banco, já sabia que a carreira não passava por aquilo.

 

 

 

Num dia de anos, véspera de terminar a licenciatura, juntou a família. Na festa, antes de apagar as velas, fez o anúncio: “Amanhã acabo o curso e a seguir vou para o seminário.” O pai respondeu logo que não era nada que não se estivesse já a adivinhar, mas não gostou da ideia. Tinha outros projectos para o filho mais velho e arranjara-lhe até um lugar na administração de um grande banco.

 

 

 
Não demorou muito tempo até que Sousa Lara embarcasse num avião com destino a Roma: não queria estudar teologia em Portugal, porque achava que muitos professores não ensinavam o catecismo católico como ele realmente é. Como bom gestor, foi a Itália fazer um “estudo de mercado” sobre as universidades que havia. Enviado pela diocese de Lamego, acabou na Santa Croce, a universidade da Opus Dei. E um semestre depois de acabar o curso, já estava a dar aulas, ao mesmo tempo que acabava o doutoramento.

 

 

 

Cartas de um exorcista Três vezes por ano, nas férias da Páscoa, do Natal e no Verão, voltava a Lamego. Sempre que encontrava um caso de perturbação diabólica, tentava resolver o problema, mas o bispo tinha de autorizar os exorcismos um a um, porque Sousa Lara só tinha permissão para exorcizar em Roma. A 20 de Março de 2008, e pouco tempo depois de regressar definitivamente a Portugal, foi nomeado exorcista oficial da diocese de Lamego. Desde então, tem autonomia para fazer os rituais.

 

 

 

Os pedidos de socorro foram aumentando ao longo dos anos e Lamego passou a receber cada vez mais pessoas desesperadas e vindas de todas as partes do país. Sousa Lara ainda tentou tratar do assunto como mandam as regras: “Com a autorização do meu bispo, escrevia cartas aos bispos das dioceses das pessoas.

 

 

 
Explicava que estavam mal, que precisavam de ajuda e perguntava se seria possível que um padre as acompanhasse, de maneira a não terem de fazer tantos quilómetros até Lamego.” Alguns bispos lidaram mal com o pedido. Houve quem lhe escrevesse de volta a dizer que estava enganado e que as pessoas não precisavam de acompanhamento nenhum. Outros foram-se mesmo queixar ao bispo de Lamego. “Um dia, o meu bispo chamou-me e disse-me: ‘Não escrevas mais directamente aos bispos. Manda as cartas para mim, que eu depois entrego-as.’”

 

 

 

Apesar de a Igreja Católica continuar a defender, no catecismo, que o inferno e o demónio existem e que a oração do exorcismo é eficaz, muitos padres, especialmente os mais jovens, não acreditam. Por isso, há quem olhe para ele como se fosse um lunático – apesar de o Papa Francisco ter chamado a atenção, nos últimos dois anos, para a importância do combate ao demónio. Apesar de tudo, também houve reacções positivas por parte do clero português. Um bispo, depois de receber uma das cartas, decidiu nomear um exorcista oficial para a sua diocese.

 

 

 

A luta contra o demónio Os três exorcistas da Igreja portuguesa não têm mãos para tantos casos. E, em Lamego, o excesso de trabalho obriga a uma agenda disciplinada e planeada ao minuto. “Tento ter uma vida equilibrada. À segunda é o meu dia de retiro, à terça estudo para poder pregar, à quarta é o dia do correio e de ler os novos pedidos de ajuda, à quinta faço direcção espiritual e confissões e às sextas são os exorcismos”, conta Sousa Lara.

 

 

 

Tem fama de austero e acorda todos os dias às seis da manhã. Meia hora depois, já está a rezar. A oração dura até às oito da manhã. Antes do almoço, já está outra vez a rezar o terço – todos os dias reza um rosário (quatro terços). Ao final do dia celebra uma missa e reza as vésperas e, a seguir ao jantar, volta a rezar. Pelo meio, trabalha. A rotina é muito diferente da de alguns padres católicos, que não rezam tanto quanto deveriam. “O nosso equilíbrio espiritual está muito ligado à oração, que é fundamental para a união com Deus. É como num namoro: se dois namorados não se encontram e não falam, a relação não pode ter grande futuro”, explica.

 

 

 
Também ao contrário de muitos padres, Sousa Lara faz questão de andar sempre de batina preta – só a despe para dormir e andar de mota. “As pessoas não sabem, mas é obrigatório os padres andarem sempre identificados. O sacerdócio é um ministério público e temos de estar prontos e disponíveis para receber qualquer pessoa que precise de um padre, a qualquer hora e em qualquer lugar.” Culpa da batina, já confessou pessoas em todo o tipo de sítios. Até no aeroporto, enquanto esperava pelas malas. Até podia andar só com o cabeção, como a esmagadora maioria dos colegas, mas gosta de citar um amigo que uma vez lhe disse, em Roma: “Gosto que se veja à distância que sou padre.”

 

 

 

Com o sacerdócio e os exorcismos, a quinta, a pista de motocrosse, o casamento e os dez filhos ficaram para trás. Já depois de ser padre, aconteceu-lhe uma espécie de milagre: ganhou a Baja de Portalegre e apareceu em dois números da “Motojornal”, na capa. Falou de Deus, como tinha sonhado em miúdo.

 

 

 

 

Ricardo Castelo
Rosa Ramos

 

Jornal i

 

16/05/2015

 

 

 

 

Vade retro. O demónio, os malefícios e os exorcismos explicados em vinte perguntas e respostas

Em 1965, o Concílio do Vaticano II reafirmou a existência do demónio.

 

 

 

A encíclica “Guadium et Spes” é clara: “Um duro combate contra os poderes das trevas atravessa, com efeito, toda a história humana. Começou no princípio do mundo e durará até ao último dia”. Os demónios são anjos. Maus, claro, porque escolheram revoltar-se contra Deus. O mal tem menos poder que o bem (se Deus quisesse podia acabar com o demónio) e os diabos divertem-se a fazer cair os homens em tentação e no pecado. Tudo o que querem é ganhar almas para a sua causa de rebelião contra Deus. Para a Igreja, e apesar de alguns padres não acreditarem, o exorcismo é a oração mais eficaz contra o demónio. Deve ser rezada por um padre nomeado exorcista pelo bispo e só depois de descartadas explicações científicas e médicas para os comportamento anómalos.

 

 

 
1. O que é um exorcismo?

 

 
Um rito em que um padre, nomeado canonicamente pelo bispo, expulsa demónios de uma pessoa possessa através de uma oração litúrgica.

 

 

2. Qualquer pessoa pode pedir para ser exorcizada?

 

 

Caso haja a suspeita de que uma pessoa possa estar sob influência do demoníaca, o caso deve ser, segundo as regras da Igreja Católica, comunicado ao padre da paróquia. Compete-lhe ouvir o problema e tentar perceber se os comportamentos atribuídos à pessoa podem ser de ordem médica ou psiquiátrica. Se a medicina não conseguir explicar os fenómenos, confirma-se a hipótese da influência demoníaca e faz-se o exorcismo, com a autorização do bispo da diocese do fiel.

 

 
3. Quem pode exorcizar?

 

 
Em teoria, qualquer sacerdote poderá fazê-lo. Porém, o exorcismo será tão mais eficaz quanto mais santo e virtuoso for o padre. Além disso, na prática só os sacerdotes nomeados canonicamente pelos bispos para fazerem exorcismos é que podem actuar. Qualquer sacerdote – e até qualquer cristão – pode, no entanto, rezar a Oração de Libertação que, ajudando a expulsar o mal, não é um exorcismo.

 

 
4. O que é, então, a oração de Libertação?

 

 

 

Uma oração capaz de quebrar a influência do demónio. Pode ser feita por um sacerdote, por um grupo de leigos ou mesmo por qualquer cristão baptizado. Enquanto que o exorcismo serve para esconjurar o demónio, a oração de libertação é uma prece dirigida a Deus.

 

 

 

5. Como se faz um exorcismo?

 

 

 

Antes de tudo, a pessoa que estiver sob a influência do demónio deverá confessar-se, porque a Igreja considera que se trata de um sacramento que liberta do pecado. No exorcismo propriamente dito, o padre começa por invocar a ajuda de Deus para si próprio. Depois, benze água e sal, mistura-os e asperge o exorcizado. De seguida, há um momento de perdão dos pecados. Reza-se uma oração chamada Ladainha de Todos os Santos e recita-se o salmo 90. Lê-se o Evangelho e, depois, o sacerdote impõe as mãos sobre o exorcizado. Reza-se o Credo e um Pai-Nosso. De seguida, o exorcista mostra um crucifixo ao exorcizado, com o qual lhe faz o Sinal da Cruz. Depois, sopra na cara da pessoa, ordenando o afastamento do demónio. Só então é lida a oração do exorcismo, que tem duas partes: uma, a depreciativa, de invocação a Deus; outra, a imperativa, de expulsão de demónio. Depois reza-se uma acção de graças e dá-se a bênção final.

 

 

 

6. Ocorrem manifestações violentas durante os exorcismos, como nos filmes?

 

 

 
O padre Sousa Lara, exorcista de Lamego, explica que, nos casos mais complicados, há situações parecidas com as que se vêem no cinema, embora nos filmes os fenómenos sejam “exagerados”. Há casos em que os exorcizados ganham uma força sobrenatural tão grande que precisam de ser amarrados e agarrados por várias pessoas. O exorcizado de um caso grave entra sempre em transe e não se recorda de nada. Durante o exorcismo, fala. Mas é o demónio quem está a falar. É também comum que os exorcizados vomitem, gritem, falem línguas estranhas ou tenham convulsões. Ao contrário do que acontece nos filmes, os padres não perdem muito tempo a falar com os demónios. “O mais importante e o que se tenta fazer, é conseguir ler a oração até ao fim”, explica Sousa Lara.

 

 
7. Quais são as causas da possessão diabólica?

 

 
Há várias causas, sendo que a Igreja defende que os fiéis que sejam praticantes, se confessem e andem “na graça de Deus” não serão afectados. Celebrar um pacto com o demónio, assistir a sessões espíritas, a cultos satânicos ou ritos esotéricos, ser vítima de malefícios (magia negra) ou ter sido oferecido pela própria mãe a Satanás são as razões mais comuns que podem conduzir à possessão. Porém, o padre Sousa Lara garante que a esmagadora maioria dos distúrbios são causados pelo recurso cada vez maior a formas de adivinhação – tarô, astrologia, videntes, etc. – e a práticas de magia branca ou negra (sejam bruxarias para fazer mal a outras pessoas ou rituais para fazer bem).

 

 
8. Que sinais podem indicar a presença de distúrbios diabólicos?

 

 
Dependendo do grau de influência do demónio na pessoa, os sintomas vão variando – desde sensações ligeiras e dores de cabeça a casos de possessão completa. Falar línguas desconhecidas, manifestar uma força fora do normal e ter aversão a coisas sagradas (não conseguir, por exemplo, entrar numa igreja) são sinais comuns nos casos graves. Ver, ouvir, sentir, cheirar e imaginar coisas inexplicáveis à luz das ciências psicológicas também são sintomas: o demónio age, com facilidade, sobre os sentidos. Ter sintomas que a medicina não consegue explicar – como desmaiar e não ter qualquer doença –, encontrar bruxarias à porta de casa, ver objectos a mexer-se sozinhos ou electrodomésticos que se ligam e desligam de repente ou qualquer outra manifestação inexplicável à luz da ciência e da medicina são sinais de alerta.

 

 

 
9. Todos estes casos precisam de exorcismos?

 

 

Não. O padre Sousa Lara explica que só cerca de 10% dos casos que lhe chegam precisam realmente de exorcismos. A maioria das situações melhoram com a confissão, a ida à missa, a comunhão frequente e a oração contínua. Também há casos que se resolvem com a Oração de Libertação, sem que seja necessário partir para o rito do exorcismo.

 

 

 

Além disso, o exorcista espanhol José Fortea explica, no livro “Tratado de demonologia e manual de exorcistas” que é preciso distinguir a possessão diabólica (situações em que um demónio possui o corpo de uma pessoa) de influência diabólica (casos em que o demónio não chega a possuir o corpo da pessoa, mas em que ainda assim lhe consegue causar danos: doenças, sensações no corpo e algum controlo da mente, através de pensamentos estranhos).

 

 

 

Há ainda outro fenómeno, chamado “circumdatio”, em que o demónio “assedia” continuadamente a pessoa. Nestes casos, explica o padre espanhol, é comum a pessoa ver objectos a moverem-se sozinhos, ouvir ruídos, sentir cheiros, ter pesadelos e visões.

 

 

 
10. Como se pode afastaro demónio, segundoa igreja?

 

 
Para a Igreja, basta viver na graça de Deus, praticar o bem, ir à missa, comungar, confessar-se e rezar o terço todos os dias. Pode recorrer-se, para autoprotecção, a objectos sagrados benzidos (como crucifixos), peregrinar até lugares sagrados e rezar-se a Oração de Libertação.

 

 
11. Um não católico pode ser exorcizado?

 

 
Sim. Os não baptizados e baptizados noutras confissões religiosas podem ser exorcizados. Aos que pertencem a confissão monoteísta – como muçulmanos e judeus – não é necessário que abandonem a sua religião. Basta que tenham fé num único Deus verdadeiro. Já os que professem uma religião politeísta deverão abandonar a sua crença em vários deuses que, para a Igreja, é falsa.

 

 

12. Há exorcismos fora da igreja católica?

 

 
Sim, há exorcismo nas várias confissões cristãs. Nos ramos ortodoxos, os exorcismos são até muito parecidos com o ritual católico.

 

 

 

13. É verdade que o demónio conta os pecados das pessoas presentes no exorcismo, incluindo os do padre?

 

 
O padre José Fortea, exorcista espanhol, diz que não, embora admita que os demónios ameaçam muitas vezes fazê-lo e, em alguns casos, inventam até pecados. O padre Sousa Lara confirma que o demónio faz ameaças para incutir o medo, mas que aquilo que diz durante os exorcismos nunca é verdadeiro.

 

 

 

14. Porque é que alguns católicos, incluindo padres, não acreditam no demónio?

 

 

 

Importa explicar que a Igreja Católica continua a defender, como há dois mil anos, que o demónio e o inferno existem e que o exorcismo é eficaz. O que aconteceu, sobretudo a partir da primeira metade do século xx, é que algumas correntes da Teologia começaram a defender um racionalismo maior. Os padres deixaram de fazer tantos exorcismos e, com o avanço da medicina, a acreditar que os distúrbios diabólicos podem ser de origem psicológica. E o padre Sousa Lara concorda que muitos são. O problema é que, diz, “passou-se do oito ao 80” e o racionalismo tornou-se excessivo nas últimas décadas. A maioria dos seminários aboliu as cadeiras de Demonologia (estudo dos demónios). Seja como for, não é compatível ser-se padre e não acreditar no diabo e no inferno – uma vez que a Igreja defende a sua existência.

 

 

 

15. Uma das causas da possessão diabólica é o recurso a práticas de adivinhação. isso significa, então, que um católico não pode recorrer à astrologia ou magia?

 

 
É verdade. Um católico não deve, nem pode, recorrer a qualquer forma de adivinhação. A Bíblia condena essas práticas em várias passagens e o exorcista Sousa Lara avisa que toda e qualquer adivinhação tem por detrás uma ligação ao demónio. O mesmo se aplica ao ioga, ao tarô e ao reiki. A magia, mesmo que seja branca – para fazer o bem a alguém ou atrair coisas boas –, pressupõe também pactos com o diabo. Por vezes, as pessoas que recorrem a essas práticas não sabem, porque o fazem através de bruxos, videntes ou médiuns que até usam imagens de Cristo.

 

 
16. Porque Deus não destrói os demónios?

 

 

 

Se Deus quiser, pode fazê-lo, porque é mais poderoso. O demónio (anjo mau) é uma criação divina, goza do dom da existência e usou do seu livre arbítrio (que o Homem também tem) para escolher revoltar-se contra Deus e o bem. Deus permite a sua acção maléfica e as tentações porque assim poderá pôr à prova a fé dos homens.

 

 

 
17. Os exorcistas devem temer a vingança do demónio?

 

 

 

O padre que se dedica a este ministério deve rezar o rosário (quatro terços) todos os dias e pedir protecção a Deus contra as investidas do demónio. Se o poder de Deus é infinito e o do demónio não, nada há a temer, diz a Igreja. Basta só andar na graça de Deus e ser um bom católico para o afastar.

 

 

 

18. O que faz com que um demónio saia de um corpo num exorcismo?

 

 
Há três causas que levam o demónio a abandonar um corpo. A primeira está na sua vontade em sair, algo que acontece com os demónios mais fracos. Para estes diabos, as orações e os rituais sagrados são torturas tão profundas que rapidamente atingem o limite do sofrimento. A segunda causa é a persistência do exorcista, no caso de demónios mais fortes. E depois há o poder da oração, que debilita gradualmente o demónio, forçando a sua saída, embora o processo seja mais demorado. Se Deus quiser, a qualquer momento e sem que nada seja necessário, a pessoa pode ser curada.

 

 

 
19. O que é um demónio?

 

 
Um anjo condenado eternamente. Não tem corpo e a sua existência assume um carácter inteiramente espiritual. Segundo a Igreja, os anjos maus não foram criados maus. Tornaram-se malévolos por que o escolheram ser e quando foram submetidos a uma prova divina. Os que desobedeceram transformaram-se em demónios. Há, assim, uma luta constante entre o bem e o mal, lá em cima e cá em baixo, na terra.

 

 

 
20. Quantos nomes tem o demónio?

 

 

 

O demónio é conhecido, segundo a Igreja, por dez nomes. Satã ou Satanás, no Antigo Testamento, é o mais poderoso e inteligente dos demónios que se rebelaram contra Deus. Diabo é como chama o Novo Testamento a Satã. Embora seja frequente usar as palavras “diabo” e “demónio” como sinónimo, a Bíblia distingue-os. O diabo é o mais poderoso, o “tentador”, a “serpente”, o “maligno”.

 

 
Belzebu é usado como sinónimo de diabo e significa “senhor das moscas”. Lilit surge na tradição judaica como um ser demoníaco e, na mitologia mesopotâmica, é um génio com cabeça e corpo de mulher, mas asas e patas de pássaro. Asmodeu é um termo que procede do persa “aesma daeva”, que significa “espírito de cólera”. Sátiro significa “peludo” ou “bode” e deriva do hebraico “sa’ir”. Já “demónio” vem do grego “daimon” e quer dizer “génio”. Na mitologia greco-romana, os demónios não eram forçosamente uma entidade maléfica, mas no Novo Testamento surgem sempre associado a seres malignos. Belial, que significa “senhor” e “Apolion” (“destruidor”) são outros nomes. Por fim, há Lúcifer, que significa “estrela da manhã” e que alguns demonologistas acreditam ser o segundo demónio mais importante na hierarquia demoníaca.

 

 

 

 
Rosa Ramos

 

 

Jornal i

 

 

 

16/05/2015

 

 

 

 

 

Exorcismos. Casos de possesão demoníaca estão a aumentar

O Juízo Final, tríptico de Hans Memling (1467-1471)

 

 

 

O diabo foi banido da pregação da Igreja nas últimas décadas, mas o assunto voltou em força.

 

 
A culpa é do crescente paganismo e do aumento das práticas ligadas à magia e ao esoterismo. “Há cada vez mais casos de possessão demoníaca”, avisa o padre Duarte Sousa Lara, exorcista da diocese de Lamego. O alerta não é novo. Se, nas últimas décadas, o diabo foi banido das pregações da Igreja, o assunto volta, agora, em força.

 

 
Há menos de um ano, o cardeal Rouco Varela, arcebispo de Madrid e presidente da Conferência Episcopal Espanhola, nomeou, de uma assentada só, oito exorcistas para a diocese de Madrid – numa decisão sem precedentes na história da Igreja em Espanha. As nomeações, explicou, foram motivadas pela “enorme avalancha de pedidos de ajuda relacionados com influências malignas”. Por cá, existem apenas três exorcistas, nas dioceses de Santarém, Lamego e Viseu.

 

 
O Papa Francisco também ajudou a recuperar o tema. Só nas primeiras 48h de pontificado, desafiou o inimigo número um da Igreja Católica por duas vezes. A 14 de Março de 2013, na Capela Sistina, citou o escritor francês Léon Bloy: “Quem não reza ao senhor, reza ao Diabo.” E acrescentou: “Quando não se confessa Jesus, confessa-se o mundanismo do Diabo.” No dia seguinte, voltou à carga e deixou um aviso aos cardeais: “Não cedamos ao pessimismo e à amargura que o Diabo oferece.”A batalha não ficou por aí. Poucos dias depois, Francisco voltou a lembrar o Demónio, num discurso aos jovens. “E nestes momentos vem o inimigo, vem o Diabo, muitas vezes disfarçado de anjo e insidiosamente nos diz a sua palavra. Não o escuteis”.

 

 
Mesmo assim, o Papa que mais vezes falou do demónio foi João Paulo II, embora a expressão mais célebre na história da relação entre o Vaticano e o Diabo pertença a Paulo VI que, em Junho 1972, chocou a imprensa internacional. “Tenho a sensação de que o fumo de Satanás entrou no templo de Deus através de alguma fenda”, disse, referindo-se à crise da Igreja, saída do Concílio Vaticano II, e à perda de influência no mundo moderno. A tirada irritou a ala progressista da Igreja, que o acusou de voltar à Idade Média.

 

 

 

 

A verdade é que, apesar de o catecismo da Igreja Católica continuar a defender que o inferno e o demónio existem e que o rito do exorcismo é eficaz, muitos padres, especialmente os mais jovens, não acreditam. A partir da década de 1960, os seminários do mundo inteiro foram banindo as cadeiras de Demonologia. O fenómeno é explicado pela força que as correntes de Teologia mais racionalistas foram ganhando a partir da primeira metade do século XX.

 

 
E se, até essa altura, a Igreja exorcizava demais – até porque a Medicina não estava tão avançada no campo da Neurologia e da Psiquiatria –, agora exorciza de menos. “Passou-se do oito ao 80”, critica Sousa Lara. A braços com a falta de exorcistas e com a falta de fé dos próprios padres, a Igreja tem agora de enfrentar uma sociedade pagã e de resgatar cada vez mais católicos não praticantes com sinais de influência diabólica.

 

 
“As pessoas recorrem em massa a videntes, bruxos, tarô, terreiros, astrologia, reiki e ioga e, sem o saberem, estão a abrir portas do mundo espiritual para a entrada do demónio”, avisa o exorcista de Lamego. Sousa Lara garante que a prova de que para o demónio se afastar basta viver “na graça de Deus” é o facto de, entre os mais de 200 casos graves que atendeu nos últimos anos, nenhum envolver católicos praticantes. “São pessoas que deixaram de praticar e de viver de acordo com o que Deus quer”.

 

 

 

Neste especial, explicamos o essencial sobre o rito mais controverso da Igreja Católica e conta a história de Aldina, uma mulher de sucesso que precisou de seis exorcismos. Falamos também do padre Sousa Lara, o maior exorcista português, que acompanhou Gabriele Amorth, o exorcista do Vaticano, durante 10 anos.

 

 

 

Rosa Ramos

 

Jornal i

 

16/05/2015

 

 

Sessão de esclarecimento sobre a Vespa do Castanheiro

O Município de Alijó e a Aflodounorte promoveram uma sessão de esclarecimento, no dia 13 de maio, no salão nobre do Município, sobre a vespa das galhas do castanheiro.

 

 
Trata-se de uma espécie invasora que chegou a Portugal através da comercialização de planta novas e já foi detectada no Minho, Trás-os-Montes e no Alto Douro.

 

 

Este insecto ataca soutos de todas as idades, induzindo a formação de galhas nos gomos e folhas, provocando a redução do crescimento dos ramos e a frutificação, podendo diminuir drásticamente a produção e a qualidade da castanha e conduzir ao declínio dos castanheiros.

 

 

De momento o combate a esta praga só é possível através de luta biológica, com a introdução de outra espécie de vespa que se alimenta da vespa do castanheiro. Os produtores de castanha que detectarem nos seus soutos esta praga devem entrar imediatamente em contacto com os Serviços Regionais de Agricultura ou com a Câmara Municipal de Alijó.

 

 
The Portugal Times

 

15/05/2015

 

 

 

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sanfins do Douro comemorou 124 anos

Em cima, o Presidente da AHBVSD.

 

 

 

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sanfins do Douro (AHBVSD) comemorou nos dias 9 e 10 de maio, 124 anos de existência. O programa de comemorações foi vasto e animado.

 

 

No dia 9 de maio teve lugar um simulacro de desencarceramento, seguido de uma prova denominada Bombeiro de Ferro. Este dia terminou com um baile.

 

 

 

O dia 10 começou com o hastear da bandeira seguido da tradicional colocação de coroa de flores no monumento do bombeiro em homenagem aos bombeiros falecidos e missa.

 

 

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sanfins do Douro-1

 

Este dia contou ainda com a promoção de quatro elementos do corpo ativo, na categoria de bombeiros de 3.ª, bem como a tomada de posse do novo 2.º Comandante.

 

 

Antes do almoço convívio, teve lugar um desfile dos veículos que compõem o parque automóvel da AHBVSD.

 

 

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sanfins do Douro-3
 

Estiveram presentes nesta comemoração o Presidente da Câmara Municipal de Alijó, o Presidente da AHBVSD, o Agrupamento de Escuteiros 949 de Sanfins do Douro e a Comissão de Festas em Honra de N.ª Sr.ª da Piedade.

 

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sanfins do Douro-2

 

O Presidente da Associação disse que estão já a pensar nas comemorações dos 125 anos da AHBVSD, contando com a união de todas as Associações existentes em Sanfins do Douro para que as coletividades ali existentes continuem a prestar o melhor serviço à sua comunidade.

 

 

Carlos Jorge Magalhães congratulou-se com os 124 anos de existência desta Associação, uma das mais antigas do Município, formada por um corpo ativo jovem e com boas perspetivas para o futuro.

 

 

O dia terminou com tocadores de concertina, uma atividade promovida pela Comissão de Festas.

 

 

 

 

The Portugal Times

 

15/05/2015

 

 

 

 

E agora Reino Unido? Cinco desafios para o futuro imediato

David Cameron tem mais cinco anos pela frente em Downing Street.

 

 
Foram as eleições da confirmação de Cameron e do fim de Miliband. Nas sondagens, pede-se desculpa pelas previsões erradas. Uma coisa é certa: em 2017, o Reino Unido vai referendar a permanência na UE.

 

 
O Reino Unido foi claro na sua escolha: quer continuar a ser governado pelo Partido Conservador. E, desta vez, em maioria absoluta. O maior derrotado da noite eleitoral foi Ed Miliband, do Partido Trabalhista. Quem também não esteve bem foram as sondagens: todas apontavam para uma eleição renhida, mas os resultados ditaram tudo menos isso. No final de contas, David Cameron será primeiro-ministro até 2020. Pelo meio, nos últimos meses de 2017, haverá um referendo à permanência do Reino Unido na União Europeia.

 

 
Agora que os votos estão mais do que contados, destacamos cinco pontos essenciais destas eleições.

 

 

 
DAVID CAMERON MAIS PERTO DE THATCHER E CHURCHILL

 

 
David Cameron disse que “esta foi a vitória mais doce de sempre”. Não é para menos. Desde Margaret Thatcher (no poder entre 1979 e 1990) que um primeiro-ministro conservador não conseguia ser reeleito. E, tal como a dama de ferro, Cameron parte para o seu segundo mandato com uma maioria absoluta.

 

 
Em relação ao Partido Conservador, Cameron é o líder que está na cúpula dos tories há mais tempo desde Margaret Thatcher. Cameron já conta dez anos a comandá-los, enquanto Thatcher só parou aos 15. Caso se mantenha no poder até ao final deste mandato, em 2020, Cameron irá atingir essa marca. Nessa altura, além de igualar Thatcher, estará ao mesmo nível do mais ilustre dos conservadores britânicos: Winston Churchill.

 

 
Os conservadores preparam-se agora para formar um governo exclusivamente composto por membros das suas fileiras. Para já, confirma-se George Osborne enquanto ministro das Finanças, cargo que já tinha ocupado e que agora acumula com o de Primeiro Secretário do Estado, isto é, será o número 2 do novo Executivo. Além de Osborne, também há três ministros (Defesa, Negócios Estrangeiros e Administração Internet) que serão reconduzidos, anunciou hoje Cameron na sua conta de Twitter.

 

 
A ESCÓCIA PINTADA DE AMARELO DOS PÉS À CABEÇA

 

 

Se servir de consolo às empresas de sondagens (cujo falhanço a nível nacional abordamos mais abaixo neste artigo), os resultados finais na Escócia foram, de facto, aquilo que os estudos de opinião previram: uma mudança total do panorama político escocês.

 

 

 

Os números falam por si. Em 2010, os trabalhistas arrecadaram 41 dos 59 deputados reservados para a Escócia na Câmara dos Comuns. Nessa altura, o Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla inglesa) conseguiu apenas seis. Em 2015, os números são completamente diferentes. O SNP venceu em 56 círculos eleitorais. Os três que sobraram a esta reviravolta total foram irmãmente divididos entre os trabalhistas, conservadores e liberais-democratas. De uma eleição para outra, a Escócia mudou do vermelho dos trabalhistas para o amarelo dos independentistas.

 

 
Mas, ao contrário do que acontecia nas sondagens, os resultados eleitorais não confirmaram aquela que era a maior pretensão do partido liderado por Nicola Sturgeon: juntarem-se no Parlamento com os trabalhistas. A combinação era ideal para os independentistas escoceses. Por um lado, impediam um governo conservador. Por outro, condicionavam os trabalhistas, que poderiam vir a precisar dos votos do SNP. Agora, com uma maioria conservadora em Westminster, a influência dos independentistas escoceses no Parlamento será residual.

 

 
Já na Escócia, a reeleição de um governo conservador pode fazer crescer ainda mais o sentimento nacionalista. Na Escócia, circula uma piada que diz que lá há mais pandas do que deputados conservadores. Ontem, confirmou-se a proporção de dois pandas para um conservador. Nunca a realidade política escocesa esteve tão distante daquela que se verifica no resto do Reino Unido. Nicola Sturgeon vai a votos para o Parlamento escocês em 2016. Nessa altura, pode propor um novo referendo para a independência da Escócia. E os resultados de 2014 (44,7% pelo “sim”, 55,3% pelo “não”) poderão ser diferentes.

 

 
AS MUDANÇAS DE LIDERANÇA NOS PARTIDOS DA OPOSIÇÃO

 

 

Se uns ganham, outros perdem. E neste caso não foi por pouco. A meio do dia das eleições, o líder trabalhista, Ed Miliband, escreveu na sua conta de Twitter que “estas são as eleições mais renhidas desta geração”. Era isso mesmo que as sondagens diziam (apontavam cerca de 273 deputados para os dois maiores partidos. Na verdade, os trabalhistas só conseguiram 232 lugares em Westminster – menos 99 do que os conservadores. O voo foi grande, a queda ainda maior.

 

 
No dia seguinte às eleições, Miliband demitiu-se. A lista de possíveis candidatos inclui o seu irmão, David Miliband, que derrotou na corrida pela liderança do Partido Trabalhista em 2010 com uma vantagem milimétrica de 1,3%. Outra possibilidade é Yvette Cooper, que foi ministra-sombra da Administração Interna durante o último governo. Curiosamente, Cooper é casada com Ed Balls, o ministro-sombra das finança que, para surpresa dos trabalhistas, não conseguiu um lugar na Câmara dos Comuns.

 

 
Ed Miliband era líder do Partido Trabalhista desde 2010. Depois do desaire destas eleições, demitiu-se.

 

 
O líder do Partido Liberal Democrata, Nick Clegg, também decidiu ficar pelo caminho depois de “uma noite cruel e castigadora”. Em 2010, conseguiram 57 deputados e agora ficaram-se pelos oito. A terceira demissão de relevo foi a de Nigel Farage, o comandante dos eurocéticos do UKIP, que nem sequer conseguiu ser eleito para o parlamento. Mas, na hora do adeus, disse que ainda vai pensar se vai ou não concorrer de novo à liderança do partido quando este for a votos em setembro deste ano.

 

 
UMA VIDA MELHOR FORA DA UNIÃO? TUSK DIZ QUE NÃO A CAMERON

 

 
Muitas mensagens de parabéns foram chegando a David Cameron vindas do continente. A maioria absoluta dos conservadores dá a certeza sobre o referendo de permanência do Reino Unido na União Europeia em 2017 e também antevê um longo período de negociações entre os 28 Estados-membros da União Europeia.

 

 
Jean-Claude Juncker diz que espera ver David Cameron em breve e que a própria Comissão Europeia quer o melhor “compromisso” possível para os britânicos. No entanto, Juncker – que não foi apoiado por Cameron no Conselho Europeu para chegar ao lugar de topo em Bruxelas – já disse várias vezes que os restantes países não devem ser prejudicados por quaisquer termos negociados com o Reino Unido.

 

 

 

Também Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, enviou as suas felicitações ao primeiro-ministro dizendo-lhe que está “profundamente convencido de que não há uma vida melhor fora da União Europeia para nenhum país”. Tusk, antigo primeiro-ministro polaco e um aliado natural de Cameron, considerou ainda que o Reino Unido tem uma papel “essencial” em assegurar que a agenda europeia “mantém o bom senso”. De Espanha, Rajoy disse que espera contar com Cameron para manter o “consenso” entre todos os parceiros europeus.

 

 

 

Mas nem todos estão tão emocionados com esta vitória. A revista Der Spiegel escreveu que a vitória dos conservadores é “uma má notícia para a Europa” e que, neste segundo mandato, Cameron será um primeiro-ministro mais fraco e susceptível a chantagens por parte da ala mais eurocética dentro dos conservadores. Também os Liberais europeus estão céticos em relação aos próximos passos deste novo Governo em relação à UE, tal como Guy Verhofstadt, líder do grupo dos liberais no Parlamento Europeu, deixou patente no seu Twitter.

 

 

 

Num artigo de opinião no POLITICO Europa, Verhofstadt escreveu que se deve avançar para um novo tratado, mas que a partir daí os países devem reflectir se querem ou não continuar a ser membros da União ou preferem optar por tratados de associação. “Não haverá mais queixas de tratamento desigual, descontos ou op-outs”, escreveu o liberal belga.

 

 

 
AS SONDAGENS ERRADAS E OS “CONSERVADORES TÍMIDOS”

 

 

“Peço desculpa pelo nosso mau desempenho. Precisamos de descobrir o porquê.” Podia ser uma citação de um político após um desaire eleitoral, mas o responsável por esta afirmação é o diretor da YouGov, uma das principais empresas de sondagens.

 

 
Na madrugada do dia eleitoral, poucas horas antes de as urnas abrirem às 7h00, o “The Guardian” apresentava uma compilação das previsões das dez empresas de sondagens mais importantes do Reino Unido. Em termos percentuais, os conservadores surgiam com 34% e os trabalhistas com 33,7%. Quanto a assentos parlamentares, a previsão era de 273 para cada um. Ora, o que sabemos hoje é que nada disto ficou provado nos resultados eleitorais, em que os conservadores (36,9%) ficaram com mais 99 deputados do que os trabalhistas (30,4%).

 

 

Tanto o “The Guardian” como a “Economist”, publicacões do espectro político esquerdista, apontam uma razão para que as sondagens tenham falhado redondamente: os “conservadores tímidos”. Ou seja, os eleitores que, embora não o admitam, acabam sempre por votar nos tories. Mas na realidade, a interpretação mais plausível é de que as elites dos media, os jornalistas, os analistas e comentadores políticos ingleses, nomeadamente a BBC, projectaram as suas expectativas, tendencias e inclinações políticas à esquerda, a sua parcialidade pelos socialistas do Partido Trabalhista, nas análises e comentários políticos que fizeram publicar e desta forma adulteraram as previsões dos resultados eleitorais. Esta evidência psicológica extremamente alarmante é um prenúncio das purgas e saneamentos políticos que se vão discretamente anunciar para ‘limpar’ as instituições públicas inglesas envolvidas em actividades de mass media e propaganda de Estado, de relíquias revolucionárias que insistem em distorcer a realidade manipulando assim a opinião pública com uma falsificação e uma consciência falsificada, uma doutrina ideológica socialista e marxista que floresce na Europa como as silvas num quintal abandonado.

 

 

 

João de Almeida Dias
Catarina Falcão
Observador

 

14/05/2015

 

 

 

Caça ilegal de rinocerontes na África do Sul aumenta entre janeiro e abril

A caça ilegal de rinocerontes na África do Sul aumentou no primeiro quadrimestre deste ano, face a igual período de 2014, continuando a atingir níveis recorde, informou hoje o Governo sul-africano. No fim de abril, havia menos 393 rinocerontes no país, devido à caça furtiva, dos quais 290 foram mortos no Parque Nacional Kruger, indicou em conferência de imprensa a ministra do Ambiente, Edna Molewa.

 

 

Segundo a ministra, verificou-se um aumento de mais de 18 por cento no número de “baixas” durante os primeiros quatro meses do ano, comparativamente ao período homólogo de 2014.

 

 
O Parque Kruger acolhe a maioria dos rinocerontes da África do Sul, que são abatidos por causa dos seus cornos, usados na medicina tradicional chinesa. Estima-se que existam no país 20.700 rinocerontes. No mês passado, de acordo com a polícia sul-africana, foram detidos 132 suspeitos.

 

 

Apesar do compromisso das autoridades de combate à caça ilegal de rinocerontes, a prática tem aumentado de ano para ano. Em 2014, foram abatidos 1.215 rinocerontes, mais 211 do que em 2013. Em 2012, o número rondou os 668 e, em 2011, os 448. Quando as estatísticas começaram a ser registadas, em 2008, a “baixa” de rinocerontes atingiu os 83 animais, mais 70 face a 2007.

 

 

Embora a caça ilegal de rinocerontes esteja a aumentar, a ministra do Ambiente sul-africana crê que o combate da prática será ganho. O Governo anunciou em fevereiro que iria avaliar se o comércio de cornos de rinoceronte deve ser legalizado e regulado para travar a caça furtiva dos animais.

 

 
Lusa
15/05/2015

 

 

 

Já se chora pela perda de Palmira ainda antes de o Estado Islâmico a destruir

Em cima, Teatro Romano do século III na cidade de Palmira

 

 

Palmira era uma cidade-oásis no deserto sírio, uma paragem obrigatória na rota da seda. Hoje, os combatentes do Estado Islâmico (EI) estão apenas a um quilómetro destas ruínas com 2000 anos, onde se misturam influências gregas, romanas, persas e islâmicas. “É preciso proteger Palmira e fazer tudo para impedir a sua destruição”, apela a desesperada directora da UNESCO.

 

 

 

Já se chora pela perda de Palmira ainda antes de o Estado Islâmico a destruir2A aviação do Presidente Bashar al-Assad bombardeou os arredores da cidade, cujas ruínas arqueológicas foram inscritas na lista de património da Humanidade em 1980. Foram também “enviados reforços militares para a cidade para Tadmor” – o nome da cidade em árabe –, disse à AFP Abdel Rahmane, director do Observatório Sírio dos Direitos do Homem, uma organização com informadores no terreno.

 

 

O grupo jihadista estará a apenas um quilómetro de Palmira, famosa pelas suas colunas romanas, os seus templos e torres funerários que são testemunha de um passado glorioso, quando os seus palmeirais de tâmaras a tornavam um ponto de paragem obrigatório para as caravanas entre o Golfo Pérsico e o Mediterrâneo e os viajantes que faziam a longa rota da seda, para Oriente.

 

 

Já se chora pela perda de Palmira ainda antes de o Estado Islâmico a destruir4Era então conhecida como “a pérola do deserto”. Com a conquista romana, atingiu o seu auge, mas, com o declínio do império, ousou mesmo desafiar o domínio de Roma: no século III, a rainha Zenóbia declara a independência e conquista toda a Síria, uma parte do Egipto e até à Ásia Menor. Mas o imperador Aureliano retoma Palmira e leva Zenóbia como refém.

 

 

 

PETRÓLEO E GÁS NATURAL

 

 

 

Já se chora pela perda de Palmira ainda antes de o Estado Islâmico a destruir5Só que, hoje, a cidade tem valor como alvo militar. Naquela zona existem importantes depósitos de armas e aquartelamentos de forças governamentais e possivelmente também iranianas, além de um aeroporto militar. Por outro lado, acrescenta o site Syria Direct, uma organização jornalística sem fins lucrativos sírio-americana, para dominar os campos de exploração de gás natural e petróleo vizinhos, é importante controlar a cidade de Palmira – onde vivem cerca de 35 mil pessoas, 100 mil contando com os seus subúrbios, segundo Talal Barazi, o governador da província de Homs, este citado pela AFP.

 

 

 

O avanço sobre Palmira dá ao Estado Islâmico um maior controlo sobre a via rápida que passa nesta cidade e conduz até à província de Deir al-Zour, a Oriente, e ao campo de extracção de gás natural, diz ainda o New York Times. Os combates já fizeram pelo menos 138 mortos – 73 soldados e 65 jihadistas, segundo Abdel Rahmane – e 26 sírios foram executados pelo EI sob a acusação de serem colaboradores do regime.

 

 

 

Já se chora pela perda de Palmira ainda antes de o Estado Islâmico a destruir6Para além da violência sobre as pessoas, teme-se uma repetição das destruições que o grupo terrorista já fez no Iraque, a golpes de marreta e bulldozer, nas cidades da antiga Mesopotâmia de Hatra (uma cidade do período romano com cerca de 2000 anos) e Nimrud (uma cidade do Império Assírio, com 3000 anos).

 

 

 
Na Síria, os jihadistas já fizeram estragos noutros sítios arqueológicos, enumera a AFP: destruíram dois leões assírios em Raqqa, a cidade da qual o grupo fez sua capital, e fizeram escavações clandestinas, por vezes com bulldozers, em Mari, Doura Europos, Apamé, Ajaja e Hamam Turkoman. Apesar de considerarem a arte pré-islâmica como idólatra – e por isso a destruírem –, os terroristas do EI pilham os sítios arqueológicos para venderem clandestinamente os objectos mais pequenos e assim financiarem as suas actividades e a guerra contra o regime de Assad.

 

 
“Se o Estado Islâmico entrar em Palmira, será a sua destruição”, disse à AFP Maamoun Abdelkarim, director das Antiguidades e Museus Sírios, que apela à mobilização da comunidade internacional para impedir o que seria “uma catástrofe internacional”.

 

 

 

Já se chora pela perda de Palmira ainda antes de o Estado Islâmico a destruir1Os artefactos que estão guardados num museu no sítio arqueológico de Palmira, que foram sendo escavados ao longo dos anos, serão colocados num sítio seguro. “Podemos proteger estátuas e artefactos, mas não a arquitectura, os templos”, afirmou Abdelkarim. Mas o Governo de Damasco não tem grande crédito nesta área: o avanço dos jihadistas está acontecer ao mesmo tempo que decorre no Cairo uma conferência internacional sobre a destruição já feita pelos jihadistas, em Nimrud e Hatra. Abdelkarim reconheceu ao Guardian que não tinha sido convidado nem contactado por ninguém ligado à conferência, onde estava a directora da UNESCO e vários países árabes da região, nem sequer para falar sobre os riscos que Palmira corre.

 

 
NO IRAQUE, RAMADI JÁ CAIU

 

 
Os jihadistas do grupo EI tomaram o principal complexo governamental em Ramadi, garantindo assim o controlo quase total da capital da província de Anbar no Oeste do Iraque.

 

 

 

 

Foto: JOSEPH EID/AFP

 

Clara Barata
Público

 

15/05/2015

 

 

 

Presidente Alberto João Jardim diz “Se aparecessem as 7500 assinaturas não ia dizer que não às pessoas”

Alberto João Jardim ao seu melhor estilo. Praticamente um mês depois de ter deixado o cargo de presidente do Governo Regional da Madeira, o histórico líder madeirense falou sobre a vida política nacional – e não poupou ninguém: nem “este” PSD desprovido de coração, nem o PS “situacionista”; nem Passos, com quem teve sempre uma relação “difícil”, nem Costa que o “desanimou”.

 

 
E também não fugiu à questão das presidenciais: afinal, Jardim avança ou não para Belém? “Se aparecessem as 7500 assinaturas não ia dizer que não às pessoas”, garante. Para já, limita-se a comentar os potenciais candidatos à direita e não escondeu a preferência pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa.

 

 
Em entrevista , o homem que comandou os destinos da Madeira durante os últimos 40 anos, admitiu que, por “uma razão de amizade” e sem fazer qualquer “avaliação objetiva dos candidatos”, prefere o professor ao economista. “O professor Marcelo é mais político (…) Gosta muito de umas abelhices e é um verdadeiro coscuvilheiro, um intriguista”. Mas não vê com maus olhos a eventual candidatura de Rui Rio: “Tenho a melhor das opiniões de Rui Rio (…) É talvez mais de ruptura com o sistema do que o professor Marcelo (…) Só que também é da área gestionária [do partido], mas é um cínico”, comentou.

 

 
Apesar de preferir comentar as eventuais candidaturas do professor Marcelo e do economista Rui Rio, o presidente Alberto João Jardim não exclui a possibilidade de avançar para Belém. Mas garante: “não mexo uma palha para ser candidato”. A menos que:

 

 
“[Primeiro], se aparecessem as 7500 assinaturas não ia dizer que não às pessoas; segundo, não tenho ilusões que só ganha quem for apoiado pelos partidos do sistema, mas, terceiro, era uma oportunidade para perguntar aos portugueses se queriam continuar como estão, em pleno socialismo, ou se aceitavam correr o risco democrático da mudança do sistema em busca de uma vida melhor, com mais independência do Estado, mais livres. Mas para tal era preciso mexer na Constituição”, afirmou.

 

 

A porta para as presidenciais não está totalmente fechada para o presidente Alberto João Jardim. Mas antes das eleições para Belém, chegam as legislativas que vão definir o próximo Governo português. E, numa altura em que estamos a poucos meses de colocar o voto na urna, o presidente madeirense ainda tem muitas dúvidas. “Não vou votar contra o meu partido. O que posso é não votar no meu partido”.

 

 
Muito crítico da atual liderança do partido e deste Governo da metrópole, Jardim revela-se “desiludido” com o rumo que os social-democratas escolheram. O antigo líder do PSD Madeira considera que o PSD perdeu o coração e tornou-se num partido “muito gestionário, e ainda muito socialista”, dominado pelos “números” e pouco preocupado com as pessoas.

 

 
“Penso que houve uma tomada de poder. Inscreveram-se pessoas, e a certa altura foi possível organizar uma maioria que tomasse o PSD. Essa maioria não correspondia àquela identidade de raiz sá-carneirista”, mais personalista, muito menos colectivista. O PSD era o partido que mais bem retratava as virtudes e os defeitos da sociedade portuguesa. Era um partido muito nacional. Ao mesmo tempo que se defendia o rigor e a disciplina, também se dizia que as pessoas individualmente não podiam ser abandonadas. E penso que se fugiu a isso”, lamentou.

 

 
Mas a maioria das críticas do madeirense tem um nome e um rosto: Pedro Passos Coelho, com quem, admitiu, sempre teve uma relação “difícil”. Mais: os dois não falaram desde que Jardim abandonou a presidência do Governo Regional, confessa.

 

 
Por isso, desafiado a comentar se acredita que Passos Coelho vai deixar o partido caso perca as eleições, Jardim não teve dúvidas. “A minha tese é esta: mesmo que não ganhe as eleições, não larga o partido. Porque o grupo que tomou conta do partido não o vai deixar largar o partido”. Mas há interesses instalados? Jardim respondeu, enigmático: “Não faço ideia. Branco é, galinha o põe, já diz o povo”.

 

 
Ainda assim, e apesar todas as críticas que faz ao PSD e ao Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho isso não o fará optar pela alternativa socialista nas próximas eleições. E, aqui chegados, o alvo passa a ser o oposicionista e socialista António Costa, com quem tem a “melhor relação”, como fez questão de lembrar na entrevista. O problema, no entanto, é que o PS de Costa está a desanimar aqueles que acreditavam numa alternativa sólida, Jardim incluído.

 

 
“Aprecio muito o dr. António Costa, fomos colegas no Comité das Regiões, e pessoalmente tenho a ‘melhor relação’ com ele, mas estava tudo à espera que, ao conquistar a liderança, tivesse um grande impulso e que as sondagens fossem desastrosas para a coligação. Mas, pelo contrário, ainda não conseguiu descolar do pelotão como se diz no ciclismo. Ainda não fez a fuga“, comentou.

 

 
E como se justifica um arranque tão difícil? Jardim explica: “[A proposta de António Costa] não é muito diferente do atual programa da coligação, por isso digo que isto é o sistema. Gostava que aparecessem programas mais audazes, não radicais extremistas de esquerda ou de direita, mas mais audazes. Que rompessem com esta teia dos três partidos do socialismo democrático (…) [Mas], mais uma vez se confirmou a tese de que o PS, tal como os partidos socialistas europeus, é hoje um partido situacionista”.

 

 
Para o presidente Alberto João Jardim estas eleições serão “uma incógnita” e o destino de Passos e Costa, também. Uma eventual derrota de Passos e da coligação não seria “fatal” – Passos continuaria, muito provavelmente, à frente do partido e seria ele a conduzir a reedição do bloco central, hipótese que Jardim acha muito difícil de acontecer. Uma eventual vitória de Costa, colocaria os socialistas no poder e aquele que ainda é o “seu” partido na oposição. Jardim prefere, por isso, empurrar a questão para o futuro.

 

 

“Não sei ainda o que vou fazer. Não concordo com o que o PS fez ao país, não vi novidade no que o PS apresentou que me obrigue a uma inflexão de voto, mas também não concordo nada com as políticas dos últimos anos do meu partido“, disse.

 

 

 

MANUEL DE ALMEIDA

 

LUSA

 

Miguel Santos

 

Observador

 
16/05/2015

 

 

 

Papa Francisco confirma visita a Fátima nos 100 anos das aparições

O papa Francisco confirmou este sábado, ao bispo de Leiria-Fátima, António Marto, que tenciona deslocar-se a Fátima em 2017, quando se assinala o centenário dos acontecimentos na Cova da Iria, revelou a diocese portuguesa.

 
Numa informação enviada à agência Lusa, a diocese anuncia que, em audiência privada, em Roma, o papa Francisco confirmou a António Marto que, “‘se Deus [me] der vida e saúde’ quer estar na Cova da Iria para celebrar o centenário das aparições de Fátima”.

 

 

“Depois de ter recebido já vários convites, é a primeira vez que Francisco afirma de forma explícita este desejo de vir a Fátima, autorizando a divulgação pública da sua intenção”, destaca a diocese.

 

 
Em conversa telefónica com a agência Lusa a partir de Itália, o bispo da Diocese de Leiria-Fátima afirmou que se deslocou a Roma essencialmente para “renovar o convite para a vinda dele a Fátima, para a celebração do centenário das aparições”.

 

 

“Foi um momento de particular alegria”, declarou António Marto a propósito da audiência privada, a primeira que o papa Francisco concede a um bispo português, referindo que, após reiterar o convite, o chefe de Estado do Vaticano “disse logo de imediato ‘tenho a vontade de ir à celebração do centenário, assim Deus me dê saúde e vida, depende disso’”.

 

 

Em novembro, António Marto, que é também vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, assumiu ter uma “esperança fundada” de que o papa peregrine ao Santuário de Fátima em 2017.

 

 
“Agora é uma certeza dita pela boca do Santo Padre. Perguntei se podia transmitir ao público e à imprensa, e ele disse-me que sim, com esta condição, acerca da sua vida, se o permitir”, acentuou António Marto, realçando ser “uma alegria já para Portugal e para todos aqueles que se sentem ligados a Fátima que já podem projetar o futuro com esta certeza”.

 

 
O prelado adiantou que, na audiência, conversaram “sobre Fátima e a mensagem, sobretudo a dimensão da misericórdia que aparece na mensagem de Fátima”, assim como o processo de canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto, e o intercâmbio entre os santuários de Fátima e da Aparecida, no Brasil, que assinalam em 2017, respetivamente, o centenário das aparições e o tricentenário da descoberta da imagem de Nossa Senhora da Conceição em Aparecida.

 

 

No encontro, no final do qual o papa “enviou uma bênção particular para Portugal”, o bispo de Leiria-Fátima entregou “uma oferta monetária do Santuário de Fátima destinada às ações de ajuda aos pobres do Sumo Pontífice”, adianta a nota de imprensa, referindo que “Francisco mostrou-se especialmente sensibilizado por este gesto de partilha com os mais pobres”.

 

 
“É natural que um bispo levasse uma prenda para o Santo Padre e disse-lhe que estivemos a pensar qual seria a melhor prenda para trazer e concluímos que talvez a melhor prenda fosse uma oferta, uma partilha para com os pobres do Santo Padre”, referiu à Lusa o bispo, explicando que, nesse momento, os olhos do papa, que agradeceu o gesto, “brilharam” e houve “um sorriso largo”.

 

 

 

Na audiência “houve ainda oportunidade para abordar diversos aspetos da renovação pastoral que o papa procura implementar”, informa a diocese, com o bispo português a agradecer “a nova etapa de alegria e frescura que o seu pontificado veio trazer à Igreja”.

 

 

 
AGÊNCIA LUSA
THE PORTUGAL TIMES
13/05/2015