Manifesto para uma nova narrativa sobre a crise da zona euro

Um prémio Nobel, um ex-economista-chefe do FMI, vários economistas europeus de nomeada chegaram a um consenso sobre “as causas das causas” da crise da zona euro iniciada em 2010. O manifesto foi divulgado pelo portal Vox e recolheu o apoio de Jorge Braga de Macedo.

 

 

“A crise [da zona euro] está muito longe de estar terminada. Ainda que alguns sinais positivos tenham emergido recentemente, o crescimento na zona euro e o desemprego são deploráveis e espera-se que permaneçam numa situação miserável por anos. Pior ainda, muitas das fragilidades e desequilíbrios que empurraram a união monetária para esta crise continuam ainda presentes”, conclui um grupo de economistas europeus que resolveu lançar através do portal europeu Vox (Voxeu.org) um projeto denominado “Reinicializando a zona euro”. O primeiro passo foi concordar “numa narrativa de consenso”, e “convincente”, para o que chamam de “causas das causas” da crise da zona euro desde 2010.

 

 

O problema é que “os decisores [europeus] parecem ter-se acantonado num canto”. O círculo vicioso da austeridade com a sua narrativa dominante impôs-se revelando “erros conceptuais” com profundos efeitos negativos (como as escolhas políticas pela austeridade). Ocorreram, também, “conflitos de interesse políticos” entre países membros da mesma moeda (derivados da excessiva exposição dos bancos dos países credores do centro da zona euro às dívidas soberanas dos periféricos, devedores) que impediram “soluções naturais” (“óbvias”, diz o manifesto, como a remissão de dívida) e o estabelecimento de “mecanismos de absorção dos choques”.

 

 

Surpreendentemente fácil o consenso

 

 

O editor do portal Vox Richard Baldwin, que é também diretor do Centre for Economic Policy Research em Londres e professor no Graduate Institute de Genebra, conseguiu colocar de acordo economistas europeus de distintas tendências e isso aconteceu de um modo “surpreendentemente mais fácil do que seria de esperar”.

 

 

Nos autores do manifesto encontram-se o Nobel Christopher Pissarides, Olivier Blanchard, o ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, um dos primeiros a apontar o dedo ao famoso erro do “multiplicador” nos resgates dos periféricos, e os professores Paul de Grauwe, colunista do Expresso, e Daniel Gros.

 

 

O manifesto pretende ser um primeiro passo para criar uma “massa crítica de economistas na Europa que proceda a uma revisão sistemática do sistema político-económico europeu”.

 

 

Em Portugal o manifesto recolheu o apoio de Jorge Braga de Macedo, ex-ministro das Finanças num governo de Cavaco Silva nos anos 90, e na Europa já conta com a assinatura de alguns ex-banqueiros centrais, como o britânico Charles Bean, o sueco Lars Svensson e o irlandês Patrick Honohan. O ex-economista-chefe do Banco de Pagamentos Internacionais Stephen Cecchetti e a economista norte-americana Carmen Reinhart, uma das especialistas em história da dívida, juntaram-se ao movimento.

 

 

Os culpados da crise

 

 

A crise da zona euro, ao contrário da narrativa dominante, foi filha de uma trilogia de fracassos, diz o manifesto publicado no final da semana e que está aberto à adesão de economistas.

 

 

Um fracasso foi anterior à crise, ao não ter impedido o acumular de desequilíbrios evidentes dentro da zona euro que chegaram ao ponto que chegaram, nomeadamente a alavancagem bancária excessiva (casos de Espanha e Irlanda) e o salto de endividamento de alguns estados (como Grécia e Portugal) financiados pela banca dos países do centro na década anterior. E dois fracassos face ao desenrolar da crise, o da ausência total de um quadro institucional para lidar com choques imprevistos e o de uma péssima gestão da crise em tempo real.

 

 

Os erros de gestão ao longo da crise foram imensos. O primeiro foi de entendimento da sua génese – a crise da zona euro não devia ter sido pensada “na sua origem como uma crise da dívida dos governos, ainda que, depois, se tenha tornado numa”. O manifesto aponta o facto dos líderes europeus terem levado imenso tempo a perceber a necessidade de recapitalização dos bancos, ao contrário do que foi logo feito nos Estados Unidos a seguir à crise financeira. A ligação umbilical entre os bancos e a dívida nas economias periféricas com défices externos “ampliou largamente e difundiu a crise”. “Foi uma das razões centrais para que uma surpresa isolada na Grécia pudesse desenvolver-se numa crise sistémica de proporções históricas”, diz o manifesto.

 

 

Além do mais, na zona euro, apesar de haver um banco central, não havia um “emprestador de último recurso”, e esta falha do quadro institucional alimentou um “vórtice de risco de incumprimento de dívida, que apanhou Portugal e ficou próximo de envolver Itália, Espanha e Bélgica, e mesmo a França e a Áustria flutuaram para a penumbra desses vórtices no pico da crise”.

 

 

A frase de Draghi

 

 

Os autores referem que o “gatilho” da crise em 2010 foi a revelação em outubro do ano anterior da mentira sobre o défice alimentada pelo anterior governo de direita de Konstantinos Karamanlis na Grécia. Na sequência houve um contágio de descredibilização da situação em vários periféricos da zona euro que levou a uma “paragem súbita” dos fluxos financeiros dentro da zona euro.

 

 

Ora, na altura, em vez de “soluções naturais”, conhecidas dos economistas, enveredou-se por uma política de aperto orçamental pró-cíclica que piorou a situação, que levou a “um choque de contração massivo”.

 

 

A situação não foi ainda mais dramática porque o Banco Central Europeu, a partir da célebre frase proferida por Mario Draghi em julho de 2012 em Londres, de que “faria tudo o que fosse preciso”, inverteu o sentimento dos investidores em relação à zona euro.

 

 

Já não é só uma crise económica

 

 

Os autores do manifesto entendem que um entendimento consensual sobre as causas do que se passou e sobre os erros de conceção e as “meias medidas e compromissos confusos” realizados é fundamental para enfrentar a própria situação atual. Permanecem muitos problemas estruturais: o desemprego, a falta de oportunidades para toda uma geração europeia e a retoma económica lenta; o crédito mal parado na banca europeia; o cordão umbilical entre os bancos e a dívida soberana dos seus países; e a vulnerabilidade dos países devedores a “uma inevitável normalização das taxas de juro” que estiveram perto de 0% por tantos anos.

 

 

Os economistas juntam-lhe, finalmente, a dimensão política: “Contudo, o dinheiro não é questão central. Esta já não é só uma crise económica. As dificuldades económicas alimentaram o populismo e o extremismo político. Já não são só partes das franjas [do sistema político] que estão a favor de acabar com a zona euro e a União Europeia. Já não é inconcebível que partidos populistas e de extrema-direita ou de extrema-esquerda possam partilhar o poder em vários países da União Europeia”.

 

 

 

JORGE NASCIMENTO RODRIGUES/OBS//23/12/2015

 

 

 

 

 

Serena Williams e Novak Djokovic designados campeões do mundo de ténis

O sérvio Novak Djokovic e a norte-americana Serena Williams, líderes dos respetivos ‘rankings’ mundiais, foram nomeados campeões do mundo de 2015 pela Federação Internacional de Ténis (ITF).

 

Serena Williams e Novak Djokovic designados campeões do mundo de ténis 2

Com um recorde de 11 títulos num ano, incluindo três torneios do ‘Grand Slam’ – Open da Austrália, Wimbledon e US Open – Djokovic é distinguido com o ‘título’ pela quinta vez, enquanto Serena Williams, vencedora de três ‘majors – Austrália, Roland Garros e Wimbledon -, recebe o galardão pela sexta vez.

 

 

Em pares, foram distinguidas a dupla feminina formada pela suíça Martina Hingis e a indiana Sanja Mirza e a composta pelo holandês Jean-Julien Rojer e o romeno Horia Tecau. Hingis é premiada 15 anos depois de ter sido nomeada campeã em singulares.

 

 

Os troféus serão entregues aos galardoados a 31 de maio de 2016, em Paris, durante o torneio de Roland Garros.

 

 

FIONA HAMILTON / TENNIS AUSTRALIA/EPA/23/12/2015

 

 

 

 

 

Saiba o que se come na tradicional ceia de Natal por esse mundo fora

Numa altura em que já se prepara o típico bacalhau ou peru que preenchem as mesas de Natal portuguesas, damos uma pequena volta ao mundo para ver o que se come na ceia de Natal noutros países.

 

A ceia de Natal por esse mundo fora 2

O jornal espanhol ABC dá algumas luzes sobre os pratos típicos nesta altura do ano em países como Itália, Japão, Venezuela ou Argentina. E há um pouco de tudo:

 

França

 

A bûche de Nöel é uma sobremesa que não falta nas mesas dos franceses na consoada. Este bolo, que pode também ser chamado como ‘tronco de Natal’ é um bolo de chocolate feito de creme e decorado com frutas e com açúcar de confeiteiro.

 

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Venezuela

 

Na América do Sul, mais concretamente da Venezuela, a hallaca é um prato típico que se come todo o ano mas que ganha especial protagonismo no período natalício. É feito de massa de milho recheada com ensopado de carne e pode ser enrolado em folhas de bananeira. Quem já provou diz que vale mesmo a pena.

 

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Japão

 

Como explica o jornal espanhol, os japoneses comem uma sopa denoodles típica, Toshikoshi soba, para ter uma vida longa e próspera. É a escolha de eleição para a refeição do dia 31 de dezembro, ou o Omisoka, como é conhecido o último dia do ano no Japão.

 

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Argentina

 

Voltamos à América do Sul para espreitar a ceia dos argentinos. O Vitel Toné, originário de Itália, tornou-se num prato típico do Natal na Argentina. Um bom bife é acompanhado com um molho feito de atum, ovo e leite e é servido frio.

 

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Suécia

 

Julbord não é um prato, mas um autêntico buffet, composto pelos mais variados pratos típicos do país, ao redor do qual as famílias suecas se juntam para celebrar o Natal.

 

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Roménia

 

Estes rolos de repolho recheados com carne e arroz cozido ao vapor não faltam nas mesas dos romenos quando há festa. Muito menos quando se festeja o Natal. São os sarmales.

 

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Alemanha

 

No país da cerveja, é o vinho o protagonista nas ceias de Natal. E vinho quente, pois nesta altura, em muitas cidades germânicas, as temperaturas atingem graus negativos. É o chamado Glühwein.

 

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Em nome de toda a equipa do The Portugal Times votos de um Bom Natal onde quer que se encontre!!!…

 

 

ABC/Observador/TPT/23/12/2015

 

 

 

 

O bacalhau e o Natal, uma tradição feliz e saudável

Peçam a um português que vos diga dez palavras que associe a Natal, e quase de certeza que bacalhau será uma delas! Mas, de onde veio a tradição?

 

 

Os pioneiros na descoberta do bacalhau foram os vikings. A falta de sal na época fazia com que se limitassem a secar este peixe ao ar livre, até endurecer, para depois ser consumido nas longas viagens que faziam.

 

 

Os primeiros relatos que correlacionam a atividade da pesca e da salga em território português datam de meados do século XIV. Contudo, foi durante a época dos Descobrimentos, já no século XV, que os portugueses, motivados pela necessidade de encontrar produtos que resistissem às longas travessias marítimas, descobriram o peixe ideal nos mares setentrionais do Atlântico.

 

O bacalhau e o Natal, uma tradição feliz e saudável 2

Pioneiros na pesca do bacalhau na Terra Nova (Canadá), rapidamente o introduziram nos hábitos alimentares nacionais, cozinhando-o de “mil e uma maneiras”. A pesca nos grandes bancos da Terra Nova e Gronelândia era tradicionalmente efetuada por grandes veleiros denominados lugres, mais tarde substituídos pelos navios de arrasto. Embora a tecnologia de pesca fosse diferente, os procedimentos pós-captura para preparação e salga do bacalhau eram idênticos.

 

O bacalhau e o Natal, uma tradição feliz e saudável 3

O bacalhau é um dos alimentos mais consumidos e apreciados pelos portugueses. A secular cura tradicional portuguesa, com seca e salga, é natural, não são adicionadas substâncias químicas, e preservam-se as propriedades nutricionais do peixe. Normalmente o bacalhau é vendido seco e salgado, mas também o podemos encontrar já demolhado e ultracongelado, uma inovação da indústria portuguesa. Também pode ser encontrado fresco e até em conserva, porém sem as características de aroma, sabor e textura que resultam da cura tradicional portuguesa.

 

 

A indústria portuguesa aposta definitivamente na qualidade do Bacalhau que trata, o que lhe dá competitividade no mercado mundial e é um fator diferenciador perante os seus concorrentes. A importância do sector é relevante para a economia nacional, gerando emprego, receitas fiscais, contribuindo de modo relevante para as exportações de produtos da pesca, e empregando diretamente cerca de 2000 pessoas.

 

O bacalhau e o Natal, uma tradição feliz e saudável 4

Hoje em dia, Portugal tem uma frota de 13 bacalhoeiros, que pescam nas águas da Terra Nova, da Noruega e de Svalbard. Os países para onde Portugal mais exporta bacalhau nas suas diversas formas de apresentação, salgado seco e demolhado ultracongelado, são o Brasil (que absorve 40% das exportações), França, Angola e Itália.

 

O bacalhau e o Natal, uma tradição feliz e saudável 5

O bacalhau, tal como os restantes peixes, é de fácil digestão, apresentando uma elevada riqueza em proteínas de alto valor biológico, de minerais como o iodo, fósforo, sódio, potássio, ferro e cálcio e de vitaminas do complexo B. É considerado um peixe magro e é uma fonte de ácidos gordos polinsaturados, de onde se destaca o ácido gordo ómega 3, que apresenta um efeito protetor sobre o sistema cardiovascular, um papel preventivo sobre o cancro e favorece o desenvolvimento do sistema imunológico. Importa lembrar a importância de realizar o adequado processo de demolha com o objetivo de reidratar os tecidos e retirar o excesso de sal que foi utilizado na cura e maturação do bacalhau, tornando assim este produto alimentar agradável ao paladar e com a textura característica que permite a separação em lascas.

 

 

Este alimento, tal como todos os outros, pode ser confecionado de forma saudável. A adição de produtos como natas, maionese, manteiga ou óleo, irá modificar o valor calórico. A gordura de eleição deve ser o azeite e há que experimentar ervas aromáticas como o colorau e pimentão, em detrimento do sal, para condimentar os pratos de bacalhau. O tradicional e natalício bacalhau cozido com legumes é um dos exemplos no panorama das receitas saudáveis.

 

 

Há 1001 maneiras diferentes de cozinhar bacalhau! Escolha uma, junte as pessoas de quem mais gosta, vista um sorriso bonito, tempere com um estado de alma caloroso, e tenha um Feliz Natal!

 

 

Paulo Mónica/Sapo/Carlos Costa/TPT/23/12/2015

 

 

 

 

Passos Coelho pronto para viabilizar Retificativo mas PSD espera que isto não se repita

No PSD “não há surpresa” com a indisponibilidade do Bloco de Esquerda e do PCP para aprovar o Orçamento Retificativo e o PSD prepara-se para viabilizar o documento que permite salvar o que resta do Banif. Na votação desta quarta-feira, tudo indica que os votos do PSD serão mesmo decisivos, mas na direção do partido há já quem avise: “No Orçamento não contem connosco. Ou se entendem sobre o documento central para a governação ou não há governo”.

 

 

O aviso quer, também, dizer que desta vez não haverá problemas. Segundo confirmou o Observador, Pedro Passos Coelho já disse no partido que não quer “jogos partidários” com questões que envolvam a estabilidade do sistema financeiro. Pelo que a opção do partido deve ser, desta vez, a da abstenção.

 

 

O mote para a posição dos sociais-democratas foi já dado na TVI por Maria Luís Albuquerque, anterior responsável pelas Finanças: o partido tem dúvidas sobre a quantia envolvida na resolução do Banif, preferia uma solução que tivesse mais custos para o sistema bancário (via Fundo de Resolução) e menos para os contribuintes – tal como aconteceu no Novo Banco. Mas, ciente de que o novo Governo e a esquerda o responsabilizam pela situação do banco, não quer dar pretextos para uma guerra política tão cedo, nem com um tema tão sensível.

 

 

No último domingo, minutos antes de fazer a declaração ao país em que anunciou a solução para o banco, António Costa ligou a Passos Coelho para lhe transmitir a decisão do Governo (que é, na realidade, do Banco de Portugal). A conversa incluiu alguns detalhes da operação, segundo uma fonte contactada pelo Observador.

 

 

Um aviso de Draghi na passagem de pasta

 

 

Não foi, de resto, a primeira vez que os dois líderes falaram sobre o tema. Aquando da passagem de pastas, Pedro Passos Coelho transmitiu a António Costa que a situação do Banif tinha sofrido uma rápida evolução. A ministra das Finanças tinha recebido uma carta do Banco de Portugal dando 10 dias para que fosse apresentado um plano de capitalização. Maria Luís irritou-se com Carlos Costa (tinha estado a discutir o tema com ele dias antes e nada tinha sabido) e Passos chamou-o nessa altura (em plena transição de governo) a São Bento.

 

 

Nessa conversa, Carlos Costa teria justificado a urgência com uma decisão de Mário Draghi. O presidente do BCE teria mostrado preocupação com a forma como a nova autoridade de resolução bancária europeia queria iniciar funções, em 2016, prevendo resoluções impostas em vários bancos europeus se não fossem encontradas decisões ainda este ano.

 

 

 

 

Tudo partido na Europa?

 

 

Nessa altura, na passagem de pastas, Passos Coelho terá deixado um cenário muito difícil ao seu sucessor, segundo a mesma fonte ouvida pelo Observador: a DGCom queria que o Fundo de Resolução assumisse as despesas com o Banif, mas não autorizava a formação de um veículo financeiro sem garantia pública; o Banco de Portugal não queria colocar mais peso sobre os restantes bancos; o BCE não autorizava um empréstimo do Tesouro ao Fundo de Resolução. Alguém teria de ceder – e não seria fácil convencer alguém. Foi por isso que António Costa lançou a operação Banif logo no dia zero, ainda antes de tomar posse. Passando o briefing de São Bento a Mário Centeno, o ministro das Finanças, e ao secretário de Estado do Tesouro, Mourinho Félix.

 

 

Agora, sob fogo cerrado do PS, PCP e BE, será Passos (e Paulo Portas?) a viabilizar a saída para o que resta do Banif – e a salvar a sua integração no Santander, juntamente com os mais de 7000 depósitos acima de 100 mil euros que não estariam a salvo se o banco caísse, nem se a resolução ficasse para o início do ano, já com a nova autoridade de resolução em funções plenas.

 

 

 

AFP/David Dinis/Obs/23/12/2015

 

 

 

 

 

 

Mariano Rajoy reune com líder do PSOE para discutir cenário eleitoral

 O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, a força política mais votada nas eleições legislativas espanholas de 20 de dezembro, vai falar esta quarta-feira com o secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, na sede do executivo, para analisar o cenário político que resulta das eleições gerais espanholas de domingo.

 

 

De acordo com a presidência do Governo, no palácio da Moncloa, em Madrid, Rajoy e Sánchez encontram-se às 12h para “trocar pontos de vista sobre as alternativas que existem para a investidura de um novo presidente”, que resulta de votação no parlamento e que passa, necessariamente, por acordos entre os partidos.

 

 

Os resultados eleitorais obrigam qualquer um dos três partidos mais votados – PP (123 deputados), os socialistas do PSOE (90 deputados) ou o Podemos (esquerda radical, 69 deputados) a acordos de Governo ou de legislatura, não só entre si, mas também com o Ciudadanos (40 deputados) e pequenas forças políticas regionais ou nacionalistas.

 

 

O jornal “El País” noticiou que Rajoy pretende propor a Sánchez várias concessões ao PSOE, a começar pela presidência do Congresso (equivalente ao presidente da Mesa da Assembleia em Portugal) e também do Senado (a câmara alta, onde, ao contrário do Congresso, o PP tem maioria absoluta). A tradição política em Espanha é que preside a ambas as câmaras o partido mais votado.

 

 

Com os resultados de domingo, caso todas as outras forças se unissem poderiam impor um presidente do Congresso que não do PP.

 

 

Rajoy, segundo o jornal, também estaria disposto a aceitar uma reforma constitucional, algo que faz parte do programa do PSOE (e também do Podemos, que considera condição essencial para um eventual acordo com os socialistas).

 

 

Também o Ciudadanos propunha mudar a constituição, pelo que só o PP não o queria. No entanto, os 123 deputados que o PP somou nas eleições deram ao partido a prerrogativa de bloquear qualquer reforma constitucional (que requer maioria de três quintos no Congresso ou maioria absoluta no Senado).

 

 

Outro dos pontos, escreve o diário madrileno (conotado com a esquerda), seria a discussão do artigo 135.º da Constituição, alterado em 2011 para impor limites constitucionais ao défice público e ao endividamento. Pedro Sánchez propunha em campanha modificar esse artigo – e não simplesmente acabar com ele – para que os serviços públicos básicos se sobrepusessem ao pagamento da dívida.

 

 

PP também estaria disposto a discutir com Sánchez sobre impostos, sobretudo relacionando-os com serviços sociais, desde que não coloquem em risco o cumprimento das metas do défice.

 

 

Numa nota enviada após a publicação da notícia do “El País”, o Governo desmentiu que tenha oferecido ao PSOE uma reforma da Constituição e a presidência do Congresso dos Deputados em troca da abstenção dos socialistas na futura sessão de investidura do presidente do Governo.

 

 

PP venceu mas dificilmente formará Governo

 

 

 

A vitória sem maioria absoluta do PP e o pior resultado alguma vez alcançado pelo PSOE abre um cenário de incerteza no panorama político espanhol. É o fim do bipartidarismo no país. Alcançar acordos torna-se vital.

 

Mariano Rajoy vai reunir-se com o líder do PSOE para discutir cenário eleitoral 2

Pela primeira vez na democracia de Espanha, os espanhóis vão deitar-se este domingo sem saber quem será o próximo chefe do Governo, após umas eleições que fizeram entrar em força no parlamento novos partidos como o Podemos e o Ciudadanos.

 

 

Os resultados das eleições gerais em Espanha, realizadas no domingo, abrem um cenário de incerteza sobre quem será o próximo chefe do executivo e mesmo de que ala política (esquerda ou direita) sairá.

 

Mariano Rajoy vai reunir-se com o líder do PSOE para discutir cenário eleitoral 3

A vitória sem maioria absoluta do PP (menos 3,6 milhões de votos, passando de 186 para 123 deputados), conjugada com o pior resultado da história do PSOE (90 deputados e menos 1,4 milhões de votos), tornam essencial avançar com acordos.

 

Mariano Rajoy vai reunir-se com o líder do PSOE para discutir cenário eleitoral 4

O cenário matematicamente mais simples (mas politicamente inédito e complicado) é um acordo entre PP e PSOE, para formar um Governo improvável, um acordo de legislatura e/ou um acordo para investir Mariano Rajoy (atual líder do executivo) como presidente de um Governo minoritário.

 

 

Os outros cenários passam por acordos com os emergentes Podemos (que passa de zero a 69 assentos no parlamento espanhol, contando com as formações “irmãs” En Comú Podem, En Mareas e Compromís) e Ciudadanos (que também se estreia no Congresso dos deputados com 40 assentos). No entanto, um acordo do PP ou do PSOE com estes dois partidos não é suficiente: cada um dos partidos terá de contar também com pequenos partidos regionais e nacionalistas.

 

 

Neste ponto, as opções complicam-se ainda mais: os partidos nacionalistas com mais votos são os catalães Esquerra Republicana Catalana (ERC, nove assentos) e DL (Democràcia i Libertat, oito), ambos a favor da independência da Catalunha.
PP, PSOE e Ciudadanos estão contra a independência e um referendo só para a Catalunha sobre essa possibilidade. Só o Podemos o aceita.

 

 

Nas declarações de final da noite de eleições, Pedro Sánchez (PSOE) e Mariano Rajoy coincidiram que cabe ao partido mais votado, o PP, “tentar formar Governo”, enquanto Albert Rivera insistiu que os deputados do Ciudadanos bloquearão qualquer tentativa de Governo que integre o Podemos e que poderão abster-se para viabilizar o novo presidente do Governo.

 

Mariano Rajoy vai reunir-se com o líder do PSOE para discutir cenário eleitoral 5

Já Pablo Iglesias, do Podemos, disse que Espanha optou por uma mudança de sistema e declarou o “fim do bipartidismo” e do “sistema de porta giratória” entre PP e PSOE. Também afirmou que pretende uma reforma constitucional que altere a lei eleitoral em Espanha e consagre direitos sociais como a habitação e a possibilidade de moções de censura ao presidente de um Governo que não cumpra o seu programa eleitoral.

 

 

A lei que regula as eleições gerais em Espanha indica que, uma vez formado o novo parlamento, escolhem-se os líderes das várias formações com assento parlamentar – que apresentam candidatos a presidente – e marca-se uma votação. Na primeira votação para a investidura do presidente, este precisa de maioria absoluta (ou seja, 176 deputados). Na segunda, basta-lhe uma maioria simples, ou seja, ser o mais votado.

 

 

É neste segundo cenário que poderão apostar os eventuais blocos. Mariano Rajoy e o PP precisariam assim da abstenção do Ciudadanos (que poderia colocar condições para o fazer) e que todas as outras forças não se unissem contra ele.

 

 

Já o PSOE precisa necessariamente do voto a favor do Podemos e de outros pequenos partidos (se não os catalães), pelo menos o Partido Nacionalista Basco, a Izquierda Unida ou a Coligação das Canárias, com quem conseguirá mais facilmente acordos do que o PP.

 

 

A política espanhola entra, assim, em águas desconhecidas, com o bipartidismo (PP e PSOE) a obter pouco mais de 50% dos votos nestas eleições (face aos 73% de 2011). Os emergentes Ciudadanos e Podemos entram em força no parlamento, mas ambos com a sensação de que poderiam ser decisivos por si só.

 

Mariano Rajoy vai reunir-se com o líder do PSOE para discutir cenário eleitoral 6

O Ciudadanos foi apontado nas sondagens como o partido com o qual todos teriam e quereriam fazer acordo, enquanto o Podemos chegou a sonhar com um segundo lugar, acima do PSOE, que lhe permitiria obter a liderança de uma aliança de esquerdas.

 

 

Os principais analistas em Espanha consideram já a hipótese de eleições antecipadas, na sequência da eventual instabilidade governativa.

 

Seguir-se-à o exemplo de Portugal?…

 

 

 

JAVIER LIZON/EPA/ KIKO HUESCA / REUTERS/Lusa/Afp/TPT/Obs/22/12/2015

 

 

 

 

 

 

Banco Banif foi vendido ao Santander com elevadas perdas para os tributários

O primeiro-ministro António Costa anunciou na noite deste domingo a venda ao Santander do Banif, com perdas “elevadissimas” para os contribuintes e envolvimento do sector.

 

 

O valor do encaixe é de 150 milhões de euros. A solução, enquadrada numa medida de resolução, implica responsabilidades adicionais para o Estado e elevadas perdas para os contribuintes, de, pelo menos, cerca de 700 milhões de euros. Os activos problemáticos do banco (nomeadamente o imobiliário avaliado em cerca de 2000 milhões de euros) ficaram fora do negócio.

 

 

Em comunicado o Banco de Portugal refere que a alienação do Banif, onde o Tesouro possui 61%, “envolve um apoio público estimado de 2255 milhões de euros que visam cobrir contingências futuras, dos quais 489 milhões de euros pelo Fundo de Resolução e 1766 milhões de euros directamente pelo Estado”. Acrescenta que o entendimento resulta “das opções acordadas entre as autoridades portuguesas, as instâncias europeias e o Santander Totta, para a delimitação do perímetro dos activos e passivos a alienar.”

 

 

A medida protege as poupanças das famílias e das empresas do Banif, mas também os depósitos e as obrigações séniores, assegura o supervisor. E garante que “os clientes podem realizar todas as operações como habitualmente quer aos balcões quer nos canais electrónicos” e passam a ser clientes do Santander Totta. As agências do Banif passam a integrar a rede comercial do banco e abrirão esta segunda-feira com a chancela do Santander.

 

 

Foi uma corrida contra o tempo. Antes das 24h00 deste domingo, 20 de Dezembro, na sua residência oficial, em São Bento, António Costa veio anunciar um desfecho para o Banif. Uma iniciativa com um significado político: o Primeiro-Ministro tomou em mãos o dossier e deu por concluído um processo que se arrastava há três anos. “Esta solução terá perdas muito elevadas para os contribuintes, mas protege o interesse nacional”, começou por dizer António Costa. E salientou a defesa dos depositantes, nomeadamente, dos clientes do Banif nas regiões autónomas, dos clientes emigrantes que contribuem com as suas remessas para o país e dos trabalhadores.

 

 

Durante todo o fim-de-semana, as autoridades, Governo e Banco de Portugal, e a gestão do Banif analisaram ao pormenor as seis propostas entregues esta sexta-feira para compra da instituição ou de parte delas: os dois bancos espanhóis, Santander e Popular, mais quatro fundos, o norte-americano Apollo (dono da Tranquilidade), o J.C. Flower (ligado a um fundador do  Goldman Sach), e um fundo sino-americano, representado pelo Haitong Bank ) e um outro, desconhecido. O Santander, que vai pagar 150 milhões de euros por 4% do sistema bancário nacional, foi desde o primeiro minuto a opção preferida do Banco de Portugal. Mas para aceitar o banco fez elevadas exigências às autoridades.

 

 

A 31 de Dezembro de 2012 o banco foi intervencionado com uma recapitalização de 1100 milhões de euros com recurso a meios públicos. A instituição passou então para a esfera estatal com uma injecção de 700 milhões de euros e 400 milhões por empréstimo obrigacionista de Cocos (obrigações convertíveis em acções mediante determinadas condições), dos quais 275 milhões foram entretanto já devolvidos. A instituição estava desde Dezembro de 2014 em situação de incumprimento com o Estado português sem pagar os 125 milhões de euros que deveria ter liquidado nessa data.

 

 

A partir desse momento a Direcção- Geral da Concorrência Europeia  (que avalia as ajudas estatais) exigia um desfecho para o banco que garantisse o pagamento da dívida ao Tesouro. A DGCOM nunca concordou com o plano de recapitalização do Banif. E em Dezembro de 2012 chegou a defender a liquidação. Uma opção que manteve em aberto quando o banco entrou em incumprimento. A DGCOM tinha dado até este domingo para o Estado, o dono do Banif, apresentar uma proposta de recapitalização.

 

 

Para além da DGCOM também o Banco Central Europeu, atendendo às suas regras de politica monetária, terá dado às autoridades até este domingo para encontrarem uma solução. Isto, para evitar que esta segunda-feira lhe fosse retirado o estatuto de contraparte da politica monetária (o fecho do acesso do Banif ao financiamento do Eurosistema). Uma hipótese precipitada pelos acontecimentos do fim-de-semana passado que desencadearam uma pressão sobre os balcões do banco que comprometeu os rácios de solidez (levantamentos numa semana de quase mil milhões de euros). Este facto obrigou o Banif a recorrer ao eurosistema.  Recorde-se que a 3 de Agosto de 2014 o BCE retirou ao BES o estatuto de contraparte, que levou ao seu colapso.

 

 

No caso do Banif, de acordo com o comunicado do Banco de Portugal, a decisão foi tomada após terem sido tomadas em conta “as consequências de uma provável declaração de ilegalidade do auxílio de Estado ao Banif pela Comissão Europeia que criaria uma gravíssima insuficiência de capital”; “a posição das instâncias europeias no sentido de que a alienação do Banif, com auxílio de Estado, é apenas viável num cenário de resolução”, e o impacto”da frustração das expectativas do processo de venda voluntária na situação de liquidez do Banif – que sofreu uma degradação muito acelerada nos últimos dias – e os consequentes riscos para a manutenção do seu fluxo normal de pagamentos e satisfação das suas responsabilidades para com os clientes”.

 

 

Para a entidade presidida por Carlos Costa, “face às circunstâncias e restrições impostas, a venda da atividade do Banif”, nas condições em que foi feita, “é a solução que salvaguarda a estabilidade do sistema financeiro nacional e que protege as poupanças das famílias e das empresas, bem como o financiamento à economia”.

 

 

 

Cristina Ferreira/Pub/21/12/2015

 

 

 

 

 

Espanha ganha pela primeira vez título de Miss Mundo

Chama-se Mireia Lalaguna Royo e é a primeira espanhola a ganhar o título de Miss Mundo. A coroação aconteceu este sábado na ilha chinesa de Sanya na última fase do concurso, edição de 2015. Lalaguna é uma modelo de 23 anos proveniente de Barcelona.

É licenciada em farmacologia e tem intenções de seguir um mestrado em nutrição.

 

 

Em segundo e terceiro lugar, respetivamente, ficaram as candidatas da Rússia, Sofia Nikitchuk, e da Indonésia, Maria Harfanti. Em competição estiveram um total de 114 mulheres — cada uma delas representou o país de origem em diversas competições locais e regionais. O top cinco fica ainda completo com a representante da Jamaica, Sanneta Myrie, e do Líbano, Valerie Abou.

 

Espanha ganha pela primeira vez título de Miss Mundo 2

A vencedora de um dos títulos mais cobiçados no universo da beleza recebeu a coroa das mãos de Rolene Strauss, a sul-africana que na edição anterior se sagrou Miss Mundo. O reinado daquela que a partir de agora é considerada a mulher mais bonita do mundo tem uma duração de 12 meses, período durante o qual terá a missão de viajar pelo mundo no sentido de colaborar com obras beneficentes, escreve a Reuters.

 

 

De referir que o evento ficou marcado por alguma controvérsia, uma vez que a China recusou a participação da Miss Canadá. Anastasia Lin, de origem chinesa, viu o seu visto ser recusado na altura de embarcar no voo que ligava Hong Kong a Sanya. Segundo a Associated Press, Lin é uma conhecida crítica da religião chinesa.

 

Espanha ganha pela primeira vez título de Miss Mundo 3

Esta foi a 65º edição do mais antigo concurso de beleza. A primeira Miss Mundo, há 64 anos, foi britânica.

 

 

JOHANNES EISELE/AFP/Reuters/21/12/2015   

 

 

                 

 

José Mourinho, o segundo campeão despedido do Chelsea desde 1992

Roberto Mancini foi o primeiro a sair pela porta pequena, em 2013. Mourinho é o segundo desde 1992. Kenny Dalglish foi campeão com o Blackburn em 1995 e até saiu para diretor. Mas foi pelo próprio pé.

 

 

José Mourinho foi despedido do Chelsea sete meses após levantar o caneco de champion. Esta é somente a segunda vez, desde que existe a Premier League (1992/93), que um treinador é despedido na época seguinte a ser campeão. O português somava apenas 25% de vitórias em 16 jornadas (nove derrotas), o que contrasta bastante com os 68% da temporada transata, na qual venceu o terceiro título pelos blues.

 

 

As duas primeiras épocas de Mourinho no Chelsea (2004-2006) foram de alto gabarito: somou em ambas 76% de vitórias (29 vitórias em 38 jogos). Nessa primeira aventura londrina (2004-2008), o português saiu na quarta época, quando registava apenas três vitórias em seis jogos. Desta vez, o nível da equipa desceu ainda mais: 16.º lugar, com apenas quatro vitórias e três empates em 16 jogos. Ou seja, 15 pontos em 48 possíveis. Hazard, Fàbregas, Diego Costa, Óscar e companhia parece que desaprenderam. É outra equipa. Nestes casos, já se sabe, é o treinador que representa a ponta mais frágil por partir.

 

 

A primeira vez que um treinador campeão foi despedido na época seguinte aconteceu em 2012/2013. Roberto Mancini, ao serviço do Manchester City, foi o obreiro da invenção, logo ele que ganhou o estatuto de primeiro italiano campeão da Premier League. No ano anterior, em 2011/12, o italiano indicara o caminho para o campeonato que fugia aos citizens há 44 anos, naquele jogo dramático em que o Manchester United já festejava noutro estádio — o golo de Sergio Agüero chegaria na última jogada.

 

 

Com o escudo na camisola, que indica o status de campeão, Mancini até durou quase, quase até ao fim,  mas uma derrota na final da Taça de Inglaterra (vs. Wigan) ditaria um fim sem glória. Mancini chegou até à antepenúltima jornada da liga, altura em que somava 21 vitórias em 36 jogos. O Manchester City acabaria em segundo,  atrás do rival da cidade. O italiano foi substituído por Brian Kidd.

 

 

Essa foi a primeira vez, mas em 1995 aconteceu um episódio semelhante, que, no entanto, não encaixa na lengalenga que tentamos demonstrar. É que Kenny Dalglish, a eterna lenda do Liverpool, venceu a Premier League com o Blackburn em 1994/95, numa equipa onde a estrela maior era Alan Shearer. O escocês deixaria o comando técnico nesse verão, por opção própria, passando a ocupar o cargo de diretor.

 

 

Treinadores campeões desde o arranque da Premier League (1992/93)

 

Alex Ferguson (Manchester United)
1992/93, 1993/94, 1995/96, 1996/97, 1998/99, 1999/2000, 2000/01, 2002/03, 2006/07, 2007/08, 2008/09, 2010/11, 2012/13

 

 

Kenny Dalglish (Blackburn Rovers)
1994/95

 

Arsène Wenger (Arsenal)
1997/98, 2001/02, 2003/04

 

José Mourinho (Chelsea)
2004/05, 2005/06, 2014/15

 

Carlo Ancelotti (Chelsea)
2009/2010

 

Roberto Mancini (Manchester City)
2011/12

 

Manuel Pellegrini (Manchester City)
2013/14

 

 

JAVIER SORIANO/AFP/TPT/Hugo Tavares da Silva/Obs/17/12/2015

 

 

 

 

Reserva Federal dos EUA sobe taxa de juro pela primeira vez desde a crise

 O banco central mais poderoso do mundo anuncia a primeira subida da taxa de juro desde a crise financeira. Será o início do fim da era do dinheiro barato? Que implicações para todo o mundo?

 

 

Terá começado esta quarta-feira, 16 de dezembro de 2015, o fim da era do dinheiro barato. A Reserva Federal dos EUA (Fed) anunciou a primeira subida da taxa de juro de referência, que foi colocada em0% em 2008 – há precisamente sete anos – e assim se manteve na Grande Recessão e nos últimos anos. Mas a Fed garante que o ciclo de subidas será “gradual”, o que atenua a pressão para que esta decisão pudesse levar a uma subida inadvertida dos juros de mercado também nazona euro ou que possa levar a um colapso nos países emergentes.

 

 

A decisão de subir as taxas de juro já era esperada pela vasta maioria dos especialistas. Alguns até previam que ela já chegaria na última reunião da Reserva Federal, em setembro. Nessa altura, o Observador debruçou-se sobre as implicações que essa subida da taxa de juro, quando viesse, teria para a economia global: Fed está prestes a “bater as asas” e subir os juros nos EUA. O mundo aguenta?

 

 

A taxa de juro passou para um intervalo de 0,25% a 0,5%, uma primeira tentativa de começar a normalizar a política monetária nos EUA. Adecisão foi unânime entre todos os presidentes das várias divisões regionais da Reserva Federal. Outro dado crucial é que a Fed adotou uma atitude cautelosa ao garantir que, daqui para a frente, antecipa umasubida “gradual” da taxa de juro.

 

Reserva Federal dos EUA sobe taxa de juro pela primeira vez desde a crise 2

Antes desta quarta-feira a taxa de juro da Fed estava num intervalo técnico entre 0% e 0,25% – e a questão crucial será saber quão rapidamente a Fed anunciará novas subidas. Os especialistas têm dito que se pode esperar mais dois a quatro subidas no próximo ano.Mais do que isso será, possivelmente, demasiado brusco e desequilibrar os mercados. Menos do que isso, provavelmente, também não será um bom sinal – será sinal de que a economia perdeu o ímpeto que tem vindo a evidenciar, por alguma razão interna ou externa.

 

 

O Comité acredita que há uma melhoria considerável nas condições do mercado de trabalho este ano, e está razoavelmente confiante de que a inflação irá subir, no médio prazo, para o seu objetivo de 2%. Tendo em conta as perspetivas económicas, e reconhecendo o tempo que as decisões de política monetária levam para afetar as condições económicas, o Comité decidiu aumentar o intervalo da taxa de juro para os fundos federais para 1/4 a 1/2 por cento.

 

 

Os especialistas estão a sublinhar uma outra passagem, que espelha a cautela da Reserva Federal enquanto anuncia esta decisão:

O Comité antecipa que as condições económicas irão evoluir de uma forma que irá carecer de aumentos apenas graduais na taxa de juro. A taxa de juro deverá permanecer, por algum tempo, abaixo dos níveis onde é expectável que se manterão no longo prazo”.

 

 

Que implicações tem esta subida?

 

 

A Reserva Federal subiu os juros, mas garantiu que o possível ciclo de subidas daqui para a frente será “gradual“. Este é um ponto crucial para a economia global, porque a Reserva Federal indica que o ciclo de subidas deverá ser lento. Esta garantia significa, por exemplo, que será menor a pressão nos mercados mundiais – incluindo da zona euro – para a subida dos juros nos mercados à boleia da Reserva Federal.

 

 

Apesar de esta decisão da Reserva Federal simbolizar o fim da era do dinheiro barato que vivemos na última década, o desafio para os outros bancos centrais – como o Banco Central Europeu – é garantir que a decisão da Fed não irá perturbar os seus próprios objetivos de política monetária. Na zona euro, a taxa de juro está – e estará nos próximos anos – em 0,05% e Mario Draghi reforçou os estímulos há duas semanas, precisamente para evitar um contágio da subida dos juros nos EUA.

 

 

A garantia da Reserva Federal de que novas subidas serão “graduais” ajuda a aliviar essa pressão sobre o BCE e sobre a sua intenção de manter as taxas de juro baixas de mercado na zona euro. Mas, na conferência de imprensa de anúncio da decisão, Janet Yellen disse que a evolução “gradual” das taxas de juro dependerá do desempenho da economia e da evolução das expectativas de inflação.

 

 

Nos EUA, apesar de a taxa de inflação ainda estar a cerca de um quarto do objetivo de 2%, a Fed estará, finalmente, confiante de que a recuperação económica irá encarregar-se de estimular a inflação. E, assim, o banco central aproveita a oportunidade para limitar os riscos associados a uma política monetária expansionista por demasiado tempo.

 

 

Um desses riscos é que a compressão das rendibilidades nos ativos clássicos – como a dívida norte-americana e o dólar – proporcione atomada excessiva de riscos, canalizando capitais para o investimento noutros ativos mais arriscados e podendo criar bolhas especulativas nos mercados. Outro problema de ter a taxa de juro em 0% durante demasiado tempo é, claro, que não há margem para baixar a taxa de juro se for necessário.

 

 

O Banco Central Europeu (BCE) iniciou os estímulos mais tarde do que nos EUA e estes foram reforçados há duas semanas. Mas esta decisão da Reserva Federal dos EUA, o banco central mais poderoso do mundo por controlar o valor do dólar, tem implicações vastíssimas para toda a economia global. O BCE avisou recentemente que se a Fed subir as taxas de juro demasiado rápido, isso levará a instabilidade nos países emergentes – sobretudo aqueles com contas externas desequilibradas e dependentes dos capitais em dólares. Mas a zona euro também não ficará imune. 

 

 

JIM LO SCALZO/EPA/Edgar Caetano/OBS/16/12/2015