Na tranquilidade do paradisíaco Santuário Mariano de Washington, New Jersey, cerca de duas mil pessoas portuguesas e não só, rezaram rcentemente a Nossa Senhora de Fátima, num apelo à “Penitência, Oração e Conversão”, mostrando muitos deles, mais uma vez, o seu espírito missionário nesta terra longínqua do país onde nasceram.
Foi em 1947 que no local onde hoje se encontra o Santuário Mariano de Washington, N.J., se fundou o chamado “Blue Army”, o Movimento do Apostolado de Fátima.
O santuário que possui um clima especial de acolhimento, tem uma réplica da Capelinha das Aparições existente na Cova da Iria, entre 1921 e 1981, e é também a sede mundial do “Exercito Azul” de Nossa Senhora.
O Exército Azul foi criado nos Estados Unidos no tempo da “guerra fria” e concebido como uma estrutura militar equipada com armas espirituais.
Segundo um coordenador do Exército Azul nos Estados Unidos, “são mais de 5 mihões de nomes de pessoas que já se comprometeram a aderir à mensagem que Nossa Senhora levou à Cova de Iria”.
Ainda hoje, os seus núcleos são considerados “divisões” e estão colocadas em pelo menos 66 dioceses e arquidioceses norte-americanas e na maior parte dos países católicos”.
Foram fundadores do movimento “Blue Army”, John M. Haffert, membro de uma família rica, e o padre Horold Colgan, sacerdote da cidade de Plainfield, New Jersey.
Reza a história que estando o padre Horold Colgan internado no hospital, bastante doente do coração e prestes a morrer, prometeu a Nossa Senhora que se o curasse, lhe faria algo de especial.
O certo é que saiu do hospital curado. Voltou à sua paróquia e promoveu uma novena às terças-feiras à noite, com a finalidade de falar sobre a mensagem de Fátima. No fim da novena pediu aos assistentes que no Domingo seguinte, quando fossem para a missa, usassem alguma coisa azul, como gravata azul, laço azul, chapéu, etc., para mostrar que estavam a fazer algo recomendado por Nossa Senhora de Fátima, tendo afirmado a propósito: – “Nós seremos o “Exército Azul” de Nossa Senhora para combater o “Exército Vermelho” do Comunismo”.
Este ano e mais uma vez no dia em que se comemora neste país o feriado do “Memorial Day”, cerca de uma dezena de padres e cerca de duas mil pessoas, participaram na missa anual em honra de Nossa Senhora de Fátima, que foi presidida pelo Bispo Emérito de Leiria e Fátima D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, que exortou os católicos a “depositarem” as suas esperanças em Nossa Senhora, “Rainha da Paz”, face aos tempos conturbados que se vivem.
D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, lembrou ainda que “este mundo, apesar de retalhado pelo mal dos homens, continua a ser amado e guiado pelo espírito de Deus” e destacou também o papel da juventude, como garante da continuidade da fé.
Do programa das actividades religiosas levadas a efeito no Santuário Mariano de Washington, em New Jersey, constou ainda a recitação do terço, e a realização da Missa Solene e Procissão.
Conscientes da importância que a realização desta manifestação de fé tem para todos os católicos que residem nos EUA, centenas de peregrinos caminharam durante três dias para chegar ao Santuário agradecendo decerto a Nossa Senhora as graças concedidas e pedindo ao Espírito Santo luz e fortaleza, e rezando, também, a fim de que todos os homens e mulheres se reconciliem, cada um consigo mesmo e com os outros, na diferença e na pluralidade de grupos e nações.
Cansados, mas orgulhósos por terem cumprido a promessa feita a Nossa Senhora, ei-los que chegam ao recinto do Santuário Mariano de Washinton, no estado de New Jersey.
Alguns deles, esgotados pelo cansaço, demonstraram cheios de fé, que as peregrinações que os católicos fazem a este santuário são uma expressão rica da liberdade humana, e que corresponde bem à consciência que temos como portugueses, de sermos viajantes e peregrinos.
Com algum esforço físico e psíquico, superando dificuldades e as fortes chuvadas que teimosamente caíam, os peregrinos aproximaram-se do lugar almejado e confirmaram a nossa dimensão universalista, que passa também pela afirmação dos valores de Portugal através da referência à doutrina social que a igreja defende, na formação ética e cívica das pessoas e o seu contributo para a criação de um mundo melhor.
Após a homilia, jovens e adultos seguram as bandeiras das paróquias aqui representadas e abrem alas para o andor de Nossa Senhora de Fátima seguir em procissão em volta do santuário, carregado aos ombros de pessoas inspiradas no sentimento de devoção e crença em Nossa Senhora.
E enquanto a procissão prosseguia os peregrinos presentes agarraram em lenços brancos, acenando à sua passagem, e, por momentos, todos se sentiram ainda mais próximos de Fátima, “Altar do Mundo”. Uma cerimónia especialmente marcada por muita fé e emoção.
O programa das várias actividades religiosas levadas a efeito no Santuário Mariano de Washington, New Jersey, que está a cargo do Portuguese Pilgrimage Committee, foi o seguinte: – Das 10 às 11 horas da manhã: Confissões. Às 10.30 am, teve lugar a realização do Terço, em Procissão que saiu da “Capelinha das Aparições”. Às 11.00 horas, teve lugar a realização da Missa Solene, com Benção do Santíssimo, e cerimónia do Adeus à Virgem, na qual participaram cerca de dois mil peregrinos, muitos deles vindos expressamente das paróquias de Nossa Senhora de Fátima de Elizabeth, Nossa Senhora de Fátima de Newark, paróquia da Epifania de Newark, paróquia de Santa Cecília, Kearny, paróquia de Holy Cross, Harrison, paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima de Perth Amboy, Comunidade de Corpus Christ, South River, paróquia de S. Francisco de Sales Lodi, paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima de Yonkers, NY, paróquia de Nossa Senhora de S. João Baptista, Long Branch, paróquia de S. Francisco Xavier, North Newark, paróquia de Nossa Senhora de Lourdes Queens Village, NY, e ainda a paróquia de S. Pius Quinto, Jamaica, NY.
Após a procissão, seguiu-se a tradicional exposição do Santíssimo Sacramento e foi dada a bênção final. A despedida foi feita com os tradicionais cânticos alusivos à Virgem Maria, que faziam transbordar o coração de uma emoção indiscritível. Para quem faz parte da organização deste evento religioso, “esta peregrinação serviu também para demonstrar a capacidade solidária da comunidade portuguesa na formação ética e cívica das pessoas, e o seu contributo para a criação de um mundo melhor”.
Segundo o padre António Ferreira, pároco da Igreja de Nossa Senhora de Fátima de Newark, que pede e espera ter no próximo ano melhor colaboração das autoridades policiais para com os integrantes da peregrinação ao Santuário Mariano de Washington, referiu ao nosso jornal a importância que esta manifestação de fé tem a fim de que as pessoas se encontrem consigo próprias, com Cristo e com os irmãos, procurando desta forma descobrir os seus “dons”, vocacionados para o ensino da valorização dos valores da família que são os pilares, de toda a sociedade.
Para o padre António Ferreira, tradicionalmente, este acto religioso, “serve ainda de ponto de encontro de todos aqueles que, de forma abnegada, procuram mitigar as carências que na sua solidão, miséria, e falta de justiça, encontrando na Oração o “porto de abrigo”, que os ajuda a resolver os problemas”, concluiu.
Na análise feita pela nossa equipa de reportagem, as expressões de fé que os peregrinos apresentavam fizeram recordar-nos que cada um de nós, traz nas mais marcantes recordações a presença materna, quer seja através da ternura de um gesto, nas lágrimas de apreensões juntas com as nossas, no aconchego do seu colo abrigando-nos dos medos, na segurança da sua mão aparando-nos os passos, no perfume dos manjares preparados muitas vezes mais com amor do que com os ingredientes necessários, no beijo de boa noite após as orações, muitas e tantas vezes mostrando-nos sorrisos através das mágoas.
TPT com: JM//CMM//The Portugal Times// Junho de 2017